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elétrica.
Além disso, visa fornecer às transmissoras já atuantes no mercado de
transmissão, um projeto consolidado e de fácil entendimento dos principais desafios e
demandas necessárias para que uma linha de transmissão de energia possa operar
comercialmente.
1.2. Motivação
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2. O Setor Elétrico do Brasil
2.1. Histórico
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A desverticalização do setor de energia elétrica, implementada no Brasil em
1995, através da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, envolveu todas as empresas do
setor elétrico que atuavam de forma verticalmente integrada e teve como objetivo a
segregação das atividades de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. O
processo de desverticalização teve como objetivos [1]:
• Evitar a existência de subsídios cruzados entre as atividades de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica, isto é, evitar que as receitas
de um setor subsidiassem um setor diferente;
• Efetivar e estimular a competição no setor elétrico, nos segmentos nos
quais a competição seria possível (geração e comercialização), bem
como aprimorar o sistema de regulação dos segmentos nos quais havia
monopólio natural de rede (transmissão e distribuição), pois sua estrutura
física torna economicamente inviável a competição entre dois agentes em
uma mesma área de concessão.
No início dos anos 2000, como consequência da insuficiência de investimentos,
do aumento da demanda e do desequilíbrio dos reservatórios, o setor elétrico sofreu uma
grave crise de abastecimento que obrigou o país a adotar programas emergenciais de
racionamento de energia nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Este fato
culminou na adoção de alterações regulatórias com o objetivo principal de garantir a
continuidade do fornecimento de energia elétrica, o equilíbrio entre oferta e demanda, a
modicidade tarifária e a inserção social. A necessidade de mudanças estruturais
identificadas com a crise foi sanada por meio da implantação do Novo Modelo Elétrico
Brasileiro, introduzido a partir de 2004 [2].
O Novo Modelo Elétrico foi formado por novas regras que redefiniram o papel
do governo e das agências reguladoras no setor. Foram criados novos agentes
institucionais, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa responsável
pelo planejamento da expansão do setor elétrico, o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE), responsável por avaliar permanentemente a segurança do suprimento
de energia elétrica do país, e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
com a atribuição de organizar as atividades de comercialização de energia no país.
Destaca-se também, a importância do Conselho Nacional de Políticas Energéticas
(CNPE), conselho interministerial consultivo da Presidência da República, que tem
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como principais atribuições a definição de diretrizes e a aprovação das políticas
energéticas formuladas e propostas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
A atual estrutura de funcionamento do setor elétrico foi concebida sob um ideal
de equilíbrio institucional entre agentes de governo, agentes públicos e privados, desse
modo, existem agentes de governo responsáveis pela política energética do setor, sua
regulação e operação centralizada, ou seja, o CNPE, o MME e o CMSE. As atividades
regulatórias e de fiscalização são exercidas pela ANEEL. Já as atividades de
planejamento, operação e contabilização são exercidas por empresas públicas ou de
direito privado sem fins lucrativos, como a EPE, o ONS e a CCEE [3]. As geradoras,
transmissoras, distribuidoras e comercializadoras devem seguir as atividades permitidas
e reguladas por esses órgãos, conforme ilustra a Figura 2.1.
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2.2. Leilão de Transmissão de Energia
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Excluindo-se 2001, ano do racionamento de energia elétrica, e 2007 em que a
expansão foi significativamente reduzida, no geral, nos demais períodos, o acréscimo à
Rede Básica foi superior a 2.000 km por ano, com destaque para 2003, com 4,9 mil km.
Além disso, é possível observar um aumento considerável na implantação das Linhas de
Transmissão a partir de 2013 [6], devido à conclusão de empreendimentos que estavam
em atraso, como ilustra o Gráfico 2.1.
8000,0
6000,0
4000,0
2000,0
0,0
2001
1999
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Gráfico 2.1 - Quilometragem de linhas de transmissão implantadas por ano [6]
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empreendimentos definidos pelo Governo Federal são incluídos no Programa Nacional
de Desestatização (PND), que determina à ANEEL a realização e o acompanhamento
dos processos de licitação das respectivas concessões.
Os editais de licitação permitem a participação de empresas nacionais e
estrangeiras, públicas e privadas, que podem concorrer isoladamente ou em consórcio,
assim como fundos de investimentos em participação registrados na Comissão de
Valores Mobiliários (CVM). Porém para que uma empresa ou consórcio participe do
leilão, é necessária que seja comprovada a experiência da mesma na área de
transmissão, ou pelo menos parte do consórcio. De acordo com o modelo atual, os
leilões são realizados com inversão da ordem de fases, ou seja, a habilitação jurídica,
técnica, econômico-financeira e fiscal é realizada apenas após a realização do leilão e
apenas para as vencedoras [6].
A ANEEL disponibiliza em seu site os editais dos leilões com antecedência
mínima de um mês em relação à data do leilão. Um mesmo lote pode compor linhas,
subestações e equipamentos de compensação ou transformação. De acordo com os
ativos disponibilizados em um determinado lote, a ANEEL estabelece um valor de
referência da Receita Anual Permitida (RAP) para cada lote. A RAP consiste no valor
em que o agente de transmissão receberá a cada ano, durante toda a concessão do
contrato. Este valor é pago mensalmente, e é conhecido como Pagamento Base (PB).
Nos leilões de energia, vence quem oferecer a menor tarifa, ou seja, a menor RAP para
prestação do serviço público de transmissão. Os deságios verificados resultam em
benefícios ao consumidor, uma vez que a tarifa de uso dos sistemas de transmissão é um
dos componentes de custo da tarifa praticada pelas distribuidoras. Essa diferença
também contribui para maior competitividade do setor energético nacional.
Além do edital, a Agência Nacional de Energia Elétrica disponibiliza os
respectivos anexos técnicos ao edital, juntamente com os relatórios R1, R2, R3 e R4,
cujos teores dos relatórios estão apresentados na Tabela 2.1.
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Tabela 2.1 - Relatórios de Estudo de Engenharia e Planejamento
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Outro fator determinante para o empreendimento é o prazo para entrada em
operação comercial, que consiste em quanto tempo após a assinatura do contrato de
concessão os ativos devem estar operando. Juntamente com o valor da RAP, este é um
fator extremamente importante para atestar a viabilidade técnico-econômica do
empreendimento e, posteriormente, para realização do cálculo da Taxa Interna de
Retorno.
Munida de todas essas informações, a transmissora pode finalmente, alinhada
com seus acionistas, tomar a decisão final de investimento sobre a possibilidade de dar
lances no lote do leilão de transmissão e de até quanto pode oferecer de deságio para,
ainda assim, ter uma boa rentabilidade.
O leilão de transmissão é realizado em sessão pública, conduzida pela
BM&FBOVESPA, no recinto da mesma, em São Paulo. A proposta financeira é
entregue em envelope fechado sendo declarada vencedora de cada lote, a proponente
que ofertar o menor valor de Receita Anual Permitida para exploração da concessão do
serviço público de transmissão, desde que os valores propostos pelas demais
proponentes sejam superiores a 5% da menor oferta financeira. Caso contrário, a sessão
do leilão prossegue com lances sucessivos efetuados a viva-voz até que seja atingida a
menor oferta por uma das partes.
Cerca de noventa dias após serem declarados os vencedores do leilão, as
transmissoras assinam o contrato de concessão com a ANEEL, que estabelece regras
claras a respeito de tarifa, regularidade, continuidade, segurança, atualidade e qualidade
dos serviços e do atendimento prestado aos consumidores. Da mesma forma, define
penalidades para os casos em que a fiscalização da ANEEL constatar irregularidades.
Finalmente, o agente de transmissão está apto a iniciar a construção do
empreendimento.
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3. Implantação
Para que o projeto seja conduzido da melhor forma, é necessária, antes de tudo, a
definição da matriz de responsabilidades. Essa matriz tem como principal objetivo a
atribuição de funções e responsabilidades dentro dos processos que compõem o projeto.
As atribuições de responsabilidades e funções devem ser formalizadas e documentadas
a fim de evitar dúvidas e conflitos entre os membros da equipe. Estas definições devem
estar intimamente ligadas à definição do escopo da implantação.
Independentemente de onde ficarão estas informações, é fundamental que
estejam disponíveis para toda a equipe e acessível ao longo do projeto, pois é
impensável gerenciar um projeto sem que os membros da equipe tenham o devido
conhecimento das suas responsabilidades. E, para garantir que todos os processos
correrão bem, é importante mapear todas as partes envolvidas, como as áreas
relacionadas ao meio ambiente, fundiário, financeiro, regulação e engenharia.
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De modo comparativo, a ANEEL [9], disponibiliza uma estimativa de custos
para subestações, conforme Gráfico 3.1.
Engenharia
19%
29% Canteiro de Obras
3%
Obra Civil
Montagem
23%
15%
Engenharia
3% Canteiro de Obras
2%
6% Construção de Acessos
Montagem
Gráfico 3.2 – Divisão de custos para linhas de transmissão, segundo a ANEEL [9]
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Como no setor elétrico a Receita Anual Permitida (RAP) só começa a ser
recebida após a liberação comercial do empreendimento, a transmissora precisa buscar
alternativas para ajudar no investimento. Desse modo, devem ocorrer negociações com
instituições financeiras, potenciais financiadores do projeto e com o governo a fim de
obter os respectivos incentivos. Dentre as alternativas, uma das mais utilizadas é o
financiamento fornecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
3.1.2. Contratação
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qual a contratada será responsável pela execução do projeto, a preço fixo e prazo
determinado. Nesse caso, há menor flexibilidade da contratante, já que esta negocia com
uma parte só e eventualmente deixa de obter benefícios que seriam possíveis em
negociações individuais com diversas partes. Por outro lado, a demanda na organização
interna da contratante é menor e há uma mitigação maior de problemas e riscos que
podem surgir durante o projeto visto que a responsabilidade é toda da contratada.
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Estudos de viabilidade ambiental e locacional são de extrema importância para
novos empreendimentos, pois esses estudos avaliam as particularidades e características
das áreas escolhidas para a instalação de um novo empreendimento ou de uma nova
empresa [13].
Diversos fatores devem ser avaliados durante a escolha de um local para
implantação de um empreendimento, tais como: impeditivos ambientais, comunidades
do entorno, leis regionais, aspectos socioeconômicos, entres outros.
O Relatório Ambiental Simplificado (RAS) foi instituído formalmente pela
resolução CONAMA nº 279/2001, de forma complementar a resolução CONAMA nº
006/1987, e tem por objetivo oferecer, por meio de procedimento simplificado,
elementos para a análise da viabilidade ambiental de empreendimentos ou atividades
consideradas potencial/efetivamente causadoras de degradação do meio ambiente.
A instituição do RAS é oriunda de demanda específica gerada no contexto do
setor elétrico para empreendimentos com impacto ambiental de pequeno porte, julgados
indispensáveis ao incremento da oferta de energia elétrica no País, como no caso de
sistemas de transmissão de energia elétrica, através de linhas de transmissão e
subestações.
A Licença Prévia (LP) deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da
atividade. É ela que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, sua
localização e concepção e, definirá as medidas mitigadoras e compensatórias dos
impactos negativos do projeto, bem como as medidas potencializadoras dos impactos
positivos. Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se
compatível com a preservação do meio ambiente. É também um compromisso assumido
pelo empreendedor de que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados
pelo órgão ambiental. A licença prévia não autoriza o início das obras, limitando-se
apenas a comprovar a viabilidade ambiental do projeto [14].
Para que o empreendedor seja autorizado a efetivamente iniciar as obras de
instalação do empreendimento, é necessária a obtenção da Licença de Instalação (LI),
que é concedida após o cumprimento das condicionantes da LP. A emissão da LI é uma
confirmação do órgão ambiental para com o empreendedor, que as especificações
constantes dos planos, programas e projetos ambientais apresentados atendem aos
padrões de qualidade ambiental estabelecidos em normas ambientais vigentes. Em geral,
a demora dos órgãos ambientais na concessão das licenças é uma das principais causas
de atraso na implantação das obras, conforme ilustra o Gráfico 3.3.
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