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SOBRA DE TEXTO

Michelle Perrot (2007), destaca que incluir o sujeito feminino na história


significou avançar por caminhos tortuosos, mas primordiais, pois escrever suas histórias
não é um meio de reparação, mas uma necessidade de compreensão. Tânia Silva (2008),
reforça que cada país teve um tempo para que os avanços e as histórias femininas
fossem registradas, no Brasil, por exemplo, histórias marcadas pela opressão,
começaram a ser narradas no início da década de 1980, com destaque aos atos de
resistência elaboras pelas mulheres para a fuga da dominação imposta pelos homens.
(SILVA, 2008, p. 227)

Igreja não foi solidária com a mulher [...]. Não perder a doçura nem o humor e
se falei na Igreja devo falar em Jesus que em toda a sua vida e mesmo depois dessa vida
terrestre foi quem defendeu a mulher. (DEL PRIORE, 1997, p. 972).

Gancho para próx. Capítulo


Pág. 136 - “MINHA HISTÓRIA DAS MULHERES” MICHELLE PERROT
A cidade, representada como a perdição das moças e das mulheres, lhes permite, com
frequência, libertar-se de tutelas familiares pesadas, de um horizonte de aldeia sem
futuro. Conseguem modestas ascensões sociais, escapam a uniões arranjadas para
realizarem casamentos por amor. A cidade é o risco, a aventura, mas também a
ampliação de destino. A salvação.
p. 364– HISTÓRIA DAS MULHERES NO BRASIL – MARY DEL PRIORE

A aceleração da urbanização provocou um progressivo movimento das populações


pobres para as capitais, onde procuravam se estabelecer nas áreas centrais, próximo ao
mercado de trabalho. Aí ocupavam, em sua maioria, habitações coletivas, casas de
cômodo ou cortiços, cujos “moradores embora na maior parte do sexo frágil são de um
gênio diabólico”, registrava um articulista maranhense;
OK - Discorrer sobre o surgimento da historiografia feminina de forma geral;
OK - Apontar os estereótipos e repressões que as mulheres sofreram ao longo do tempo
que dificultaram a ampliação dos seus horizontes, e seus reflexos na sociedade ainda
hoje.
OK - Demonstrar as evoluções que ocorreram;
OK - Colocar minhas próprias impressões no capítulo. (No final ou entre as citações);
OK - Fazer gancho abrindo caminho para o próximo capítulo.
CAPÍTULO 2
ABORDAR
Hipótese: A narrativa possibilita o conhecimento histórico do sujeito feminino.
*A narrativa é uma crítica aos estereótipos e tratamento que as mulheres recebiam,
sobretudo, as desfavorecidas socialmente.
Objetivos: Comprovar a presença de estereótipos sobre a mulher na narrativa.
 Apresentar o contraste social e físico que há entre Glória e Macabéa;
 Discorrer sobre o fato de Clarice Lispector ter criado uma protagonista com
características físicas e sociais contrárias aos padrões da literatura da época,
como uma possível crítica aos estereótipos presentes nas personagens femininas
das narrativas;
 Apontar como a protagonista é vista na obra pela perspectiva feminina da época
em uma sociedade historicamente estigmatizada;
 Falar como a obra contribuiu para a quebra dos paradigmas literários;
 Descrever panoramas relativos à mulher que vêm desde antes de A hora da
estrela aplicando aos dias atuais, mostrando que ela está atualizada;

ESCRITA DO CAPÍTULO
*O primeiro parágrafo de cada capítulo deve apresentar o tema central
desse capítulo. Informações como: O que será abordado neste capítulo, a
importância das informações ali contidas, além de outras informações que você
considere importante que o seu leitor tome conhecimento antes de ler
aquele capítulo.
*Pensar no ponto de partida, destino final, e no meio do caminho colocar todos os
pontos que preciso passar para chegar nesse destino.
*Sinalizar quando começa seu ponto de vista, exemplo: “com base nessas
reflexões...” para não dar a impressão que está tentando se apropriar de um texto que
não é seu.
*Padronizar os parágrafos com 10 a 12 linhas.
*Na escrita seguir a ordem: Minha ideia sobre o que será abordado, citação ou
até 3 citações, e complemento (meu parecer).
*Ler com cuidado cada parágrafo e ver como pode ser ampliado e assuntos que
precisam ser esmiuçados
*Tirar minhas próprias conclusões do capítulo
*Fazer gancho para o próximo capítulo
*Revisar poucas páginas por dia e com a mente descansada.
*Revisar é procurar problemas

(DUARTE, 2011) - (Sobre madame Carlota)


p. 79 - Será que a madama Carlota viu nas cartas o destino fatal de Macabéa e, ciente de
todo o seu passado sofrido, quis lhe dar esperança ou lhe proporcionar alguma alegria
nos seus últimos momentos de vida? Que cartas a nordestina teria tirado? Sabemos
apenas que a vida de Macabéa realmente mudou, primeiro pela consciência de si mesma
e pela esperança de futuro, posteriormente pela morte prenunciada nas cartas tiradas
pela cliente que lhe antecedera na consulta à cartomante. Se o destino certo de Macabéa
– a morte em consequência de um atropelamento – foi previsto nas cartas anteriores às
que ela tirou, pode ser que a bonança presumidas nas cartas retiradas pela alagoana
sejam justamente a fortuna da moça que aguardava na sala para consultar-se com a
cartomante logo após a saída de Macabéa, pois se a nordestina protagonizou a previsão
feita para a moça que lhe antecedera, sua sucessora poderia, também, assumir o destino
daquela que lhe antecedeu na consulta. Clarice Lispector aguça a curiosidade do leitor,
deixando inúmeras possibilidades que jamais poderão se esgotar já que a obra ficcional
se compõe de muitas entrelinhas e implícitos que dão margem a infindas maneiras de
olhar e interpretar.
p. 79 -Sob o aspecto negativo representa erros de julgamento, impotência psíquica,
privação e abandono. Além do título do romance, não há como não associar tais
simbologias à vida de Macabéa, também donzela como a figura da carta. Por meio dessa
consulta, houve a revelação da essência fundamental da nordestina, que pela primeira
vez teve consciência de si mesma, clarificando a visão conforme representa
simbolicamente tal carta. Além de ter obtido a ajuda inesperada da cartomante que lhe
tratara com carinho, delicadeza e agrado, tratamento jamais experimentado por Macabéa
[...] Ela que sempre fora humilhada e desprezada pelas poucas pessoas que passaram por
sua vida: a tia, o patrão, Glória e Olímpico.
*Falar sobre a influência da mídia em Macabéa sobre o corpo perfeito (Tal influência
midiática aparece em A Hora da estrela através das diversas referências que Clarice
Lispector faz aos anúncios de produtos de beleza colecionados e apreciados por
Macabéa.)
Trechos foram usados
“ – Você até parece uma muda cantando. Voz de cana rachada. (p. 80)
p. 81 - Você tem cara de quem comeu e não gostou, não aprecio cara triste, vê se muda
– e disse uma palavra difícil – vê se muda de “expressão”.
p. 81 – Magricela esquisita ninguém olha.
p. 82 - Mas ele emburrara de vez e não disse mais nenhuma palavra.
Passou vários dias sem procurá-la: seu brio (amor-próprio/ dignidade) fora atingido.
p. 82 – Que tua tia se dane.
p. 83 “– É, dessa vaca não sai leite”.
p. 83 “– Pode, é o mesmo preço, se for mais, o resto você paga.
p. 84 - – É lugar ruim, só pra homem ir. Você não vai entender mas eu vou lhe dizer
uma coisa: ainda se encontra mulher barata. Você me custou pouco, um cafezinho. Não
vou gastar mais nada com você, está bem?
Ela pensou: eu não mereço que ele me pague nada porque me mijei.
p. 84 - – Mas puxa vida! Você não abre o bico e nem tem assunto!
p. 85 - – Vai ver que cai mesmo morta. Escuta aqui: você está fingindo que é idiota ou é
idiota mesmo?
p. 88 - – Você, Macabéa, é um cabelo na sopa. Não dá vontade de comer. Me desculpe
se eu lhe ofendi, mas sou sincero. Você está ofendida?
– Não, não, não! Ah por favor quero ir embora! Por favor me diga logo adeus!
p. 82 - Mas ele emburrara de vez e não disse mais nenhuma palavra.
Passou vários dias sem procurá-la: seu brio (amor-próprio/ dignidade) fora atingido.

COLOCAR NO CAPÍTULO 3
p. 189 – 190 (crônica) – Daí o seu lugar, diferente dos demais, no círculo das relações.
Glória, sua colega e escritório, é boa de corpo, desejada por Olímpico, o ex namorado
de Macabéa. Se, de um lado, ela cuida de Macabéa com atenção e cuidado, por outro
lado, pretende mesmo é se casar com Olímpico. O chefe de escritório, seu Raimundo,
tem bom coração, embora exija, dela, o que ela não tem: limpeza, capricho,
competência nos trabalhos de datilografia. O médico ambicioso e frustrado, por ser
médico de pobre e não ter condição de lhe curar a fome, reagem com certa, violência,
irritado, impaciente, com a má sorte de Macabéa – e sua. A cartomante, que lhe vende
ilusões, dá a última cartada: o sonho de um casamento feliz [...] apressando, assim, o
fatal atropelamento da infeliz personagem. As colegas de quarto não compreendem
Macabéa, nem tentam dela se aproximar.
P. 132 do livro (Crônica)
Verificar para fazer a inclusão na parte de discurso literário que a professora pediu
*Segundo a escritora Ligia Chiappini o narrador do romance é aquele que: perde a
distância, torna-se íntimo, ou porque se dirige diretamente ao leitor, ou porque nos
aproxima intimamente das personagens e dos fatos narrados. O narrador constitui a
instância produtora do discurso narrativo, não devendo ser confundido, na sua natureza
e na sua função, com o autor, pois o narrador é uma criatura fictícia como qualquer
outro personagem.
p. 88 Macabéa, esqueci de dizer tinha uma infelicidade: era sensual. Como é que num
corpo cariado como o dela cabia tanta lascívia, sem que ela soubesse que tinha?
Mistério. Havia, no começo do namoro, pedido a Olímpico um retratinho tamanho 3x4
onde ele saiu rindo para mostrar o canino de ouro e ela ficava tão excitada que rezava
três pai-nossos e duas ave-marias para se acalmar.

*(MACHUCA, 2010) p. 38 - Assim, exceto Macabéa, as personagens, incluindo S.M.,


transcrevem-se em um contexto de falsidade: todos utilizam máscaras, não mostram a
verdadeira essência. [...] Macabéa, ao contrário de Glória, que é pura máscara e se
esconde através de sua sensualidade, ou seja, é vista através de seu corpo, seu gingado,
seus trejeitos físicos; de Carlota, completamente artificial, usa maquiagem pesada para
não mostrar a idade, ou seja, não quer parecer ultrapassada, além de estar imersa em um
espaço de plástico e artificial; de Olímpico, que rouba escondido e que não aceita a
condição social, quer ser algo que não é; de Rodrigo S.M., que escreve sobre outro para
descobrir os mistérios de si próprio.
* Editar: ao comparar Macabéa com um cachorro, o narrador ressalta a falta de
consciência da personagem, diminuindo mais uma vez, sua dignidade enquanto pessoa
humana.
p. 205 – (citação da crônica) – o seu próprio nome adverte para um contrassenso, pois
ela em nada se aproxima da índole heroica dos macabeus, povo guerreiro na história dos
hebreus.
p. 204 – (citação da crônica) Macabéa não teve propriamente uma história pessoal.
Felicidade para ela é um conceito oco.
*P. 67 - E quando acordava? Quando acordava não sabia mais quem era. (E muito
menos pensava em futuro – (minhas palavras).

A mulher instruída diante da mulher sem instrução - pág. 185 (Crônica do livro) –

. A ambiguidade dos textos de Clarice mostra-nos que o receptor tanto pode ser o leitor,
já que o narrador se assume como escritor e se refere a um leitor.
*p. 87- 88 – Não sabia que ela própria era uma suicida embora nunca lhe tivesse
ocorrido se matar. É que a vida lhe era tão insossa que nem pão velho sem manteiga.

CAPÍTULO 4 - DESVALORIZAÇÃO FEMININA


FAZER 16 PÁGINAS
*Como Macabéa toca meu coração? – youtube
p. 57 – “A sua cara é estreita e amarela como se ela já tivesse morrido. E talvez tenha

4- Apresentar ano, obra, contexto histórico/ crítica ao narrador masculino/


insignificância de Macabéa e aversão do narrador a ela - 48, 49, 51, 54, 57, 59, 62, 87,
95, 180, 185, 188, 189, 205
4.1 = Relações de trabalho - 49, 50, 58, 67, 71, 90
4.2 = Desvalorização feminina - relacionamento com Olímpico
mpico, influência da mídia, invisibilidade, condição social, ausência de futuro,
sensibilidade e solidão - 53, 58, 60, 61, 62, 63, 64, 66, 72, 76, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85,
86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 98, 99, 100, 101, 102,185, 186, 204, 205.
4.3 Pobreza, migração, orfandade e morte social - 48, 167, 186, 191, 85, 161, 47, 57, 88,
106, 107, 108, 162, 53, 186

Acrescentar no segundo capítulo destaques do livro que estão com


marcador beige.
Trecho que fala que macabéa gostava de ser ela mesma diferente dos
outros personagens

TIREI DO CAPÍTULO 2
“As mulheres populares, em grande parte, não se adaptavam às características
dadas como universais ao sexo feminino: submissão, recato, delicadeza,
fragilidade.” (DEL PRIORE, 1997, p. 367).
“As relações entre homens e mulheres deveriam ser, portanto,
radicalmente transformadas em todos os espaços de
sociabilidade. Num mundo em que mulheres e homens
desfrutassem de condições de igualdade, as mulheres teriam
novas oportunidades não só de trabalho, mas de participação
na vida social. A condição feminina, o trabalho da mulher fora
do lar, o casamento, a família e a educação seriam pensados e
praticados de uma maneira renovada.” (DEL PRIORE, 1997, p.
597).
Entretanto, eram nítidos os preconceitos que cercavam o
trabalho feminino nessa época. Como as mulheres ainda eram
vistas prioritariamente como donas de casa e mães, a ideia da
incompatibilidade entre casamento e vida profissional tinha
grande força no imaginário social. Um dos principais
argumentos dos que viam com ressalvas o trabalho feminino
era o de que, trabalhando, a mulher deixaria de lado seus
afazeres domésticos e suas atenções e cuidados para com o
marido: ameaças não só à organização doméstica como
também à estabilidade do matrimônio. (DEL PRIORE, 1997, p.
624).

Porém, a dificuldade em se obter fontes para buscar reconstruir


a atuação das mulheres é desalentadora. Não existem registros
organizados. No tocante às mulheres pobres, analfabetas em
sua maioria, a situação se agrava. (PRIORE, 1997, p. 363-
364).

A autora ressalta a importância de “enfocar as mulheres através das


tensões e das contradições que se estabeleceram em diferentes épocas, entre
elas e seu tempo, entre elas e as sociedades nas quais estavam inseridas.”
(DEL PRIORE, 1997, p.9). Além de enfocar a necessidade de esclarecer as
relações femininas na sociedade e suas influências, da qual ela sempre foi
parte integrante e protagonista.

“A descoberta de que as mulheres possuíam uma história e


que valia a pena procurar por ela, resultou, assim, dos próprios
questionamentos que elas, num determinado momento de suas
vidas, fizeram acerca de si próprias, rejeitando uma estrutura
de supremacia masculina solidamente aceita e negando a ideia
clássica da inferioridade do sujeito feminino. Para muitas,
começou a parecer incômodo viver num mundo em que
estivessem diluídas dentro da ideia de um sujeito universal.”
(SILVA, 2008, p. 225).

“questão que não pode ser evitada se defendemos que as mulheres são
agentes da história.” (PERROT, 2006, p.145).
E “entre as jovens que provinham de camadas médias e altas, muitas se
tornavam professoras, engenheiras, médicas, advogadas, pianistas, jornalistas,
escritoras e diretoras de instituições culturais.” (DEL PRIORE, 1997, p. 603).

“o que permitiu que os homens subissem na hierarquia dos empregos mais


qualificados e mais bem remunerados”. (PERROT, 1998, p. 100).
“justamente no momento em que a crescente urbanização das cidades e
a industrialização abriam para elas novas perspectivas de trabalho e de
atuação.” (DEL PRIORE, 1997, p. 585).

....por ideais como: um certo nível cultural é necessário à jovem


para que “saiba conversar” e agradar os rapazes assim como é
útil para o governo de uma casa e a educação dos filhos,
entretanto, os garotos evitavam as garotas muito inteligentes e
a “mulher culta” tem menos chance de ser casar e de ser feliz
no casamento. (DEL PRIORE, 1997, p. 625 – 626).
“É preciso, pois, educar as meninas, e não exatamente instruí-
las. Ou instruí-las apenas no que é necessário para torna-las
agradáveis e úteis: um saber social, em suma. Formá-las para
seus papéis futuros de mulher, de dona de casa, de esposa e
mãe. Inculcar-lhes bons hábitos de economia e de higiene, os
valores morais de pudor, obediência, polidez, renúncia,
sacrifício... que tecem a coroa das virtudes femininas. Esse
conteúdo, comum a todas, varia segundo as épocas e os
meios, assim como os métodos utilizados para ensiná-lo.”
(PERROT 2006, p. 93).

“O corpo das mulheres é também, no curso da história um corpo dominado,


subjugado, muitas vezes roubado, em sua própria sexualidade.” (PERROT,
2006, p. 76).
“[...] a história também pode ser compreendida como um
exemplo de que a vida da mulher que apenas cumpre seu
“destino social” de se casar e abre mão de suas
potencialidades, vivendo em um ambiente domiciliar
aprisionante, com lugares fixos determinados pela ordem
patriarcal, será marcada pela amargura e pela tristeza, contra
as quais, muitas vezes, todos os esforços são considerados
inúteis. (SANDRONI, 2019, p. 51)

Além disso, “A mulher deveria se restringir ao seu “espaço natural”, o lar,


evitando toda sorte de contato e atividade que pudesse atraí-la para o mundo
público.” (DEL PRIORE, 1997, p. 592).
“Muitas das ideias dessa época foram contestadas e
superadas, podendo nos dias atuais, causar reações do
estranhamento à repulsa. Seria fácil atribuir as mudanças
percebidas simplesmente aos avanços do tempo e as novas
mentalidades, como costumavam fazer a revista da época.
Seria correto levar em conta fatores sociais, político-econômico
e demográfico – alguns dos quais chegaram a ser apontados
aqui – para explicar as transformações ocorridas. Entretanto,
não devem ser esquecidas as pessoas concretas que, vivendo
os anos dourados com ideias diferentes, ousadia, coragem e
vontade de renovação fizeram com que estes anos tivessem
também outras tonalidades e cores. (DEL PRIORE, 1997, p.
637).

TIREI DO CAPÍTULO 3
“Visto que “muitas mulheres, em especial a mulher nordestina, continuam
sofrendo com o preconceito e estereótipos recebidos pela sociedade”. (SILVA,
2021, p. 12).
“a irregularidade na distribuição de renda e no acesso à cultura e à
escolaridade, privilégio de poucos no Brasil”. (SILVA, 2014 p. 11).

Silva (2014), salienta que a narrativa examina o mais íntimo em cada


uma das mulheres que são apresentadas, as que na busca de melhores
condições de vida, maioria nordestinas, tornam-se vítimas de um país que as
condiciona.

Nessa perspectiva, Rocha (2015) destaca que quando Clarice Lispector expõe
o modo como Macabéa vivia, ela estava mostrando a forma vulnerável de vida
de muitas mulheres que saiam de suas casas em busca de melhores
condições de vida no Sul do Brasil, e que assim como a protagonista, levavam
vidas miseráveis e invisíveis socialmente.

Tais mulheres viviam numa sociedade em que não tinham voz, e por
medo ou até mesmo por não terem conhecimento das normas e direitos que as
protegiam, tinham seus direitos violados cotidianamente, segundo ressaltam
Oliveir e Klein (2020).

“Uma das funções da obra é justamente, mostrar como Macabéa é o retrato de


uma parcela excluída e marginalizada pela sociedade brasileira: as mulheres.”
(MOTA, 2006, p. 48).

“A Macabéa de Clarice Lispector não deixa de ser a


personificação da mulher como ser oprimido. [...] Macabéa
reflete o quadro da indiferença com a miséria e, principalmente,
da inferiorização da mulher, numa sociedade pautada pelo
consumo desenfreado. [...] A personagem de Lispector
representa o quadro da alienação da mulher daquela época,
ainda que de maneira um tanto caricata. Para a sociedade, o
pensamento feminino não tinha a menor relevância, muito já se
fazendo em aceitá-las no mercado de trabalho; mas, para
manter seu emprego, era preciso “não pensar”.” (AMATO;
MASI, 2009, p. 22 - 23).

“Estudar esse grupo social é trazer para o centro as pessoas e objetos que
representam os que vivem marginalizados socialmente [...]”. (VIEIRA, 2018, p.
16).
“Macabéa, além de trazer marcas de uma infância sofrida, era “vítima”
da exclusão social por ser possuidora de todas as características negativas
para a sociedade”. (SILVA, 2012, p. 38 - 39).
Silva (2012) enfatiza que a presença da jovem nordestina era sequer notada na
cidade do Rio de Janeiro, era apenas mais uma no meio daquela multidão.
Machuca (2010) afirma que a nordestina representa tanto a miséria nacional,
quanto as desigualdades econômica e social que o país estava vivendo, a
ponto de se agravarem causando incômodo para os setores políticos.
Macabéa era alguém que “vivia dia após dia como um material descartável,
vítima de uma sociedade capitalista, preconceituosa, e, como afirma o
narrador, totalmente feita contra ela, afinal, ela era o oposto dos preceitos do
agrupamento social”. (VIEIRA, 2018, p.11).
“está ligada ao psicológico do indivíduo, ao auto reconhecimento, ao
isolamento, ao próprio menosprezo, à insatisfação e à inutilidade. ” (VIEIRA,
2018 p. 51).
, “instituição altamente valorizada para a mulher, na época.” (DEL PRIORE,
1997, p.377).
“Também como mulher Macabéa não se encaixava socialmente, pois não era
como as outras mulheres de seu convívio e parecia lhe faltar algo. Ela não
exalava nenhuma sensualidade e não despertava desejo a ninguém”.
(OLIVEIR; KLEIN, 2020, p. 71).
Figueiredo (2018), sublinha que Macabéa não reconhecia sua feminilidade, e
muito menos tinha consciência de seus direitos
“É negada a Macabéa a condição de ser fêmea, os ideais estabelecidos para o
feminino, não correspondem às suas proporções.” (MOTA, 2006, p. 49).
“Ela necessita apenas seguir vivendo, contenta-se com a simplicidade,
com as narrativas do locutor no rádio de pilha. [...] Esses aprendizados para
Macabéa eram mais importantes do que refletir e ter habilidades”.
(NASCIMENTO; SILVA, 2016. p. 27 - 28).

pois, conforme destaca Figueiredo (2018), Macabéa não se atentava


para o mundo a sua volta nem realizava algo relevante. A única função que
desempenhava nem era suficiente para suprir suas necessidades, pois
alimentava-se muito mal, além de que, estava com os dias contados para ser
dispensada do trabalho. A autora ainda salienta que a nordestina cresceu sem
questionar, sendo privada de prazeres e acostumando-se a humilhações
mesmo depois de adulta.

Ela não acrescentava nem inferia sobre qualquer questão, e transparecia a


“total alienação do ser. [...] Sem percepção do mundo, nem de si mesma, não
conseguia captar os acontecimentos que a cercavam”. (MASI; AMATO, 2009,
p.23).
Machuca (2010), destaca que a nordestina resiste ao sistema que tentavam lhe
impor, principalmente através do silêncio, pois, “sua simplicidade e pureza
podem ser vistas como armas de enfrentamento, ainda que inconscientemente,
já que ela nunca se privara de si mesma, apesar das investidas do sistema e
dos outros que a cercavam.” (MACHUCA, 2010, p. 48).

A jovem nordestina não acrescentava e nem interferia sobre qualquer situação,


ela apenas existia com simplicidade, o que pode ser visto como uma forma de
resistência por ela não se submeter a padrões preestabelecidos socialmente.
Ela não se importava em ser diferente, apenas vivia sem incomodar.

, por conseguinte, “Glória sim encarna os padrões estabelecidos para o


feminino. É desejada, representa o que o "outro", no caso, o masculino deseja:
"carnes fartas". (MOTA, 2006, p. 49).
“Glória, apesar de ser colega de trabalho de Macabéa e ocupar
o mesmo espaço que ela diariamente, é uma personificação de
um perfil oposto ao de Macabéa. Isso porque o perfil de Glória
correspondia a um padrão de uma mulher branca, com um
corpo que correspondia aos padrões estéticos ideais e ainda
tinha uma família para lhe auxiliar. [...] Glória era segura de si e
chamava a atenção, pois além dessas caraterísticas tinha um
comportamento que demonstrava sua autoestima”.
(FIGUEIREDO, 2018, p. 22 – 23).

, visto que troca a moça nordestina por sua colega de serviço, que afinal, tinha
afeto, comida na mesa, e o pai era açougueiro.” (VIEIRA, 2018, p.11).
“Olímpico diz que quer ser deputado e Macabéa nem ao menos sabe o que é
um deputado.” (MACHUCA, 2010, p. 35).
Nessa perspectiva, conforme menciona Silva (2012), para que o indivíduo
tivesse alguma importância no ambiente capitalista que o Brasil se encontrava,
precisaria contribuir com seu crescimento financeiro, e esse não era o caso da
nordestina, que em nada colaborava e sua existência dava mais prejuízos do
que retornos satisfatórios.
Consoante a isso, Silva (2012) também reforça as assertivas num
destaque para o anonimato que a nordestina se encontrava.

Pode-se notar isso, por exemplo, quando fala do médico de pobres, do


consumismo, da prostituição da mulher e também, na própria história de
Macabéa”. (BAIA; SILVA, 2013, p. 46

É preciso “denunciar a vida precária de tantos brasileiros que se sentem


como estrangeiros em sua própria pátria, que servem apenas como
instrumento de exploração, Macabéa, então, representaria tantas outras
moças. ” (DUARTE, 2011, p.27).
“Macabéa teve apenas a si mesma durante a vida e na hora da morte.
Sua estranheza, suas origens e seu modo de agir na grande metrópole a fez
viver e morrer sozinha, foi para ela mesma última presença e último calor.”
(DUARTE, 2011, p.45).

e “termina literalmente “esmagada” pelo sistema de valores e padrões


pautados numa sociedade regida pela “técnica” e pelo “progresso”.”
(NASCIMENTO; SILVA, 2016, p. 27).

Macabéa termina oprimida pelo sistema e padrões regidos pela sociedade, ela
termina sozinha,

TIREI DO CAPÍTULO DE ANÁLISE


É como se ela revisitasse suas origens, e A hora da estrela fosse seu
autorretrato, visto que diversos momentos da narrativa fazem jus a vida da
autora antes de morar no Rio de Janeiro. Pode-se citar a orfandade precoce de
Clarice, que perdeu sua mãe quando tinha nove anos de idade, e é um dos
temas que aparecem na narrativa, semelhante ao da vida de Macabéa, que era
órfã de ambos os pais. Essa ocorrência na vida de Clarice Lispector se
evidencia em suas narrativas e contribuíram para a construção da sua
identidade literária que é refletida em suas obras. Além da ausência dos laços
maternos de suas personagens, percebe-se também a ausência de uma
identidade feminina, Macabéa é um exemplo. Em seu outro romance, A paixão
segundo G.H (1964), nota-se uma personagem feminina que está à procura de
sua identidade e do conhecimento interior no romance. (profª: Acho “perigoso” fazer
essa relação autor/obra. Se possível, retire ou refaça esse trecho.)

Colocar no segundo parágrafo do tópico: 4.3 Pobreza, migração,


orfandade e morte social

A narrativa não é ingênua, pois, toda escrita pressupõe um receptor, e o


leitor se sente representando pela protagonista em vários momentos. Seja
pelos direitos humanos não assistidos, acesso à educação precária, ou mesmo
pela posição social desfavorecida em relação aos outros personagens. No que
diz respeito à mulher, a auto-identificação ocorre de forma bem mais intensa,
uma vez que além de todos os problemas sociais, a jovem representa os
anseios femininos, o corpo subjugado e os padrões estéticos nos quais ela não
se encaixava. De tão próxima que Macabéa é do leitor, a construção da
narrativa possibilita a sensação de viver no mundo fictício da obra, portanto,
ainda que não haja a identificação com a protagonista pela pobreza material,
há pela falta do essencial. Reconhecemo-nos em Macabéa em alguma
instância.

Fazer conexão entre minhas anotações e o que acredito ser o propósito


do autor. Como ele usou os dispositivos literários para transpor as ideias que
tinha. Efeitos conotativos das palavras. Figuras de linguagem.

Definir um elemento da história que exemplifique a ideia principal da


obra para mim. O que se destaca nesse assunto? Porque parece importante.

Falar em como a autora usa descrições ou outros recursos para


construir um mundo realista para os leitores.

Conectar todos os parágrafos à tese principal, ajudando o leitor a


entender qual é o meu ponto de vista.

Por que o tema?


Entender não é uma questão de inteligência, mas sim de sentir. Ou toca ou não toca.
Clarice Lispector.
A temática feminina foi algo que sempre me provocou. Na redação do capítulo sobre a
historiografia feminina e principalmente na leitura do livro da Michelle Perrot por vezes
eu abandonava a leitura pois não aguentava ler o que as mulheres passaram, para
que pudéssemos estar nesta posição por exemplo, e quando eu li A hora da estrela foi
a junção perfeita pra mim, pois muitos traços da protagonista e como ela era vista e
tratada na sociedade, refletia muito muito a historiografia feminina e também como
algumas mulheres, principalmente as da classe baixa são tratadas na sociedade. Não
posso dizer que ele representa todas as mulheres, mas tenho certeza que quem ler A
hora da estrela vai se ver representado por Macabéa em algum momento, em alguma
instância.

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