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Toda avaliação é diagnóstica na medida em que possibilita o levantamento de
informações sobre determinado contexto. Porém, ela assume essa tipologia formalmente
quando seu objetivo é fornecer um diagnóstico de determinada situação educacional.
Seu objetivo é gerar informações que deem suporte ao planejamento de ações
educacionais futuras.
Avaliação somativa
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Está diretamente relacionada ao fim de um processo educacional. Ela mensura o alcance
dos objetivos pré-definidos, realiza uma análise somatória do processo de ensino-
aprendizagem e dos efeitos de uma política educacional, por exemplo.
Este tipo de avaliação permite analisar os efeitos de uma sequência de ações, tendo em
vista a produção de resultados esperados. Os dados obtidos permitem verificar,
classificar, certificar e informar sobre o aprendizado dos estudantes ao final de um
processo e sobre os efeitos de políticas educacionais.
Avaliação formativa
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Está diretamente ligada ao processo de formação, sendo realizada durante o processo de
aprendizagem. Possui caráter pedagógico, tendo como foco o currículo. Sua finalidade
está incorporada ao ato de ensinar, de modo a permitir o acompanhamento do
desenvolvimento dos estudantes ao longo de determinado período. Ela permite
identificar se os objetivos de aprendizagem previstos no currículo para determinado
período estão sendo ou foram alcançados.
Para saber qual diagnóstico é o mais coerente com o planejamento pedagógico e curricular, é
preciso ter clareza sobre os objetivos de aprendizagem: onde os estudantes devem chegar no
final do processo?
A verificação daquilo que os estudantes são capazes de saber (fazer), com base nos conteúdos
previstos no currículo e trabalhados em sala de aula, é fundamental para um diagnóstico eficaz e
preciso sobre o processo de aprendizagem. E também para o posterior direcionamento das
intervenções pedagógicas mais assertivas e adequadas às necessidades de cada estudante ou
grupo de estudantes.
Como equilibrar a recomposição das aprendizagens e a implementação integral do currículo?
Apesar de todas as estratégias de intervenção, realizadas a partir do período presencial, o
esforço ainda não foi suficiente para recompor as aprendizagens. Por isso, ainda devem
ser empreendidas ações de recuperação, conjugando União, estados e municípios. O processo de
recomposição e a promoção das aprendizagens alinhado aos currículos precisam continuar, o
que implica uma série de ações conectadas aos processos desenvolvidos nos últimos anos.
O ano de 2023 não pode ser pensado isoladamente. Ao contrário, devemos entendê-lo como um
ciclo contínuo que abarca 2022 e 2021. Esse fato exige a articulação de todos os esforços
realizados ao longo desse período com vistas à recomposição da aprendizagem. Se nos anos
anteriores, grande parte do planejamento consistiu na priorização curricular, precisamos trazer
para o presente toda a discussão, conhecimentos, práticas pedagógicas e experiências antes
adquiridas. E refletir sobre as questões fundamentais que nortearam e deram sentido a todas
essas ações:
Dentro dessa lógica de recuperação das aprendizagens, é necessário não apenas rever o que foi
priorizado, mas realizar avaliações diagnósticas, destinadas a delinear o nível de desempenho
dos alunos. Os esforços pedagógicos devem ser realizados a partir do que foi aprendido pelos
estudantes e, também, pelos educadores e o que ainda deve ser recuperado e consolidado.
Portanto, devido à dimensão do presente desafio, 2023 não pode ser entendido como um
simples ano letivo, pois os educadores precisam definir a recomposição das aprendizagens a
partir das estratégias coletivas dos anos passados. Como parte desse ciclo contínuo, o professor
deve se apropriar dos resultados dos diagnósticos aplicados, acolher afetivamente os alunos,
elaborar uma nova avaliação de entrada, comparar os dados para, de fato, ingressar no ano novo.
ÇÃO 3
Apropriação e uso dos
resultados da avaliação para a
melhor gestão do currículo
Até o momento, foi discutida nesta aula, a importância das ações pedagógicas da escola
estarem respaldadas nas evidências apontadas pelas avaliações externas além da
importância da BNCC e dos Referenciais Curriculares Amapaenses para se pensar o
conteúdo a ser trabalhado com os alunos.
Para que o planejamento seja incorporado com sucesso no âmbito escolar, deve ser elaborado a
partir da apropriação de evidências e informações que subsidiem a tomada de decisões dos
atores educacionais. Neste sentido, as evidências contribuem na implementação de ações
interventivas que asseguram a qualidade da aprendizagem em sala de aula.
Na escola, o exercício do planejamento pressupõe uma ação reflexiva, viva e contínua, que se
apresenta nos planos de ensino e nos projetos escolares. Para isso, são considerados o cenário
escolar e o currículo, bem como o conjunto de atividades necessárias para a melhoria da
aprendizagem. A atividade de planejar exige, portanto, uma intencionalidade educativa, que se
traduz nos objetivos, valores, conteúdos e modos de agir dos educadores que atuam na
instituição.
SEÇÃO 1
Avaliação e o processo de
tomada de decisão
Com a conquista da quase universalização do acesso ao Ensino Fundamental, as
políticas públicas educacionais passaram a enfrentar um novo desafio: a manutenção do
estudante em sala de aula e a melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem,
ou seja, a permanência e o sucesso do estudante em sua trajetória educacional.
A partir da década de 1990, as avaliações em larga escala passaram a contribuir para a melhoria
da qualidade do ensino na rede educacional. Mediante seu uso constante e efetivo, foi possível
delinear avanços e retrocessos no processo de escolarização. Os dados apresentados aos atores
educacionais passaram a ser objeto de análise e se tornaram evidência para o direcionamento de
estratégias de intervenção, tanto no planejamento pedagógico, quanto no desenho de políticas
públicas voltadas à melhoria da qualidade da educação.
nda foram criadas séries históricas com informações sobre a participação e desempenho de
alunos nos testes, das escolas e da rede de ensino. A coleta, divulgação e apropriação coletiva e
colaborativa das evidências está contribuindo para a construção de um novo modelo de
educação em direção aos princípios da Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
especialmente educação integral, igualdade e equidade. Dentro desse processo, as avaliações
em larga escala contribuem para alcançar, na prática, uma educação democrática.
É um princípio de justiça social, que supõe o respeito às diferenças como condição para
se atingir a igualdade. Esse princípio permite demonstrar que igualdade não
significa homogeneidade, isto é, o não reconhecimento de diferenças entre as pessoas. Obter
igualdade exige a disposição de reconhecer o direito de cada um em ter reconhecidas suas
necessidades. O direito em ter diferenças reconhecidas é que constitui a equidade. Por vezes, a
noção de universalidade é distorcida por uma leitura imediatista e pragmática, que lhe atribui o
significado de homogeneidade e não do respeito à heterogeneidade. A noção de equidade se
torna mais clara quando analisamos as situações a partir das desigualdades, mediata ou
imediatamente vividas. A equidade é parte intrínseca da justiça social. Constitui um valor ético e
civilizatório. A justiça social é entendida com um corretivo da justiça legal. (SPOSATI, 1996,
recurso online).
Para a autora (Fortaleza, 2021), o primeiro passo, antes da apropriação dos resultados, consiste
na divulgação dos dados para a rede de ensino e/ou escolas. Ou seja, a primeira fase é a
divulgação das informações coletadas pelas avaliações em larga escala para, em seguida,
aprofundar a reflexão com a apropriação das informações (segunda fase). Os testes das
avaliações externas servem ao propósito de identificar as dificuldades de aprendizagem e,
sobretudo, sinalizar os ajustes de rumos. Permitem, ainda, verificar resultados alcançados (ou
não) em determinada etapa do trabalho pedagógico, estimulando, se necessário, novos caminhos
para que seja possível avançar no aprendizado dos estudantes. Avaliação e monitoramento são
duas faces interdependentes da gestão, essenciais, como dissemos, para a conquista da igualdade
e da equidade no âmbito escolar.
Rotineiramente, o professor realiza suas próprias avaliações em sala de aula com vistas a
identificar os avanços da aprendizagem, isto é, o processo avaliativo interno. Os resultados
obtidos podem se somar às evidências coletadas pelos testes de larga escala de maneira que os
atores educacionais passem a dispor de dados que, é bom ressaltar, não existem em si mesmos,
mas sim como estratégias que contribuem para assegurar a melhoria da qualidade educacional.
Portanto, as avaliações (externas e/ou internas) são meios que atuam, conjuntamente, para a
melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Elas se complementam, interagem
reciprocamente e contribuem para reflexões e ações pedagógicas condizentes com as
necessidades dos estudantes.