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PROJETO DE

ARQUITETURA I

ENSINO A
DISTÂNCIA
NUTRIÇÃO INFANTIL, MATERNA E DA MULHER

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do


Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio. CRB 14 – 276

Engel, Raquel.
E57n Nutrição infantil, materna e da mulher. /EAD/ [Caderno
pedagógico]. Raquel Engel. Balneário Camboriú: Faculdade
Avantis, 2021.
124 p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-65-5901-037-0 
ISBNe: 978-65-5901-036-3 .

7. Nutrição maternoinfantil. 2. Nutrição na lactação. 3.


Nutrição pré-escolar. 4. Nutrição escolar. 5. Nutrição infantil -
Ensino a Distância. I. Centro Universitário Avantis - UNIAVAN.
II. Título.

CDD 21ª ed.


613.20832 – Nutrição infantil.

PROJETO DE ARQUITETURA I

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN
Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276

Tondo, Gabriela Hanna.


T663p Projeto de arquitetura I. /EAD/ [Caderno pedagógico]. Gabriela Hanna
Tondo. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2020.
123 p. il.

Inclui Índice
ISBN: 978-65-5901-281-7
ISBNe: 978-65-5901-282-4

8. Arquitetura – Projetos. 2. Projeto arquitetônico – Levantamento de


dados. 3. Projetos em arquitetura – Estudos preliminares. 4. Anteprojeto
arquitetônico – Legislação. 6. Arquitetura - Ensino a Distância. I. Centro
Universitário Avantis - UNIAVAN. II. Título.

CDD 21ª ed.


729 – Arquitetura – Projetos.
PLANO DE ESTUDOS

EMENTA

Conceituação e relação entre forma, função e contexto na criação do partido


arquitetônico. Visita ao terreno. Análise dos condicionantes físicos espaciais e
psicológicos. Função e setorização dos espaços e estudo dos fluxos. Programa de
necessidades e noções de dimensionamento. Relação prática do projeto com a teoria da
arquitetura. Estudos preliminares. Projeto e Educação Ambiental. Legislação. Linha de
projeto: residencial unifamiliar, com aplicação de diferentes tipologias.

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

• Compreender as etapas que envolvem o projeto arquitetônico em toda a sua


dimensão;
• Avaliar projetos existentes, utilizá-los como referenciais de projeto, compreendendo
seus pontos importantes, positivos e negativos;
• Avaliar o entorno e as condicionantes de projeto físico-espaciais, presentes em
cada caso;
• Desenvolver um programa de necessidades e fluxograma para projetos residenciais;
• Elaborar um partido de projeto coerente e forte, levando em consideração as
condicionantes do entorno, terreno, clima e do programa de necessidades, e que
seja capaz de orientar as decisões de projeto;
• Produzir um estudo preliminar, a partir do partido do projeto, avaliando a
qualidade das informações desenvolvidas nas etapas anteriores;
• Desenvolver um anteprojeto, adequado a todas as problemáticas levantadas
durante o processo de projeto.
O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE

Caro(a) acadêmico(a),
Estudar o processo de projeto, e projetar, é uma das principais atribuições dos arquitetos
e urbanistas. O projeto faz parte do cotidiano da maioria dos arquitetos, e dominar o seu
processo é essencial. A disciplina de Projeto de Arquitetura I, pretende ser um guia nesta
jornada, que é individual e pessoal. Aprenderemos as etapas e as exigências do projeto
residencial, o qual é considerado o ponto inicial ao projeto arquitetônico, já que se trata
de um espaço com o qual todos temos contato diariamente.
Aprender a projetar será uma das tarefas mais importantes, no período em que você estiver
na universidade. Quem conseguir dominar este processo, poderá desenvolver, com sucesso,
os mais variados projetos, ao longo de sua vida profissional. Portanto, envolva-se e busque
dar o seu melhor em cada etapa. Ao desempenhar a profissão, você desenvolverá o próprio
método e dará o seu “toque” pessoal às metodologias estudadas durante o curso.
A metodologia apresentada, neste caderno, tem como objetivo levar você até à
realização do anteprojeto, organizando e lidando com as diferentes variáveis de projeto.
Com o tempo, você conseguirá trabalhar com diversas variáveis, simultaneamente.
Muitas vezes, durante o processo, é necessário voltar a uma etapa, revendo alguns
conceitos, pois podem aparecer novas informações que, talvez, estavam “escondidas”
do projetista, ou novas restrições. Veremos o desenvolvimento das etapas do projeto, ao
longo da disciplina, e você deverá ir acompanhando cada etapa no seu projeto, testando
e tirando as suas próprias conclusões.
Este caderno explorará o projeto arquitetônico como um todo, seus conceitos e
etapas, as ideias essenciais que os arquitetos devem levar em consideração, ao elaborar
um projeto arquitetônico residencial. De maneira geral, nosso material visa introduzir ao
aluno os princípios fundamentais da Arquitetura.
Espero que você possa crescer como estudante, rumo à sua vida profissional, a partir
dos conhecimentos que compartilho com vocês, com grande satisfação. O texto foi
desenvolvido para ser objetivo e de fácil compreensão, a fim de tornar o aprendizado
mais leve e prazeroso. Espero que, a partir destes estudos, você, aluno, possa mergulhar
em mundo novo de conhecimento, análise e reflexões. Um ótimo estudo!
PROFESSOR

SOBRE A AUTORA

GABRIELA HANNA TONDO

Sou Arquiteta e Urbanista, graduada pela


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
e mestra em Engenharia Civil, pela Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC), com
foco em sustentabilidade e desempenho de
edificações. Trabalho como docente no Ensino
Superior, nos cursos de Arquitetura e Urbanismo
e Design de Interiores. Também atuo em projetos
arquitetônicos, reformas e projetos de design de
interiores e consultoria.

E-mail: gabriela.tondo@uniavan.edu.br
http://lattes.cnpq.br/4723293525360991
SUMÁRIO

UNIDADE 1 - CONCEITUAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO...............................11


1 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................................................................................12
1.1 CONCEITUAÇÃO E RELAÇÃO ENTRE FORMA, FUNÇÃO E CONTEXTO NA CRIAÇÃO DO
PARTIDO ARQUITETÔNICO.......................................................................................................................................13
1.2 O PROCESSO DE PROJETO.................................................................................................................................17
1.4 ESTUDO DO TEMA - HABITAÇÃO....................................................................................................................18
1.4 ESTUDO DE CASO.................................................................................................................................................22
1.5 O TERRENO................................................................................................................................................................31
CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................................................32
EXERCÍCIO FINAL........................................................................................................................................................ 34
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................. 36

UNIDADE 2 - LEVANTAMENTO DE DADOS NO PROJETO


ARQUITETÔNICO................................................................................................................................................37
2 INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................................................................. 38
2.1 ANÁLISE DAS CONDICIONANTES FÍSICO-ESPACIAIS E PSICOLÓGICOS ............................... 38
2.1.1 Localização, dimensões, área e forma do terreno..................................................................39
2.1.2 Topografia e vegetação do terreno................................................................................................. 40
2.1.3 Percurso e vistas do terreno.................................................................................................................41
2.1.4 Levantamento do entorno do terreno............................................................................................42
2.1.5 Condicionantes ambientais................................................................................................................ 48
2.1.6 Condicionantes legais ............................................................................................................................52
2.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ................................................................................................................ 56
2.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO............................................................................................................................... 58
2.4 FUNÇÃO E SETORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E ESTUDO DOS FLUXOS.........................................60
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................ 63
EXERCÍCIO FINAL ....................................................................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................. 66

UNIDADE 3 - PARTIDO ARQUITETÔNICO E ESTUDO PRELIMINAR..................67


3 INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................................................................. 68
3.1 RELAÇÃO PRÁTICA DO PROJETO COM A TEORIA DA ARQUITETURA....................................... 68
3.1.1 Organização formal....................................................................................................................................70
3.1.2 Diagramas de partido..............................................................................................................................76
3.2 ESTUDOS PRELIMINARES ..............................................................................................................................78
3.2.1 Modulação......................................................................................................................................................79
3.2.2 Acesso e circulação................................................................................................................................ 80
3.2.3 Estrutura e materiais...............................................................................................................................82
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................................................... 91
EXERCÍCIO FINAL.........................................................................................................................................................92
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................. 95

UNIDADE 4 - ANTEPROJETO...................................................................................................................97
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE.................................................................................................................................. 98
4.1 ANTEPROJETO........................................................................................................................................................ 99
4.2 ESTRATÉGIAS PARA SUSTENTABILIDADE E CONFORTO AMBIENTAL................................... 100
4.2.1 Ventilação ....................................................................................................................................................103
4.2.2 Utilização do verde nos projetos..........................................................................................................
108
4.2.3 Insolação........................................................................................................................................................111
4.3 LEGISLAÇÃO E NORMAS.................................................................................................................................113
4.3.1 Cálculo das escadas................................................................................................................................114
4.3.2 Acessibilidade............................................................................................................................................115
4.3.3 Elaboração dos Projetos arquitetônicos ..................................................................................118
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................................120
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................123
1
unidade
CONCEITUAÇÃO
DO PROJETO
ARQUITETÔNICO
1 INTRODUÇÃO À UNIDADE

A arquitetura é uma linguagem visual, cujo raciocínio é diferente do raciocínio analítico


que desenvolvemos no ensino médio, voltado para português, matemática etc. Assim,
é preciso aprender uma nova maneira de pensar e desenvolver ideias. Os arquitetos se
comunicam, por meio de desenhos e maquetes dos espaços que constroem.
A arquitetura é um tema fascinante e complexo. Fazer uma edificação exige diferentes
níveis de pensamento e análise, além de uma grande gama de habilidades que precisam
ser desenvolvidas. Para você iniciar o desenvolvimento destas habilidades, faremos um
projeto arquitetônico completo.
Para tanto, adotaremos as seguintes etapas: estudo de caso de edificações de referência,
buscando inspiração em projetos que tiveram uma boa resposta a um problema semelhante
ao nosso; estudo do terreno, do entorno e do contexto onde o projeto será realizado;
programa de necessidades, diagramas e pré-dimensionamento dos espaços, estudando o
que é necessário em casa espaço; partido de projeto, que sintetiza estas informações, na
forma do conceito especializado no terreno, atendendo às diretrizes funcionais, legais e
condicionantes naturais, junto com a criatividade do projetista; estudo preliminar, o qual
parte do desenvolvimento do partido; anteprojeto, que será o produto final da disciplina,
o aprofundamento do estudo preliminar, com todos os desenhos técnicos e exigências
necessárias para tal etapa.
O processo do desenvolvimento do projeto inicia com a definição de um conceito ou
ideia que guiará as demais etapas do projeto. Nesta unidade, veremos caminhos para
desenvolver um conceito de projeto e expressá-lo. Aprenderemos, também, um pouco
sobre o tema do projeto da disciplina: projetos residenciais, bem como faremos um estudo
de caso sobre o assunto, buscando inspiração e aprofundando nossos conhecimentos.
Por fim, visitaremos o terreno da intervenção e entenderemos sua importância dentro
do processo do projeto.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
1.1 CONCEITUAÇÃO E RELAÇÃO ENTRE FORMA, FUNÇÃO E CONTEXTO NA
CRIAÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO

A arquitetura que, em última instância, é o mundo físico, o qual nos rodeia, vai sendo
desenvolvida aos poucos, iniciando com um conceito ou ideia.
Este conceito do projeto é o ponto de partida que guia as decisões do projetista,
podendo vir de fontes variadas, ou até ser uma mistura de informações, como por
exemplo, ser proveniente de um aspecto do programa de necessidades – a lista das
funções que o prédio acomodará.
O conceito pode ser, ainda, um aspecto inspirador de um material ou da construção
de outro prédio existente, histórico ou contemporâneo. O conceito pode se materializar
em um croqui e ir evoluindo para uma ocupação espacial, transformando-se em desenho
técnico e, por fim, ser construído.
O croqui é uma forma de expressar o conceito do projeto, um meio rápido para
expressar uma ideia complexa. Os croquis são expressivos e criam um vínculo pessoal
entre a ideia e a sua representação, alguns exemplos de croquis de projetos famosos
poderão ser vistos nas Figuras 1 e 2.
O croqui tem personalidade, mas é vago, o que o torna interessante, para expressar
um conceito que ainda não está completamente desenvolvido, e será detalhado ao longo
do projeto, o que ajuda a explorar diferentes possibilidades dentro do projeto (Figura 3).
A precisão ou a sofisticação do desenho, neste caso, não é importante, o que importa é a
ideia por trás do desenho. Os croquis de esboço permitem conectar a ideia à arquitetura.
Você pode desenvolver, ao longo do projeto, um caderno de croquis, para anotar as
suas ideias, guardando caminhos a serem desenvolvidos e explorados. Os cadernos de
croqui podem conter estímulos e inspirações.
Os croquis podem funcionar junto com o desenvolvimento computacional do projeto.
O computador é mais preciso, os croquis são mais intuitivos e criativos, as ferramentas
computacionais podem ser utilizadas, para desenvolver e explorar ideias iniciadas no
croqui, em que o pensamento costuma ser mais rápido e fluido.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 1 - Croqui catedral de Brasília – Oscar Niemeyer.
Fonte: <https://www.archdaily.com.br/br/01-14553/classicos-da-arquitetura-catedral-de-brasilia-oscar-
-niemeyer/niemeyer_-_catedral_brasilia/>. Acesso em 18 de abril de 2020.

Figura 2 - Croqui Memorial da América Latina – Oscar Niemeyer.


Fonte: <https://mdc.arq.br/2013/03/18/oscarianas-mineiras/croquis/>. Acesso em 18 de abril de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 3 - Exemplo croqui de desenvolvimento de projeto.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/design-draw-monochrome-image-6023974>.
Acesso em 18 de abril de 2020.

Assim como os croquis, também podem ser utilizadas maquetes volumétricas, para as
etapas iniciais do projeto e o desenvolvimento do conceito. Elas permitem que os conceitos
se especializem em três dimensões (Figuras 4 e 5). As maquetes conceituais representam uma
ideia, geralmente exagerando algum aspecto e utilizando diferentes materiais.

Figura 4 - Alvar Alto - Maquete Conceitual.


Fonte: <https://cargocollective.com/chrisrubio/Alvar-Aalto-Maquete-Conceitual>. Acesso em 18 de abril de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 5 - Pavilhão Além do Vento – MAT Office - Maquete Conceitual.
Fonte:<https://www.archdaily.com.br/br/925705/pavilhao-alem-do-vento-mat-office/5d5d33f8284d-
d1662000050a-beyond-the-wind-mat-office-concept-model>. Acesso em 18 de abril de 2020.

Uma outra maneira de iniciar o projeto, e expressar as suas ideias e os conceitos por
trás delas, é através de diagramas e desenhos simples. Estas são maneiras de expressar o
conceito do projeto e iniciar o seu processo de desenvolvimento, que veremos melhor no
próximo tópico (Figura 6).

Figura 6: Exemplo de diagrama de projeto – mostrando a concepção do projeto.


Fonte:<http://comoprojetar.com.br/como-criar-diagramas/>. Acesso em 18 de abril de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
1.2 O PROCESSO DE PROJETO

O projeto é um processo. Como todo o processo, ele segue uma série de etapas, cada
uma envolvendo uma série de tarefas e habilidades a serem desenvolvidas. Veremos todas
estas etapas, ao longo de nosso caderno, e desenvolveremos esse processo no curso.
Geralmente, o primeiro ponto levantado pelo cliente e pelo arquiteto é o programa
de necessidades, no qual são expostas as funções da edificação, conforme as exigências,
necessidades, desejos e sonhos do cliente. O terreno usualmente aparece em conjunto
com este programa, sendo analisadas as suas potencialidades, restrições, além do
contexto em que está inserido. A partir destas análises, e da pesquisa de referências
externas e internas, são desenvolvidos os conceitos geradores do projeto e o partido.
O conceito do projeto visa dar uma resposta integrada e sensível aos pontos levantados
pelo cliente (funções, necessidades e desejos), e analisados dentro do contexto do terreno
e da região, na qual o projeto está inserido, levando em conta precedentes históricos
ou tipológicos. Estes conceitos devem guiar todo o processo de projeto e a tomada de
decisões, portanto precisam ser claros e compreendidos por todos.
O desenvolvimento dos conceitos, que levam à criação do chamado partido de
projeto, é uma etapa importante do projeto, que pode facilitar o seu desenvolvimento
ou dificultar, caso o partido não esteja adequado. Se, no desenvolvimento do projeto, o
partido não estiver adequado, o ideal é voltar à etapa e rever o mesmo, para que o projeto
se desenvolva da maneira esperada.
Resumindo, o partido é um ato de síntese de variáveis previamente estudadas, fruto
do desenvolvimento do ordenamento de ideias, o guia do desenvolvimento do projeto.
Para esta síntese de informações, é necessário levantar, primeiramente, alguns dados, os
quais podem ser divididos em:
• Dados teóricos, conceituais, podendo-se fazer pesquisas sobre o tema do projeto,
ou procurar inspiração em outros projetos, intenção plástica, estilo arquitetônico;
• Dados em relação ao terreno, contexto do projeto, legislação, condicionantes
físico-ambientais (clima, topografia, vegetação existente);
• Dados em relação aos espaços, ergonomia, o programa de necessidades (funções
da edificação), a relação entre os espaços e o seu pré-dimensionamento.

Após a coleta de dados, temos a etapa criativa, na qual o arquiteto transpõe para o
desenho a solução conceitual do projeto, utilizando croquis, perspectivas, plantas e
maquetes. Esta é a chamada etapa da síntese criadora, que é o resultado da síntese das

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
etapas anteriores. O arquiteto coloca, no terreno, os acessos, a volumetria, o programa
pré-dimensionado, as hierarquias, o zoneamento do projeto, suas relações internas e
externas.
Assim, um dos primeiros passos para o início do projeto é o estudo do tema. Neste
projeto, o nosso tema é a residência unifamiliar, então, veremos algumas considerações
sobre o assunto no próximo tópico.
Você já parou para pensar que o ato de projetar é um ato de criação, ou seja, ele nasce
da cabeça do projetista. Assim, como criação, a arquitetura é diferente da matemática,
não existe apenas uma resposta correta para um problema, mas podem existir múltiplas
respostas corretas, ou múltiplas respostas incorretas. Talvez o melhor termo seja
respostas adequadas, ou respostas inadequadas de projeto.

SAIBA MAIS
Deste modo, dentro de uma turma de arquitetura, com as mesmas condicio-
nantes de projeto, o mesmo programa e o mesmo terreno, teremos respostas
arquitetônicas variadas, pois temos pessoas variadas, com processos de pensamento distintos.
Dentro das diferentes respostas, podemos ter, tanto diversas respostas boas quanto diversas
respostas ruins.
Veja como a arquitetura é um processo interessante e complexo, que envolve várias áreas do
conhecimento.

1.4 ESTUDO DO TEMA - HABITAÇÃO

Morar é um aspecto determinante, e o que mais tem influência na qualidade de vida


do ser humano. Refletir e estudar a melhor maneira de conceber o projeto residencial,
certamente se faz necessário para um projeto arquitetônico de maior qualidade.
Assim, gostaria de iniciar este item com a pergunta: o que é a casa ou residência? A casa
é o abrigo principal e mais antigo do homem, seja isolado, ou estruturado em um grupo
familiar. No Dicionário de Arquitetura Brasileira (CORONA; LEMOS, 1979), a palavra
habitação consta da seguinte forma: “Constitui em arquitetura o abrigo ou invólucro
que protege o homem, favorecendo sua vida no aspecto material e espiritual. Ato ou

18
PROJETO DE
ARQUITETURA I
efeito de habitar. Morada. Residência”. O ato de morar vai além do espaço construído,
a casa possui diversos símbolos e significados e precisa se conectar com o usuário; ela
é o local do relacionamento, do abrigo e da proteção, não apenas física, mas também
emocionalmente. Durante a epidemia do Corona vírus, pudemos perceber a importância
deste espaço em nossas vidas, e ressignificar seus usos e espaços. A casa é o palco das
relações íntimas, familiares e sociais próximas, espelho da própria sociedade. Ela nos dá
a sensação de pertencimento.
A casa ou habitação qualifica o grau de satisfação do homem e de qualidade de vida
do indivíduo e da família. Ela deve se adequar ao homem e seus costumes, e não o
contrário, uma vez que a casa deve refletir o estilo de vida, as necessidades, os gostos e as
preferências do homem.
O aumento do crescimento populacional, assim como o adensamento populacional, tem
feito os espaços para moradia diminuírem. No entanto, as exigências de conforto e inovação
têm aumentado. Neste cenário, os arquitetos precisam ser criativos na definição dos espaços,
reinventando-se.
A qualidade residencial está conectada com a adequação da habitação à sua envolvente
(sua estrutura como arquitetura) e às necessidades dos moradores. A casa deve ser
adaptável às mudanças de necessidades dos seus usuários. Durante toda a sua vida útil,
ela deve se adequar às exigências sociais, culturais e atender aos interesses individuais
dos moradores. Além disso, a residência deve apresentar inovação, em relação aos padrões
estabelecidos, melhorando as condições oferecidas e estimulando o desenvolvimento.
Hoje, no Brasil, a norma principal que regula a qualidade e desempenho das edificações
é a NBR 15575 (ABNT, 2013), sendo obrigatória para empreiteiros e projetistas. De acordo
com esta norma, elencaremos, na Tabela 1, as funções a serem satisfeitas pela edificação.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
- Prevenção de colapso estrutural;
Segurança - Riscos de incêndio;
- Choques elétricos.
- Estanqueidade à água;
Habitabilidade - Desempenho térmico e acústico;
- Níveis de iluminamento.
- Dimensões mínimas dos espaços;
Funcionalidade e Acessibilidade - Organização espacial dos espaços;
- Conforto tático e antropodinâmico.
- Riscos de ferimento;
Higiene e Saúde - Proliferação de microrganismos;
- Qualidade interna do ar.
- Vida útil requerida pela edificação e suas partes;
Sustentabilidade
- Programas de manutenção.
- Utilização racional dos insumos;
Adequação Ambiental
- Redução de poluentes.
Tabela 1 - Funções a serem satisfeitas na edificação, para garantir níveis mínimos de qualidade e de-
sempenho.
Fonte: NBR15575 (ABNT, 2013).

Claro, nem todas as funções elencadas na tabela acima devem ser satisfeitas apenas
pelo arquiteto, uma vez que a qualidade da habitação é o conjunto do trabalho de diversos
profissionais, mas iniciam pelo trabalho dele. Para o projeto arquitetônico habitacional
ser bem-sucedido, no entanto, podem-se listar alguns requisitos, conforme Kechian
(2011):
Aspectos dos hábitos e atividades da família;
• Aspectos sociais e culturais da família;
• Aspectos de composição e ciclo da família (número de pessoas, idade, sexo,
parentesco, biótipo);
• Aspectos fisiológicos e psicológicos dos usuários;
• Acessibilidade e privacidade dos usuários;
• Funções de uso dos ambientes;
• Frequência de uso dos mobiliários e equipamentos;
• Fluxograma de circulação entre ambientes;
• Arranjo dos mobiliários e equipamentos;
• Dimensionamento dos ambientes;
• Exigências de desempenho da edificação;
• Recomendações das legislações.

20
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Várias das informações listadas acima o arquiteto deve descobrir durante a execução
do programa de necessidades, no qual deverão ficar claras as funções do espaço a ser
projetado. A casa pode apresentar funções variadas, conforme a rotina, os hábitos e o
estilo da família.
• Podem ser consideradas como funções principais previstas:
• Repouso pessoal ou descanso;
• Higiene pessoal;
• Preparo das refeições;
• Consumo das refeições;
• Estar e lazer;
• Estudo e trabalho;
• Gestão doméstica (espaços para arrumação, armazenamento e organização);
• Tratamento da roupa (lavar, secar, passar, guardar e trocar roupas e acessórios);
• E circulação.

É importante salientar que, ao longo dos tempos, as funções habitacionais têm sido as
mesmas, porém o espaço para cada função está em constante mudança. Hoje, muitas das
funções encontram-se em ambientes integrados, por exemplo, o preparo dos alimentos,
seu consumo e o espaço de estar podem ser no mesmo espaço, pois a cozinha, a sala de
jantar e estar estão integradas.
Não há mais o espaço para a empregada, e a integração dos espaços aumenta as suas
áreas, permitindo uma maior interação entre a família, a qual está cada vez menor. Os
espaços para gestão doméstica estão menores e os espaços para higiene pessoal mais
compartimentados, com o número crescente de banheiros e suítes das residências.
Atualmente, também se percebe uma tendência maior para home-office (trabalho em
casa), além de algumas exigências, em relação às novas tecnologias que surgem. Assim,
é importante a arquitetura acompanhar as mudanças familiares e sociais, adaptando-se
aos novos hábitos e costumes.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
SAIBA MAIS
Para conhecer sobre a arquitetura residencial, é possível estudar a obra do
arquiteto Vilanova Artigas, suas formas e partidos. Para tal, leia o texto comple-
mentar: Arquitetura residencial de Vilanova Artigas: relações entre a obra construída e projetos
não construídos. Fonte: TAGLIARE, Ana; PERRONE, Rafael A. C.; FLORIO, Wilson. Arquitetura resi-
dencial de Vilanova Artigas: relações entre a obra construída e projetos. não construídos. USJT.
ARQ.URB. 2015.

1.4 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso é uma das formas de coletar informações para o projeto, buscar
inspiração e conhecer melhor a temática com que se está trabalhando.
Mas, o que é estudo de caso de arquitetura? Trata-se de uma análise detalhada de uma
obra arquitetônica, que pode ser uma casa, um edifício, um comércio ou, até mesmo,
uma cidade inteira. Ele ajuda, você, aluno de arquitetura, a entender vários aspectos que
devem ser levados em conta na hora de projetar.
Esta atividade também contribui para a formação do estilo do futuro arquiteto, afinal,
nada melhor do que conhecer o trabalho de grandes profissionais para aprender e
inspirar-se.
O estudo de caso de arquitetura é uma das atividades que fazem parte do aprendizado
do futuro arquiteto. Todo profissional deve saber reconhecer um trabalho bem (ou mal)
feito. Analisar uma obra não é complicado e pode ajudá-lo a tornar-se uma pessoa muito
mais criativa. Além disso, este tipo de trabalho traz conhecimento sobre os vários tipos
de obras, ampliando a visão acerca dos projetos arquitetônicos.
O estudo de caso pode ser dividido, conforme as etapas abaixo (VIVA DECORA PRO,
2020):

a) Informações gerais do projeto


• Nome do projeto;
• Local;
• Data de início da construção;

22
PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Data de encerramento da construção;
• Área do terreno;
• Área construída;
• Nome do arquiteto ou escritório de arquitetura.

b) Contexto histórico e geográfico


Este item trata de analisar o período histórico, no qual a obra foi desenvolvida, e o local
onde ela está implantada. Por exemplo, se a obra escolhida for de arquitetura moderna,
faça uma análise de qual é a importância do estilo naquele período. De acordo com o
contexto histórico, pode ser algo totalmente inovador. Qual a importância do projeto no
contexto em que ele está inserido?
As características do terreno também devem ser destacadas no estudo de caso de
arquitetura, mostrando os possíveis desafios que o arquiteto encontrou durante o
projeto. Por exemplo, um aclive muito grande, uma montanha, uma pedra, ou uma árvore
presente, que o arquiteto aproveitou dentro da sua obra, ou não.

c) Relação com o entorno


Analisa-se sua inserção urbana, sua inserção volumétrica, seu gabarito, seu estilo, a
inserção em relação aos eixos viários e/ou visuais, seu uso e ocupação no terreno. Todos
estes itens relacionados com os edifícios do entorno.
Você já viu uma obra que parecia não ter nada a ver com o ambiente ao redor? Neste
caso, provavelmente, não houve uma preocupação em integrar a construção com
o urbanismo que já existia no local. Em contrapartida, existem projetos que se destacam
por conseguir criar a sensação de que a obra sempre esteve ali e combina perfeitamente
com os arredores. Um exemplo é a clássica Casa da Cascata, de Frank Lloyd Wright.
Em outros casos, a sensação de deslocamento existe de propósito. O estudante deve
pontuar qual é a relação da obra com o ambiente ao redor, e quais são os pontos positivos
e negativos desta distribuição.

d) Estrutura e materiais utilizados


Aqui, você deve fazer uma análise da infraestrutura da obra, da funcionalidade dos
ambientes e falar sobre as técnicas construtivas utilizadas. Você deve, também, fazer a
setorização dos espaços, podendo dividir, por exemplo, entre áreas privadas, sociais e de
serviço. Sobre a infraestrutura e materiais você deve abordar os seguintes tópicos:
• Material usado na construção (concreto, madeira, tijolo, aço, terra, pedra, vidro
etc.);
• Tipos de revestimentos;

23
PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Elementos com função estrutural na obra;
• Uso das janelas;
• Quantidade de andares;
• Tipo de fachada.

É importante verificar se existe uma harmonia entre a estrutura, os materiais e os


ambientes. Aqui, você também deve informar características que se destacam, como
espaços flexíveis, materiais usados de forma pouco usual etc.
Um outro ponto de destaque é entrada da obra, na qual acontece o primeiro contato
com o espaço, por isso merece um olhar especial durante seu estudo de caso de arquitetura.
Qualquer outro ponto chamou sua atenção? Inclua também! Lembre-se de que este é
um exercício de observação, em que você está desenvolvendo a sua percepção sobre um
projeto arquitetônico.

e) Análise gráfica da forma


O estudante de arquitetura deve entender os princípios básicos da forma e espaço,
para manipular e organizar os conceitos dentro do projeto. Assim, o estudo destes
elementos é princípio para melhor entender e dominar a composição dos elementos
dentro do projeto.
A análise, segundo Ching (2013), é uma das mais conhecidas e utilizadas dentro da
arquitetura, pois ela ajuda a compreender as formas compositivas do projeto e a observar
as evoluções do mesmo.
O estudante também deve destacar se houve coerência no desenvolvimento das ideias.
Neste tópico, selecionaram-se alguns itens, considerados mais relevantes pela autora,
em relação à análise de Ching (2013), aplicada ao estudo de caso.
O primeiro deles é o estudo da reta dentro do projeto. Ela pode se destacar, na análise,
como linhas verticais, com elementos retilíneos verticais; como colunas (Figura 7), torres,
obeliscos etc.; como linhas horizontais, com lajes em balanço, grandes beirais ou brises
ou, ainda, como contraponto entre as duas.

24
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 7 - Colunas - Exemplo de elementos verticais dentro do projeto.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/elements-architectural-decoration-buildings-ar-
ches-colonnades-1491606608> . Acesso em 18 de abril de 2020.

Ching (2013) apresenta quatro tipos de relações entre espaços, dentro da composição
arquitetônica:

• Um espaço dentro de outro espaço (Figura 8);

Figura 8 - Ópera de Sydney - Exemplo de espaços dentro de outros espaços.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/waterfront-cityline-sydney-city-downtown-sun-
rise-523437463 >. Acesso em 18 de abril de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Espaços interseccionados (Figura 9);

Figura 9 - Exemplo de espaços interseccionados.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/modern-villa-colored-led-lights-ni-
ght-1151072399>. Acesso em 18 de abril de 2020.

• Espaços adjacentes (Figura 10);

Figura 10 - Exemplo de espaços adjacentes.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/modern-contemporary-wood-sided-buil-
ding-1219088836>. Acesso em 18 de abril de 2020.

26
PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Espaços conectados por um terceiro espaço.

Em relação à organização espacial o autor destaca cinco tipos:

1- Organização centralizada (Figura 11);

Figura 11 - Exemplo de composição centralizada.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/spiral-staircase-717004249>. Acesso em 18 de
abril de 2020.

2- Organização linear;
3- Organização radial (Figura 12);

Figura 12 - Composição radial


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/double-exposure-photo-transparent-circular-
-glass-361421438>. Acesso em 18 de abril de 2020.

27
PROJETO DE
ARQUITETURA I
4- Organização aglomerada (Figura 13);

Figura 13 - Composição aglomerada.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-rendering-architecture-model-circular-
-building-1383781481>. Acesso em 18 de abril de 2020.

5- Organização em malha.

Há seis princípios de organização que o autor define e esquematiza (CHING, 2013):


= > Eixo: Consiste em uma reta estabelecida por dois pontos no espaço, em relação à
qual as formas e os espaços podem ser distribuídos de modo simétrico ou equilibrado;
= > Simetria: Consiste na distribuição e no arranjo equilibrado de formas e espaços
equivalentes em ambos os lados de uma linha ou plano paralelo, ou em relação a um
centro ou eixo (Figura 14);

28
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 14 - Composição simétrica.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ancient-architecture-temple-pagoda-park-
-chongqing-1187095267>. Acesso em 18 de abril de 2020.

= > Hierarquia: Consiste no destaque da importância ou do significado de uma forma


ou espaço, em função de seu tamanho, formato ou posicionamento, em relação às demais
formas e espaços da organização;
= > Ritmo: Consiste em um movimento unificador, caracterizado por um padrão
repetitivo ou pela alternação de elementos formais ou motivos, no espaço ou em uma
forma modificada (Figura 15);

29
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 15 - Ritmo pela repetição dos elementos verticais na parede e na cobertura.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/architectural-design-modern-concrete-
-hall-3d-1154730577>. Acesso em 18 de abril de 2020.

= > Referência: É uma linha, um plano ou um volume que, devido à sua continuidade e
regularidade, serve para reunir, medir e organizar um padrão de formas e espaços;
= > Transformação: É o princípio de que um conceito, estrutura ou organização de
arquitetura podem ser alterados, por meio de uma série de manipulações e permutações
distintas, em resposta a um contexto específico ou a um conjunto de condições, sem perda de
identidade ou conceito.

SAIBA MAIS
Para conhecer mais sobre regras de composição de Ching, e todos os elemen-
tos que as compõem, é recomendado o livro: Arquitetura: forma, espaço e ordem,
do autor. Neste livro, são listados todos os itens, os quais são explicados detalhadamente e
exemplificados.
O site vitruvius também possui uma reportagem muito interessante, sintetizando os princi-
pais autores, em relação à análise formal da arquitetura. Referência: CHING, F. D. K. Arquitetura:
forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins Fontes, 2013 e <https://www.vitruvius.com.br/revis-
tas/read/arquitextos/12.133/3921>. Acesso em 17 de abril de 2020.

30
PROJETO DE
ARQUITETURA I
f) Orientação solar e iluminação
A orientação solar é a forma como a luz do sol incide sobre a obra. Este é um fator que
deve ser analisado, de acordo com a localidade. Por exemplo, em regiões mais frias, é
interessante que os cômodos de maior movimento de uma casa recebam mais luz solar.
Além da orientação solar, a ventilação também deve ser examinada, na observação
das janelas e outras aberturas da casa. O estudante deve estar atento a como o arquiteto
lidou com esta questão, e se houve a inclusão estratégica de elementos relacionados ao
conforto térmico.

g) Imagens da obra e desenhos técnicos


É claro que não podem faltar as imagens e os desenhos técnicos, como Planta Baixa,
Cortes e Fachadas! Use-as para ilustrar os comentários sobre os tópicos anteriores.

h) Observações finais
Ao final do estudo, faça uma conclusão sobre a obra, destacando seus pontos positivos
e negativos. Aqui, também vale dizer de que forma ela contribuiu para a sociedade, para
a arquitetura ou, até mesmo, para os moradores do local.

SAIBA MAIS
Escolha um projeto residencial e faça um estudo de caso, de acordo com os
passos listados. Você pode pesquisar projetos arquitetônicos nos seguintes sites:
<https://www.archdaily.com.br/br> Acesso em 16 de abril de 2020.
< https://www.arcoweb.com.br> Acesso em 16 de abril de 2020.
<https://www.architonic.com> Acesso em 16 de abril de 2020.
<https://www.dezeen.com> Acesso em 16 de abril de 2020.

O estudo pode ser feito em Power Point ou programas similares.


Obs.: Não esqueça de colocar suas referências bibliográficas.

31
PROJETO DE
ARQUITETURA I
1.5 O TERRENO

A arquitetura pertence a um lugar, um terreno, e o projeto é pensado especificamente


para este local, considerando todas as suas condicionantes. Cada terreno tem
características diferentes: topografia, vegetação, insolação, definições históricas, as quais
influirão no conceito da arquitetura. Todo terreno urbano apresenta um entorno que, no
projeto, influirá na nova arquitetura considerando o tipo de construção, seu estilo, seu
gabarito (altura), seus materiais, sua forma.
Compreender o terreno em que a edificação será implantada é muito importante para
o arquiteto, pois estas condicionantes interferirão em toda a implantação, nos acessos, na
relação da edificação com a cidade e no partido arquitetônico. Os dados sobre o terreno
e seu entorno podem funcionar, tanto como oportunidades para o arquiteto quanto
restrições, dependendo de como o projetista lida e sintetiza as informações.
Na próxima unidade, veremos como fazer o levantamento das informações referentes
ao terreno. No momento, você deve procurar o terreno escolhido, nos mapas virtuais,
e visitá-lo, para se familiarizar com a área de intervenção. O terreno escolhido para o
projeto unifamiliar está localizado na Rua Monteiro de Lobato, número 74, na Praia dos
Amores, conforme Figura 16.

Figura 16 - Imagem do terreno a ser trabalhado.


Fonte: < https://www.google.com/maps>. Acesso em 17 de abril de 2020.

32
PROJETO DE
ARQUITETURA I
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, foi iniciado e discutido o processo do projeto residencial, como formular
o partido de projeto, quais as etapas para a formulação deste conceito, como você pode
expressar o conceito, por meio de croquis ou maquetes, ou como buscar inspiração.
De forma a organizar didaticamente o processo, iniciamos o projeto, buscando
informações sobre o tema, que foram brevemente apresentadas nesta unidade e
podem e devem ser aprofundadas. Na próxima unidade, com o estudo do programa de
necessidades, estudaremos mais tecnicamente a temática.
Além do estudo geral do tema, aprendemos as etapas para fazer um estudo de caso,
o que é essencial para estudantes de arquitetura e arquitetos, e aplicamos as etapas na
atividade desta unidade. Por fim, iniciamos o estudo do terreno, conhecendo a área e
observando a importância do terreno para o projeto.
Espero que a primeira unidade tenha esclarecido suas dúvidas sobre o projeto
arquitetônico, e você tenha aprendido dicas valiosas sobre como desenvolver o seu projeto.
O início de um projeto deve ser a busca por inspiração e conhecimento, entendendo o
problema e explorando as possíveis soluções. Este é o momento de abrir a sua cabeça para
as possibilidades, e expressar as suas ideias que tomarão forma no projeto arquitetônico.
Bom trabalho!

33
PROJETO DE
ARQUITETURA I
EXERCÍCIO FINAL

1. O projeto arquitetônico é organizado em diversas etapas. O processo do


desenvolvimento do projeto inicia com a definição de um conceito ou ideia que irá guiar
as demais etapas do projeto. Este conceito transforma-se em partido de projeto. O partido
é um ato de síntese de variáveis previamente estudadas, fruto do desenvolvimento do
ordenamento de ideias, o guia do desenvolvimento do projeto arquitetônico. Entre
os elementos que devem ser levantados previamente, para a execução do partido
arquitetônico, podem-se citar:

I. Dados teóricos, conceituais, para tal podem ser feitas pesquisas sobre o tema
do projeto, ou procurar inspiração em outros projetos, intenção plástica, estilo
arquitetônico.
II. Dados em relação ao terreno, contexto do projeto, legislação, condicionantes
físico-ambientais (clima, topografia, vegetação existente).
III. Dados em relação aos espaços, ergonomia, o programa de necessidades, a relação
entre os espaços e o seu pré-dimensionamento.
IV. Dados em relação à estrutura da cobertura que se pretende utilizar e os materiais
de acabamento.

A partir das afirmações acima, está correto o que se afirma em:


A. I e II.
B. I e III.
C. I, II e III.
D. I, III e IV.
E. II, III e IV.

2. Uma das formas de coletar informações para o projeto, buscar inspiração e conhecer
melhor a temática com que se está trabalhando é o estudo de caso. O estudo de caso de
arquitetura trata-se de uma análise detalhada de uma obra arquitetônica, que pode ser
uma casa, edifício, um comércio ou até mesmo uma cidade inteira. Ele ajuda, você, aluno
de arquitetura, a entender vários aspectos que devem ser levados em conta na hora de
projetar. Sobre o estudo de caso, leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta:
I.O estudo de caso traz conhecimento sobre os vários tipos de obras, além de ampliar
a visão sobre os projetos arquitetônicos.
II.O estudo de caso é uma forma de o arquiteto buscar referências de projeto variadas

34
PROJETO DE
ARQUITETURA I
e se aprofundar na temática do projeto.
III. O estudo de caso é uma análise formal de uma obra arquitetônica, a crítica não
deve constar neste tipo de trabalho, sendo ela reservada para o ato de criação.
IV. O estudo de caso é feito somente por estudantes, os profissionais devem iniciar o
projeto no programa de necessidades.

A partir das afirmações acima, está correto o que se afirma em:


A. I e II.
B. I e III.
C. I, II e III.
D. I, III e IV.
E. II, III e IV.

3. Os princípios de ordem de Ching (2013) são considerados recursos visuais, os quais


permitem que as formas e os espaços variados de um mesmo edifício coexistam dentro de
um todo ordenado, unificado e harmonioso. Sobre estes princípios, assinale a alternativa
correta:
A. Simetria radial: arranjo equilibrado de elementos similares em uma forma lateral,
de modo que a composição possa ser dividida em metades similares.
B. Eixo: linha curva que serve como base, para que as formas e os espaços se
distribuam de maneira regular ou irregular.
C. Hierarquia: reflete o grau de importância das formas e dos espaços, bem como
seus papéis funcionais, formais e simbólicos.
D. Ritmos: composição de elementos idênticos que são agrupados de uma maneira
repetitiva e organizada.
E. Referência: organiza um padrão aleatório de elementos, por meio de sua
irregularidade, continuidade e presença constante.

35
PROJETO DE
ARQUITETURA I
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NB515575/2013 - Desempenho de


Edifícios Habitacionais até 5 pavimentos. Rio de Janeiro, ABNT, 2013.

CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos A. C. Dicionário Brasileiro de Arquitetura. São Paulo:


Edart, 1979.

GOOGLE MAPS. Imagens diversas. 2020. Disponível em: https://www.google.com/


maps/. Acesso em: 17 de abril de 2020.

FARRELLY, Lorraine. Fundamentos da Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.

KENCHIAN, Alexandre. Qualidade funcional no programa de habitação. Fau Usp Tese.


São Paulo, 2011.

MANO, Cássia Morais. Introdução ao Projeto Arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

NEVES, Pedreira Laert. Adoção do Partido na Arquitetura. Salvador: Centro Editorial e


Didático da UFBA, 1989.

TAGLIARE, Ana; PERRONE, Rafael A. C.; FLORIO, Wilson. Arquitetura residencial de


Vilanova Artigas: relações entre a obra construída e projetos não construídos. USJT. ARQ.
URB. 2015.

<https://www.vivadecora.com.br/pro/estudante/estudo-de-caso-de-arquitetura/>.
Acesso em 28 de fev. de 2020.

<https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.133/3921>. Acesso em 17 de
abril de 2020.

36
PROJETO DE
ARQUITETURA I
2
unidade
LEVANTAMENTO DE
DADOS NO PROJETO
ARQUITETÔNICO

37
PROJETO DE
ARQUITETURA I
2 INTRODUÇÃO À UNIDADE

O método tradicional de arquitetura organiza o projeto em etapas. Nas primeiras


etapas, são levantadas as problemáticas de projeto, e as incertezas são grandes. Conforme
o projeto se desenvolve, aumentam as definições e diminuem as incertezas, ou seja, vai se
fechando uma solução, para atender aos problemas levantados e, à medida que o projeto
vai sendo detalhado, diminui a possibilidade de mudanças.
O fluxo das etapas pode ser dividido em: levantamento de dados, programa de
necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo.
Academicamente, nós chegaremos até a etapa do anteprojeto.
Dentro do cronograma da disciplina, fizemos, na unidade anterior, o estudo de caso
e estudo sobre o tema. Agora, partiremos para a etapa do levantamento de dados do
terreno e entorno e programa de necessidade, que inclui o pré-dimensionamento, o
organograma e os esquemas de projeto.
Nesta unidade, veremos todos os itens, referentes ao levantamento de dados e ao
programa de necessidades, a fim de que tenhamos todas as informações e indicações
necessárias para iniciar a nossa proposta de projeto. Em cada item, haverá uma atividade
a ser desenvolvida, para você cumprir as etapas do projeto. Os itens são apresentados de
forma sequencial, no entanto, eles podem ir acontecendo simultaneamente, permitindo
que o arquiteto possa ir revisando, ou voltando uma etapa, até fechar as suas análises, em
relação à problemática apresentada.
Iniciaremos a segunda unidade, compreendendo o terreno, seu contexto, entorno, e
os índices legais que incidem sobre o mesmo. Em seguida, estudaremos a montagem do
programa de necessidades e suas implicações, o dimensionamento dos ambientes que
compõem o programa, para atender as funções a que a edificação se propõe e, por fim, a
relação entre os espaços, seu zoneamento, hierarquias, circulações e acessos.

2.1 ANÁLISE DAS CONDICIONANTES FÍSICO-ESPACIAIS E PSICOLÓGICOS

Entender o terreno é um importante passo para um projeto de arquitetura bem-


sucedido. As condicionantes contextuais, ou seja, as características físico-espaciais do
terreno, fornecerão as diretrizes para o lançamento do partido arquitetônico no local.
As técnicas para entender o terreno são variadas, incluindo visita in loco (a avaliação
quantitativa do que já existe) e aspectos de interpretação, como a avaliação qualitativa da

38
PROJETO DE
ARQUITETURA I
luz, dos sons e da experiência física do lugar.
Assim, visitar o lugar e observá-lo, pode ajudar o arquiteto a desenhar diferentes
respostas adequadas ao projeto. Pode-se levantar, também, por meio de dados, as
condicionantes contextuais, que tratam dos aspectos relacionados ao terreno onde será
implantada a proposta. Veremos técnicas para fazer tais análises nesta unidade.
Na arquitetura, podemos ter dois tipos de respostas em relação ao local de inserção do
projeto: a primeira, que respeita o terreno e os parâmetros conhecidos do contexto em
que ele está inserido; e a segunda, que escolhe ignorar estes parâmetros e ser contrária a
eles, criando contraste. De qualquer forma, o arquiteto precisa conhecer bem o local do
projeto, e analisá-lo.
Para conhecer o terreno, é preciso fazer análises em diversas categorias de informação,
o que chamamos de levantamento de campo. Este registro pode ser feito de variadas
formas, incluindo análises quantitativas e qualitativas, as quais poderão variar, conforme
o olhar do arquiteto, sua intepretação pessoal e análise crítica do local.

2.1.1 Localização, dimensões, área e forma do terreno

O primeiro passo é localizar o terreno, dentro da cidade ou região em que está inserido.
O terreno deve ser compatível com a atividade que será exercida na edificação.
Em seguida, deve-se obter e analisar sua geometria, dimensões e área, as quais são
obtidas no levantamento cadastral do terreno ou na matrícula. No entanto, recomenda-
se que estas sejam, também, levantadas e conferidas in loco.
As dimensões e área total do terreno devem estar de acordo com o pré-dimensionamento
e o programa de necessidades levantado pelo arquiteto e cliente, o qual será visto no
próximo tópico da unidade. É importante, além de verificar a compatibilidade das
dimensões e área total com a função do terreno, confirmar a compatibilidade com a
legislação, último item deste tópico.
Após verificada a compatibilidade do terreno com as funções exercidas, analisaremos
a geometria e forma do terreno. A maioria dos terrenos é retangulares, com a menor
dimensão na testada do lote. Contudo, há outras formas de terreno, como trapezoidais
ou terrenos de esquina, os quais requerem um maior estudo em relação aos acessos,
recuos e conexão com o espaço público.

39
PROJETO DE
ARQUITETURA I
2.1.2 Topografia e vegetação do terreno

Após verificar as dimensões e a forma do terreno, pode ser feita uma análise, em
relação à topografia do terreno, bem como da vegetação existente no terreno e no seu
entorno.
A topografia do terreno pode ser levantada, através do mapa planialtimétrico com as
curvas de nível existentes no terreno, mostrando as diferenças de nível e forma exata do
térreo. Essas mesmas curvas podem ser colocadas em maquete, com as dimensões do
terreno, ou podem ser feitos cortes, para perceber melhor o perfil da área (croquis Figuras
17 e 18).

Figura 17 - Croquis curvas de nível do terreno.


Fonte: Adaptado de MANO, 2018.

Figura 18 - Curvas de nível Google Earth.


Fonte: Google Earth, 2020.

40
PROJETO DE
ARQUITETURA I
O levantamento da topografia também fornece indicativos de como trabalhar o projeto:
serão aproveitados os desníveis do terreno? Será feito algum aterro ou movimento de
terra? São algumas questões que podem começar a ser analisadas e serão materializadas
no estudo preliminar.
Além disso, podem-se levantar as condições naturais do terreno, como a presença
de vegetação, sua localização e o tipo de vegetação que há. A classificação da vegetação
pode ser por espécie ou por porte, levantando a possibilidade de retirar esta vegetação
ou mantê-la.
Além da vegetação, deve-se levantar a presença de cursos de água, dentro ou próximo
ao terreno, e como se procederá em relação ao mesmo. Não esqueça de verificar a legislação
pertinente à presença de cursos d’água, respeitando os afastamentos necessários. A
mesma recomendação é válida para vegetação, devendo-se responder às seguintes
perguntas: é possível retirar a vegetação? Esta é uma área de preservação permanente?
É necessária alguma licença para retirar a vegetação? A vegetação será incorporada no
projeto, ou retirada?

2.1.3 Percurso e vistas do terreno

Após o levantamento quantitativo do terreno, pode-se fazer um levantamento


qualitativo. Uma das formas de fazê-lo é por meio das impressões pessoais. Uma ideia,
abordada por Gordon Cullen, em Concise Townscape, de 1961, é dar uma volta no
terreno, identificar e descrever os pontos que julgar mais importantes. A ideia é que
estes pontos sejam diferentes vistas do terreno, identificadas em um mapa e retratadas
em forma de croquis ou fotos sequenciais do percurso, com impressões pessoais sobre a
área, explicando-a de forma espacial. Um exemplo de levantamento fotográfico pode ser
visto na Figura 19.

41
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 19 - Levantamento fotográfico do percurso no terreno.
Fonte: Acervo pessoal, 2020.

2.1.4 Levantamento do entorno do terreno

Além do terreno, é necessário entender o seu entorno e o contexto, no qual o projeto


será inserido. O entorno trará condicionantes e indicativos de como desenvolver a
proposta arquitetônica. A cidade é onde se acomoda a arquitetura, entender o que se
passa, no entorno do terreno e na cidade, criará uma correlação entre a edificação e o seu
entorno.
A relação entre o terreno do projeto e os lotes vizinhos deve ser considerada, ao
escolher a localização da edificação. O tipo de vizinhança deve ser compatível com as
atividades previstas no programa. Por exemplo, um hospital não deve estar localizado
em uma área de muito barulho ou ruído, assim como uma casa noturna não deve estar
instalada em uma área residencial, pois irá gerar muito ruído no seu entorno. Uma fábrica,
dependendo do tipo da sua produção, também tem que estar em uma área compatível
com os ruídos, poluição e trânsito que sua atividade pode gerar.
Uma das formas de análise mais utilizada, tanto na arquitetura quanto no urbanismo
é a técnica de figura-fundo, na qual, através de mapas, marcando as edificações, podem-
se fazer várias análises relativas ao terreno e ao seu entorno.
Neste tipo de análise, gostaria de destacar algumas que utilizaremos na disciplina:
mapa de uso e ocupação do solo, mapa de gabaritos, mapa do sistema viário e mapa de

42
PROJETO DE
ARQUITETURA I
cheios e vazios. Além disso, os skyline e maquete de massas podem ajudar na análise
do entorno. Todos os mapas devem ser analisados, a fim de identificar as influências
positivas e negativas do entorno no projeto.
O mapa de uso e ocupação do solo permite identificar os usos mais comuns da região,
sendo possível identificar se a região é mais residencial, se há uma maior presença de
casas ou prédios, edificações comerciais ou institucionais, se apresenta usos variados ou
um único uso, ou, ainda, se está ocorrendo um processo de mudança na configuração dos
usos e lotes.
É possível analisar se os terrenos são maiores ou menores, e qual a configuração dos
lotes e loteamentos, ou se há espaços verde e de lazer na região. Este mapa também
oferece indicativos de como a região funciona e se desenvolve: há um maior uso durante
o dia ou durante a noite? Ou em ambos os períodos? Há ruídos e poluição na região? Há
um tráfego intenso de veículos? Todas estas análises serão complementadas pelos demais
mapas do entorno, como o mapa de gabaritos (Figura 20).

Figura 20 - Exemplo de Mapa de Uso e Ocupação do Solo.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

O mapa de gabaritos (Figura 21), complementa o mapa de uso e ocupação do solo. A


partir dele, é possível começar a compreender as alturas e a densidade demográfica da
região, muito importante para o desenvolvimento do projeto, também para definir se o
projeto seguirá o entorno, ou se vai se destacar do mesmo. O mapa de gabaritos permite,
ainda, definir, por exemplo, se há demanda para comércios locais e ajuda a entender a
configuração dos lotes. Estas análises serão complementadas pelo skyline, pela maquete
de massas e pelo mapa cheios e vazios.

43
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 21 - Exemplo de Mapa de Gabaritos.
Fonte: Acervo pessoal, 2020.

O mapa de cheios e vazios (Figura 22) permite complementar as análises anteriores.


A partir dele, é possível compreender a escala das edificações, o funcionamento da
malha urbana, se ela foi planejada ou não. Há respiros na cidade, espaços de lazer e
contemplação? Há vazios urbanos nos espaços? A partir destas informações, podemos
verificar se a malha urbana está consolidada ou se desenvolvendo.

Figura 22 - Exemplo de Mapa de Cheios e Vazios.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

44
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Além das informações mencionadas, é importante identificar os acessos ao terreno e a
hierarquia das vias em relação ao terreno. Assim, o mapa de hierarquia viária (Figura 23)
identifica os fluxos, direções, nós e conflitos viários. Também é importante identificar os
melhores acessos para o terreno e, dependendo da escala do projeto, propor modificações
na estrutura viária, caso se trate de projetos residenciais, comerciais, institucionais ou
industriais de grande porte.
Dentro do mapa de hierarquia viária, deve-se dividir as vias em: vias de trânsito rápido/
expressa, que possuem trânsito livre, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem
travessia de pedestres em nível. Via arterial, a qual conecta regiões da cidade, com
interseções e acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais. Em geral,
são avenidas. Via coletora, aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que tenha
necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o
trânsito dentro das regiões da cidade. Via local, destinada apenas ao acesso local ou a
áreas restritas aos próprios moradores da rua.

Figura 23 - Exemplo de Mapa de Hierarquia Viária.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

Pode-se fazer, ainda, um mapa, identificando os principais equipamentos urbanos


da região (escolas, creches, hospitais, shopping center, praças e áreas de lazer etc.), os
quais normalmente são pontos de atração de público, gerando tráfego, ou criaando uma
relação de uso com a edificação (Figura 24).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 24 - Exemplo de Mapa de Equipamentos Urbanos.
Fonte: Acervo pessoal, 2019.

Por fim, deve-se fazer o skyline. Mas o que é Skyline? Um dos significados seria a
linha, ao longo da qual a superfície da terra e o céu parecem se encontrar, resumindo:
o Horizonte. Outro significado encontrado é o esboço de um grupo de edifícios ou de
uma escala de montanha, vista ao encontro do céu, a qual nos interessa. Este esboço de
edifícios permite ver a relação de alturas e formas dentro da cidade. Caso o skyline seja
com fotos, é possível também analisar texturas e cores. Na figura 25, podemos ver um
skyline com fotomontagem, a partir de imagens do Google Earth. Na figura 26, podemos
ver um skyline de prédios altos em Dubai.

Figura 25 - Exemplo de Skyline.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 26 - Exemplo de Skyline de Dubai.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/dubai-skyline-downtown-661394776>. Acesso
em 20 de maio de 2020.

Outra ferramenta interessante de análise do entorno é a maquete de massas. A


maquete de massas ajuda a compreender as alturas, a ocupação do solo, a malha viária
e as formas das construções da região. É possível, ainda, por meio da maquete, testar a
configuração do projeto com o entorno, para verificar a sua relação com o mesmo.
Além disso, a maquete de massas ajuda a estudar a insolação do terreno, prevendo os
obstáculos existentes no entorno. A maquete pode ser feita de forma física ou virtual.
Na Figura 27, podemos perceber um estudo de insolação, a partir da maquete de massas
virtual, com as edificações próximas ao terreno.

Figura 27 - Exemplo de estudo de insolação, a partir de uma maquete de massas.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
2.1.5 Condicionantes ambientais

Além das características físicas do terreno e a análise do entorno, o arquiteto deve


avaliar as condicionantes ambientais do local, que incluem: análise do macroclima, da
insolação, da ventilação, da influência dos elementos naturais no entorno e da influência
dos elementos construídos no entorno, os quais irão afetar como as variáveis climáticas
se comportarão dentro do terreno.
Na análise do macroclima, devem-se pesquisar os dados climáticos da cidade
disponíveis, como temperatura do ar, taxas de umidade, precipitação e radiação solar. O
ideal é encontrar os dados mensais destas variáveis, ao longo do ano, buscando-se dados
de fontes confiáveis. Também é interessante verificar as cotas de enchente da cidade
e avaliar se o terreno se encontra dentro delas. Ainda nesta etapa, deve-se verificar
a rosa dos ventos da cidade, a partir da qual é possível verificar a direção dos ventos
predominantes e a sua velocidade (Figura 28).

SAIBA MAIS
Um site confiável, para pesquisa de dados climáticos e estratégias, recomen-
dado para arquitetura é: <http://projeteee.mma.gov.br/>. Acesso em 7 de maio de
2020. Neste site, os dados provêm de arquivos climáticos que foram coletados por, no mínimo,
dez anos, tendo sido estatisticamente tratados. O site mostra, também, estratégias recomenda-
das para cada estação daquele clima.
Além deste, há outros sites oficiais com dados climáticos confiáveis que você pode pesquisar
na internet.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 28 - Rosa dos ventos de Florianópolis, mostrando direção, velocidade e frequência dos ventos.
Quanto maior a “pétala”, maior é a frequência do vento; a velocidade está descrita na legenda e a direção
na própria rosa dos ventos.
Fonte: <http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=SC+-+Florian%C3%B3polis&id_cida-
de=bra_sc_florianopolis-luz.ap.838990_try.1963>. Acesso em 07 de maio de 2020.

Ainda na análise do macroclima, pode-se avaliar a insolação do terreno, a partir da


carta solar, identificando-se a latitude e a longitude da cidade e o norte magnético do
terreno (Figura 29).

SAIBA MAIS
Para esta análise da insolação, você pode utilizar o software Analysis Sol-Ar,
que é possível baixar no link: http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/sof-
twares/Analysis_SolAr_6_2.zip . Acesso em 07 de maio de 2020. Colocando a latitude e a longi-
tude da cidade, você obtém a sua carta solar e consegue, a partir da carta, entender a insolação
de cada fachada, ao longo do ano.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 29 - Exemplo de estudo de insolação, a partir da carta solar. Em azul, destaca-se o terreno e o
estudo da insolação da sua fachada norte.
Fonte: Acervo pessoal, 2020.

Na sequência, deve ocorrer a análise do mesoclima e do microclima, na qual são


levantados os elementos naturais e os construídos do entorno, que podem modificar
as condições climáticas. Neste estudo, devem-se levantar características do entorno e a
sua influência dentro do terreno, que podem ser: a presença de um acidente geográfico
próximo, como um morro, vale ou montanha, podendo bloquear a insolação e ventilação
no terreno; a presença de uma grande massa vegetal próxima ou a presença de um corpo
hídrico (rio, mar) próximo, que pode alterar as taxas de insolação, ventilação, umidade e
temperatura do ar no terreno.
Além das causas naturais, também pode haver as mudanças das condições climáticas
pelo ambiente construído. Por exemplo, uma grande área pavimentada e construída, com
pouca presença de vegetação, provavelmente, alterará a temperatura do ar, ocasionando
o que se chama de ilhas de calor. Se o entorno apresenta poucas áreas para infiltração,
além do aumento da temperatura, a área está mais propensa a enchentes.
Cabe destacar, ainda, que barreiras de edificações próximas podem alterar a insolação
e a ventilação dentro do terreno. Assim, o ponto seguinte do levantamento é um mapa
síntese, avaliando como os elementos do entorno afetarão o microclima do terreno
(Figura 30).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 30 - Exemplo de Mapa síntese, com as condicionantes ambientais.
Fonte: Acervo pessoal, 2020.

Recomenda-se que, na insolação, seja feito um estudo separado, registrando as


sombras causadas pelo entorno, durante o ano. Este estudo pode ser realizado, por meio
de maquete, utilizando a maquete de massas, feita anteriormente.
O estudo da insolação ajudará o arquiteto a orientar a edificação corretamente,
posicionando as janelas e percebendo a necessidade ou não de elementos de proteção
solar em cada fachada da edificação.
O estudo do clima permite que o arquiteto perceba se há maior possibilidade de
desconforto térmico, se será necessário utilizar técnicas para aumentar a ventilação ou
barrar a ventilação, se o melhor são cores claras para refletir o calor ou cores escuras
para absorver o calor, o melhor são paredes finas ou grossas, se é necessário aumentar a
área das janelas ou diminuir. Estas, assim como outras estratégias bioclimáticas podem
ser agregadas pelo arquiteto, para solucionar problemas de desconforto, por frio ou por
calor, que serão percebidos, através do estudo do clima.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
PARA REFLETIR
Nas análises, fique atento! Em todos os mapas e figuras não se esqueça de
colocar a escala, o Norte e legendas claras. As figuras e mapas também devem
ter as análises pertinentes a cada caso. As análises são o aprendizado do estudante e mostram
o que ele conseguiu absorver com o processo, sendo tão importante quanto a confecção dos
mapas.

2.1.6 Condicionantes legais

As condicionantes legais que incidem sobre o terreno, presentes no Plano Diretor, e


os critérios para dimensionamento, aprovação, licenciamento e construção da edificação
(Código de obras e outras leis pertinentes ao tema do projeto) podem restringir ou
estimular a escolha do terreno. Estas condicionantes variam, conforme a cidade e a zona
onde o terreno está localizado, por isso faz-se necessário consultar a legislação local.
Recomendo que esta consulta seja a primeira a ser realizada dentro do projeto, para
verificar a viabilidade de usos do terreno. Uma forma fácil e confiável é pedir, na prefeitura,
uma consulta prévia ou de viabilidade, variando em cada prefeitura, mas geralmente ela
é feita de forma on-line e fácil pelo site. No caso de Itajaí, a consulta pode ser feita por:
geo.itajai.sc.gov.br.
Nessa consulta, ficará disponível o zoneamento do terreno e, dentro do zoneamento, é
necessário consultar os usos permitidos e possíveis do terreno. Além dos usos, o arquiteto
deve consultar os recuos laterais, de fundos e frontais do terreno, os gabaritos máximos
permitidos, a taxa de ocupação, o coeficiente de aproveitando e a taxa de permeabilidade.
Você sabe o que significa cada um destes índices?
Então, vamos lá, os recuos são o mínimo que a edificação precisa ter de afastamento das
divisas do terreno (Figura 31). O índice é proposto para garantir que todas as edificações
disponham de ventilação e iluminação suficiente e não fiquem “grudadas” com o vizinho.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 31 - Croqui recuos mínimos laterais, frontal e fundos.
Fonte: Adaptado de MANO, 2018.

Os gabaritos são a quantidade máxima de pavimentos que uma edificação pode


ter (Figura 32). Este índice ajuda a garantir que uma determinada área da cidade não
seja adensada além da sua capacidade de: saneamento básico, iluminação, serviços,
transporte e caixa viária, considerando-se a fragilidade e importância do ecossistema
presente na área.

Figura 32 - Exemplo simulação gabarito máximo.


Fonte: Acervo pessoal, 2020.

A taxa de ocupação diz respeito à porcentagem do terreno, a qual pode ser ocupada pela
edificação (Figura 33). Esta porcentagem também diz respeito ao adensamento adequado
da área e ao ecossistema da região, o que já foi pontuado no item sobre os gabaritos. Além
disso, considera-se, também, a morfologia urbana e história da região. Por exemplo,
antigamente muitas edificações ocupavam quase que 100% da área do terreno e não

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
havia afastamentos, logo nestas áreas da cidade (que geralmente são centrais), muitas
vezes, permite-se que os recuos sejam menores e que a edificação ocupe mais o terreno.

Figura 33 - Croqui taxa de ocupação.


Fonte: Adaptado de MANO, 2018.

O coeficiente de aproveitamento diz respeito a quantas vezes se pode utilizar a taxa de


ocupação dentro do terreno. O que é diferente do número de gabaritos, mas irá impactar
no mesmo. Para ficar mais claro, vejamos um exemplo: em uma determinada zona,
o coeficiente de aproveitamento é de 2. Nesta zona, nosso terreno mede 35 metros de
profundidade, por 15 metros de testada, com uma área total de 525m². Assim, no nosso
exemplo, de acordo com o coeficiente de aproveitamento é possível construir um total
de 1050m² (Figura 34), cuja metragem pode estar distribuída em diversos pavimentos,
lembrando que se deve respeitar a quantidade máxima do gabarito, os recuos mínimos e
a taxa de ocupação para cada pavimento.

Figura 34 - Croquis índice de aproveitamento.


Fonte: Adaptado de MANO, 2018.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Além dos índices mencionados, temos a taxa de permeabilidade, que nos diz quanto
por cento da área do terreno precisa ter áreas permeáveis, onde a água da chuva possa
infiltrar. Este índice ajuda a garantir o mínimo de terras permeáveis, para evitar enchentes
e excesso de impermeabilização do solo.

PARA REFLETIR
Na construção, todos os índices devem ser respeitados, os recuos, as taxas
de ocupação, coeficiente de aproveitando, taxa de permeabilidade e gabaritos.
Didaticamente, os índices são explicados, apresentados e respeitados separadamente, mas no
projeto todos devem ser levados em consideração simultaneamente.

Além da consulta no Plano Diretor, é necessário consultar o código de obras da cidade


e verificar o que ele diz sobre a temática do projeto, investigando se ele coloca áreas
mínimas para os compartimentos e determina porcentagens mínimas para ventilação e
iluminação a cada ambiente. Além disso, muitas vezes, o código de obras dispõe sobre
vagas de estacionamento e outros itens. É importante verificar cada caso.
Assim, finalizamos o levantamento de dados relativo ao lugar e ao terreno. Os índices
que foram apresentados neste tópico são, em sua maioria, quantitativos. No entanto, é
importante a visita in loco, a fim de que o arquiteto conheça o local e entenda o que
transforma aquele espaço em um lugar. O senso de lugar engloba outros parâmetros
que não foram elencados e sistematizados aqui, mas que são igualmente importantes,
como a memória do lugar, os percursos e movimentos dos moradores, as vistas e eixos
importantes, as texturas, os cheiros e os sons.
Sistematizar esses itens é um trabalho complexo e demorado, fazê-lo de forma expedita
pode gerar prejuízos ou análises superficiais. Portanto, deixo a cargo da sensibilidade do
arquiteto, que possa perceber e destacar os itens que julgar necessários e relevantes para
o projeto, reforçando ideias pré-existentes e pontos fortes do lugar, técnicas construtivas
e texturas do entorno.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
2.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades costumava fazer referência aos espaços ou compartimentos


que deveriam integrar o projeto e, com o passar do tempo, passou também a relacionar
os aspectos materiais e imateriais, referentes aos indivíduos (MANO, 2018). Em outras
palavras, o programa constitui o levantamento de todos os ambientes que farão parte da
casa, a relação entre eles, bem como os anseios do cliente em relação ao projeto.
Dentro do programa de necessidades, os ambientes podem ser organizados em
setores. No caso das residências, sugere-se uma divisão entre ambientes pertencentes à
área social, à área privada e à área de serviço.
A definição do programa de necessidade se constrói junto com o cliente, a partir de
entrevistas detalhadas e do levantamento de dados técnicos e pessoais. No caso de um projeto
residencial, devem-se fazer, desde perguntas básicas sobre a quantidade de dormitórios e
banheiros, lista de equipamentos e mobiliários a serem utilizados, novos e existentes, ar-
condicionado, calefação, quantidade de vagas de garagem, até perguntas mais objetivas sobre
o tipo da janela, tipo dos materiais, quanto se pretende gastar, tempo de execução etc.
Depois disso, é feita uma pesquisa de referências de projeto, para entender do que o
cliente gosta, casa com telhado, casa com laje, casa contemporânea, tipos de acabamento
etc., referências que podem ser pesquisadas em sites especializados de arquitetura.

SAIBA MAIS
Para pesquisa de referências de projeto, podem-se utilizar sites especializados
de arquitetura e sites de escritórios de arquitetos consagrados, no Brasil e no
mundo, além de alguns apps que vêm surgindo, como o Pinterest.
• Entre os sites especializados, destacam-se:
• https://www.archdaily.com.br/br
• https://www.dezeen.com/
• https://www.galeriadaarquitetura.com.br/
• https://thecoolhunter.net/
• https://revistaprojeto.com.br/
• https://www.contemporist.com/
• https://www.designboom.com/
Aproveite as dicas e inspire-se para o seu novo projeto!

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Quanto mais informações tiver o programa de necessidades, mais rico ele será,
tornando mais fácil ao arquiteto conduzir o projeto de forma assertiva. Assim, além dos
cômodos necessários àquele cliente, é preciso entender os seus hábitos, gostos e sonhos.
Por exemplo: quem cozinha? A família gosta de cozinhar? A família gosta de receber
amigos? Onde preferem assistir à televisão? Onde costumam ou preferem fazer as
refeições? Na sala, na cozinha, no balcão? Gostam de espaços integrados ou separados?
Enfim, há uma infinidade de perguntas que podem ser feitas, buscando entender o
cliente. Cabe a cada arquiteto desenvolver e adaptar a sua metodologia para este fim.
O programa de necessidades é uma etapa bastante importante, que pode economizar
muito tempo do arquiteto na sua vida profissional, pois sendo bem estruturado, evita
revisões desnecessárias no projeto.

SAIBA MAIS
Existem diversos modelos para entrevista do programa de necessidades e
diferentes metodologias. No entanto, geralmente, o programa de necessidades
envolve algumas perguntas na entrevista e a escolha de referências de projeto. Assista ao vídeo
sobre o processo da construção do programa de necessidades e o briefing: <https://www.
youtube.com/watch?v=1R7lL39cfeU>. Acesso em 07 de maio de 2020. E a um vídeo sobre o que é
o programa de necessidade: <https://www.youtube.com/watch?v=KEUuLxSrevA>. Acesso em 07
de maio de 2020.

No caso dos estudantes de arquitetura, quem determina ou dá diretrizes mínimas sobre


o programa é o professor. O professor é o cliente que julga se o projeto está adequado,
ou não, ao que o aluno se propôs. E é o professor quem apresenta a metodologia para o
desenvolvimento do programa de necessidades, já que não há um cliente real. Na definição
do programa, o estudante pode buscar referências em outros programas de necessidades
de arquitetos consagrados, conectando-o aos conceitos que serão desenvolvidos no
projeto.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
ATIVIDADE
Agora chegou o momento de você elaborar o seu programa de necessidades.
Como não temos um cliente real na disciplina, você criará uma família fictícia, a
qual deverá ter, no mínimo, quatro integrantes. Você deve determinar o perfil de cada morador,
incluindo: idade, personalidade, gostos e preferências. O programa de necessidades deve ser
baseado no perfil da família.
Se você precisar de inspiração, poderá basear-se em personagens de livro, de filmes ou
seriados, dos quais você goste.
Não esqueça de elencar os ambientes necessários, a quantidade de cada ambiente, sua
função e usuários. A casa projetada é uma residência de alto padrão. O perfil e as exigências da
família e dos seus integrantes também devem ser entregues nesta etapa.

2.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

O dimensionamento prévio dos ambientes que fazem parte do programa de


necessidade é chamado de pré-dimensionamento. Ele é tão importante quanto a
composição, pois garante que as funções previstas no programa de necessidades sejam
atendidas integralmente no projeto e que sejam compatíveis com a área e os índices
urbanísticos do terreno escolhido. Assim, saber as dimensões dos espaços e a sua
setorização é fundamental para iniciar o lançamento do projeto.
No pré-dimensionamento, devem-se acrescentar as áreas de circulação e de parede,
que não estão contempladas na área útil do ambiente, podendo somar entre 20% a
30% do total da área útil. A área útil considera as atividades que serão desenvolvidas no
espaço, o mobiliário necessário para o desenvolvimento destas atividades e as medidas
ergonômicas e antropométricas necessárias para o perfeito funcionamento do espaço.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
SAIBA MAIS
Para fazer o pré-dimensionamento, é necessário conhecer as medidas ergonô-
micas a antropométricas (do homem) no correto dimensionamento dos espaços
e atividades que serão ali desenvolvidas. Existem livros consagrados que tratam sobre estas
medidas:
• Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto – Pamela Buxton (BU-
XTON, Pamela. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. Porto
Alegre: Bookman, 2017).
• A Arte de Projetar em Arquitetura – Peter Neufert (NEUFERT, Peter. A Arte de Projetar em
Arquitetura. Gustavo Gilli, 2013).
Além de procurar medidas em livros e manuais, no caso do projeto residencial, você pode
medir os espaços da sua própria casa.

As medidas do pré-dimensionamento são bidimensionais (o que significa que não


consideram as alturas ou pé-direito dos espaços), podendo ser alteradas e ajustadas
no desenvolvimento do projeto, quando serão consideradas outras variáveis, como a
definição do layout e da forma do espaço.
Um bom pré-dimensionamento evita perda de tempo durante o projeto, como voltar
etapas para consertar erros, e evita frustrações relativas a espaços muito pequenos,
ou que não comportam todas as necessidades dos clientes, ou, ainda, espaços
superdimensionados que geram desconforto, desperdício e gastos extras. Muitas vezes,
isto aparece somente na execução da obra, com circulações apertadas, um móvel que não
coube, ou um equipamento que teve que ser retirado do projeto.
Para um bom pré-dimensionamento, é necessário dominar os aspectos que envolvem
o programa de necessidades, por isso a importância de um programa bem ajustado.
Estes aspectos envolvem as dimensões do espaço, o mobiliário previsto para o espaço,
as atividades que ocorrerão, a quantidade de pessoas que utilizará o ambiente e a sua
circulação, ou seja, é uma etapa posterior ao programa de necessidades.
O pré-dimensionamento, usualmente, organiza os ambientes do programa de
necessidades em uma tabela, com os ambientes divididos por setor, a qual conta a área
útil do ambiente, a porcentagem considerada para a circulação, e a área construída, que é
a área útil, somada à área de circulação.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
2.4 FUNÇÃO E SETORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E ESTUDO DOS FLUXOS

Os esquemas e diagramas, como instrumentos de criação, podem ser ferramentas


valiosas no processo de projeto, ajudando na análise e organização de informações. Os
diagramas, na etapa do programa de necessidades, ajudam a estabelecer as conexões e os
fluxos dentro do projeto e, por isso, são chamados de fluxogramas.
Os fluxogramas são diagramas de fluxos, os quais organizam a sequência lógica de um
processo. Neste caso, serão identificadas as circulações realizadas pelos usuários, e as
conexões estabelecidas entre os ambientes. Assim, é possível criar uma hierarquia entre
os espaços, circulações e acessos, facilitando o processo de projeto.
Esse tipo de diagrama auxilia no dimensionamento dos espaços e das circulações,
estando intimamente ligado à etapa de pré-dimensionamento. É possível definir a
distância ou proximidade de cada espaço, onde a arquitetura se abre ou se fecha, onde
se conecta com o espaço externo, que espaços são mais privados e que espaços são
mais públicos, quais espaços serão compartimentados ou integrados, avaliando-se as
circulações, o percurso dos usuários e a eficiência de uso dos espaços.
Dentro do fluxograma, recomenda-se utilizar formas ovais, para não confundir com
uma planta baixa, ao dimensionar os espaços. É aconselhado, ainda, setorizar os espaços
com diferentes cores, de forma a melhor organizar, ou prever como será a organização
dos setores dentro do projeto. Por fim, há diferentes espessuras de linhas, para marcar os
diferentes fluxos, colocando linhas mais grossas, em fluxos mais intensos, e mais finas,
em fluxos menores. Pode-se observar um exemplo de fluxograma na Figura 35.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 35 - Exemplo de organograma de uma escola.
Fonte: Acervo pessoal, 2020.

ATIVIDADE
Agora que você já desenvolveu o seu programa de necessidades e já sabe
os ambientes que serão necessários na casa, é hora de pré-dimensionar estes
ambientes e criar um fluxograma dos espaços, setorizando e mostrando a relação entre eles.
Para o pré-dimensionamento, você deve fazer uma tabela e colocar: uma coluna, com a
função do ambiente; uma coluna, com quantas pessoas utilizarão o espaço; uma coluna, com a
área útil, e uma coluna, com a área total, caso haja ambientes iguais. No final, some mais 25%
da área útil, relativa às circulações e paredes. Os ambientes também devem ser setorizados no
pré-dimensionamento e as áreas de cada setor, somadas.
Para o pré-dimensionamento, você deve consultar livros, manuais e pode medir os espaços
em que você convive, para verificar as melhores medidas ergonômicas.
No fluxograma, é necessário que constem os acessos, os estacionamentos e todos os
ambientes do programa de necessidades. Os ambientes também devem estar setorizados.
Bom trabalho!!

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
REFLETIR
Ao iniciar um projeto, o arquiteto se depara com a pergunta: o que fazer? Como
fazer? Onde colocar os acessos? Como zonear os diferentes usos da edificação?
Para responder às perguntas, o arquiteto lança mão de uma planta de levantamento do
entorno do terreno e começa a produzir sobre ela a marcação dos usos, dos fluxos, da insolação,
ventilação, vegetação e dos visuais ao redor do terreno. Através do desenho esquemático e
investigativo, o arquiteto é capaz de definir alinhamentos, criando continuidade com o entorno,
definindo os acessos, a melhor posição para cada elemento dentro do terreno, além de um
desenho geral da proposta que se relacione por semelhança ou contraste com o preexistente.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ufa! Chegamos ao fim desta unidade! Como você pode perceber, levantar todos os
itens necessários não é uma tarefa fácil, uma vez que a arquitetura envolve inúmeros
aspectos, os quais precisam ser considerados. Com o passar do tempo, você desenvolverá
a sensibilidade e a agilidade neste processo, tornando-o mais fácil e rápido.
Na segunda unidade, entendemos que as categorias de análise do terreno e entorno e
o programa de necessidades se entrelaçam, fazendo parte de uma grande análise sobre
o levantamento de dados de projeto, a qual ajudará a formular o partido de projeto e se
desenvolverá nos conceitos ou pontos fortes da proposta.
Todos os itens fazem parte de um quebra-cabeça que está sendo montado e resolvido
pelo arquiteto, cujo resultado final é uma obra arquitetônica.
Espero que todas as informações levantadas tenham dado a você, estudante, várias
ideias de como iniciar e desenvolver o seu projeto.
Mãos à obra e bom trabalho!

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
EXERCÍCIO FINAL

1. A análise de condicionantes de projeto é um importante instrumento, utilizado para


a elaboração de projetos arquitetônicos de todas as funções, escalas e tipologias, que faz
parte da etapa de Levantamento de Dados do Projeto. Assinale a alternativa, contendo
a correta afirmação sobre esta etapa do processo de desenvolvimento do projeto de
arquitetura:
A. A análise local possibilita compreender o entorno de inserção da edificação.
B. A análise ambiental possibilita que se compreenda o quanto será possível construir
em cada terreno.
C. A análise legal possibilita o estudo funcional dos estudos de caso.
D. A análise do programa de necessidades permite o cálculo da taxa de ocupação e do
coeficiente de aproveitamento do terreno.
E. A análise técnico-construtiva permite a definição dos índices urbanísticos que
deverão ser utilizados.

2. Considerando os índices urbanísticos apresentados abaixo, indique quantos


pavimentos poderia ter uma edificação, construída em um terreno de 20m X 50m,
utilizando o máximo do potencial construtivo permitido (máximo da taxa de ocupação e
máximo do coeficiente de aproveitamento).

TAXA DE COEFICIENTE DE
GABARITO
OCUPAÇÃO APROVEITAMENTO
50 % 2 Livre

A. A edificação poderia ter, no máximo, 1 pavimento.


B. A edificação poderia ter, no máximo, 2 pavimentos.
C. A edificação poderia ter, no máximo, 4 pavimentos.
D. A edificação poderia ter, no máximo, 6 pavimentos.
E. A edificação poderia ter, no máximo, 8 pavimentos.

3. (MANO, 2018) Após a visita ao terreno, o arquiteto realizou o seguinte croqui,


indicando as condicionantes contextuais que foram observadas no local:

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Escolha a alternativa que apresenta todas as condicionantes contextuais corretas,
indicadas no croqui:
A. Infraestrutura, acessos, forma e dimensões, conformação do relevo e vegetação.
B. Acessos, forma e dimensões, orientação solar e conformação do relevo.
C. Acessos, forma e dimensões, conformação do relevo, preexistência e relações com
o entorno.
D. Acessos, forma e dimensões, conformação do relevo, preexistência e vegetação.
E. Infraestrutura, acessos, forma e dimensões, conformação do relevo e orientação
solar.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
REFERÊNCIAS

BUXTON, Pamela. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto.


Porto Alegre: Bookman, 2017.

CORNETET, Betina Conte; PIRES, Daniela Giovanini Manuel. Arquitetura. Porto Alegre:
SAGAH, 2016.

FARRELLY, Lorraine. Fundamentos da Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.

KENCHIAN, Alexandre. Qualidade funcional no programa de habitação. Fau Usp Tese.


São Paulo, 2011.

MANO, Cássia Morais. Introdução ao Projeto Arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

MANO, Cássia Morais; SCOPEL, Vanessa Guerini; GIORA, Tiago; WAGNER, Juliana.
Projeto de Arquitetura e Urbanismo I. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

NEUFERT, Peter. A Arte de Projetar em Arquitetura. Gustavo Gilli, 2013.

<https://www.skyscrapercity.com/threads/skyline-opini%C3%A3o-e-conceito-
expresse-a-sua.1660840/ > . Acesso em 07 de maio de 2020.

<http://projeteee.mma.gov.br/ >. Acesso em 07 de maio de 2020.

<http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/softwares/Analysis_SolAr_6_2.zip>.
Acesso em 07 de maio de 2020.
<https://www.youtube.com/watch?v=1R7lL39cfeU>. Acesso em 07 de maio de 2020.
<https://www.youtube.com/watch?v=KEUuLxSrevA>. Acesso em 07 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
3
unidade
PARTIDO
ARQUITETÔNICO E
ESTUDO PRELIMINAR

67
PROJETO DE
ARQUITETURA I
3 INTRODUÇÃO À UNIDADE

Nossa terceira unidade é uma das mais importantes deste caderno. Nela, iniciaremos
o projeto em si, dando continuidade às etapas anteriormente desenvolvidas e propondo
o seu estudo, Nesta etapa, o projeto toma forma, é delineado, e o arquiteto deve soltar a
sua criatividade, experimentar, ousar e explorar as opções.
A primeira parte da unidade consiste no desenvolvimento do partido de projeto,
sintetizando as informações anteriores e desenvolvendo a volumetria e o zoneamento
do projeto. Assim, é importante compreender alguns princípios básicos de composição
de projeto, fazendo diagramas e estudos de conceito e zoneamento, além dos estudos das
etapas anteriores, em relação ao levantamento de dados e referências de projeto.
Na segunda parte da unidade, desenvolveremos os conceitos e parâmetros necessários
ao desenvolvimento do estudo preliminar, no qual se iniciam os desenhos técnicos do
projeto, além de mais definições rumo ao anteprojeto, que será a etapa final do caderno.
No estudo preliminar, a planta baixa e a volumetria ganham forma, é proposta a estrutura
da edificação, suas aberturas, circulações e acessos, bem como alguns dos seus materiais.
Assim, os itens principais são estudados, para que você possa concluir a etapa com
sucesso.
O projeto de arquitetura pode ser desafiador, então leia com atenção os itens da
Unidade 3, procurando dar o máximo de si, no desenvolvimento do seu projeto, a fim de
encontrar uma solução interessante e adequada.

3.1 RELAÇÃO PRÁTICA DO PROJETO COM A TEORIA DA ARQUITETURA

As próximas etapas do projeto são a concepção arquitetônica em si. Até então,


fizemos a análise do problema: estudamos a temática, pesquisamos projetos referenciais,
levantamos as características físico-espaciais do terreno e do entorno, delineamos o
programa de necessidades, seu pré-dimensionamento e fluxograma. Nas próximas
etapas, estas condicionantes se materializam dentro do terreno, iniciando a solução da
problemática levantada.
Assim, resgatamos a teoria da Unidade 1, desenvolvendo a síntese das informações
e o conceito do projeto. A partir destas informações, surgirá o partido do projeto, que é
a forma arquitetônica implantada no terreno, validada pelas análises anteriores. Então,

68
PROJETO DE
ARQUITETURA I
é desenvolvido o estudo preliminar, o qual consiste no conceito, zoneamento dos usos,
fluxograma das circulações, maquete de estudo, pré-dimensionamento e sugestão de
sistema construtivo a ser adotado.
Nas próximas etapas, o estudo preliminar é validado. Lembre-se de que o processo
criativo é cíclico e está sempre acontecendo, ao avaliar e reavaliar cada etapa, durante
o processo, podendo voltar ou rever alguma decisão tomada. É importante sempre
questionar se esta é a melhor solução do projeto, o que vai ficando mais claro, conforme
o projeto vai se desenvolvendo. Caso o projetista perceba que a solução não está
respondendo de forma adequada, ou que há outras possibilidades mais interessantes a
serem exploradas, é necessário rever o projeto.
Estamos seguindo, neste caderno, uma metodologia de projeto, desenvolvida e
testada, na prática, ao longo dos anos. Você, que é estudante, está se familiarizando com
o projeto e seguindo as metodologias propostas pelos professores, já que ainda não tem
experiência e “know how” suficiente, para propor uma metodologia de projeto.
Assim, você vai testando e desenvolvendo suas análises e, com o tempo, será capaz
de desenvolver sua própria metodologia. Não existe uma teoria única, a qual ensine uma
maneira mais adequada de projetar. Estamos desenvolvendo uma metodologia possível,
que você está conhecendo, e cujos passos está seguindo para formular seu próprio projeto.
Ter uma metodologia de projeto estruturada permite a visualização clara das etapas,
permitindo a organização do escritório, a previsão de prazos e a divisão de tarefas, além,
é claro, da comunicação transparente com o cliente e a padronização da qualidade do
produto final.
Durante a faculdade, é importante que aluno se envolva em cada etapa, fazendo as
análises pertinentes, ao criar respostas únicas para as problemáticas. Hoje, no mundo
digital em que vivemos, cercados de informações e imagens, o aluno pode, ao encontrar
dificuldades durante o processo, cair na tentação, até mesmo sem querer, de apenas
reproduzir respostas prontas, sem entender ou adequar às necessidades específicas
do projeto. Isto retira sua capacidade de análise, síntese e originalidade, o que acaba
alienando o arquiteto da sua própria obra, com uma resposta sem personalidade ou
sem critério, na qual o próprio projetista não compreende o projeto em todas as suas
dimensões.
Por exemplo, é muito comum projetistas “copiarem” soluções europeias, no Brasil.
No entanto, sem o devido entendimento das condicionantes do local onde o projeto
será implantado, confrontando com o local do projeto referência, podem acontecer
erros graves de projeto. O projeto de referência pode ter uma fachada toda envidraçada,
utilizada tanto esteticamente, quanto com o objetivo de captar calor em um clima frio.
Já em determinados climas brasileiros, uma fachada envidraçada pode transformar a

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
edificação em uma estufa, gerando muito desconforto térmico aos ocupantes.
Assim, seguir uma metodologia garantirá que o projeto responda, de maneira adequada,
às necessidades e aos anseios propostos em todas as suas dimensões e complexidades.

3.1.1 Organização formal

Um dos pontos principais, na formulação do partido e do processo criativo de projeto,


é compreender a concepção da forma da arquitetura. A forma se refere ao arranjo total da
composição e os métodos empregados nesta organização. Existem princípios que podem
ser aprendidos e praticados pelo aluno.
Para atingir uma organização formal, de maneira esteticamente agradável, um dos
principais autores na área de Arquitetura é Ching (2013). Na unidade 1, no item “e”,
análise gráfica da forma, do tópico 1.3, estudo de caso, são explicados e exemplificados
estes princípios. Você também pode procurar mais informações no livro, Arquitetura:
forma, espaço e ordem (CHING, 2013). São os princípios, vistos na unidade 1, que, na
maioria das vezes, utilizamos, inconscientemente, e que organizam a forma, tornando-a
harmônica e agradável. Destaco, aqui, os seis princípios de composição, propostos por
Ching (2013): Eixo, Simetria, Hierarquia, Ritmo, Referência e Transformação.
O cérebro, instintivamente, busca conexões para ordenar o que vemos. O objetivo do
arquiteto é criar uma unidade visual, organizando os diversos elementos na composição.
O processo de composição é uma mistura de “intuição” com intelecto.
Ocvirk et al. (2014) apontam algumas regras de composição, que podem ser utilizadas no
processo, tais como: harmonia, variação, equilíbrio, proporção, dominância, movimento
e economia. Os princípios podem ser utilizados, separadamente, ou em conjunto,
afetando um ao outro. A seguir, veremos cada um dos elementos de composição.

Harmonia
É o que relaciona todas as partes, de forma agradável, o elemento de coesão da
composição. Apesar de os elementos serem independentes entre si, eles precisam
apresentar aspectos em comum, como: cores repetidas, texturas similares, limites
compartilhados, entre outros.
Existem diversas formas de criar harmonia, uma delas é a repetição de elementos, os
quais não precisam ser exatamente iguais, podendo haver pequenas variações entre eles.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
A repetição pode criar o ritmo, que é um movimento, originado a partir da repetição de
elementos. O ritmo criado pode direcionar os olhos do espectador, transmitir paz ou uma
ação violenta, dependendo de como os elementos são repetidos, e da pausa existente
entre eles.
O padrão é outra forma de criar harmonia, por meio da repetição, tendo um elemento
que serve como molde para os demais. Além disso, a harmonia pode ser criada por
objetos, os quais apresentam conexões entre si, como linhas de contorno compartilhadas,
sobreposições, transparências e intersecções, conforme observamos na Figura 36, onde
arcos que se repetem e se interseccionam criam a harmonia do conjunto.
No entanto, o mal-uso ou o uso excessivo da harmonia pode gerar uma monotonia na
composição, o que pode ser resolvido com alguns ajustes. O contraponto da harmonia é
a variação.

Figura 36 - Os claustros históricos da Universidade de Glasgow. Panorama da passarela exterior. Imagem


tirada de uma posição pública ao ar livre.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/historic-cloisters-glasgow-university-panora-
ma-exterior-1085341856>. Acesso em 24 de maio de 2020.

Variação
Embora o uso da harmonia seja essencial, o que confere individualidade à obra
é a variação, uma vez que ela mantém a atenção do espectador, separa visualmente
elementos, diferenciando e dissociando-os. A variação é alcançada, por meio do contraste
de elementos (entendendo-se o contraste como diferença ou oposição de elementos
na mesma área) e elaboração. A elaboração pode ser o acréscimo de detalhes, padrões,
gerando maior interesse visual, como na edificação do MASP, da arquiteta Lina Bo Bardi
(Figura 37).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Para efeitos didáticos, foram apresentados os conceitos de harmonia e variação
separadamente, mas elas devem ser trabalhadas juntas, de forma equilibrada. Outro
princípio da organização da composição é o equilíbrio, item fundamental para uma boa
composição.

Figura 37 - No prédio do MASP (Museu de Arte de São Paulo), o contraste entre o pórtico que sustenta a
edificação, vermelho, e o volume prismático do prédio se distinguem entre si.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/sao-paulo-brazil-circa-janu-
ary-2019-1281169036>. Acesso em 24 de maio de 2020.

Equilíbrio
O equilíbrio se refere à distribuição de pesos e forças dentro da composição. O
posicionamento das figuras mostrará um equilíbrio entre o objeto e o espaço vazio. O
peso ou força visual de uma parte, dentro de uma obra, depende do quanto ela chama a
atenção.
O equilíbrio, na arte, não é só compor peças à direita ou à esquerda, ele pode ser
também radial, diagonal, vertical ou horizontal. Fatores como posicionamento, tamanho,
proporção, caráter e direção dos elementos contribuem na formação do equilíbrio.
A variação cria áreas com maior impacto visual, as quais podem ser denominadas
momentos de força, cabendo ao artista equilibrar estas partes, para controlar a tensão.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
O equilíbrio pode ser simétrico puro, em que a figura está espelhada, ou simétrico
aproximado, cuja simetria ainda é um objetivo, mas as figuras não são idênticas. O
equilíbrio também pode ser conseguido, por meio da assimetria, equilibrando forças
horizontais, verticais e diagonais em todas as direções.

Proporção
Trata-se das relações das partes individuais com outras partes ou com o todo. Quando
a proporção é alcançada, ela cria harmonia e equilíbrio. É difícil determinar a proporção
ideal de uma obra. Na busca dela, os matemáticos gregos criaram a proporção de ouro,
chamada de seção áurea, a qual é baseada na natureza, sendo considerada a proporção
perfeita (Figura 38).

Figura 38 - A figura em espiral é criada pela projeção contínua da seção áurea e pode ser desenhada
com um compasso. A seção áurea está em vários elementos da natureza, desde conchas, árvores,
animais e até em nosso corpo.
Fonte: Ocvirk et al. (2014).

SAIBA MAIS:
Se você quer conhecer mais sobre a curiosa e intrigante seção áurea e a
sequência de Finobacci: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-
-sequencia-de-fibonacci/ >. Acesso abril de 2019.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Dominância
Os arquitetos empenham-se em criar obras que possuam diferenças, com diferentes
graus de importância, os quais gerem interesse. Dentro da composição, então, existem
partes focais, chamadas dominantes, e partes secundárias, subordinadas a elas. Os
elementos de destaque, ajudam a ler a obra. A dominância pode ser atingida, por meio
de contraste, do isolamento, do posicionamento (geralmente centralização do objeto), da
escala ou proporção, do direcionamento (movimento que dirige o foco) ou caráter (uma
diferença significativa dentro da obra).

Movimento
Quando apreciamos uma obra de arte ou um design, nossa visão é levada a um passeio,
o qual é conduzido pelo artista. Neste passeio, existem certas paradas, locais de descanso
e transição entre as partes que prendem a atenção. O caminho visual é chamado de
movimento, e o tempo que demora para o olho percorrer este caminho depende de quanta
harmonia ou variação foram utilizadas. Um exemplo de edificação que cria movimento
pela suas formas, colocação e repetição das aberturas é a obra de Frank Gehry, o prédio
dançante (Figura 39).

Figura 39 - Casa dançante, em Praga, do Frank Gehry.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/prague-september-13-modern-building-k-
nown-127425152>. Acesso em 24 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Economia
Este princípio diz respeito à eliminação de detalhes ou complexidades desnecessárias
que, por vezes, fragmentam a obra e prejudicam sua legibilidade (leitura). Então, a
simplificação de elementos pode trazer uma ordem e uma unidade à obra, como na Figura
40. Ou seja, expressar uma ideia eficientemente, de forma simples, direta e objetiva. A
economia é associada, muitas vezes, com a abstração.

Figura 40 - Heydar Aliyev Center – apresenta linhas simples que facilitam a leitura da edificação. Apenas
dois elementos caracterizam a fachada: os panos de vidro e a cobertura que funciona também como
fechamento lateral.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/baku-july-20-heydar-aliyev-center-342169199>.
Acesso em 24 de maio de 2020.

É importante lembrar que aplicar os princípios acima descritos não garante um


projeto arquitetônico de qualidade, pois depende de outros fatores, como o atendimento
ao programa de necessidades, respeito às condicionantes do terreno, ambientais e
legislação, assim como levar em consideração os aspectos construtivos. Estes fatores, em
conjunto com uma boa composição formal, tendem a criar uma arquitetura de qualidade.
A tríade vitruviana resume os princípios que devem ser seguidos para uma boa
arquitetura. Vitrúvio, um arquiteto romano, do Século I a.C., diz que a arquitetura tem
três bases: utilidade (utilitas), solidez (firmitas) e beleza (venustas). A tríade vitruviana,
adaptada para a atualidade, lembra que a arquitetura que não é funcional, não é

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
arquitetura, é escultura, pois a arquitetura precisa ter como propósito o abrigo para
as atividades humanas, ou seja, a forma precisa atender a função, ou o programa de
necessidades proposto.
Lembra-nos, também, de que a arquitetura precisa se manter firme, em pé, ela não
pode apenas ser funcional e bonita. É necessário ter uma estrutura que atenda às suas
demandas, senão não serve ao seu propósito. E, por fim, a arquitetura também é arte,
uma arte exposta nas ruas, com a qual convivemos diariamente e, como tal, também
precisa ter seu apelo estético.

3.1.2 Diagramas de partido

Na definição do partido, são utilizados estudos de concepção formal, esquemas de


fluxogramas e pré-dimensionamento, a partir da síntese das informações, previamente
levantadas na Unidade 2, e os conceitos desenvolvidos pelo arquiteto. Esta síntese deve
surgir, em um primeiro momento, na forma de diagramas, os quais ajudem o arquiteto
a refletir sobre o projeto, em toda a sua complexidade, e, de maneira simples e rápida,
a explorar e analisar diferentes soluções. Um exemplo de diagrama para síntese de
condicionantes pode ser visto na Figura 41.

Figura 41 - Exemplo de diagrama síntese de condicionantes para partido de projeto.


Fonte: Acervo pessoal.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Os diagramas ajudam na comunicação interna da equipe e na comunicação do
arquiteto com o cliente, para poder explicar suas ideias de forma clara e descomplicada.
Os diagramas também permitem representar informações, dados e conceitos, sem
necessariamente seguir as normas e convenções de desenho, o que pode ser muito útil
neste estágio do projeto, pois permite ao arquiteto pensar graficamente e, de forma
rápida, avaliar diversas propostas, bem como as comunicar aos demais.
A partir desses diagramas e dos estudos formais, iniciam-se os estudos preliminares.
Quando os diagramas atingem os objetivos desejados pelo arquiteto e pelo cliente,
parte-se para a próxima etapa do projeto, na qual eles serão mais bem desenvolvidos e
detalhados.

SAIBA MAIS
Você pode ler e conhecer mais sobre a execução de diagramas para partido
de projeto e esquemas conceituais de projeto no link: SABOYA, Renato. Esque-
mas conceituais em projetos de urbanismo. 2008. Disponível em: <http://urbanidades.arq.
br/2008/12/esquemas-conceituais-em-projetos-deurbanismo/>. Acesso em: 19 de maio de 2020.

PARA REFLETIR
O partido de projeto é onde você deve testar novas ideias, explorar ao máximo
todas as possibilidades, antes de começar a aprofundar o projeto e fechar uma
solução. Tente diversas versões do projeto, trabalhe diferentes volumetrias, zoneamento, pois é
a etapa mais fácil para mudar e tentar ideias diversas. Seja original, coloque ideias mais fortes
para guiar seu projeto. Utilize as informações que você já possui para tal.

ATIVIDADE
Agora, chegou a hora de você desenvolver seus estudos formais e diagramas,
para o desenvolvimento do seu partido de projeto. O partido pode ser definido
como a materialização formal do conceito do projeto, as decisões iniciais do projetista, uma
tomada de posição em relação ao projeto. Ele é síntese do estudo das etapas anteriores, confi-
gurando-se como uma solução viável.
1. Mapa de Síntese

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Elaborar um mapa síntese com a representação gráfica das sínteses das condicionantes
de projeto, levantadas na etapa anterior do desenvolvimento do projeto (condicionantes
legais, locais e ambientais). Inserir notas, textos explicativos e legendas, quando neces-
sário.
• Cruzamento dos dados e análises das condicionantes de projeto (legais, locais e ambien-
tais); espacialização dos dados e análises no terreno do projeto; mapa/Diagrama síntese
das condicionantes de projeto; diretrizes de projeto; intenções Projetuais para definição
do Partido.
2. Zoneamento
• Fazer uma proposta de zoneamento, a partir das áreas definidas no pré-dimensiona-
mento para cada setor. Organização dos setores dentro do terreno, a partir das análises
das condicionantes, com as medidas obtidas no pré-dimensionamento. Nesta etapa,
definem-se os acessos, número de pavimentos e relação com o terreno. Inserir textos
justificativos para as escolhas de projeto.
3. Proposta de Volumetria/Partido
Desenvolver a proposta prévia da volumétrica e estética do projeto, a partir das decisões
do zoneamento. Elaborar um texto com a justificativa da proposta volumétrica, seu conceito e
funcionamento.

3.2 ESTUDOS PRELIMINARES

Após a aprovação do estudo de viabilidade, chegamos à etapa do estudo preliminar,


na qual o grau de definição dos espaços aumenta, são feitos os primeiros desenhos
técnicos, propriamente ditos, são colocadas medidas. Embora ainda haja lacunas a
serem preenchidas, o importante é delinear os espaços e a relação entre eles, o terreno e
o entorno.
Aumentar a definição da volumetria e das estratégias compositivas é a primeira parte
do projeto propriamente dito. Todas as informações das etapas anteriores são também
relacionadas nesta etapa e guiam as decisões projetuais. Podem ser utilizadas imagens
referenciais e croquis, para exemplificar alguns pontos do projeto. Um excesso de
definições e acabamentos podem atrapalhar o processo, limitando o projeto.
Nesta etapa, o arquiteto ainda está explorando e estudando diferentes respostas ao
problema. Elas podem ser, ou não, apresentadas ao cliente, ou, no nosso caso, ao professor,

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
conforme o juízo do arquiteto, ou estudante. O normal é que a maioria das opções não
seja apresentada. No entanto, no caso do estudante, ele pode apresentar um registro do
seu processo de projeto, podendo manter um caderno de croquis, por exemplo, no qual
são registrados os estudos que levaram à composição final do projeto. Tal registro, pode
ser revisitado em um segundo momento e, a partir dele, podem surgir novas ideias, ou
uma ideia pode ser adaptada. O processo criativo não é linear, então os registros podem
se tornar instrumentos valiosos, a serem utilizados em uma etapa inesperada do projeto.
Nos estudos preliminares, incluem-se alguns requisitos técnicos que devem ser
verificados. É sugerida uma estrutura adequada, e os vãos e as formas apresentadas
precisam ser compatíveis com o esquema estrutural proposto.
A entrega final inclui a apresentação da planta geral de implantação, plantas baixas,
cortes longitudinais e transversais, planta de cobertura, elevações e a volumetria e
perspectivas. Também é necessário um memorial com as justificativas para as decisões
tomadas.

3.2.1 Modulação

Um dos itens para desenvolvimento do estudo preliminar, onde serão desenhados os


ambientes, sua relação e a relação com a estrutura, é a modulação. A modulação ajuda a
organizar a composição e a compatibilizar com a estrutura, além de facilitar e baratear
a execução do projeto. Neste item, estudaremos um pouco da modulação aplicada ao
projeto: o que é, sua importância e como aplicar.
E o que é módulo? Módulo é uma medida padronizada de qualquer objeto ou
material. A medida modular, na arquitetura, regula a proporção entre as diversas partes
da arquitetura, ajudando a criar harmonia na composição. A modulação pode ser
uma unidade qualquer de medida, a qual os diversos componentes seguirão, em suas
dimensões, ou frações ou multiplicações da mesma.
Os módulos servem como referência para execução de construções desde a
Antiguidade. Na indústria, a modulação é essencial para a construção em massa dos
elementos, garantindo qualidade e eficiência na fabricação. Aplicada na construção civil,
a modulação garante uma maior racionalidade e agilidade na construção, sendo utilizada,
principalmente, em grandes obras.
Assim, a modulação é a ação de criar módulos ou medidas referenciais para todo o
projeto. Vários povos, ao longo da história, como os gregos, os egípcios e os japoneses,
criaram módulos para basear seus projetos, os quais, no geral, levavam em conta a

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
proporção do corpo humano e a funcionalidade das atividades.
Podem-se utilizar submódulos, ou multiplicar os módulos, criando espaços de
variados tamanhos, mantendo a proporção e a harmonia ou beleza. A modulação, hoje,
na construção, pode ser aplicada, tanto nas estruturas, respeitando as limitações da
tecnologia utilizada e seu processo de fabricação, como nos ambientes, por exemplo,
colocando as medidas para múltiplos de 10cm.
A paginação dos revestimentos cerâmicos, ou o uso dos blocos de concreto são alguns
exemplos da aplicação da modulação na arquitetura. As esquadrias também tendem a
ser padronizadas, uma vez que fugir dos tamanhos-padrão resulta em maiores gastos na
construção.
A modulação deve ser adotada, já no estudo preliminar, e lançada dentro do partido
arquitetônico. Dentro do projeto arquitetônico, nas etapas iniciais, a modulação pode ser
utilizada na forma de uma malha, nas dimensões e formas que o projetista julgar mais
conveniente. Esta malha auxiliará a direcionar as decisões de projeto, tanto seguindo a
malha, quanto quebrando-a, caso se faça necessário no projeto.

3.2.2 Acesso e circulação

Os acessos e circulações são pontos-chave em qualquer projeto. A circulação é a


articulação do projeto, ela organiza e distribui os espaços. As circulações e acessos
oferecem uma maior funcionalidade, conforto e conexão dentro do projeto, com a cidade
e com o terreno. Para o dimensionamento das circulações de projetos residenciais, deve-
se utilizar a dimensão mínima de duas pessoas, passando simultaneamente.
O acesso principal do projeto é um elemento muito importante, pois ele determina a
conexão com o espaço público, e é um espaço de preparação para a entrada na edificação.
Ching (2013) classifica, de forma simples, os acessos entre: frontal, oblíquo e espiral.
Acesso frontal é quando o usuário é levado diretamente à entrada, por meio de
percurso reto. O foco principal pode ser o próprio plano da entrada. O acesso oblíquo
prioriza o acesso ao edifício, em perspectiva. Em alguns casos, podem ser utilizadas
outras estratégias para deixar a entrada mais visível. O acesso em espiral prioriza a forma
do edifício, pois ele prolonga o percurso, sendo possível visualizar a edificação durante
todo o caminho (Figura 42).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 42 - Museu de Niterói, do arquiteto Oscar Niemeyer.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/niteroi-brazil-october-19-panoramic-
-view-161271929>. Acesso em 24 de maio de 2020.

A entrada simboliza um portal, que faz a transição de dois mundos, o público e o


privado, e demarcar esta diferenciação é importante dentro projeto. A passagem pode ser
configurada por uma porta, um pórtico, um portão ou um recuo. Pode haver elementos
como uma mudança de nível, a utilização de colunas, uma porta maior, ou inúmeras
outras soluções que vão variar, conforme o partido do projeto. O interessante é criar um
espaço de transição entre o espaço externo, desprotegido e aberto, e o espaço interno,
protegido e fechado.
A localização da entrada, na fachada, deve considerar os caminhos externos de acesso
dentro do terreno e as circulações internas. São vários fatores no projeto, os quais devem
ser pensados, em conjunto, e de acordo com o partido do projeto arquitetônico.
As circulações internas conectam os diversos espaços projetados, por isso um bom
projeto de circulação, com espaços confortáveis e bem dimensionados, evita desperdícios,
sendo um indício de um bom projeto. As circulações incluem as horizontais, como
corredores, e verticais, como escadas.
As circulações podem ser classificadas, de acordo com Ching (2013), entre lineares,
radiais, espirais, grelhas e redes. A circulação linear pode ser uma reta, conectando dois
pontos ou diversos pontos, mas também pode ser uma reta segmentada ou curvilínea,
tipo mais comum nas tipologias residenciais. As circulações radiais são várias retas que
convergem em um único ponto; elas podem iniciar ou terminar neste ponto central. A
circulação espiral é uma única via, em forma de espiral, que se origina ou termina em
um ponto central e se desenvolve ao redor dele, podendo ser utilizada em escadas ou
rampas principalmente. A circulação em forma de grelha se configura como várias linhas
paralelas e transversais que se cruzam, formando uma grelha com espaços quadrados ou
retangulares. A circulação em forma de rede são várias retas que se cruzam em alguns
pontos, sendo mais comuns em projetos com uma escala maior.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
As circulações podem apresentar-se compostas, misturando mais de um tipo das
acima citadas. A classificação visa ajudar o arquiteto a organizar as circulações dentro
do projeto, de forma que o usuário tenha um percurso claro, e o projeto se torne legível,
não se transformando em um labirinto. Outro ponto importante é a hierarquia das
circulações: espaços mais importantes dentro da edificação tendem a ter fluxos maiores,
e apresentar circulações mais largas e importantes.
Estamos mais habituados às circulações lineares, em forma de corredores. No entanto,
as circulações podem passar por dentro dos ambientes, como por exemplo, para chegar
até os quartos, cruza-se a sala de estar, ou para chegar até a área de serviço, cruza-se a
cozinha, ou seja, os ambientes podem estar conectados. As circulações também podem
terminar em um espaço, dando grande importância ao mesmo.
Não há um único tipo adequado de circulação para os projetos residenciais, sendo que
escolhas variam, conforme seu partido de projeto.

3.2.3 Estrutura e materiais

Um dos pilares da tríade vitruviana é a estrutura, pois é ela que mantém a arquitetura
em pé, permite a sua materialização no mundo físico, possibilitando a ela sair do papel e
das imagens. A estrutura são as paredes, a cobertura, o piso, como também os detalhes
que se encaixam e explicam o projeto. Uma edificação é uma máquina composta de
diversas partes e sistemas interdependentes, que trabalham em conjunto, para que o
todo seja eficaz.
As técnicas e materiais a serem utilizados são diversos, e se expandem continuamente,
surgindo novas técnicas e tecnologias a cada ano. É importante que o arquiteto conheça
a aplicação de cada uma delas, suas potencialidades e limitações, visto que é o arquiteto
quem propõe o sistema estrutural e compatibiliza, junto com o engenheiro, a estrutura
ao projeto arquitetônico. Este item, busca introduzir os principais sistemas construtivos
e um pouco do seu pré-dimensionamento, pensando na função propositiva do arquiteto
e da interferência da estrutura, dentro do projeto, da sua estética e funcionalidade.
As estruturas de alvenaria são caracterizadas por pedras e tijolos, os materiais são
assentados em camadas. Os tijolos são propostos alternados; se assim não for, a parede
ficará instável e ruirá (Figura 43). Algumas paredes são modulares e precisam se comportar
de maneira específica. Em termos práticos, as paredes de alvenaria precisam de apoios
adicionais, quando passam de certa altura, para tornarem-se estáveis. Além disso, é
necessário um apoio substancial nas fundações, para suportar seu peso. A estética das

82
PROJETO DE
ARQUITETURA I
paredes depende do tipo de tijolo, podendo ser mantido aparente ou coberto com reboco,
sendo o tipo de parede mais comum, na maioria das construções residenciais.

Figura 43 - Exemplo de alvenaria.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-industrial-worker-bricklayer-installing-bri-
cks-1193279476>. Acesso em 24 de maio de 2020.

O concreto é composto por diversos agregados, como brita, cimento, areia e água.
As quantidades ou traço do concreto variam, conforme a sua aplicação, oferecendo
diferentes resistências, em relação ao peso que ele pode suportar.
O concreto aparente pode trazer uma estética mais rústica, mais bruta a uma edificação,
ou até uma certa delicadeza, dependendo da arquitetura. O ferro, associado ao concreto,
confere uma maior resistência e estabilidade ao mesmo, ajudando-o a vencer grandes
vãos (Figura 44).
O concreto armado, utilizado em grandes construções e obras de engenharia, trouxe
novas possibilidades à Arquitetura, permitindo uma maior flexibilidade interna, formal e
estrutural, como na obra de Tadao Ando, arquiteto japonês que explora as possibilidades
estruturais e estéticas do concreto dentro do minimalismo (Figura 45).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 44 - Exemplo de concreto armado.
Fonte:<https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-corner-foundation-reinforced-concrete-
-wall-1735129553>. Acesso em 24 de maio de 2020.

Figura 45 - Hangzhou, China: Tadao Ando’s Liangzhu Village Cultural Art Centre.
Fonte:< https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/hangzhou-china-jan-2018-tadao-liang-
zhu-1263816646>. Acesso em 24 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
SAIBA MAIS
Uma das coisas mais importantes para os arquitetos, quando o assunto é
estrutura, é o pré-dimensionamento, por meio do qual o arquiteto consegue
perceber o tamanho médio das peças estruturais e saber se elas irão interferir no seu projeto.
O engenheiro é a pessoa que fará o dimensionamento exato, mas o arquiteto pode propor uma
estrutura inicial, da forma como, deseja e ter uma ideia do seu funcionamento.
O artigo referenciado ensina como fazer o pré-dimensionamento de estrutura de concreto
armado, a mais utilizada atualmente. São técnicas simples que podem ser utilizadas pelo
arquiteto.
Fonte: <https://www.archdaily.com.br/br/891672/aprenda-a-pre-dimensionar-uma-estrutura-
-em-concreto-armado>. Acesso em 24 de maio de 2020.

Os gabiões são muros de arrimo, utilizados para sustentar taludes ou terraplanagem


da construção de estradas (Figura 46). Este tipo de estrutura é uma gaiola de pedras
grandes de tamanho controlado. São muros fáceis de construir em terrenos acidentados,
produzindo muros naturais de rápida execução. Nas residências, este tipo de muro tem
sido utilizado em paredes externas, para conferir uma estética diferenciada e exótica.

Figura 46 - Muro de gabião.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rock-wire-gabions-used-retaining-
-walls-1078814345>. Acesso em 24 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
A madeira é utilizada, tanto na estrutura quanto em acabamentos internos, como
pisos, forros e paredes. Muitas edificações tradicionais eram feitas de madeira, com
técnicas da região e materiais disponíveis, fazendo-se a montagem in loco.
As estruturas tradicionais de madeira possuem tamanho limitado pela dimensão
das peças. Hoje, utiliza-se muito a madeira na estrutura das coberturas, em esquadrias,
como janelas e portas, também em elementos internos, como escadas, móveis e outros
acabamentos. No canteiro de obras, ela também é utilizada como forma para as estruturas
de concreto.
A estética (cor, textura) e resistência da madeira dependerá da árvore, da qual ela se
originou, e da sua idade, o que também determinará sua aplicação. É importante, ainda,
certificar-se de que a madeira vem de uma fonte sustentável e foi extraída de maneira
responsável.

SAIBA MAIS
A madeira laminada colada é uma opção de estrutura de madeira interessante,
que consegue vencer grandes vãos, com possibilidades formais flexíveis e uma
estética atraente. Saiba mais sobre este tipo de estrutura no artigo: <https://www.archdaily.com.
br/br/928061/o-que-e-madeira-laminada-colada-mlc-ou-glulam>. Acesso em 24 de maio de
2020.

O ferro e o aço, misturados com carbono e outros elementos, podem ser aplicados na
construção de estruturas leves e que vencem grandes vãos e grandes alturas, oferecendo
novas possibilidades para a construção civil. Além disso, sua construção pode ser
industrializada, aumentando a rapidez e eficiência da obra.
Esse material é o mais leve, duradouro, forte e flexível. A partir do aço, surgem novas
formas, arranha-céus e grandes estruturas que desafiam os limites da engenharia, sendo
capazes de suportar grandes forças. Um exemplo marcante das novas possibilidades do
aço, é a torre Eiffel, que foi projetada, na sua época, para marcar esta nova era (Figura 47).

86
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 47 - Torre Eiffel.
Fonte: < https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/paris-best-destinations-europe-125112029 >.
Acesso em 24 de maio de 2020.

O vidro é um material muito utilizado por arquitetos, o qual permite inúmeras


possibilidades, e a tão desejada conexão interior e exterior, ou a transparência que traz
uma leveza para arquitetura. Os panos de vidro foram bastante utilizados no modernismo,
para marcar as novas possibilidades da construção civil, com as vedações separadas da
estrutura, cuja estética permitia integração da parte interna com a externa, conforme
podemos observar na Figura 48.
O vidro também tem um papel importante no bem-estar, no conforto térmico e
lumínico da edificação, garantindo iluminação aos interiores, filtrando a luz e aquecendo
a edificação (o que pode ser desejável ou não, dependendo do clima). Os efeitos de luz e
sombra são parte dos conceitos de diversas obras arquitetônicas e são criados, em sua
maior parte, a partir das propriedades do vidro.
As inovações tecnológicas do vidro também permitem sua aplicação estrutural,
diferentes filtros, melhorando sua resistência e o conforto térmico, filtrando o calor.

87
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 48 - CHICAGO, USA - Ludwig Mies van der Rohe - Illinois Institute of Technology.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/chicago-usa-may-10-2011-s-438966712>. Acesso
em 24 de maio de 2020.

Além dos materiais, há os elementos básicos de todas as construções: a estrutura,


as fundações, a cobertura (ou telhado), as paredes e as aberturas. A partir da definição
destes elementos, é possível tomar decisões de projeto mais detalhadas.
A estrutura refere-se a como a edificação é sustentada. Em relação às paredes,
podem ser portantes, ou com a estrutura independente, em que as paredes e pisos são
independentes da estrutura em si.
As estruturas de paredes portantes conferem solidez e peso das edificações, definindo
seus espaços internos. Não é possível modificar as paredes após a construção. As
estruturas de paredes portantes mais comuns, atualmente, são feitas de pedras, ou de
alvenaria de bloco de concreto. Também podem ser feitas de tijolo natural.
O uso de estrutura independente é o mais comum, pois ele permite uma maior
flexibilidade interna de layout, podendo-se modificar as paredes após a construção (Figura
49). Além disso, podem ser alteradas as aberturas. A estrutura independente pode ser feita
de concreto armado, de estrutura metálica ou madeira, permitindo novas possibilidades
para a construção civil, por isso foi revolucionária na época do Modernismo.

88
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 49 – Estrutura independente de concreto.
Fonte: < https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/reinforced-concrete-structure-blue-
-sky-275014643>. Acesso em 24 de maio de 2020.

A pré-fabricação na estrutura se constitui de peças industrializadas que são encaixadas


no local da construção. A pré-fabricação envolve inúmeras vantagens, desde rapidez
na construção, limpeza no campo de obras, controle de qualidade mais rigoroso, até a
possibilidade de desmontar e montar em outro local.

ATIVIDADE
Agora que você já conhece todas as etapas e vários parâmetros do estudo
preliminar, está na hora de desenvolver o seu. Cada aluno deverá desenvolver o
estudo preliminar para o projeto arquitetônico da escola e apresentar os seguintes itens:
• Implantação (ESC. 1/500): Implantação geral com a planta básica da cobertura, cotas
gerais, áreas externas, recuos, acessos, norte;
• Plantas Baixas (ESC. 1/200): Plantas baixa dos pavimentos com cotas gerais, níveis, nome
de cada ambiente, layout básico (salas de aula), indicação do Norte, dos cortes e projeções.
(Não precisa de cotas das esquadrias).
• Cortes (ESC. 1/200): Apresentar, no mínimo, 2 CORTES da edificação projetada (longitudi-
nal e transversal), cotas gerais e níveis básicos. Mostrar rampas e escadas.
• Fachadas (ESC. 1/200): Apresentar, no mínimo, 2 FACHADAS da edificação, com indicações
gerais de materiais e cores.
• Volumetria: Apresentar, no mínimo, 2 imagens, sendo pelo menos uma do conjunto, e uma

89
PROJETO DE
ARQUITETURA I
mostrando diferentes vistas do projeto ou detalhes necessários.
MEMORIAL JUSTIFICATIVO:
• Desenvolver a justificativa da proposta, tanto funcional quanto volumétrica.
• Tabela de Áreas: Tabela básica de áreas (Taxa de Ocupação, Coeficiente de Aproveitamento,
Área Permeável, Cobertura Vegetal etc.).

90
PROJETO DE
ARQUITETURA I
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na terceira unidade, aprendemos sobre como fazer um estudo de viabilidade, o seu


propósito dentro do projeto, além de alguns parâmetros importantes do estudo, como a
composição formal e a confecção de diagramas. Por fim, você teve que fazer o seu estudo,
para o seu projeto.
Também descobrimos o que inclui um estudo preliminar e alguns itens importantes
para ele, como a modulação no projeto, como pensar os acessos e as circulações dentro
da edificação e sobre os materiais e estrutura das edificações, etapa que você teve que
testar em seu projeto.
Na Unidade 3, iniciamos o projeto em si. Por mais que a teoria e os conteúdos sejam
necessários para você entender o que compreende cada etapa, o mais importante é
realizar as atividades propostas, aprendendo a projetar, na prática, a fim de perceber
suas dificuldades, bem como contorná-las. Este é um processo difícil, às vezes, de
autoconhecimento do arquiteto. Portanto, dê o seu melhor, ouse, explore e tente novas
propostas, até você se sentir satisfeito com o seu projeto. As etapas desta unidade
contribuirão com o seu crescimento, rumo ao futuro arquiteto que você será.

91
PROJETO DE
ARQUITETURA I
EXERCÍCIO FINAL

1. A etapa de desenvolvimento de projeto, chamada de Estudo de Viabilidade, é uma


das fases mais importantes no processo de desenvolvimento do projeto arquitetônico.
Assinale a alternativa que contenha somente processos desenvolvidos nesta etapa de
projeto.
A. Zoneamento e definição da volumetria prévia.
B. Pré-dimensionamento e programa de necessidade.
C. Perfil do usuário e estudo de caso.
D. Organograma funcional e análise de condicionantes de projeto.
E. Análise de condicionantes legais e ambientais.

2. Um recurso de projeto muito interessante é a utilização de esquemas conceituais.


Estes esquemas conseguem mostrar muitas informações com poucos elementos, o que
os torna instrumentos de comunicação interessantes. Seu objetivo mais básico é auxiliar
o arquiteto, durante o processo de projeto, a organizar suas ideias. Na etapa de análise, ele
serve para sintetizar em um, ou alguns desenhos, todos os aspectos considerados mais
importantes para o projeto. O exemplo abaixo apresenta um esquema conceitual aplicado
à análise de um local. Ele mostra a direção dos ventos predominantes, a localização de
alguns (mas não todos) os elementos pré-existentes, as vistas mais atrativas a serem
levadas em consideração, relações com os vizinhos, áreas planas passíveis de serem
aproveitadas, vegetação existente etc. As anotações feitas diretamente sobre o desenho
também contribuem para um rápido entendimento, pois evitam que o leitor tenha que se
remeter à legenda para saber o que significa cada um dos desenhos.
Fonte:<https://urbanidades.arq.br/2008/12/12/esquemas-conceituais-em-projetos-
de-urbanismo/>. Acesso em abril de 2020.

92
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Sobre os esquemas conceituais, leia as asserções abaixo e assinale a alternativa correta:
I. O esquema deliberadamente “ignora” uma grande quantidade de informações,
mostrando apenas o que é considerado relevante.
II. Os esquemas conceituais auxiliam, tanto a organizar quanto a comunicar e refletir
sobre as ideias na etapa de proposta.
III. Os esquemas conceituais possuem o mesmo propósito das fotos, mostrar todas as
informações, mas de formas variadas.

A. a) A alternativa I está correta.


B. b) As alternativas I e II estão corretas.
C. c) As alternativas I e III estão corretas.
D. d) As alternativas I, II e III estão corretas.
E. e) As alternativas II e III estão corretas.

3. Observe esta afirmação: “A simples aplicação dos conceitos relativos à composição


da forma não garante a qualidade arquitetônica, outros aspectos devem ser considerados”
(REIS, 2002). Dela, é possível concluir que:
A. mesmo considerando os conceitos relativos à composição formal, e os demais
aspectos associados à edificação, o resultado pode não garantir uma arquitetura
de qualidade.
B. os aspectos associados, referidos pelo autor, dizem respeito às preferências

93
PROJETO DE
ARQUITETURA I
estéticas dos clientes.
C. os conceitos relativos à forma não são importantes para a qualidade arquitetônica,
pois a função da edificação deve ser considerada.
D. o autor refere-se à importância de se considerar outros aspectos associados à
edificação, para garantir sua qualidade, como: programa de necessidades, contexto
do lugar e aspecto construtivo.
E. a aplicação correta dos conceitos relativos à forma deve garantir uma edificação
de qualidade.

94
PROJETO DE
ARQUITETURA I
REFERÊNCIAS

CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. São Paulo: Martins Fontes, 2013.

CORNETET, Betina Conte; PIRES, Daniela Giovanini Manuel. Arquitetura. Porto Alegre:
SAGAH, 2016.

MANO, Cássia Morais. Introdução ao Projeto Arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

MANO, Cássia Morais; SCOPEL, Vanessa Guerini; GIORA, Tiago; WAGNER, Juliana.
Projeto de Arquitetura e Urbanismo I. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

FARRELLY, Lorraine. Fundamentos da Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.

OCVIRK, Otto; STINSON, Robert; WIGG, Philip; BONE, Robert; CAYTON, David.
Fundamentos de Arte - Teoria e Prática. Porto Alegre: AMGH Editora em parceria com
Grupo A, 2014.

SABOYA, Renato. Esquemas conceituais em projetos de urbanismo. 2008. Disponível


em: <http://urbanidades.arq.br/2008/12/esquemas-conceituais-em-projetos-
deurbanismo/>. Acesso em: 19 de maio de 2020.

<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-sequencia-de-fibonacci/ >.
Acesso abril de 2019.

<https://www.archdaily.com.br/br/891672/aprenda-a-pre-dimensionar-uma-estrutura-
em-concreto-armado>. Acesso em 24 de maio de 2020.

<https://www.archdaily.com.br/br/928061/o-que-e-madeira-laminada-colada-mlc-ou-
glulam>. Acesso em 24 de maio de 2020.

95
PROJETO DE
ARQUITETURA I
96
PROJETO DE
ARQUITETURA I
4
unidade
ANTEPROJETO

97
PROJETO DE
ARQUITETURA I
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE

Projetar uma edificação é uma jornada imprevisível. O processo começa com um


conceito, representado por croquis, maquetes ou diagramas; no entanto, à medida que
a ideia e o projeto vão se desenvolvendo, o arquiteto e o cliente precisam tomar decisões
importantes, as quais incluem o programa de necessidades, as exigências funcionais da
edificação e do entorno, escolha dos materiais, estratégias de ventilação e refrigeração.
Todas estas ideias devem reforçar o conceito inicial do projeto, fechando em uma
proposta adequada para todos os itens e exigências.
Essa não é uma tarefa fácil, mas você está quase chegando ao fim da jornada. Na
quarta unidade, veremos a última etapa do projeto do caderno, o anteprojeto do projeto
arquitetônico residencial unifamiliar. Veremos no que consiste a etapa e as suas exigências
de entrega, assim como alguns encaminhamentos depois dela.
Além da etapa, vamos relembrar e rever como aplicar nossos conhecimentos em
conforto térmico e sustentabilidade, no projeto arquitetônico residencial, observando
algumas estratégias de ventilação e orientação solar, também alguns itens para melhorar
a sustentabilidade ambiental da edificação como um todo.
Por fim, compreenderemos algumas legislações pertinentes ao projeto. Uma vez que
várias delas foram vistas ao longo das unidades do caderno, focaremos nos itens, os quais
não foram apresentados ainda e podem ser aplicados ao projeto residencial, como forma
de garantir sua qualidade e ergonomia. Fecharemos o estudo, com a norma que trata das
etapas de projeto, relembrando as etapas, pelas quais passamos nesta disciplina.

PARA REFLETIR
Procure referenciais de projeto, de representação, de conceito, de estudos
durante o processo, pois eles ajudam a ilustrar cada etapa, sanar dúvidas, au-
mentam nossa visão e ampliam nossa criatividade e repertório de soluções. Embora o estudo
de caso, como etapa formal, tenha sido feito na Unidade 1, este é um processo contínuo durante
toda a vida do estudante e arquiteto.
Aprender como outros arquitetos projetam, seu processo de trabalho é sempre enriquecedor
e inspirador, assim como trocar ideias com os colegas. É uma prática muito saudável no ateliê
de projeto. A formação de um bom arquiteto é colaborativa e envolve, além de estudo, experiên-
cias, trocas e prática em conjunto, o que é uma constante durante a profissão.

98
PROJETO DE
ARQUITETURA I
4.1 ANTEPROJETO

Após o desenvolvimento do estudo preliminar e a sua aprovação pelo cliente, partimos


ao anteprojeto. O anteprojeto contempla a versão final do layout, com aprimoramentos,
detalhamentos e adequações. Nele devem estar contempladas as exigências do programa
de necessidades, pois é a solução arquitetônica final, proposta para a obra. Nesta
etapa, devem-se apresentar cotas das circulações, cotas dos ambientes, representar
os mobiliários, as paredes, as escadas etc. Tudo o que consta no projeto deve ser
representado, estando dentro das normas pertinentes e dos padrões do mercado.
No anteprojeto, também são necessárias perspectivas renderizadas, mostrando as
texturas, cores e materiais de acabamento do projeto. O projeto deve estar pronto para
ser submetido aos órgãos públicos, e todas as principais decisões de projeto já terem
sido tomadas. Nesta etapa, as indefinições e a exploração de alternativas que foram
incentivadas e, por vezes, desejadas nas etapas anteriores, não devem mais ocorrer. As
informações precisam estar claras e definidas, a solução deve ganhar sua configuração
final, diminuindo, consideravelmente, as incertezas do projeto, aprofundando-se nos
estudos e nas soluções técnicas da proposta. O detalhamento do projeto é necessário,
e seria uma perda de recursos detalhar várias propostas, logo, deve-se escolher junto ao
cliente a melhor solução de projeto.
A entrega desta etapa consiste na planta de implantação, planta de cobertura, plantas
baixas, cortes (longitudinais e transversais, mostrando-se os elementos que podem
trazer mais dúvidas ao entendimento do projeto e dificuldade na execução), fachadas
(mostrando cores e materiais) e volumetria, com imagens apresentando os pontos
mais importantes da proposta. Os desenhos devem estar com as cotas e especificações
pertinentes. A Atividade 02 consiste na elaboração desta etapa do anteprojeto.
Em resumo, o anteprojeto trata de um estudo preliminar mais refinado. A cada etapa
do projeto, o grau de definição das decisões aumenta, assim como a complexidade dos
desenhos e representações.
É importante frisar que, na disciplina, paramos por aqui. Contudo, na realidade
profissional, seguem-se outras etapas, como o projeto executivo, onde serão detalhados
alguns pontos que deixaram dúvidas no anteprojeto, ou não estavam ainda 100%
resolvidos.
O anteprojeto também é entregue aos escritórios de engenharia, para realizarem os
projetos complementares: estrutural, elétrico, hidrossanitário e outros projetos que se
fizerem necessários, conforme o tipo e a escala da obra. Após a execução destes projetos,
há a sua compatibilização com o projeto arquitetônico e, entre si, percebendo se será

99
PROJETO DE
ARQUITETURA I
necessária alguma mudança, ou se há alguma interferência no projeto arquitetônico ou
de um projeto complementar para outro projeto complementar.
Assim, evitam-se erros e problemas na obra, resolvendo todas as questões de forma
mais barata, rápida e fácil na etapa de projeto. Por fim, há a execução da obra, da qual o
arquiteto deve participar, verificando se o projeto está sendo executado, de acordo com
os desenhos enviados, de forma correta e segura.
Além das etapas mencionadas, há a aprovação do projeto na prefeitura e nos órgãos
competentes, que chamamos de projeto legal, em que as exigências de cada cidade
variam. O arquiteto precisa consultar o órgão responsável para saber o padrão do projeto
exigido. Além disso, ele precisa emitir o registro de responsabilidade técnica (RRT) do
projeto. Para tal, ele precisa estar cadastrado no Conselho de Arquitetura e Urbanismo
(CAU).

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a RRT, sua importância para as obras de arquitetura, e
como fazer, consulte os vídeos: <https://www.youtube.com/watch?v=7mb5I-
0z8gsU>. Acesso em 25 de maio de 2020. <https://www.youtube.com/watch?v=j6AjAn6ZUBE >.
Acesso em 25 de maio de 2020.
Para mais informações sobre o conselho de arquitetura e a RRT, consulte o site: <https://
www.causc.gov.br/>. Acesso em 25 de maio de 2020.

4.2 ESTRATÉGIAS PARA SUSTENTABILIDADE E CONFORTO AMBIENTAL

Para um bom projeto de arquitetura, é necessário que ele seja sustentável e tire partido
das condições climáticas, para um maior conforto dos usuários e para economia de
recursos. A sustentabilidade, nas edificações, é abrangente e aparece de diversas formas,
lidando com questões, como transporte de materiais, eficiência energética, emissões de
gás carbônico, tipo de materiais utilizados, entre outros.
Por exemplo, a madeira utilizada na construção tem fonte conhecida, é certificada,
sustentável? Os materiais empregados são da região, ou precisam percorrer um longo

100
PROJETO DE
ARQUITETURA I
caminho de transporte para chegar ao canteiro de obras? Na sustentabilidade em
edificações é preciso considerar, desde a fabricação do material, até seu transporte, sua
vida útil e seu descarte, além do quanto de energia e recursos são empregados neste
processo.
Outro ponto a ser considerado é a eficiência energética da edificação, a qual abrange,
desde formas de produzir energia elétrica de maneira sustentável, até formas passivas
(sem uso de energia) de gerar maior conforto térmico na edificação, para economizar a
energia despendida em refrigeração ou aquecimento artificial.
O ideal é que a energia utilizada para abastecer a edificação seja renovável e sustentável,
como por exemplo, o uso de energia eólica ou energia solar. A energia solar tem se
desenvolvido muito nos últimos anos, e as placas fotovoltaicas têm se tornado cada vez
mais flexíveis no projeto, e financeiramente viáveis nas diversas escalas, inclusive na
residencial.
Para a utilização das placas fotovoltaicas, visando gerar energia elétrica, ou o uso
das placas solares para aquecimento da água, é importante lembrar que devem estar
orientadas para onde há a maior quantidade de insolação durante o ano. Na região sul
do país, a melhor orientação seria a norte. Logo, você deve pensar, em seu projeto, como
encaixar as placas da melhor maneira, para que elas obtenham a máxima eficiência
(Figura 50). Esses sistemas devem integrar o projeto e não ser um anexo.

Figura 50 - Placas fotovoltaicas em uma residência.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/solar-energy-system-photovoltaic-cell-pa-
nels-616155593>. Acesso em 29 de maio de 2020.

101
PROJETO DE
ARQUITETURA I
SAIBA MAIS
Para conhecer mais sobre as placas fotovoltaicas, seu surgimento, seu uso e
como aplicar no seu projeto, leia a reportagem no link: <https://www.ugreen.com.
br/placas-fotovoltaicas/>. Acesso em 28 de maio de 2020.
As placas fotovoltaicas são uma grande tendência do mercado, sendo importante conhecer
mais sobre o assunto.

Outro ponto que deve ser pensado é no ciclo da água. Uma parte da água utilizada na
edificação pode ser tratada e reaproveitada. Um recurso utilizado, são as wetlands ou
zona de tratamento de raízes, que podem ser associadas a um paisagismo (Figura 51). Caso
você opte por este tipo de tratamento, precisa pensar em áreas para fazer a “reciclagem”
da água. Além do reaproveitamento das águas, você pode armazenar água da chuva,
captando-a, através de sistemas, os quais devem ser incluídos no projeto arquitetônico.

Figura 51 - Zona de raízes para tratamento de água


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/root-zone-waste-water-sewage-treat-
ment-1588651687>. Acesso em 29 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
SAIBA MAIS
Economizar água faz bem para o meio ambiente e para o bolso do usuário da
edificação. Por isso, prever técnicas de economia de água durante o projeto é
imprescindível. Veja um apanhado geral de como pode ser feito, na reportagem do link: <https://
www.archdaily.com.br/br/764221/projetar-considerando-a-economia-de-agua-saiba-como>.
Acesso em 28 de maio de 2020.
Saiba mais, também, sobre o tratamento por zona de raízes, no artigo: <https://siambiental.
ucs.br/congresso/getArtigo.php?id=7&ano=_segundo>. Acesso em 28 de maio de 2020.

Além dessas estratégias para sustentabilidade da edificação, podem ser utilizadas


outras estratégias, chamadas de bioclimáticas, as quais visam tirar partido do clima e
diminuir a dependência dos meios artificiais de condicionamento de ar, aumentando o
conforto térmico interno da edificação. Estas estratégias são chamadas de sustentáveis,
pois ajudam a economizar energia, ao longo da vida útil da edificação, com refrigeração
e aquecimento.
Para o clima brasileiro, que é quente e úmido, na maioria do território, uma das
principais estratégias é a ventilação.

4.2.1 Ventilação

A ventilação auxilia no resfriamento fisiológico dos indivíduos e da edificação,


retirando a carga térmica. Além disso, ela promove a troca de ar da edificação: extrai
o ar quente e o substitui por ar externo, mais frio, o que, além de resfriar a edificação,
aumenta a qualidade interna do ar, removendo o gás carbônico e outras impurezas.
Assim, a ventilação torna o ambiente mais fresco e saudável. Veremos, neste tópico,
algumas maneiras de promover uma melhor ventilação em uma edificação.

= > Ventilação cruzada: é uma das formas mais simples de promover a ventilação em
um ambiente. Ela consiste em colocar aberturas em paredes opostas ou adjacentes, sendo
que uma abertura funciona como entrada e a outra como saída, para fazer com que o ar

103
PROJETO DE
ARQUITETURA I
circule mais. É importante conhecer, neste caso, a rosa dos ventos do lugar, a fim de saber
a direção mais frequente dos ventos e a sua intensidade, para posicionar as aberturas,
captando a ventilação desejada.
O uso de paisagismo ou elementos externos ajuda a direcionar a ventilação, de forma
a penetrar na fachada e proporcionar a ventilação cruzada (Figura 52). Além disso, é
importante considerar que a ventilação, no terreno em questão, pode ser influenciada
ou alterada pelo entorno. Por exemplo, barreiras topográficas, como morros ou vales
alterarão a direção dos ventos, assim como a presença de edificações altas no entorno,
que influenciarão tanto na ventilação quanto na insolação, bloqueando ou encanando o
vento.

Figura 52 - Vegetação como forma de redirecionar o vento.


Fonte: Lamberts; Pereira; Dutra (2014).

Por fim, percebe-se que a posição, o tamanho e o tipo das aberturas utilizadas também
influenciarão na ventilação. Quanto maior a porcentagem de abertura da esquadria para
ventilação, maior será a troca de ar no ambiente. Atualmente, as aberturas de correr são
as mais comuns nas residências, apresentando uma porcentagem de abertura de 50%.
Na Figura 53, há a indicação da abertura de ventilação média das principais tipologias de
aberturas.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 53 - Porcentagem de abertura, para ventilação de cada tipo de janela.
Fonte: Lamberts; Pereira; Dutra (2014).

A ventilação cruzada também pode ocorrer de um ambiente para o outro, se estiverem


com portas abertas, ou se houver um espaço aberto, como um átrio na edificação (Figura
54). No entanto, a ventilação cruzada depende de mais fatores, e nem sempre ocorrerá.

Figura 54: Localização das aberturas para ventilação cruzada.


Fonte: Lamberts; Pereira; Dutra (2014).

= > Efeito chaminé: quando não há vento, ou quando as orientações possíveis de


serem colocadas aberturas não são favoráveis para captar a força dos ventos, uma opção
é a ventilação por efeito chaminé, a qual ocorre por diferença de temperatura: o ar frio
entra por uma abertura mais baixa, esquenta, sobe e sai por uma abertura mais alta, desta
forma vai ocorrendo a renovação do ar no ambiente (Figura 55).
Para o efeito ocorrer, de forma satisfatória, o ideal é a abertura de entrada de ar ter
o mesmo tamanho da abertura de saída de ar. Outro fator que influencia é a diferença
de altura entre as aberturas, pois quanto maior a diferença, melhor funcionará o efeito,
assim pés-direitos mais altos ou duplos, facilitam este tipo de ventilação. Além disso,

105
PROJETO DE
ARQUITETURA I
há a diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Caso ela não seja grande, a
ventilação não será efetiva. Além disso, se a temperatura externa for maior que a interna,
não se recomenda utilizar a ventilação natural como estratégia.

Figura 55: Efeito chaminé.


Fonte: Lamberts; Pereira; Dutra (2014).

= > Coletores de vento: quando as edificações não oferecem boas condições, para que
as janelas tenham acesso à ventilação e possam resfriar o ambiente, é possível projetar
coletores de vento para captar as brisas acima da edificação, que tendem a ter uma maior
velocidade e uma menor temperatura.
Outro ponto da utilização da estratégia é que, como não existem barreiras físicas,
o vento pode ser captado de qualquer direção. É importante, também, utilizar algum
elemento horizontal, para ajudar a direcionar o vento para dentro da edificação, uma
estratégia que surgiu nos países árabes, mas pode ser utilizada em vários climas. Um
exemplo de uso está na Figura 56.
Podem-se combinar mais estratégias, dependendo do clima e do projeto, de forma a
obter melhores resultados. Lembrando que os obstáculos, tanto externos quanto internos
da edificação, modificarão o caminho dos ventos.

106
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 56 - Coletores de vento.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/illuminated-shesh-badgiri-reservoir-yazd-
-six-179906804>. Acesso em 29 de maio de 2020.

Mas como saber o tamanho ideal das aberturas? Esta não é uma tarefa fácil e, muitas
vezes, não há diretrizes tão claras. Você pode consultar o código de obras da sua cidade
ou códigos sanitários e outras legislações pertinentes que, no geral, apresentam a
porcentagem de abertura do ambiente, em relação a sua área de piso.
Em nível nacional e de desempenho térmico, a norma que nos orienta é a NBR 15575-4
(ABNT, 2013), conhecida como a norma de desempenho de edificações. De acordo com a
legislação, é apresentada a porcentagem mínima de área efetiva de ventilação necessária
para os ambientes de permanência prolongada (sala, dormitórios e espaços integrados
a eles). Este número varia, conforme a região do país ou zona bioclimática (Tabela 1). A
divisão das zonas bioclimáticas pode ser consultada na NBR 15220-3 (ABNT, 2005). A
região de Balneário Camboriú e Itajaí está na zona bioclimática 3.

107
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Aberturas para ventilação
Nível de desempenho
Zonas 1 a 7: aberturas médias Zona 8: aberturas grandes.

A ≥ 12% da área do piso.


(região Norte do país)
Mínimo A ≥ 7% da área do piso. A ≥ 8% da área do piso.
(região Nordeste e Sudeste do
país)

Notas : Nas regiões de 1 a 6, as áreas de ventilação devem ser passíveis de serem fechadas durante o
período frio.
Tabela 1 - Porcentagem de abertura de ventilação.
Fonte: Adaptado de NBR 15575-4 (ABNT, 2013).

4.2.2 Utilização do verde nos projetos

O paisagismo e a utilização de áreas verdes possuem inúmeros benefícios e aplicações


no projeto de arquitetura. A utilização de áreas verdes ajuda a recuperar a vegetação
derrubada (aumenta a biodiversidade), ajuda a diminuir a temperatura nos centros
urbanos (minimizando o efeito das ilhas de calor), aumenta a permeabilidade do terreno
(infiltrando a água da chuva e diminuindo a possibilidade de haver enchentes).
Além disso, a vegetação pode auxiliar no sombreamento da edificação, aumentar a
inércia térmica (no caso de paredes e telhados verdes), direcionar o vento e aumentar o
conforto acústico, além da estética e boa ambiência de um paisagismo bem elaborado.
A vegetação pode aparecer de diversas formas dentro do projeto, como jardins,
hortas ou até zona de raízes. Destacaremos duas formas de utilizar a vegetação, as quais
interferem, de modo mais decisivo, no projeto da edificação:

• Paredes verdes: o uso de plantas que sobem paredes e muros sempre foi
uma prática comum, porém elas alcançavam apenas pequenas alturas. Com o
desenvolvimento da tecnologia, é possível que, com a estrutura e a espécie vegetal
correta, a parede verde alcance grandes alturas. Elas têm sido bastante utilizadas,
tanto em fachadas quanto em paredes internas, conforme pode ser visto nas
Figuras 57 e 58.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 57 - Fachada verde.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/home>. Acesso em 17 de setembro de 2019.

Figura 58 - Fachada verde de um prédio.


Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/green-vertical-living-wall-root-zo-
ne-1689296752>. Acesso em 29 de maio de 2020.

= > Telhados verdes: em superfícies inclinadas ou horizontais é possível ter coberturas


ou terraços com vegetação. Além da estética dos telhados verdes, este tipo de cobertura
funciona com um isolante térmico, impedindo ou retardando a entrada ou a saída de calor

109
PROJETO DE
ARQUITETURA I
da edificação. Os telhados verdes têm um efeito positivo em grandes cidades, diminuindo
as ilhas de calor, aumentando as áreas permeáveis e melhorando a qualidade do ar. Por
todos esses motivos, em algumas cidades seu uso é incentivado.
Há dois tipos de cobertura verde, as extensivas (Figura 59), com plantas rasteiras e de
pequeno porte, funcionando como um jardim, no geral, em locais com pouca manutenção
e tráfego de pessoas, possuindo um menor peso. É importante prever este tipo de
cobertura no projeto, pois seu peso é maior do que uma estrutura tradicional e precisa
ser previsto no projeto estrutural. Além dos sistemas de drenagem e impermeabilização,
que precisam ser adaptados e previstos.
O segundo tipo, as coberturas intensivas (Figura 60) preveem o uso de plantas de
médio e grande porte, e áreas maiores. A estrutura que dará suporte a estas coberturas, é
mais robusta, para suportar o seu peso mais elevado. Outro ponto importante é a escolha
das espécies, avaliando peso, porte, manutenção, condições ambientais exigidas, tipo de
raiz e substrato.

Figura 59 - Cobertura verde extensiva.


Fonte: < https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/aerial-view-extensive-green-living-
-sod-1151258369>. Acesso em 29 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 60 - Cobertura verde initensiva.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/home>. Acesso em 17 de setembro de 2019.

4.2.3 Insolação

Outro ponto importante, na hora do projeto, é a orientação solar da edificação. No


levantamento de dados é caracterizada a insolação do terreno em questão, pontuando onde
o sol é mais intenso e os seus horários, assim como os locais onde ele nasce e se põe. Isso
nos dá diretrizes em relação à localização da edificação, sua geometria, o posicionamento
dos cômodos e a necessidade ou não de colocar elementos de proteção solar.
Considerando a radiação solar, se o clima apresentar alto desconforto térmico por
calor, as janelas devem, preferencialmente, ser localizadas nas fachadas, sob menor
impacto da radiação, orientações norte e sul. Esta orientação é, geralmente, conflitante
com a direção dos ventos, por isso é necessário ponderar quais as melhores opções e
prioridades. Lembrando que os ventos podem ser redirecionados, através de elementos
de projeto, como vegetação e anteparos.
No hemisfério sul, a orientação norte é a que recebe mais horas de insolação e pode
ser facilmente controlada com elementos de proteção horizontal, permitindo o sol do
inverno, bom para o aquecimento, e protegendo do sol do verão, nos períodos mais
quentes, nos quais é necessário o sombreamento.

111
PROJETO DE
ARQUITETURA I
As orientações leste e oeste recebem grande intensidade de radiação solar, sendo
a orientação oeste a mais crítica, pois é a orientação onde o sol se põe, ou seja, a
edificação recebeu radiação durante todo o dia, esquentando-se. As paredes expostas
à maior insolação podem minimizar os ganhos solares diretos, através de cores claras
que refletem o calor, sombreamento das paredes ou isolamento térmico, por meio de
materiais isolantes ou materiais mais pesados, os quais retardam a entrada de calor na
edificação por inércia térmica.
Pode-se, ainda, utilizar a fachada oeste, ou a orientação mais desfavorável da edificação,
para colocar ambientes não habitados (Figura 61), como banheiro e despensas, que
funcionariam, então, como barreiras térmicas, impedindo o calor de entrar na edificação
(PROJETEEE, 2020).

Figura 61 - Ambientes não habitados para oeste.


Fonte: PROJETEEE, 2020 < http://projeteee.mma.gov.br/implementacao/me-
lhor-orientacao-e-o-que-sombrear/?cod=s>. Acesso em 29 de maio de 2020.

Em climas quentes e secos, com dias quentes e noites frias, o sombreamento das
janelas é importante, para impedir que a insolação direta entre nos interiores, porém o
sombreamento das paredes, apesar de desejável, não é fundamental.
Em regiões de clima quente e úmido, com dias e noites quentes, deve-se sombrear
tanto as janelas quanto as paredes, pois a edificação não se resfria ao longo da noite. Para
edifícios verticais, o sombreamento é o elemento mais eficaz para redução dos ganhos
térmicos internos, pois as paredes são os elementos de maior ganho térmico.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
4.3 LEGISLAÇÃO E NORMAS

Uma boa arquitetura, além dos itens citados neste caderno, deve prezar pela segurança,
conforto e legalidade do empreendimento. Assim, devem-se seguir todas as legislações
vigentes.
Na Unidade 2, falamos sobre a legislação de uso e ocupação do solo, e os itens
utilizados pelos municípios. Na Unidade 3, apresentamos propostas de estrutura da
edificação, a qual também deve seguir normas próprias, cuja responsabilidade é de quem
faz o cálculo estrutural, que geralmente é o engenheiro civil, cabendo ao arquiteto fazer
a compatibilização e o gerenciamento dos projetos. Nesta unidade, comentamos sobre
a aprovação do projeto arquitetônico pelos órgãos competentes. No caso do projeto
residencial unifamiliar, a prefeitura é o órgão que cobra o projeto, de maneira geral.
Dependendo do projeto, é necessária a aprovação em outros órgãos, como bombeiros,
vigilância sanitária etc. Cada órgão e cidade têm as suas exigências específicas, que
devem ser consultadas.
No projeto residencial, vimos, ainda, que é necessário seguir o código de obras e as
especificações, em relação às aberturas dos ambientes de permanência prolongada,
podendo-se adotar como referência as orientações da NBR15575 (ABNT, 2013), a qual
prevê índices mínimos de conforto para edificações residenciais.

SAIBA MAIS
A norma NBR15575 (ABNT, 2013) oferece diretrizes para o desempenho e quali-
dade mínimos do projeto residencial. Observando, desde a estrutura, a estanquei-
dade, até o conforto térmico, lumínico e acústico. Esta é uma norma obrigatória para edificações
multifamiliares, sendo passível de penalização, caso não seja cumprida. Logo, é importante que
o arquiteto conheça as diretrizes básicas da legislação, para promover uma maior qualidade ao
projeto. Alguns parâmetros da norma já foram citados na Unidade 01 deste caderno.

Além dessas normas, deve-se seguir o cálculo para conforto das escadas e as normas
de acessibilidades, presentes na NBR9050 (ABNT, 2015). No tópico a seguir, destacaremos
estes dois itens, os quais acredito serem imprescindíveis ao projeto arquitetônico.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
4.3.1 Cálculo das escadas

Saber calcular uma escada é fundamental para qualquer projeto e qualquer


arquiteto. Uma escada com medidas ergonômicas traz segurança e conforto. Neste
tópico, aprenderemos como calcular uma escada, utilizando a fórmula de Blondel,
dimensionamento espelhos, pisos e número de degraus. O primeiro passo é conhecer os
elementos da escada. O que são pisos, espelhos e patamares, por exemplo?
Piso é a superfície horizontal onde pisamos, ao subir em uma escada, podendo também
ser chamado de degrau. Espelho é a superfície vertical do degrau, a altura entre um piso e
outro, onde bate a ponta do nosso pé, quando subimos a escada. O patamar é a superfície
horizontal maior da escada, que serve como descanso para a subida de alturas muito
grandes. Vãos com alturas maiores que 2,90 devem possuir patamar. O guarda-corpo é
o elemento vertical que serve como proteção nas escadas, impedindo que a pessoa sofra
uma queda, caso venha a se desequilibrar na subida. O corrimão é o elemento, no qual as
pessoas seguram e apoiam suas mãos, enquanto sobem a escada.
A formula de Blondel é responsável pela harmonia das dimensões entre os elementos
da escada, promovendo seu conforto.

Esta fórmula aponta que: 63 cm < 2E (espelho) + P (piso) < 64

Segundo o Corpo de Bombeiros, o piso da escada deve ter, no mínimo, 25cm; em


alguns estados, o mínimo é 28cm, estando o número recomendado entre 25cm e 30cm. O
espelho deve ter altura entre 16cm e 18cm.
Para fazer o cálculo da escada, conforme a fórmula acima, vamos utilizar um exemplo.
Precisamos vencer uma altura de 2,70m, é uma escada reta, com largura de 1,00m. No
exemplo, vamos utilizar uma altura de 18cm de espelho para cada degrau. Aplicando os
valores na fórmula:

63 < 2x18 + P < 64


63 < 36 + P < 64
P = 64 - 36 = 28cm

Neste caso, o piso da escada terá 28cm e o espelho 28cm. Para saber o número de
degraus ou espelhos, faremos a seguinte conta H (altura a ser vencida pela escada),
dividido pelo espelho da escada, e assim saberemos o número de degraus. Logo, em
nosso exemplo, teremos:

114
PROJETO DE
ARQUITETURA I
270cm / 18cm = 15 degraus.

O número de degraus ou espelho deve ser um número exato. Caso não seja, você
deve fazer o ajuste no espelho da escada, ajustando na fórmula de Blondel o piso e o
espelho, para que a conta seja exata. Para saber o número de pisos, é só calcular o número
de espelhos menos um, pois este será o piso do próximo pavimento. Então, em nosso
exemplo, o número de pisos é: 15 - 1 = 14 pisos.
O patamar é um piso alongado, que influenciará no desenho da escada e no seu
comprimento, aumentando o tamanho. A largura mínima de uma escada residencial
unifamiliar é de 80cm. Já em outros tipos de edificações, é necessário consultar o Corpo
de Bombeiros, e o cálculo será conforme o fluxo de pessoas.

4.3.2 Acessibilidade

Todo o projeto deve prever conforto e ergonomia para as atividades que são ali
realizadas. Assim, é importante prever e respeitar os dimensionamentos mínimos
recomendados para os ambientes. Vários deles vimos na Unidade 2, enquanto estávamos
pré-dimensionando o espaço.
Neste tópico, veremos as dimensões para ambientes acessíveis, os quais incluem:
pessoas com deficiência, idosos, gestantes, ou pessoas com mobilidade reduzida
temporariamente (como uma pessoa com uma perna quebrada, por exemplo).
A norma que trata deste assunto é a NBR9050 (ABNT, 2015), a qual foi atualizada,
em 2015, cujo objetivo é que a maior quantidade de pessoas possa utilizar, de maneira
independente, autônoma e segura, os ambientes, mobiliários, edificações e equipamentos
urbanos, independentemente da idade, estatura, limitação de mobilidade ou percepção.
Assim, o papel do arquiteto é projetar espaços inclusivos, que possam ser utilizados por
todos, igualmente. Neste quesito, seguir as diretrizes da norma em relação à largura de
corredores, inclinação de rampa e tamanho de portas já é um grande passo.
Muitas pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida utilizam
equipamento de auxílio para locomoção. Logo, a norma trata de algumas medidas ou
módulos de referência para o dimensionamento dos espaços e circulações (Figura 62, 63
e 64), garantindo o conforto dos seus usuários.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 62 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa, em pé.
Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015).

Figura 63 - Dimensões do módulo de referência (M.R.)


Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015).

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
Figura 64 - Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento.
Fonte: NBR 9050 (ABNT, 2015).

Para rampas internas e externas, a norma prevê uma inclinação máxima de 8,33% e
áreas de descanso, conforme a inclinação da rampa (Tabela 02). No caso de reformas,
e não havendo outra forma de realizar a rampa, pode ser utilizada uma inclinação de
12,5%. Para o cálculo do comprimento da rampa, deve-se dividir a altura pela inclinação.

Desníveis máximos de Inclinação admissível


Número máximo de
cada segmento de rampa h em cada segmento de rampa i
segmentos de rampa
(altura) m (inclinação) %
1,50 5,00 (1:20) Sem limite
1,00 5,00 (1:20) < i ≤ 6,25 (1:16) Sem limite
0,80 6,25 (1:16) < i ≤ 8,33 (1:12) 15
Tabela 02 - Desníveis e inclinação das rampas.
Fonte: Adaptado de NBR 9050 (ABNT, 2015).

A largura das rampas é estabelecida, conforme o fluxo de pessoas. Como largura


mínima, é admitido 1,20m, e deve ter igual balizamento. Em reformas, conforme o caso, é
admitida largura de 0,90m em rampas com percurso de até 4m. Ambos os lados da rampa
devem ter corrimão de duas alturas.
Para circulação interna, em forma de corredores, o dimensionamento ocorre, de acordo
com o número de pessoas, porém há medidas básicas, correspondentes ao comprimento
do corredor, ou seja, seu percurso (Tabela 03).

117
PROJETO DE
ARQUITETURA I
Comprimento do corredor (percurso) Largura recomendada do corredor
Corredores de uso comum de até 4m 0,90m
Corredores de uso comum de até 10m 1,20m
Corredores de uso comum de mais de 10m 1,50m
Corredores de uso público 1,50m
Tabela 03 - Dimensionamento de corredores.
Fonte: Adaptado de NBR 9050 (ABNT, 2015).

Para o acesso aos ambientes ou portas de passagem, deve-se obter um vão livre
mínimo de 0,80m de largura e altura de 2,10m. Em geral, as portas devem ser abertas
em um único movimento e a maçaneta deve ser do tipo alavanca. Além de mais detalhes
sobre a execução das portas em projetos acessíveis, há um número rico de detalhes para
sanitários nesta mesma norma. No entanto, para edificações residenciais unifamiliares
não é uma obrigatoriedade. As informações apresentadas são algumas informações
básicas que podem trazer mais conforto ao seu projeto.

ATIVIDADE
Apresentar os cálculos das escadas, o cálculo das rampas (de acordo com a NBR
9050/2015); descrever os tipos de estruturas utilizadas e sua modulação (vãos).

4.3.3 Elaboração dos Projetos arquitetônicos

Para finalizar, trazemos uma normativa que orientou a organização e as etapas deste
caderno, a NBR 16636-2 (ABNT, 2017), a qual trata da elaboração e desenvolvimento de
serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos. A parte 2 trata
de projetos arquitetônicos.
No documento, são especificadas todas as etapas do projeto arquitetônico, as quais
seguimos no caderno:
• Levantamento de dados (LEV-ARQ);
• Programas de Necessidades (PN-ARQ);
• Estudo de Viabilidade (EV-ARQ);
• Estudo de Preliminar Arquitetônico (EP-ARQ);

118
PROJETO DE
ARQUITETURA I
• Anteprojeto Arquitetônico (AP-ARQ);
• Estudo Preliminar dos projetos complementares (EP-COMP);
• Projeto para licenciamentos (PL-ARQ);
• Anteprojetos complementares (EP-COMP);
• Projeto executivo arquitetônico (PE-ARQ);
• Projetos executivos complementares (PE –COMP);
• Projeto completo de edificações (PECE);
• Documentação conforme construído (“as built”).

Observe que, em nosso caderno, seguimos até a etapa de Anteprojeto Arquitetônico,


sendo que as restantes não competem à disciplina acadêmica de projeto arquitetônico,
mas, na prática, precisam ser executadas.

SAIBA MAIS
Para conhecer mais sobre cada uma das etapas, leia a norma NBR 16636-2
(ABNT, 2017) na íntegra, observando o que as contempla.

119
PROJETO DE
ARQUITETURA I
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na Unidade 4, encerramos nosso ciclo, aprendendo e executando a etapa do


anteprojeto arquitetônico residencial. Um projeto que permite bastante experimentação
por parte do arquiteto, com aplicação de diversas técnicas.
Compreendemos o que é um anteprojeto e o que contempla esta etapa, revisamos
técnicas para uma edificação mais sustentável e que promova, de forma passiva e eficiente,
o conforto térmico. Além disso, fizemos um apanhado geral das principais normas que
incidem sobre o projeto arquitetônico residencial unifamiliar.
A arquitetura está em todos os lugares, ela estrutura o espaço onde trabalhamos,
estudamos, moramos, passeamos, enfim, existimos. A arquitetura não inclui somente a
edificação fechada em si, mas também a conexão entre diferentes edificações, a conexão
da edificação com a cidade, com a parte que ela representa da cidade, da sociedade e da
cultura em que está inserida.
A arquitetura é representação dinâmica das mudanças comportamentais, tecnológicas
e ambientais que estão acontecendo. Por isso, é fruto não somente das ideias do arquiteto,
mas do meio e da sociedade, em que está inserida.
Nosso caderno buscou trazer um apanhado geral das principais facetas que envolvem
o projeto arquitetônico residencial, auxiliando você, aluno, a concluir com sucesso o
seu projeto, compreendendo a complexidade e os fatores que envolvem um projeto de
arquitetura.
Por fim, certamente é uma satisfação e uma realização profissional e pessoal finalizar
um projeto. Espero que você possa se sentir satisfeito na conclusão do seu primeiro
projeto residencial. Ao longo de sua vida profissional, você ainda enfrentará o stress e
a realização de ver um projeto finalizado e de ver uma obra concluída, o que é muito
gratificante ao arquiteto. É sempre surpreendente ver como a luz bate no projeto, ou
como o vento entra na edificação, a conexão entre os espaços, os quais são aspectos
materializados, pensados no projeto, mas que só podem ser sentidos e compreendidos,
de fato, na construção.
Os arquitetos trabalham de modo apaixonado, sendo necessária muita energia,
criatividade e estudo para ser um bom arquiteto. A caminhada que você está iniciando,
certamente será excitante e cheia de experiências incríveis: trocar ideias, inspirar-se e
criar novos espaços ou adaptar ambientes existentes.
Desejo uma boa sorte, além de muita dedicação e empenho durante a sua jornada!

120
PROJETO DE
ARQUITETURA I
EXERCÍCIO FINAL

(I) abaixo são, respectivamente:


1. As estratégias de ventilação
(II)

A. I- efeito chaminé, II – ventilação cruzada, III- torre de vento.


B. I- efeito chaminé, II-ventilação cruzada, III-peitoril ventilado.
C. I- ventilação cruzada, II – efeito chaminé, III- peitoril ventilado.
D. I – ventilação unilateral, II- ventilação cruzada, III- redutor de velocidade.
E. I- ventilação cruzada, II – efeito chaminé, III- torre de vento.

2. Tetos-jardim, ou coberturas ajardinadas, ou ainda coberturas verdes são alguns


nomes dados para esta cobertura que apresenta uma camada inferior de brita sobre a laje,
uma camada de terra e uma camada da cobertura vegetal. Costuma apresentar elevada
inércia térmica, pela sua espessura e materiais, ao combinar a laje, a brita e a terra para
o plantio.

Sobre os telhados verdes:

I. Os telhados verdes são uma estratégia bioclimática que pode ser utilizada como
isolante térmico, impedindo ou retardando que o calor entre ou saía da edificação.
II- Os telhados verdes apresentam um elevado desempenho térmico para resfriamento.
Este tipo de cobertura tem um efeito positivo em grandes cidades, diminuindo as ilhas de
calor, aumentando as áreas permeáveis e melhorando a qualidade do ar.
III. Os telhados não permitem vegetação de médio e grande porte, devido ao peso
ocasionado para a estrutura da edificação. Os telhados verdes para vegetação rasteira
podem ser colocados em qualquer tipo de edificação, não influenciando na sua estrutura.

É correto o que se afirma em:

121
PROJETO DE
ARQUITETURA I
A. I e II.
B. I, II e III.
C. II e III.
D. I e III.
E. Apenas I.

3. Considere as informações abaixo, para o desenvolvimento do projeto de uma escada,


em uma edificação residencial de dois pavimentos. Sabendo-se que a escada deverá
seguir: a fórmula de Blondel: 63cm ≤ 2E+P ≤ 64cm, sendo E= espelho (altura) e P=piso
(base) e a determinação da Instrução Normativa 09, dos Bombeiros de Santa Catarina
que define a medida mínima do espelho, em 16 cm, e a máxima, em 18 cm, assinale a
resposta correta:

Pé-direito 3m
Laje 0,24 m

A. A escada poderia ter 16 degraus, com 17,5 cm de altura e 28 cm de base.


B. A escada poderia ter 16 degraus, com 17,5 cm de altura e 30 cm de base.
C. A escada poderia ter 18 degraus, com 18cm de altura e 28 cm de base.
D. A escada poderia ter 18 degraus, com 18cm de altura e 30 cm de base.
E. A escada poderia ter 20 degraus, com 16 cm de altura e 28 cm de base.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR: 9050 – Acessibilidade


a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015.
Disponível em: <http://www.ufpb.br/cia/contents/manuais/abnt-nbr9050-edicao-2015.
pdf>. Acesso em 28 de maio de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NB515575/2013 - Desempenho de


Edifícios Habitacionais até 5 pavimentos. Rio de Janeiro, ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR 16636-2 (ABNT, 2017).


Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos
arquitetônicos e urbanístico. Parte 2: Projetos arquitetônicos. Rio de Janeiro, ABNT, 2017.

BROWN, G. Z.; DEKAY, Mark. Sol, vento e luz: estratégias para o projeto de arquitetura.
Porto Alegre: Bookman, 2007.

CORNETET, Betina Conte; PIRES, Daniela Giovanini Manuel. Arquitetura. Porto Alegre:
SAGAH, 2016.

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. (2014): Eficiência Energética na Arquitetura.


3ª Ed. Eletrobrás/PROCEL, Rio de Janeiro.

MANO, Cássia Morais. Introdução ao Projeto Arquitetônico. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

MANO, Cássia Morais; SCOPEL, Vanessa Guerini; GIORA, Tiago; WAGNER, Juliana.
Projeto de Arquitetura e Urbanismo I. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

FARRELLY, Lorraine. Fundamentos da Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.

<http://projeteee.mma.gov.br/>. Acesso em 26 de maio de 2020.

<https://pedreirao.com.br/como-calcular-escada/>. Acesso em 26 de maio de 2020.

<https://www.archdaily.com.br/br/764221/projetar-considerando-a-economia-de-
agua-saiba-como>. Acesso em 26 de maio de 2020.

<https://siambiental.ucs.br/congresso/getArtigo.php?id=7&ano=_segundo>. Acesso em
26 de maio de 2020.

<https://www.ugreen.com.br/placas-fotovoltaicas/>. Acesso em 28 de maio de 2020.

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PROJETO DE
ARQUITETURA I
uniavan.edu.br
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