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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
NO CONTEXTO DO SUS
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3 UNIDADE 1 - Introdução
6 UNIDADE 2 - A Saúde no Brasil
6 2.1 A atenção básica de saúde

8 2.2 Marcos históricos e legais – uma breve retrospectiva até o SUS

11 2.3 O Sistema Único de Saúde

14 2.4 Política Nacional de Atenção às Urgências

16 UNIDADE 3 - Conceitos Básicos


18 3.1 Urgência

SUMÁRIO
18 3.2 Emergência

18 3.3 Pronto-socorro

18 3.4 Sala de Urgência

19 3.5 Recursos

20 UNIDADE 4 - Organização e Estrutura para Atendimento de Urgências e Emergências


20 4.1 Organização

21 4.2 Estrutura

25 UNIDADE 5 - Diretrizes da Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE)


25 5.1 O plano de ação regional

26 5.2 Promoção, prevenção e vigilância em saúde

28 5.3 Atenção básica

31 UNIDADE 6 - Componentes da RUE


31 6.1 Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU)

32 6.2 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)

33 6.3 Urgência e emergência em Unidade hospitalar

34 6.3.1 Hospital geral 34

34 6.3.2 Hospital Especializado Tipo I

34 6.3.3 Hospital Especializado Tipo II

35 6.4 Leitos de retaguarda

35 6.5 Unidades e Hospitais Especializados de Cuidados Prolongados (UCP e HCP)

38 6.6 SOS Emergências

39 6.7 Atenção ao paciente crítico

40 6.8 Atenção domiciliar

41 6.9 Força Nacional-SUS

43 REFERÊNCIAS
45 ANEXOS
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UNIDADE 1 - Introdução

A abordagem do tema urgência e e eficaz de dados objetivos e subjetivos


emergência é muito complexa. Se pen- do cliente. Igualmente existem dilemas
sarmos no contexto do Sistema Único éticos que atingem a prestação de cui-
de Saúde (SUS), aumenta essa comple- dados ao cliente criticamente doente e
xidade, principalmente porque envolve aos clientes em situações de emergência
a necessidade de mobilização coletiva e (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006).
onde os riscos de sequelas permanentes
Mas ainda não é chegado o momento
ao usuário e/ou risco de morte estão em
de discutirmos essas dimensões do cui-
jogo. Sem querer julgar ou apontar erros,
dado em urgência e emergência. O foco
acertos, problemas, desajustes, com-
do momento é a Rede de Atenção à Saú-
petências, o noticiário e as reportagens
de (RAS) e a Rede de Atenção às Urgên-
mostram cotidianamente os problemas
cias e Emergências (RUE).
enfrentados por aqueles que necessitam
dos serviços de saúde no país, tanto que A Rede de Atenção à Saúde (RAS) é
temos ai no seu auge, o programa “Mais definida como arranjos organizativos de
Médicos”. Mas a verdade é que o SUS é a ações e serviços de saúde, de diferentes
porta de entrada dos milhões de brasi- densidades tecnológicas, que, integra-
leiros que se encontram em situações de dos por meio de sistemas de apoio técni-
risco de morte. co, logístico e de gestão, buscam garan-
tir a integralidade do cuidado (Portaria
A área de urgência e emergência
MS/GM nº 4.279, de 30 de dezembro de
compreende a assistência pré-hospita-
2010). Caracterizam-se pela formação de
lar realizada nos locais onde a vítima se
relações horizontais entre os pontos de
encontra, exigindo do profissional de en-
atenção, sendo a Atenção Primária à Saú-
fermagem qualificação para oferecer os
de o centro de comunicação.
cuidados imediatos e seguros ao pacien-
te, qualquer que seja seu estado, bem Entre as redes de atenção prioritárias
como compreende também os prontos- do Ministério da Saúde, a Rede de Aten-
-socorros, de todo modo saber diferen- ção às Urgências foi constituída conside-
ciar urgência de emergência é o primeiro rando que o atendimento aos usuários
passo para planejar o atendimento à víti- com quadros agudos deve ser prestado
ma (SANTOS, 2012). por todas as portas de entrada dos ser-
viços de saúde do SUS, possibilitando a
A enfermagem em cuidados intensi-
resolução integral da demanda ou trans-
vos e a enfermagem em emergência, em
ferindo-a, responsavelmente, para um
parceria com a equipe multiprofissional,
serviço de maior complexidade, dentro
têm um objetivo comum de restabelecer
de um sistema hierarquizado e regulado,
a estabilidade hemodinâmica do clien-
organizado em redes regionais de aten-
te criticamente doente e as decisões da
ção às urgências enquanto elos de uma
triagem requerem o julgamento rápido
rede de manutenção da vida em níveis
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crescentes de complexidade e responsa- cia/encaminhamento a outros pontos de


bilidade (Portaria MS/GM n. 1.600, de 7 atenção, quando necessário, com a im-
de julho de 2011). plantação de acolhimento com avaliação
de riscos e vulnerabilidades;
A organização da Rede de Atenção às
Urgências tem a finalidade de articular e Serviço de Atendimento Móvel de
integrar no âmbito do SUS todos os equi- Urgência (SAMU 192) e suas Centrais
pamentos de saúde, objetivando ampliar de Regulação Médica das Urgências
e qualificar o acesso humanizado e inte- – objetiva chegar precocemente à vítima
gral aos usuários em situação de urgên- após ter ocorrido um agravo à sua saúde
cia nos serviços de saúde de forma ágil (de natureza clínica, cirúrgica, traumáti-
e oportuna, e deve ser implementada ca, obstétrica, pediátrica, psiquiátrica,
gradativamente, em todo o território na- entre outras) que possa levar a sofri-
cional, respeitando-se os critérios epide- mento, sequelas ou mesmo à morte, sen-
miológicos e de densidade populacional. do necessário garantir atendimento e/ou
Constituem a base do processo e dos transporte adequado para um serviço de
fluxos assistenciais de toda a Rede de saúde devidamente hierarquizado e in-
Atenção às Urgências o acolhimento com tegrado ao SUS;
classificação do risco, a qualidade e a re-
Sala de Estabilização – objetiva
solutividade na atenção, que devem ser
funcionar como local de assistência tem-
requisitos de todos os pontos de atenção
porária para estabilização de pacientes
(BRASIL, 2013).
críticos/graves, vinculado a um equipa-
É composta pelos seguintes com- mento de saúde, articulado e conectado
ponentes: aos outros níveis de atenção, para poste-
rior encaminhamento à Rede de Atenção
Promoção, Prevenção e Vigilân- à Saúde pela Central de Regulação das
cia à Saúde – objetiva estimular e fo- Urgências;
mentar o desenvolvimento de ações de
saúde e educação permanente voltadas Força Nacional de Saúde do SUS
para a vigilância e prevenção das vio- – objetiva aglutinar esforços para ga-
lências e acidentes, das lesões e mortes rantir a integralidade na assistência em
no trânsito e das doenças crônicas não situações de risco ou emergenciais para
transmissíveis, além de ações interse- populações com vulnerabilidades espe-
toriais, de participação e mobilização da cíficas e/ou em regiões de difícil acesso,
sociedade, visando à promoção da saúde, pautando-se pela equidade na atenção,
prevenção de agravos e vigilância à saú- considerando-se seus riscos;
de; Unidades de Pronto-Atendimen-
Atenção Básica em Saúde – objetiva to (UPA 24h) e o Conjunto de Serviços
a ampliação do acesso, fortalecimento do de Urgência 24 horas – objetiva prestar
vínculo e responsabilização e o primeiro atendimento resolutivo e qualificado aos
cuidado às urgências e emergências, em pacientes acometidos por quadros agu-
ambiente adequado, até a transferên- dos ou agudizados de natureza clínica e
prestar primeiro atendimento aos casos
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de natureza cirúrgica ou de trauma, esta- mas não menos científicos. Em segundo


bilizando os pacientes e realizando a in- lugar, deixamos claro que este módulo é
vestigação diagnóstica inicial, definindo, uma compilação das ideias de vários au-
em todos os casos, a necessidade ou não tores, incluindo aqueles que considera-
de encaminhamento a serviços hospita- mos clássicos, não se tratando, portanto,
lares de maior complexidade; de uma redação original e tendo em vista
o caráter didático da obra, não serão ex-
Atenção Hospitalar – objetiva or-
pressas opiniões pessoais.
ganizar a atenção às urgências nos hos-
pitais, atendendo à demanda espontâ- Ao final do módulo, além da lista de
nea e/ou referenciada, e funcionar como referências básicas, encontram-se ou-
retaguarda para os outros pontos de tras que foram ora utilizadas, ora somen-
atenção às urgências de menor comple- te consultadas, mas que, de todo modo,
xidade. É constituído pelas Portas Hos- podem servir para sanar lacunas que por
pitalares de Urgência, pelas enfermarias ventura venham a surgir ao longo dos es-
de retaguarda clínicas e de longa perma- tudos.
nência, pelos leitos de cuidados inten-
sivos e pela reorganização das linhas de
cuidados prioritárias: Cardiologia – Infar-
to Agudo do Miocárdio (IAM), Neurologia
e Neurocirurgia – Acidente Vascular Ce-
rebral (AVC) e Traumatologia;

Atenção Domiciliar – objetiva a re-


organização do processo de trabalho das
equipes que prestam cuidado domiciliar
na atenção básica, ambulatorial e hospi-
talar, com vistas à redução da demanda
por atendimento hospitalar e/ou redução
do período de permanência de pacientes
internados, a humanização da atenção, a
desinstitucionalização e a ampliação da
autonomia dos usuários (BRASIL, 2013).

Veremos cada um desses componen-


tes em seus pormenores.

Ressaltamos em primeiro lugar que


embora a escrita acadêmica tenha como
premissa ser científica, baseada em nor-
mas e padrões da academia, fugiremos
um pouco às regras para nos aproximar-
mos de vocês e para que os temas aborda-
dos cheguem de maneira clara e objetiva,
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UNIDADE 2 - A Saúde no Brasil

2.1 A atenção básica de saú- Para Novaes (2004), os serviços de saú-


de são hoje estruturas organizacionais e
de técnicas extremamente diversificadas,
O Brasil é um país de dimensões conti- incluindo desde consultórios individuais e
nentais, que quando se descortina à nos- unidades básicas até hospitais terciários
sa frente nos mostra municípios e regiões e especializados, bem como serviços de
brasileiras vivendo os mais diversificados apoio diagnóstico e terapêutico. A condi-
contextos e nos levam a perceber que a ção essencial para sua identificação é ser o
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) espaço onde se localizam os profissionais e
– nosso sistema de saúde atual – tem uma as tecnologias materiais responsáveis pela
missão muito complexa e desafiadora, realização da atenção à saúde da popula-
principalmente em se tratando de partici- ção.
par da construção de uma sociedade mais
Ainda de acordo com as análises de No-
justa e igualitária.
vaes, os serviços se transformam continu-
Para o SUS atingir os seus objetivos, amente no que diz respeito ao perfil tanto
é preciso qualificar permanentemente a dos profissionais, com uma ampliação nas
gestão pública de saúde em todas as es- categorias inseridas nos processos assis-
feras governamentais, pois ao gestor pú- tenciais, com especialização horizontal
blico, em qualquer nível que se encontre, (tipos de profissionais) e vertical (tipos de
federal, estadual ou municipal, cabe uma especialistas nas categorias profissionais),
grande responsabilidade. Eles não são me- quanto das tecnologias materiais incorpo-
ros agentes administrativos. Eles formu- radas e dos procedimentos diagnósticos e
lam e produzem políticas e estratégias ins- terapêuticos realizados. Isso faz com que
titucionais, dirigem, comandam, conduzem os serviços de saúde, atualmente sempre
e difundem as decisões. integrados a “sistemas de atenção à saú-
de”, constituam-se em objetos que desa-
Muito além de qualificar os gestores,
fiam categorizações e dificultam as aná-
precisamos de uma equipe multiprofissio-
lises que buscam identificar e mensurar a
nal, qualificada, e, evidentemente, estru-
sua participação e o seu impacto sobre os
tura física equipamentos que deem o su-
problemas de saúde de populações especi-
porte básico para as múltiplas dimensões
ficadas.
de necessidades da população.
Enfim, poderíamos dizer que os serviços
Segundo a ANVISA (2007), Serviços de
de saúde possuem duas funções básicas:
Saúde são estabelecimentos destinados a
cuidar da doença e prevenir a doença, atra-
promover a saúde do indivíduo, protegê-lo
vés da fiscalização de ambientes propícios
de doenças e agravos, prevenir e limitar os
ao surgimento de doenças e das mais di-
danos a ele causados e reabilitá-lo quando
versas campanhas de conscientização da
sua capacidade física, psíquica ou social for
população.
afetada.
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Qualquer tentativa de definir conden- saúde, os municípios e o Distrito Federal


sadamente a atenção básica à saúde, não são os responsáveis pelo cumprimento dos
conseguiria o intento, portanto, eis na ín- princípios da Atenção Básica, pela organi-
tegra a sua concepção segundo o Ministé- zação e execução das ações em seus terri-
rio da Saúde, que nos mostra ser a atenção tórios.
básica, a sua condição mais próxima de ser-
viço de saúde para a população:
Sucintamente, temos abaixo as res-
ponsabilidades de cada esfera gesto-
A Atenção Básica caracteriza-se por um ra em relação a atenção básica:
conjunto de ações de saúde, no âmbito
individual e coletivo, que abrangem a pro- a) Nível Federal:
moção e a proteção da saúde, a prevenção elaborar as diretrizes da política na-
de agravos, o diagnóstico, o tratamento, cional de atenção básica;
a reabilitação e a manutenção da saúde. É
desenvolvida por meio do exercício de prá- cofinanciar o sistema de atenção bá-
ticas gerenciais e sanitárias, democráticas sica;
e participativas, sob forma de trabalho em ordenar a formação de recursos hu-
equipe, dirigidas a populações de territó- manos;
rios bem delimitados, pelas quais assume
a responsabilidade sanitária, consideran- propor mecanismos para a progra-
do a dinamicidade existente no território mação, controle, regulação e avaliação da
em que vivem essas populações. Utiliza atenção básica;
tecnologias de elevada complexidade e manter as bases de dados nacionais.
baixa densidade, que devem resolver os
problemas de saúde de maior frequência b) Estadual:
e relevância em seu território. É o conta-
acompanhar a implantação e execu-
to preferencial dos usuários com os siste-
ção das ações de atenção básica em seu
mas de saúde. Orienta-se pelos princípios
território;
da universalidade, da acessibilidade e da
coordenação do cuidado, do vínculo e con- regular as relações intermunicipais;
tinuidade, da integralidade, da responsabi-
coordenar a execução das políticas
lização, da humanização, da equidade e da
de qualificação de recursos humanos em
participação social (BRASIL, 2007).
seu território;
A Atenção Básica considera o sujeito em
cofinanciar as ações de atenção bási-
sua singularidade, na complexidade, na in-
ca;
tegralidade e na inserção sociocultural e
busca a promoção de sua saúde, a preven- auxiliar na execução das estratégias
ção e tratamento de doenças e a redução de avaliação da atenção básica em seu ter-
de danos ou de sofrimentos que possam ritório.
comprometer suas possibilidades de viver
c) Municipal:
de modo saudável (BRASIL, 2007).
definir e implantar o modelo de aten-
Como gestores dos sistemas locais de
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ção básica em seu território; participação popular – participa-


contratualizar o trabalho em atenção ção dos usuários dos serviços de saúde e
básica; da sociedade civil organizada, através dos
Conselhos de Saúde (permanentes, deli-
manter a rede de unidades básicas de berativos e paritários) e das Conferências
saúde em funcionamento (gestão e gerên- de Saúde (periódicas, consultivas e paritá-
cia); rias); que completou, em 2008, 20 anos de
existência.
cofinanciar as ações de atenção bási-
ca; Foi a partir da promulgação da Constitui-
ção Federal, em 1988, que a saúde passou
alimentar os sistemas de informação;
a ser direito de todos e dever do Estado,
avaliar o desempenho das equipes de prevendo a redução do risco de doenças e
atenção básica sob sua supervisão (BRA- outros agravos e acesso universal e igua-
SIL/DAB, 2007). litário às ações e serviços para promoção,
proteção e recuperação da saúde, que de-
2.2 Marcos históricos e le- vem ser garantidos por meio da adoção de
políticas públicas, sociais e econômicas.
gais – uma breve retrospec-
A organização da rede de serviços de
tiva até o SUS
saúde, de forma regionalizada (local, mu-
Para falarmos do atual sistema de saú-
nicipal, regional, estadual e federal) e hie-
de pública que está em vigência no Brasil,
rarquizada (atenção básica, atenção de
precisamos voltar no tempo e relembrar
média e alta complexidade ambulatorial e
alguns fatos importantes que marcaram a
hospitalar), se deu com a implantação do
saúde no Brasil no século XX, ressaltando
Sistema Único de Saúde (SUS), que foi re-
de antemão as garantias decorrentes da
gulamentado em 19 de setembro de 1990
atenção à saúde no Brasil:
através da lei nº 8.080.
universalidade – direito a todas as Esta lei define o funcionamento do SUS,
pessoas ao atendimento público de saúde,
instituindo-o legalmente como um siste-
independentemente de sexo, raça, renda,
ma dinâmico de organização contínua e
ocupação ou outras características sociais
crescente das ações de atenção à saúde
ou pessoais;
do povo brasileiro. Fazem parte do SUS as
equidade – significa atenção à saú- equipes de Saúde da Família; as Unidades
de com recursos e serviços de forma justa, Básicas de Saúde (UBS); hospitais públicos
alocando mais a quem tem menos, a fim de municipais, estaduais e federais – incluin-
reduzir as desigualdades; do os universitários; fundações e insti-
tutos de pesquisa (como Butantã, Adolfo
integralidade – atender a pessoa Lutz e Vital Brasil); laboratórios; hemocen-
como um todo com a realização de ações tros (bancos de sangue); serviços de Vigi-
de atenção à saúde na sua totalidade, quer lância Sanitária, Vigilância Epidemiológica
seja curativa, preventiva, individual ou co- e Vigilância Ambiental; além de hospitais e
letiva; e, serviços privados de saúde contratados ou
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conveniados pelo Poder Público. forma de organização e financiamento da


saúde durou mais de três décadas.
O nascimento da saúde pública no Brasil
deu-se na transição do século XIX para o Na década de 1960, foram unificados
século XX, no período compreendido entre para criar o Instituto Nacional de Assis-
o fim da monarquia e o início da “Repúbli- tência Médica e Previdência Social. Em 21
ca Velha”. Configurou-se em um processo de novembro de 1966, durante o governo
de elaboração de normas e organizações militar no Brasil, foi promulgado o Decre-
sanitárias e de mudança nas práticas do- to-Lei nº 72, que unificou os Institutos de
minantes até então. Ficou conhecido como Aposentadoria e Pensões e criou o Insti-
“sanitarismo campanhista”, tendo sido tuto Nacional de Previdência Social (INPS).
marcante nos estados do Rio de Janeiro e Após 11 anos, a lei nº 6.439, de 1º de se-
São Paulo, visando principalmente sanear tembro de 1977, estabelece o Sistema Na-
os espaços de circulação das mercadorias cional de Previdência e Assistência Social
exportáveis predominando até meados (Sinpas) e cria como autarquia federal o
dos anos 1960. Instituto Nacional de Assistência Médica
da Previdência Social (Inamps).
Na década de 1920 surgem, no bojo da
industrialização incipiente, as Caixas de Assim, o Inamps passou a prestar o aten-
Aposentadoria e Pensões (CAPs), organi- dimento médico–hospitalar, que continuou
zadas pelas empresas e administradas com sendo apenas aos que contribuíam com a
a participação dos trabalhadores, regu- previdência social, ou seja, aos emprega-
lamentadas por lei. Elas foram a primeira dos com carteira profissional assinada. O
participação do Estado brasileiro na assis- atendimento à saúde era condicionado ao
tência individual à saúde, mas a acessibili- pagamento da previdência.
dade e o alcance dessas CAPs era limitado
O Inamps contava com uma rede própria
a algumas empresas ligadas ao comércio
de serviços, que foi incorporada por decre-
exportador, ferroviário, marítimo e ban-
to ao Ministério da Saúde, em 1990 e, com
cário (CARPINTERO; GARCIA, 2000 apud
a regulamentação do SUS, transferida par-
LORA, 2004).
cialmente às Secretarias Estaduais da Saú-
No início de 1930, existiam mais de 180 de. Somente em 27 de julho de 1993, com a
Caixas (daí vem a expressão, usada até lei nº 8.689, ocorre a extinção do Inamps e
hoje, de que as pessoas que estão em licen- a totalidade de suas atividades finalmente
ça médica estão na Caixa), e Getúlio Vargas são incorporadas ao Ministério da Saúde,
reestruturou a Previdência Social, incor- porém, sem a transferência corresponden-
porando praticamente todas as categorias te dos recursos financeiros, gerando a cri-
de trabalhadores urbanos. Assim, foram se financeira da saúde que se estende até
criados seis grandes institutos nacionais os dias atuais.
de previdência por categoria profissional,
Esta situação compõe os marcos admi-
os chamados Institutos de Aposentadoria
nistrativos nas políticas de saúde pública
e Pensão (IAPs), cujo financiamento dos
no Brasil de 1923 a 1975, período em que é
benefícios era repartido entre trabalhado-
possível evidenciar a duplicidade assistên-
res, empregadores e governo federal. Esta
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cia/previdência, caracterizada pelo privilé- em áreas rurais) ou recorriam às Santas


gio exercido pela prática médica curativa, Casas, geralmente quando a enfermidade
individual, assistencialista e especializa- era grave, que as cuidava e abrigava até a
da, em detrimento da saúde pública, bem morte.
como o desenvolvimento de um sistema
Na década de 1970, desde o seu início,
que priorizava a capitalização da medicina
vários estudos e pesquisas foram sendo
e a sua produção privada.
publicados, demonstrando que o mode-
O Ministério da Saúde esteve, desde sua lo de desenvolvimento que o Brasil tinha
origem, ligado às ações preventivas por adotado concentrava renda, não distribuía
meio de campanhas sanitárias, assumindo, benefícios sociais e, portanto, tratava mal
na área de assistência médica, apenas as a saúde de sua população.
funções de criação e manutenção de gran-
Em 1975, a Lei nº 6229, organizou o
des hospitais para enfermidades crônicas
Sistema Nacional de Saúde e estabeleceu
(OIKAWA, 2001 apud LORA, 2004).
as principais competências das distintas
Com o golpe militar de 1964, os insti- esferas de governo. Essa organização ti-
tutos de previdência foram unificados no nha forte característica centralizadora no
Instituto Nacional de Previdência Social nível federal e nítida dicotomia entre as
(INPS), sob controle estatal. A criação do ações coletivas (competência do Ministé-
Fundo de Assistência e Previdência do Tra- rio da Saúde) e individuais (competência
balhador Rural (Funrural), incluiu os traba- do Ministério da Previdência e Assistência
lhadores rurais no sistema previdenciário. Social), o que fazia com que não se estabe-
Posteriormente, mediante contribuição lecesse um comando único em cada esfe-
individual, os benefícios foram estendidos ra de governo. No nível federal, além das
aos empregados domésticos e trabalhado- competências do Ministério da Previdên-
res autônomos. cia e Assistência Social e do Ministério da
Saúde, também se definiam competências
Desta forma, ampliou-se o acesso à as-
para os Ministérios da Educação, do Traba-
sistência médica da população brasileira,
lho e do Interior.
porém apenas uma fração da sociedade ti-
nha o direito ao acesso aos serviços: aque- Esse sistema recebeu fortes críticas de
les que contribuíam previamente à previ- setores acadêmicos (Universidades, De-
dência, ou seja, o restante da população, partamentos de Medicina Preventiva e So-
que não tinha carteira de trabalho assina- cial e Escolas de Saúde Pública) e de seto-
da (lembrando que as mulheres nesta épo- res da sociedade civil.
ca não faziam parte do mercado formal de
Já na década de 1980, principalmente a
trabalho, ou seja, na maioria eram donas de
partir de 1985, no interior do processo de
casa ou trabalhavam dentro do lar), recor-
redemocratização do país, deu-se o nasci-
riam às práticas populares de cuidados com
mento de um considerável movimento de
a saúde (chás, ervas, curandeiros, curio-
múltiplos atores políticos, chamado Movi-
sas/parteiras, fórmulas manipuladas por
mento da Reforma Sanitária.
boticários e tantas outras modalidades co-
nhecidas até hoje pela população que vive O grande marco histórico nesse proces-
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so foi, sem dúvida alguma, a VIII Conferên- ações e serviços preventivos e curativos,
cia Nacional de Saúde, ocorrida em março individuais e coletivos, exigidos para cada
de 1986, que contou com a participação de caso em todos os níveis de complexidade
diversos setores organizados da socieda- do sistema; referência e contrarrefrência;
de.
participação popular – ou seja, a
Segundo Lora (2004), houve um con- democratização dos processos decisórios
senso de que para o setor da saúde no Bra- consolidado na participação dos usuários
sil não era suficiente uma mera reforma dos serviços de saúde nos chamados Con-
administrativa e financeira, mas sim uma selhos Municipais de Saúde;
mudança em todo o arcabouço jurídico-
descentralização da política ad-
-institucional vigente, que contemplasse
ministrativa – consolidada com a munici-
a ampliação do conceito de saúde segundo
palização das ações de saúde, tornando o
os preceitos da reforma sanitária.
município gestor administrativo e financei-
Este encontro foi importante para le- ro do SUS (Lei nº 8080/90).
gitimar as propostas de unificação do sis-
tema no Ministério da Saúde de garantia,
Os objetivos e as atribuições do SUS
pelo Estado, de condições dignas de vida e foram assim definidos:
de acesso universal e igualitário às ações e identificação e divulgação dos fatores
serviços de promoção, proteção e recupe- condicionantes e determinantes da saúde;
ração da saúde, em todos os seus níveis a
todos os habitantes do território nacional formular as políticas de saúde;
(BRASIL, 1987). fornecer assistência às pessoas por
intermédio de ações de promoção, prote-
2.3 O Sistema Único de Saú- ção e recuperação da saúde, com a realiza-
de ção integrada das ações assistenciais e das
atividades preventivas;
O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu
com a Constituição de 1988, mas só foi re- executar as ações de vigilância sanitá-
gulamentado em 1990 com a Lei Orgânica ria e epidemiológica;
da Saúde de nº 8.080 e nº 8.142.
executar ações visando a saúde do
Reafirmando: o SUS é definido como trabalhador;
o conjunto de ações e serviços de saúde
participar na formulação da política e
prestados por órgãos e instituições públi-
na execução de ações de saneamento bá-
cas e por entidades privadas conveniadas
sico;
ou contratadas, tendo como princípios a
universalidade, equidade, integralidade. participar na formulação da política de
recursos humanos para a saúde;
Destes princípios derivam outros
que são organizativos, a saber: realizar atividades de vigilância nutri-
cional e de orientação alimentar;
hierarquização – entendida como
um conjunto articulado e contínuo das participar das ações direcionadas ao
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meio ambiente; conhecidos, de acordo com Mendes


formular políticas referentes a medi-
(2002), são dois:
camentos, equipamentos, imunobiológi- a) Os que se organizam através de um
cos, e outros insumos de interesse para a conjunto de serviços de atenção à saúde,
saúde e a participação na sua produção; isolados, e sem comunicação entre si, no
qual atua uma atenção básica de forma
controlar e fiscalizar os serviços, pro-
precária e descontínua.
dutos e substâncias de interesse para a
saúde; b) Os sistemas constituídos de uma rede
integrada de pontos de atenção à saúde,
fiscalizar e a inspecionar alimentos,
organizados pela atenção básica, que pres-
água e bebidas para consumo humano;
ta uma assistência continuada a uma popu-
participar no controle e fiscalização lação previamente determinada e se res-
de produtos psicoativos, tóxicos e radioa- ponsabiliza pelos resultados econômicos e
tivos; sanitários relacionados a essa comunidade.
incrementar o desenvolvimento cien- Nos sistemas fragmentados, predomina
tífico e tecnológico na área da saúde; uma estrutura piramidal, como mostra a fi-
gura 1, no qual os serviços são acessados
formular e executar a política de san-
de forma hierárquica, segundo uma com-
gue e de seus derivados.
plexidade crescente. Entretanto, essa for-
Assim, o Estado adotou uma política de ma de conceber a organização do sistema
ampliação do acesso à atenção, promoven- entende a Atenção Básica enquanto menos
do a um maior número de pessoas um le- complexa do que as demais.
que mais diversificado de ações e serviços
Para Mendes (2002), a Atenção Básica
de saúde. Esta universalização do acesso
compreende uma série de conhecimentos
à atenção vem sendo implementada ao
interdisciplinares, além de atitudes e habili-
longo das duas últimas décadas por uma
dades altamente especializadas.
série de mecanismos legais, institucionais
e organizacionais, objetivando unificar e No sistema integrado de organização dos
descentralizar a atenção à saúde (OIKAWA, serviços, o sistema piramidal é substituído
2001 apud LORA, 2004). por uma rede horizontal integrada, na qual
não há hierarquização dos serviços. Na rede
Dentro do universo das experiências
horizontal, os diferentes pontos de atenção
que foram surgindo, seja em nível local ou
à saúde constituem “nós” dessa rede, que
regional, lembremos que a Saúde da Famí-
é coordenada pela atenção básica para que
lia distinguiu-se como uma estratégia de
haja uma interação qualificada entre eles.
real implantação do Sistema Único de Saú-
Portanto, como centro da comunicação des-
de e de seus princípios doutrinários e orga-
se sistema, a Atenção Básica tem um papel
nizacionais.
altamente resolutivo, fundamentalmente
Ressaltemos que existem muitas organizador e, sobretudo, de responsabiliza-
formas de organização dos sistemas ção pelo usuário em qualquer ponto da rede
de serviços de saúde, mas os mais (Figura 2).
13

Figura 1 – Estrutura piramidal Fonte: Mendes (2002).

Figura 2: Rede horizontal – sistema integrado de organização dos serviços Fonte: Mendes (2002).
14

Outro aspecto importante da nova pro- municípios já tinham serviço de urgência e


posta de regionalização do SUS diz respeito emergência estruturado. Por exemplo, no
ao modelo assistencial. A organização pira- Estado de São Paulo, no período de 1983
midal do sistema de saúde por níveis hie- a 1988, foi implantada a Comissão de Re-
rarquizados de “complexidade”, ao repro- cursos Assistenciais de Pronto-Socorros
duzir a ideia de centro-periferia, discrimina (Craps), visando constituir um sistema in-
negativamente os municípios menores, ter-hospitalar para integrar o atendimen-
reproduzindo desigualdades e induzindo to médico na Região Metropolitana de
relações competitivas, incompatíveis com São Paulo (RMSP). Em 1992, com apoio do
a proposta de regionalização solidária, que Ministério da Saúde e participação da Se-
demanda formas de articulação mais igua- cretaria de Estado da Saúde e de todos os
litárias, horizontais e flexíveis. municípios da RMSP, foi criado um grupo de
trabalho com a finalidade de elaborar uma
O modelo vertical de organização do sis-
proposta de regionalização e hierarquiza-
tema de saúde também tende a descon-
ção do atendimento médico de urgência.
siderar a densidade cognitiva da atenção
Em julho de 1992, foi criado o Programa
básica e sua importância para a organiza-
Integrado de Atendimento Médico de Ur-
ção regionalizada do sistema de saúde com
gência (PAMU), fundamentado no Acordo
eficiência e qualidade.
Básico Interinstitucional celebrado entre
A instalação e fortalecimento das co- as três esferas de Governo – Federal, Esta-
missões intergestoras regionais e de fó- dual e Municípios da Região Metropolitana
runs de participação e controle social, com (Manual do Programa Integrado de Atendi-
representação dos conselhos municipais, mento Médico de Urgência, 1993).(FORTES
constitui uma das estratégias para viabili- et al., 2010).
zar a cogestão regional.
A Política Nacional de Atenção às Ur-
Segundo Mendes (2002), através de gências foi instituída por meio da Portaria
tecnologias de informação pretende-se nº 1.863/GM, em 29 de setembro de 2003,
promover uma maior transparência e com- que rege a implantação dos serviços de
partilhamento dos processos de gestão, atendimento móvel de urgências nos mu-
possibilitando acompanhamento e contro- nicípios brasileiros e da Portaria nº 2.972/
le dos fluxos intermunicipais de pacientes; GM, de 9 de dezembro de 2008, que orien-
fortalecimento do controle social e disse- ta a continuidade do Programa de Qualifi-
minação de informações e criação de ca- cação da Atenção Hospitalar de Urgência
nais virtuais de debate, entre outros. no Sistema Único de Saúde.

Pode-se afirmar que os atendimen-


2.4 Política Nacional de tos das urgências e emergências têm
Atenção às Urgências como base quatro estratégias que de-
Historicamente, o pronto atendimento vem estar interligadas, como engre-
era realizado pelos municípios. Em 2003, nagens de um motor, que são:
quando foi instituída a política de atenção
organização de redes assistenciais;
às urgências em nível nacional, diversos
15

humanização no atendimento dos pa- utilização do termo urgência para todos os


cientes; casos que necessitem de cuidados agudos,
deixando de lado a diferenciação da termi-
qualificação e educação permanente
nologia urgência e emergência.
dos profissionais de saúde que trabalham
na área; e, A Política Nacional de Atenção às Urgên-
cias faz parte do SUS e sua organização é
implantação e operação de central de
orientada pelas portarias do Ministério da
regulação médica de urgências.
Saúde e legislação do SUS.
Segundo o Conselho Federal de Medi-
No serviço de atenção às urgências,
cina, em sua Resolução CFM nº 1.451, de
como em qualquer outra área de saúde,
10 de março de 1995, urgência significa a
atuam profissionais com diversas forma-
ocorrência imprevista de agravo à saúde,
ções, experiências e tempo de exercício na
com ou sem risco potencial de vida, cujo
área.
portador necessita de assistência médica
imediata. Define ainda, a emergência como Especificamente em relação a recur-
sendo constatação médica de condições sos humanos, alguns fatores repercutem
de agravo à saúde que impliquem em risco negativamente no trabalho, como a infor-
iminente de vida ou sofrimento intenso, malidade na contratação e a organização
exigindo, portanto, tratamento médico vertical do trabalho, habilitação inadequa-
imediato. Note-se que esses conceitos es- da para atuação em urgências, despreparo
tão relacionados ao fator tempo como de- profissional, baixo investimento na quali-
terminante do prognóstico vital. ficação e educação permanente, a não im-
plementação do plano de cargos, carreiras
Entretanto, esses termos podem ter ou-
e salários do SUS.
tra interpretação, como imprevisto ou in-
terrupção de ordem do curso da vida para Em relação à formação e qualifica-
pacientes e familiares, perturbação de ção de profissionais, a Portaria nº 1.864/
sua organização para as instituições, e ou- GM/2003 aponta a necessidade de promo-
tras ainda, como (...) relativo a emergir, ou ver profundo processo de capacitação e de
seja, alguma coisa que não existia, ou que educação permanente dos trabalhadores
não era vista, e que passa a existir ou ser da saúde para o adequado atendimento
manifesta, representando, dessa forma, às urgências e emergências, em todos os
qualquer queixa ou novo sintoma que um níveis de atenção do sistema, bem como
paciente passe a apresentar. Assim, tanto estimular a adequação curricular nas insti-
um acidente quanto uma virose respirató- tuições formadoras.
ria, uma dor de dente ou uma hemorragia
Em 07 de julho de 2011, por meio da Por-
digestiva, podem ser consideradas emer-
taria nº 1.600, houve a reformulação da
gências (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Política Nacional de Atenção às Urgências
Como podemos ver, o uso desses ter- e instituição da Rede de Atenção às Urgên-
mos pode causar dúvidas. Pensando nisso, cias no SUS. As diretrizes instituídas serão
a Coordenação Geral de Urgência e Emer- vistas adiante.
gência, do Ministério da Saúde, propôs a
16

UNIDADE 3 - Conceitos Básicos

Retrospectivamente, a história do atendi- A triagem classifica os clientes para ava-


mento em emergências começa com Floren- liação e prioridades de tratamento. Essas
ce Nightingale que foi a primeira enfermeira decisões de triagem requerem o julgamento
em emergência, ao prestar cuidados aos fe- rápido e efetivo de dados objetivos e subjeti-
ridos da Guerra da Criméia, em 1854. vos para se determinar o tipo de prioridade,
mesmo porque as situações de emergência
Em 1970, foi organizada nos EUA a As-
são um risco potencial à vida; incluem condi-
sociação de Enfermeiras em Emergência
ções como angústia ou parada respiratória,
(Emergency Department Nurses Association
parada cardíaca, dor torácica intensa, con-
- EDNA). Também foi nos EUA que, em 1980,
vulsões, hemorragia, traumatismo grave
surgiu um exame baseado na competência,
que resulta em tórax aberto ou feridas ab-
fornecendo a certificação em enfermagem
dominais, choque, envenenamentos, super-
em emergência por 4 anos.
dosagem de fármacos e de drogas, tempera-
A EDNA desenvolveu os padrões de prá- tura acima de 40°C, parto de emergência e
tica de enfermagem em emergência, publi- complicações no parto.
cado em 1983, a serem usados como diretriz
As situações de urgência são sérias, mas
para critérios de excelência e resolutividade,
não põem em risco a vida. O tratamento
com os quais o desempenho é medido e ava-
deve ser implementado tão logo seja pos-
liado (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006).
sível. Incluem condições tais como dor torá-
Basicamente, as unidades de cuidados de cica sem angústia respiratória, fraturas de
emergência prestam cuidados pré-hospita- grande porte, queimaduras, nível diminuído
lares realizados pelos serviços médicos de de consciência, traumatismos, náuseas ou
emergência (EMS), por profissionais clínicos vômitos, dor abdominal intensa, temperatu-
em emergência e paramédicos fornecem es- ra entre 39 e 40°C, sangramento, pânico e
tabilização hemodinâmica e transporte dos ansiedade.
clientes. Quando o transporte do resgate
A gravidade da elevação da temperatu-
acontece por via aérea, os profissionais de
ra está relacionada com a idade; os jovens
enfermagem fornecem cuidados durante o
frequentemente apresentam elevações de
transporte pré e intra-hospitalar e se comu-
temperatura na faixa moderada sem outros
nicam com o pronto-socorro durante o trans-
sintomas, enquanto os idosos podem apre-
porte do cliente.
sentar uma elevação de temperatura de não
Hoje as tecnologias avançaram bastante mais que 38°C e estar extremamente doen-
e temos ainda técnicas especializadas que tes.
são usadas para monitorar o estado do clien-
As situações em que não se caracteriza
te continuamente; mas ressaltemos que po-
emergência não são agudas e são conside-
dem apresentar riscos à segurança dos clien-
radas de gravidade pequena a moderada;
tes, tais como possível exposição à choque
incluem dor nas costas crônica ou outros sin-
elétrico.
tomas, cefaleia moderada, queimaduras de
17

pequeno porte, fraturas, torções e infecções para determinar prioridades com base na
das vias respiratórias superiores ou das vias avaliação e na previsão das necessidades do
urinárias. cliente.
E quais são as funções do profissional de 5º. Fornecer medidas diretas para rea-
enfermagem em atendimento de emergên- nimar o cliente, se necessário.
cia?
6º. Fornecer cuidados preliminares
1º. Provedora de cuidados: fornece antes de o cliente ser transferido para a área
cuidados diretos abrangentes ao cliente e à de cuidados primários.
família. Prescreve os direitos dos clientes.
7º. Fornecer orientações sobre saúde
2º. Educadora: fornece orientações ao ao cliente e à família.
cliente e à família com base em suas neces-
8º. Supervisionar o cuidado do cliente
sidades de aprendizagem e habilidades e na
e o pessoal auxiliar.
gravidade da situação, e possibilita ao cliente
assumir mais responsabilidade para atender 9º. Fornecer suporte e proteção ao
às necessidades de cuidados de saúde. cliente e à família.
3º. Administradora: coordena as ativi- De antemão, embora tenhamos um mo-
dades de outros membros na equipe multi- mento do curso específico para falarmos das
disciplinar para atingir o objetivo específico implicações legais e éticas no atendimento
de fornecer cuidados de emergência. de clientes em emergência, vale de imediato
elencar algumas dessas implicações:
4º. Implementar o serviço de triagem

Implicações legais Implicações éticas

- Negligência. - Aspectos culturais e religiosos que limi-


- Imperícia. tam as opções de tratamento.
- Consentimento informado (termo de - Alocação de recursos para cuidados de
consentimento). emergência que podem limitar as ad-
- Consentimento implícito. missões ou promover altas precoces da
- Diretrizes antecipadas, incluindo pro- unidade.
curação permanente e testamentos em - Não-reanimação cardiopulmonar ou
vida. implementação das medidas de suporte à
vida nos casos de doenças em fase termi-
nal.
18

3.1 Urgência intoxicações em geral;


Urgência pode ser definida como ocor- ferimento por arma de fogo (FAF);
rência imprevista de danos à saúde, em
ferimento por arma branca (FAB);
que não ocorre risco de morte, ou seja, o
indivíduo necessita de atendimento médi- estados de choque;
co mediato (SOUZA; BARBOSA, 1999; SOA-
RES, 1996). estado febril acima de 40°C;

Santos (2012) cita como exemplos de gestações em curso com complica-


prioridade moderada de atendimento: ções.

dor torácica sem complicações respi- Tanto a urgência como a emergência re-
ratórias; quer do profissional de enfermagem aten-
ção imediata em suas ações, ressaltando
alguns tipos de queimadura; que o conhecimento técnico faz a dife-
rença no final do atendimento (SANTOS,
fraturas sem sinais de choques ou ou-
2012).
tras lesões mais sérias;
Existem outros conceitos que permeiam
vômito e diarreia, acompanhados ou
o atendimento para as urgências e emer-
não por estado febril abaixo de 39°C;
gências, como veremos abaixo:
sangramentos e ferimentos leves e
moderados. 3.3 Pronto-socorro
Local “físico” destinado ao atendimento
3.2 Emergência de urgências e emergências constatadas
Segundo os mesmos autores que defi- (SOARES, 1996). Geralmente está localiza-
niram urgência, emergência é a constata- do em um hospital ou próximo a ele. É para
ção médica de condições de danos à saúde, o pronto-socorro que as vítimas são enca-
que implicam em risco de morte, exigindo minhadas após o primeiro atendimento, in-
tratamento médico imediato. dependente de seu estado.
Aqui temos como exemplos de alta prio-
ridade de atendimento.
3.4 Sala de Urgência
Local destinado e equipado dentro do
parada cardiorrespiratória (PCR); pronto-socorro para atendimento de ur-
dor torácica acompanhada de descon- gências e emergências, independente de
forto respiratório; sua procedência.

politraumatismo em geral; As salas de urgência e emergência de-


vem estar localizadas em pontos estraté-
hemorragias de alta intensidade; gicos do pronto-socorro, ser de fácil aces-
queimaduras extensas; so para entrada de ambulâncias e carros
de resgate, além de ter pessoal qualificado
perda do nível de consciência; e disponível para qualquer circunstância
(SANTOS, 2012).
19

3.5 Recursos ro esteja localizado em uma estrutura hos-


pitalar, o que facilita a resolução do quadro
Os recursos necessários são os recursos
do paciente (SANTOS, 2012).
humanos, materiais e os serviços.

Recursos humanos são as equipes de


enfermagem e médica que atuam durante
as urgências e emergências.

Recursos materiais são equipamentos


e materiais que as salas de urgência devem
ter, necessários para estabilizar o quadro
clínico do paciente.

Dos serviços fazem parte todo o pes-


soal de apoio, como laboratório, banco de
sangue, centro de imagens.

Existe um outro tipo de atendimento,


com grau de prioridade mínimo, ou seja,
sem risco nenhum de vida ao paciente, o
qual é encaminhado aos locais de atendi-
mento de emergência e urgência, ou seja,
nos próprios prontos-socorros, mas não se
classificam por atendimento de urgência
ou emergência, e sim como atendimentos
“especiais”, que requerem conduta médi-
ca e assistência de enfermagem, citando
como exemplos:

estado de dor crônico;

cefaleias e enxaquecas;

distensões e luxações;

fraturas de pequeno porte;

queimaduras de 1º grau.

infecções em geral.

É de extrema importância que o pessoal


que trabalha em atendimento de urgência/
emergência esteja bem treinado e saiba
priorizar o estado do paciente.

Além dos profissionais bem preparados,


também é importante que o Pronto-Socor-
20
UNIDADE 4 - Organização e Estrutura para
Atendimento de Urgências e Emergências
4.1 Organização organizar os fluxos e contrafluxos das pes-
soas e coisas pelos diversos pontos de aten-
As redes de atenção à saúde tiveram sua
ção à saúde na rede.
origem na década de 20, no Reino Unido. No
início dos anos 90, a atenção à saúde em ur- A função de responsabilização consis-
gência toma forma com os sistemas integra- te em se corresponsabilizar pela saúde dos
dos nos Estados Unidos e, a partir daí, com usuários em quaisquer pontos de atenção
as adaptações necessárias, em sistemas de em que estejam sendo atendidos.
saúde públicos e privados de outros países.
Segundo Melo e Silva (2011), na organiza-
Em 2000, a Organização Mundial de Saú- ção de redes de resposta às condições agu-
de (OMS) propõe critérios para o desenho das, a atenção primária tem funções de reso-
das redes de atenção à saúde, sob a deno- lução nos casos que lhe cabem (baixo risco)
minação de “integração do sistema”. Em e de responsabilização, mas a função de co-
sentido ampliado, a integração em saúde é ordenação passa a ser de outra estrutura (no
um processo que consiste em criar e man- caso: o complexo regulador).
ter uma governança comum de atores e or-
Para a Organização Pan-Americana da
ganizações autônomas, com a finalidade de
Saúde (OPAS, 2000), a atenção primária à
coordenar sua interdependência e permitir
saúde deve ser parte integral dos sistemas
cooperação para a realização de um projeto
de saúde e o melhor enfoque para produzir
coletivo. Nessa perspectiva, integram-se di-
melhoria sustentável e equitativa na saúde
ferentes subsistemas, relacionando a clínica
dos povos das Américas.
e a governança a valores coletivos.
As autoras citam que a Secretaria de Esta-
Essas dimensões da integração corres-
do de Saúde do Ceará (CEARÁ, 2000) realizou
pondem, na tipologia proposta por Mendes
experiência de vanguarda com processo de
(2001), à gestão da clínica e a dos pontos de
microrregionalização dos serviços de saúde,
atenção. As redes são conjunto de pontos de
tendo como base a concepção de redes de
atenção à saúde que se articulam, pela via
atenção à saúde, que incorporou o nível das
das tecnologias de gestão da clínica, numa
urgências e emergências na mesma. O Mi-
rede capaz de prestar atenção contínua à
nistério da Saúde, pela Portaria nº 1.169/GM
população adscrita.
(BRASIL, 2004), instituiu a Política Nacional
Mendes (2002) afirma que a atenção pri- de Atenção Cardiovascular de Alta Comple-
mária à saúde deve cumprir, nas redes de xidade. Trata-se, na realidade, da proposição
atenção à saúde, três funções: resolução, de uma rede de ações de promoção, preven-
coordenação e responsabilização. ção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
cuidados paliativos a ser implantada em to-
A função de resolução consiste em solu-
das as unidades federadas, respeitadas as
cionar a maioria dos problemas de saúde.
competências das três esferas de governo.
A função de coordenação consiste em
Igualmente, a Secretaria de Estado de
21

Saúde de Minas Gerais (MINAS GERAIS, realizar o diagnóstico integral da rede, a


2006) priorizou a implantação de redes de análise da oferta, a estimativa de demanda
atenção à saúde e considerou que a situa- atual e projetada e a identificação dos vazios
ção da saúde do estado se caracteriza pelo de atenção e a proposição de alternativas de
rápido envelhecimento da população e por solução (MELO; SILVA, 2011).
uma situação epidemiológica de dupla car-
ga de doença. Essas redes são constituídas 4.2 Estrutura
a partir de um processo de gestão da clínica, Quando uma pessoa sofre agravo agudo à
decorrendo de diretrizes clínicas desenvol- saúde, deve ser acolhido em serviço do SUS
vidas sob forma de linhas-guia. O estado foi mais próximo de sua ocorrência, seja numa
dividido em 75 microrregiões assistenciais Unidade de Saúde da Família, pronto aten-
que devem ser autossuficientes em atenção dimento ou pronto-socorro (FORTES et al.,
secundária e 13 macrorregiões, com autos- 2010).
suficiência em atenção terciária.
Caso haja necessidade de tratamento de
É de fundamental importância que os maior complexidade, as centrais de regula-
profissionais conheçam a rede de atenção ção têm a responsabilidade de identificar,
à saúde do seu município e os pontos que a dentre os recursos disponíveis no território
compõem para facilitar o fluxo e o contra- de abrangência, aquele que possa dar me-
fluxo dos usuários, destacando-se o fluxo lhor resposta à demanda e redirecionar o
para a urgência e emergência, principalmen- atendimento.
te porque o ponto inicial de comunicação da
rede de atenção à saúde é na Unidade Bási- Compete, portanto, ao Poder Público, or-
ca de Saúde (UBS) onde deve ser realizado denar o atendimento às urgências e emer-
o primeiro atendimento ao cidadão (MELO; gências, possibilitando acolhimento, aten-
SILVA, 2011). ção qualificada e resolutiva para pacientes
com qualquer nível de gravidade. Os compo-
Para atingir o objetivo de organiza- nentes pré-hospitalar fixo e móvel, hospita-
ção da rede de atenção à saúde em ur- lar e pós-hospitalar fazem parte da estrutura
gência, é necessário: de atenção às urgências.
elaborar perfil demográfico e epidemio- a) Componente pré-hospitalar fixo:
lógico atual e projetado, do município;
A Portaria GM/MS nº 2.048 estabelece o
descrever a rede de atenção à saúde acolhimento de clientes com quadros agudos
existente no município; em unidades de saúde de baixa complexida-
de, como os estabelecimentos da atenção
conhecer o modelo de atenção à saúde
primária, denominados pré-hospitalar fixo.
do município;
Na estrutura física do componente pré-
avaliar os recursos humanos disponí-
-hospitalar fixo, como a unidade básica de
veis e sua qualificação;
saúde, Unidade Saúde da Família, ambula-
avaliar a funcionalidade e a produção tório de especialidades e serviço de apoio
das Unidades Básicas de Saúde; diagnóstico, os casos de urgência devem ser
acolhidos em ambiente previamente esta-
22

belecido e organizado. atendimento (PA) e, na cidade de São Pau-


lo, a Assistência Médica Ambulatorial (AMA).
É necessário que todos os membros da
Estes recursos foram implantados com base
equipe técnica e administrativa, especial-
nos dados epidemiológicos de cada região. A
mente a equipe de enfermagem, conheçam
equipe médica é composta de clínico geral e
a sala para o atendimento de urgência. É
pediatra, podendo ser ampliado com ortope-
atribuição da equipe de enfermagem orga-
distas e cirurgiões, equipe de enfermagem,
nizar os materiais médico-hospitalares como
equipe de apoio diagnóstico (laboratório e
laringoscópio com lâminas adulto e infantil,
radiologia) e profissionais da área adminis-
cânula endotraqueal, material para realiza-
trativa.
ção de punção venosa, sondas de aspiração
e outros. Manter disponíveis medicamentos São disponibilizados medicamentos, lei-
utilizados em caso de parada cardiorrespira- tos de observação de 6 a 24 horas em algu-
tória (PCR) e insuficiência respiratória, ma- mas unidades e ambulância para o transpor-
teriais e equipamentos para oxigenoterapia, te. A estrutura física e organização de fluxos
aspiração traqueal ventilação, desfibrilador devem funcionar de forma integrada, agili-
externo automático (DEA) e outros deverão zando o desenvolvimento do trabalho. São
estar disponibilizados. necessários, para estes estabelecimentos,
recursos como monitor cardíaco com desfi-
Os recursos organizados permitem o
brilador e marca-passo externo, bomba de
atendimento e estabilização do cliente até
infusão, respirador, entre outros. Medica-
que seja transferido de forma adequada
mentos como antibióticos injetáveis, drogas
para uma unidade de maior complexidade.
vasoativas e psicotrópicos fazem parte dos
Os profissionais médicos, enfermeiros recursos pela condição clínica dos clientes
técnicos e auxiliares de enfermagem que acolhidos.
atuam no pré-hospitalar fixo são capacita-
A retaguarda hospitalar deve ser assegu-
dos para estabilizar e encaminhar adequa-
rada por meio de pactuações prévias entre
damente o cliente. A criação de protocolos
gestores para garantir o acesso a hospitais
e rotinas e a sua aplicação auxiliam no trata-
de alta complexidade.
mento, melhorando os resultados e contri-
buindo para melhor organização do trabalho b) Componente pré-hospitalar móvel:
e salvando vidas.
O componente pré-hospitalar móvel foi
Serviços de média complexidade ou inter- estruturado e organizado para prestação de
mediária podem funcionar até 24 horas, são serviços de saúde à pessoa que necessita de
estruturados para acolher pacientes com socorro em locais como domicílios, vias pú-
quadros agudos ou crônicos agudizados, e blicas, estabelecimentos comerciais, entre
funcionam à noite e finais de semana, dimi- outros.
nuindo a sobrecarga dos hospitais de maior
Ao pedir ajuda por meio da central de re-
complexidade.
gulação 192 (SAMU) ou 193 (Corpo de Bom-
Em alguns Estados do Brasil encontramos beiro), o socorrista, parentes da vítima ou a
as Unidades de Pronto Atendimento (UPA); própria vítima, recebe orientações do médi-
no Estado de São Paulo temos o pronto co regulador que decide pelo envio de am-
23

bulância de suporte básico ou avançado com ou prontos-socorros oferecem atendimento


equipe habilitada em atendimento a situa- imediato e ininterrupto aos pacientes adul-
ções de urgência, caso avalie que seja neces- tos ou crianças em estado crítico ou poten-
sário disponibilizar esse recurso. O médico cialmente crítico. O atendimento hospitalar é
regulador autoriza o transporte do cliente definido por grau de complexidade – tipo I, II
diante do problema de saúde relatado pela e III.
equipe local de atendimento pré-hospitalar
Toda infraestrutura referente a recursos
(APH), por meio de comunicação por telefo-
materiais, equipamentos e medicamentos
ne ou rádio. Em se tratando de situações não
deve estar de acordo com as normas e com-
caracterizadas como risco iminente de vida,
patível com serviço de emergência.
cabe ao médico regulador dar orientações
sobre outras medidas a serem efetuadas As áreas físicas são estruturadas confor-
pelo solicitante. me a complexidade do hospital, consideran-
do-se os tipos I, II e III. Assim, hospitais que
As equipes de saúde do APH são com-
recebem clientes de maior complexidade
postas por médico, enfermeiro, técnico e/
oferecem recursos humanos, materiais e
ou auxiliar de enfermagem, que recebem
tecnológicos compatíveis com a necessida-
habilitação específica para esta atividade. É
de de cada caso. A estrutura física adequada
necessário que conheçam suas atribuições,
é normatizada pela Resolução de Diretoria
normas e rotinas operacionais, bem como
Colegiada (RDC), da Agência Nacional de Vi-
desenvolvam seu trabalho baseado em pro-
gilância Sanitária (ANVISA). A Portaria RDC nº
tocolos de atendimento. A educação perma-
307, de 14 de novembro de 2002, estabelece
nente desses profissionais é primordial para
normas técnicas para elaboração de projetos
assegurar a qualidade na prestação da assis-
da estrutura física, arquitetônica, símbolos
tência. Outros profissionais como telefonis-
gráficos, desenho técnico e toda organiza-
ta, rádio-operador, condutor de ambulância
ção física para estabelecimentos assisten-
ou de veículos aquáticos e aéreos fazem par-
ciais de saúde.
te da equipe de APH.
De acordo com a ANVISA, há a necessida-
As equipes são capacitadas para tripular
de de área física ampla, com número mínimo
veículos terrestre, aquático ou aéreo que se
e suficiente de salas e quartos ou boxes com
destine ao transporte de enfermos, aten-
divisórias para acomodar os clientes com
dendo a classificação da Portaria nº 2.048/
conforto e privacidade. As dependências são
GM. No APH, os encaminhamentos para os
projetadas conforme as normas estabeleci-
serviços hospitalares são designados pelo
das pela legislação, considerando-se o fluxo
sistema regulador. Esses profissionais são
de pessoas que circulam no local. Essa área
habilitados por meio de cursos de resgate e
deve ter revestimento lavável, em cor clara
emergências médicas (REM), participando
e com cantos arredondados, como também
de capacitações periódicas para o bom de-
dispor de boa iluminação e ventilação; as
sempenho de sua função.
considerações de segurança e conforto in-
c) Atendimento hospitalar: cluem um ambiente tranquilo, com a minimi-
zação de ruídos e agentes estressantes.
As unidades de emergência hospitalares
24

A unidade de emergência é caracterizada


pelo fluxo intenso de pessoas que circulam
nessa área, em razão da rotatividade dos
pacientes que procuram o serviço devido à
gravidade das condições em que se encon-
tram, motivadas por trauma, afecções não
traumáticas, alterações de comportamento,
entre outras (FORTES et al., 2010).

A variedade dos agravos apresentados


por esses pacientes justifica a diversidade
de profissionais que atuam nessa unidade,
com equipe multidisciplinar composta por
profissionais de enfermagem, assistente
social, fisioterapeuta, médicos de diferentes
especialidades, entre outros, bem como a
avançada tecnologia presente com equipa-
mentos de alta precisão. Essa complexidade
exige a capacitação permanente dos profis-
sionais que nela atuam (FORTES et al., 2010).

O processo de trabalho na unidade de


emergência requer sólida fundamentação
científica e prontidão no cumprimento ime-
diato das atribuições por parte de cada pro-
fissional da equipe de atendimento. Ressal-
tamos, porém, que as situações imprevistas
com as quais se deparam os profissionais
nesses serviços requerem atenção não ape-
nas no aspecto técnico-científico. A equi-
pe multidisciplinar precisa estar preparada
emocionalmente para a vivência de situa-
ções limítrofes que impactam os serviços de
urgência em relação ao binômio vida e morte.
O equilíbrio em lidar com essas situações tem
repercussão na vida do paciente e de seus
familiares, que se sentirão apoiados e mais
seguros em relação ao atendimento que re-
cebem da equipe (FORTES et al., 2010).
25
UNIDADE 5 - Diretrizes da Rede de Aten-
ção às Urgências e Emergências (RUE)
Vimos na introdução deste módulo res de outros segmentos sociais para a
que a Rede de Atenção às Urgências e proposição de políticas públicas interse-
Emergências (RUE) se sobressai nas es- toriais efetivas e eficientes, envolvendo
tratégias do SUS para ampliação do aces- conselhos de saúde, gestores, trabalha-
so e melhoria da qualidade de atenção à dores, prestadores, usuários, conselhos
saúde, tendo em vista a relevância e pre- de classe, instituições de ensino, setores
mência das situações clínicas envolvidas, da Educação, Segurança Social, Trans-
além do atual contexto de superlotação portes e outros (BRASIL, 2013).
dos prontos-socorros.

As seguintes estratégias são des-


5.1 O plano de ação regional
Plano de Ação Regional da Rede de
tacadas como prioritárias na RUE:
Atenção às Urgências e Emergências
qualificação das portas hospitalares (PAR) da RUE é o documento formal re-
de urgência e emergência e da emergên- presentativo dos pactos assistenciais e
cia, estratégicas para a RUE; dos gestores elaborado pelo Grupo Con-
dutor Estadual da RUE, que aborda as
qualificação da atenção ao paciente
definições físico-financeiras, logísticas
crítico ou grave por meio da qualificação
e operacionais necessárias à implemen-
das unidades de terapia intensiva;
tação desta rede temática. O PAR deve
organização e ampliação dos leitos apresentar um diagnóstico do conjunto
de retaguarda clínicos; de serviços de saúde que atuam na aten-
ção às urgências e emergências em uma
criação das unidades de internação
determinada região de saúde, bem como
em cuidados prolongados (UCP) e de hos-
as lacunas e necessidades, além das es-
pitais especializados em cuidados pro-
tratégias necessárias para superar os
longados (HCP);
problemas detectados.
qualificação da atenção por meio da
As ações e os serviços de saúde devem
organização das linhas de cuidados car-
ser organizados para que funcionem de
diovascular, cerebrovascular e traumato-
forma harmônica e integrada, superando
lógica;
a lógica hegemônica de fragmentação da
definição da atenção domiciliar or- organização de serviços de saúde dentro
ganizada por intermédio das equipes de programas isolados, avulsos e sem co-
multidisciplinares de atenção domiciliar nexão com as necessidades epidemioló-
(Emad) e das equipes multidisciplinares gicas da população e as condições socio-
de apoio (Emap); e, demográficas da região.

articulação entre os seus compo- A elaboração do PAR pelo Grupo Con-


nentes. dutor da RUE deverá estar pautada na
análise da capacidade instalada e na si-
É fundamental a participação de ato-
26

tuação dos serviços de atendimento às 5.2 Promoção, prevenção e


urgências e emergências, no diagnóstico
demográfico e epidemiológico da região vigilância em saúde
de saúde por meio da análise de dados pri- O componente promoção, prevenção
mários, além do dimensionamento da de- e vigilância em saúde tem por objetivo
manda e da oferta dos serviços de urgên- estimular e fomentar o desenvolvimen-
cia e emergência existentes. A análise da to de ações de saúde e educação perma-
situação da vigilância epidemiológica, da nente voltadas para a vigilância e a pre-
regulação, da avaliação, do controle, do venção das violências e dos acidentes,
apoio diagnóstico e do transporte para as das lesões e mortes no trânsito e das do-
urgências também deve subsidiar o PAR. enças crônicas não transmissíveis, além
de ações intersetoriais, de participação
O Plano de Ação Regional deverá con-
e mobilização da sociedade para a pro-
ter o desenho da Rede de Atenção às Ur-
moção da saúde, prevenção de agravos e
gências e Emergências, contemplando o
vigilância em saúde.
detalhamento técnico de cada compo-
nente, as metas a serem cumpridas, o cro- A promoção da saúde, como uma das
nograma de implantação (além dos me- estratégias de produção do cuidado, ou
canismos de regulação, monitoramento e seja, como um modo de pensar e de ope-
avaliação), o estabelecimento de respon- rar articulado às demais políticas e tecno-
sabilidades e o aporte de recursos pela logias desenvolvidas no sistema de saú-
União, pelo estado, pelo Distrito Federal de brasileiro, contribui para a construção
e pelos municípios envolvidos, bem como de ações que possibilitem responder às
a previsão de auditoria da execução das necessidades sociais em saúde (BRASIL,
ações e dos recursos, quando necessário 2006).
(BRASIL, 2013).
As ações de promoção da saúde são
O PAR da RUE deverá ser pactuado pela consideradas estratégicas pelo Ministé-
Comissão Intergestores Bipartite (CIB) ou rio da Saúde tanto para a prevenção de
pelo Colegiado de Gestão da Secretaria doenças e a melhoria da qualidade de
de Estado de Saúde do Distrito Federal vida dos brasileiros quanto para a gestão
(CGSES/DF) e pela Comissão Intergesto- integrada e intersetorial de políticas pú-
res Regional (CIR), quando houver, com o blicas. A Política Nacional de Promoção
apoio e a coordenação da Secretaria de da Saúde (PNPS), instituída por meio da
Saúde Estadual ou do Distrito Federal. Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março
de 2006, prioriza, entre suas ações es-
São vários os componentes da RUE.
tratégicas, a redução da morbimortali-
Sem prejuízo de entendimentos, coloca-
dade em decorrência do uso abusivo de
mos neste tópico os componentes: Pro-
álcool e outras drogas, por acidentes de
moção, Prevenção e Vigilância em Saúde
trânsito e a prevenção da violência, além
e Atenção Básica e reservamos a próxima
do estímulo à cultura de paz.
unidade para os demais componentes
(SAMU, Sala de Esterilzação, UPA e ou- As causas externas têm sido um cres-
tros). cente e importante problema na saúde
27

pública e implicam diretamente a assis- Neste sentido, o Ministério da Saúde


tência prestada pelos pontos de aten- vem desenvolvendo políticas públicas
ção da Rede de Atenção às Urgências e promotoras da saúde e da cultura de paz,
Emergências (RUE) – Saúde Toda Hora, estabelecendo prioridades de ação em
sendo um desafio incorporar as ações de consonância com a Política Nacional de
vigilância, prevenção e promoção nesta Redução da Mortalidade por Acidentes e
rede. As violências interpessoais e as le- Violências (Portaria MS/GM nº 737, de 16
sões decorrentes de acidentes, particu- de maio de 2001) e a Política Nacional de
larmente aquelas causadas no trânsito, Promoção da Saúde (Portaria MS/GM nº
se colocam como prioridade na RUE para 687, de 30 de abril de 2006).
além da atenção à vítima, mas também
Dentre essas prioridades destaca-se
na incorporação de práticas cuidadoras
a implantação do Projeto de Redução da
que tenham como eixos a integralidade
Morbimortalidade por Acidentes de Trân-
do cuidado e a humanização da atenção.
sito (Portaria MS/GM nº 344, de 19 de
As causas externas – acidentes e violên-
fevereiro de 2002), da Rede Nacional de
cias – correspondem à terceira causa de
Prevenção das Violências e Promoção da
óbito na população geral brasileira, após
Saúde (Portaria MS/GM nº 936, de 18 de
as doenças do aparelho circulatório e as
maio de 2004), da Vigilância de Violên-
neoplasias. Constituem-se na primeira
cias e Acidentes (Viva) em 2006 e do Pro-
causa de óbito em homens até 39 anos.
jeto Vida no Trânsito em 2010.
Em 2010, houve 143.256 (DATASUS/SIM)
mortes por causas externas, sendo pre- Objetivando implementar e consolidar
ponderantes os homicídios (36,5%) e os as ações de vigilância e prevenção de vio-
acidentes de trânsito (30%). lências e de promoção da saúde e da cul-
tura da paz no SUS, que agora também se
No ano de 2010, foram realizadas
inserem como uma prioridade na RUE, o
11.329.203 internações nos hospitais do
Ministério da Saúde, por meio da Secreta-
SUS, sendo 927.201 (8,2%) por causas
ria de Vigilância em Saúde, por intermé-
externas (violências e acidentes). Des-
dio de incentivo financeiro aos estados,
tas, 145.920 internações (15,7%) foram
ao Distrito Federal e aos municípios para
devido a acidentes de trânsito terrestres.
a vigilância em saúde, vem financiando
A faixa etária de 15 a 59 anos concen-
esta política junto aos estados e muni-
trou 84,9% das internações em homens
cípios, incentivando por consequência a
e 70,8% das internações em mulheres.
implantação, a implementação e o forta-
Entre os idosos (acima de 60 anos), 6,2%
lecimento da Política Nacional de Redu-
eram homens e 14,5% eram mulheres.
ção da Morbimortalidade por Acidentes e
A Região Sudeste foi responsável por
Violências e a PNPS no fomento às ações
(44,9%) do total das internações. As
de vigilância, prevenção e redução das
maiores taxas de internação foram de-
violências e dos acidentes.
vido a acidentes envolvendo motociclis-
tas no Centro-Oeste (67,2%), Nordeste Neste sentido, o Ministério da
(37,2%), Norte (35,6%), Sudeste (35,1%) Saúde vem estimulando tais ações
e Sul (23,3%) (DATASUS/SIH). mediante incentivos financeiros es-
28

pecíficos que sinalizam estas priori- Sinan – NET: notificação compulsória de


dades, cujos critérios de elegibilida- violência doméstica, sexual e/ou outras
de são: violências envolvendo crianças, adoles-
centes, mulheres e idosos, desde 2006.
entes federados que realizam noti- A partir de 2009, o Viva Contínuo passou
ficação de violências doméstica e sexu- a integrar o Sistema de Informações de
al, entre outras, por meio do Sistema de Agravos de Notificação (Sinan);
Informações de Agravos de Notificação
(Viva Sinan) e os entes que realizam a componente II – Viva Inquérito:
vigilância de violências e acidentes por busca estimar prevalências de acidentes
meio do Inquérito de Vigilância de Vio- de trânsito, agressões, suicídios e outras
lências e Acidentes (Viva Inquérito); causas externas e estudar associações
com possíveis fatores de risco.
entes federados que desenvolvem
ou pretendem desenvolver ações de vigi- Os planos de ações apresentados pe-
lância e prevenção de lesões e mortes no las secretarias de saúde deverão estar
trânsito e promoção da paz no trânsito, em conformidade com a Política Nacional
em conformidade com o Projeto de Redu- de Redução da Morbimortalidade por Aci-
ção da Morbimortalidade por Acidente de dentes e Violências (PNRMAV), o Projeto
Trânsito e o Projeto Vida no Trânsito. de Redução da Morbimortalidade por Aci-
dentes de Trânsito, a Rede Nacional de
A partir destes critérios, as secretarias Promoção da Saúde, a PNPS e a Portaria
estaduais, as do Distrito Federal e dos MS/GM nº 104, de 25 de janeiro de 2011,
municípios podem apresentar projetos que determina a notificação compulsória
para o financiamento federal de ações de de violência doméstica, sexual e outras
vigilância, promoção e prevenção às vio- violências (BRASIL, 2013).
lências e aos acidentes seguindo as dire-
trizes:
5.3 Atenção básica
produção e divulgação regular de A Atenção Básica em Saúde tem como
análises de situação e de tendências de objetivos a ampliação do acesso, o forta-
violências e acidentes; lecimento do vínculo, a responsabilização
e o primeiro atendimento às urgências e
implantação/implementação, am-
emergências, em ambiente adequado,
pliação e qualificação da notificação de
até a transferência/encaminhamento
violências doméstica e sexual, entre ou-
dos pacientes a outros pontos de aten-
tras;
ção, quando necessário, mediante im-
articulação de políticas e ações in- plantação de acolhimento com avaliação
tersetoriais e de redes sociais. de riscos e vulnerabilidades.

O Sistema de Vigilância de Violên- Caracteriza-se por um conjunto de


cias e Acidentes (Viva) possui dois ações de saúde, no âmbito individual e
componentes: coletivo, que abrange a promoção e a pro-
teção da saúde, a prevenção de agravos,
componente I – Viva Contínuo/ o diagnóstico, o tratamento, a reabilita-
29

ção, a redução de danos e a manutenção riais, públicas, comunitárias e sociais; e,


da saúde com o objetivo de desenvolver
ordenar as redes – reconhecer as
uma atenção integral que impacte na si-
necessidades de saúde da população sob
tuação de saúde e autonomia das pesso-
sua responsabilidade, organizando as
as e nos determinantes e condicionantes
necessidades desta população em rela-
de saúde das coletividades (Portaria MS/
ção aos outros pontos de atenção à saú-
GM nº 2.488/2011).
de, contribuindo para que a programação
Neste sentido, a Atenção Básica deve dos serviços de saúde parta das necessi-
cumprir algumas funções para contribuir dades de saúde dos usuários.
com o funcionamento das Redes de Aten-
Destaca-se o caráter estruturante e
ção à Saúde. São elas:
estratégico que a Atenção Básica pode e
ser base – ser a modalidade de deve ter na constituição da RAS, na me-
atenção e de serviço de saúde com o mais dida em que se caracteriza pela grande
elevado grau de descentralização e capi- proximidade com o cotidiano da vida das
laridade, cuja participação no cuidado se pessoas e dos coletivos em seus territó-
faz sempre necessária; rios.

ser resolutiva – identificar riscos, As equipes da Atenção Básica têm a


necessidades e demandas de saúde, uti- possibilidade de se vincular, se respon-
lizando e articulando diferentes tecnolo- sabilizar e atuar na realização de ações
gias de cuidado individual e coletivo, por coletivas de promoção e prevenção no
meio de uma clínica ampliada capaz de território, no cuidado individual e fami-
construir vínculos positivos e interven- liar, assim como na cogestão dos proje-
ções clínicas e sanitariamente efetivas, tos terapêuticos singulares dos usuários,
na perspectiva de ampliação dos graus que, por vezes, requerem percursos, tra-
de autonomia dos indivíduos e grupos jetórias e linhas de cuidado que perpas-
sociais; sam outras modalidades de serviços para
atender as necessidades de saúde de
coordenar o cuidado – elaborar,
modo integral.
acompanhar e gerir projetos terapêuti-
cos singulares, bem como acompanhar e No que se refere ao processo de tra-
organizar o fluxo dos usuários entre os balho das equipes com foco na urgência/
pontos de atenção das RAS. Deve atuar emergência, os profissionais devem re-
como o centro de comunicação entre os alizar o acolhimento com escuta quali-
diversos pontos de atenção, responsabi- ficada, classificação de risco, avaliação
lizando-se pelo cuidado dos usuários em de necessidade de saúde e análise de
qualquer destes pontos por intermédio vulnerabilidades, tendo em vista a res-
de uma relação horizontal, contínua e ponsabilidade da assistência resolutiva à
integrada, com o objetivo de produzir a demanda espontânea e ao primeiro aten-
gestão compartilhada da atenção inte- dimento às urgências e emergências.
gral. Deve articular também as outras es-
Em 2012, foi publicado na série de
truturas das redes de saúde e interseto-
Cadernos de Atenção Básica (nº 28, vol.
30

II), o Caderno de Acolhimento à Deman-


da Espontânea: queixas mais comuns na
Atenção Básica, que tem como objetivo
ampliar a resolutividade das equipes de
atenção básica frente à demanda espon-
tânea. Discute temas como a classifica-
ção de risco, a identificação de vulnera-
bilidades e o trabalho em equipe, a fim de
ajudar a organizar e a priorizar o atendi-
mento desses casos.

Uma alternativa de cuidados nas uni-


dades básicas de saúde (UBS) para o
atendimento qualificado da demanda es-
pontânea e das situações de urgência e
emergência é a sala de observação, en-
quanto ambiente da UBS destinado ao
atendimento de pacientes em regime
ambulatorial, com necessidade de obser-
vação em casos de urgência/emergência,
no período de funcionamento da unidade
(BRASIL, 2013).
31

UNIDADE 6 - Componentes da RUE

6.1 Serviço de Atendimento II – Unidade de suporte avançado


de vida terrestre (USA) – viatura tripu-
Móvel às Urgências (SAMU) lada por no mínimo 3 (três) profissionais,
É o componente da rede de atenção sendo um condutor de veículo de urgên-
às urgências e emergências que objetiva cia, um enfermeiro e um médico.
ordenar o fluxo assistencial e disponibi-
lizar atendimento precoce e transporte III – Equipe de aeromédico – aero-
adequado, rápido e resolutivo às vítimas nave com equipe composta por no míni-
acometidas por agravos à saúde de natu- mo um médico e um enfermeiro.
reza clínica, cirúrgica, gineco-obstétrica, IV – Equipe de embarcação – equi-
traumática e psiquiátricas mediante o pe composta por no mínimo 2 (dois) ou 3
envio de veículos tripulados por equipe (três) profissionais, de acordo com o tipo
capacitada, acessado pelo número “192” de atendimento a ser realizado, contan-
e acionado por uma Central de Regulação do com o condutor da embarcação e um
das Urgências, reduzindo a morbimorta- auxiliar/técnico de enfermagem, em ca-
lidade. O SAMU é normatizado pela Por- sos de suporte básico de vida, e um médi-
taria MS/GM nº 1.010, de 21 de maio de co e um enfermeiro, em casos de suporte
2012. avançado de vida.
O SAMU mostra-se fundamental no V – Motolância – motocicleta condu-
atendimento rápido e no transporte de zida por um profissional de nível técnico
vítimas de intoxicação exógena, de quei- ou superior em enfermagem com treina-
maduras graves, de maus-tratos, tenta- mento para condução de motolância.
tivas de suicídio, acidentes/traumas, ca-
sos de afogamento, de choque elétrico, VI – Veículo de intervenção rápida
acidentes com produtos perigosos e em (VIR) – veículo tripulado por no mínimo
casos de crises hipertensivas, problemas um condutor de veículo de urgência, um
cardiorrespiratórios, trabalhos de parto médico e um enfermeiro.
no qual haja risco de morte para a mãe A central de regulação médica das ur-
e/ou o feto, bem como na transferência gências é parte integrante do SAMU 192,
inter-hospitalar de doentes com risco de definida como uma estrutura física com
morte. a atuação de profissionais médicos, tele-
fonistas auxiliares de regulação médica
As unidades móveis para o aten-
(Tarm) e rádio-operadores (RO) capaci-
dimento de urgência podem ser:
tados em regulação dos chamados tele-
I – Unidade de suporte básico de fônicos que demandem orientação e/ou
vida terrestre (USB) – viatura tripulada atendimento de urgência, por meio de
por no mínimo 2 (dois) profissionais, sen- uma classificação e priorização das ne-
do um condutor de veículo de urgência e cessidades de assistência em urgência,
um técnico ou auxiliar de enfermagem. além de ordenar o fluxo efetivo das re-
32

ferências e contrarreferências dentro da de saúde que deverá atender às neces-


Rede de Atenção à Saúde. sidades assistenciais de estabilização
do paciente grave/crítico em municípios
As centrais de regulação do SAMU 192
de grandes distâncias e/ou isolamento
deverão ser regionalizadas, a fim de am-
geográfico, bem como lugares de difícil
pliar o acesso às populações dos municí-
acesso considerados como vazios assis-
pios em todo o território nacional. Os mu-
tenciais para a urgência e emergência.
nicípios com população igual ou superior
Deverá se organizar de forma articulada,
a 500.000 (quinhentos mil habitantes)
regionalizada e em rede.
que já possuem SAMU 192 poderão cons-
tituir, por si só, uma região, para fins de A SE poderá estar alocada em serviços
implantação de central de regulação das de saúde, públicos ou filantrópicos, em
urgências, desde que todos os municípios hospitais de pequeno porte (HPP) com no
do seu entorno já estejam cobertos por máximo 30 (trinta) leitos e fora da área de
outra central de regulação das urgências. abrangência de UPA 24 horas, podendo
também ser instalada em outras unida-
Projetos regionais com população infe-
des, tipo unidade básica de saúde (UBS)
rior a 350.000 (trezentos e cinquenta mil
e unidade mista, além de HPP, desde que
habitantes) serão analisados pela área
garantidas as condições para o seu fun-
técnica da Coordenação-Geral de Urgên-
cionamento integral por 24 horas em to-
cias e Emergências (CGUE/DAE/SAS/MS),
dos os dias da semana.
no sentido de se buscar a adequação da
cobertura do componente SAMU 192 às Deverão ser observadas as se-
peculiaridades regionais, que estarão guintes diretrizes:
detalhadas no respectivo projeto.
funcionamento nas 24 (vinte e qua-
A base descentralizada deve contar tro) horas do dia e nos 7 (sete) dias da se-
com uma infraestrutura que garanta mana;
tempo-resposta de qualidade e raciona-
lidade na utilização dos recursos do com- equipe interdisciplinar compatível
ponente SAMU 192 regional ou sediado com suas atividades;
em município de grande extensão terri- funcionamento conforme protoco-
torial e/ou baixa densidade demográfi- los clínicos, acolhimento, classificação de
ca, conforme definido no Plano de Ação risco e procedimentos administrativos
Regional, com a configuração mínima ne- estabelecidos e/ou adotados pelo gestor
cessária para abrigo, alimentação, con- responsável.
forto das equipes e estacionamento das
ambulâncias. 6.2 Unidades de Pronto
Sala de Estabilização: Atendimento (UPAs)
Embora seja mais um componente, As unidades de pronto atendimento
preferimos somente comentar rapida- 24h são estruturas de complexidade in-
mente sobre a Sala de Estabilização (SE), termediária entre as unidades básicas de
a qual define-se por ser o equipamento saúde, unidades de saúde da família e a
33

rede hospitalar, devendo funcionar 24h investimento para UPA Ampliada, bem
por dia, todos os dias da semana, e com- como os critérios de seleção das propos-
por uma rede organizada de atenção às tas e os requisitos mínimos a serem cum-
urgências e emergências, com pactos e pridos (BRASIL, 2013).
fluxos previamente definidos, com o ob-
jetivo de garantir o acolhimento aos pa- 6.3 Urgência e emergência
cientes, intervir em sua condição clínica
e contrarreferenciá-los para os demais
em Unidade hospitalar
pontos de atenção da RAS, para os ser- O Componente da Atenção Hospitalar
viços da atenção básica ou especializada (AH) na Rede de Atenção às Urgências e
ou para internação hospitalar, proporcio- Emergências no âmbito do SUS foi insti-
nando a continuidade do tratamento com tuído pela Portaria MS/GM nº 2.395, de 11
impacto positivo no quadro de saúde in- de outubro de 2011.
dividual e coletivo da população. O Componente da Atenção Hos-
A Portaria MS/GM nº 1.171, de 5 de ju- pitalar da Rede de Atenção às Ur-
nho de 2012, dispõe sobre o incentivo gências e Emergências é constituído
financeiro de investimento para cons- por:
trução e ampliação no âmbito do Compo-
1. Portas hospitalares de urgência e
nente Unidade de Pronto Atendimento
emergência.
(UPA 24h) e do conjunto de serviços de
urgência 24 horas da Rede de Atenção às 2. Enfermaria de retaguarda clínica.
Urgências e Emergências, em conformi-
3. Unidades de cuidados prolongados
dade com a Política Nacional de Atenção
e hospitais especializados em cuidados
às Urgências.
prolongados.
Conforme a Portaria nº
4. Leitos de terapia intensiva.
1.171/2012, consideram-se as se-
guintes definições: 5. Organização das linhas de cuidado
prioritárias:
I – UPA Nova: unidade de pronto
atendimento (UPA 24h) a ser construída LC do infarto agudo do miocárdio
com recursos do incentivo financeiro de (IAM);
investimento para a construção.
LC do acidente vascular cerebral
II – UPA Ampliada: unidade de pronto (AVC);
atendimento (UPA 24h) a ser constituída
LC da traumatologia.
a partir de acréscimo de área a estabele-
cimentos de saúde já existentes e cadas- São objetivos da Atenção Hospita-
trados no Sistema do Cadastro Nacional lar da Rede de Atenção às Urgências
de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). e Emergências:
Periodicamente, o Ministério da Saúde I – organizar a atenção às urgências
poderá redefinir os valores a serem re- nos hospitais de modo que atendam à
passados para o incentivo financeiro de demanda espontânea e/ou referenciada
34

e funcionem como retaguarda para os Hospital de referência para uma ou


outros pontos de atenção às urgências mais regiões de saúde, conforme PDR.
de menor complexidade. Deve ter uma cobertura populacional de
201 mil a 500 mil habitantes. Deve pos-
II – garantir retaguarda de atendimen-
suir, no mínimo, um serviço de referência
tos de média e alta complexidade, proce-
habilitado em alta complexidade, para
dimentos, diagnósticos e leitos clínicos,
desempenhar seu papel como neuro-
cirúrgicos, de cuidados prolongados e de
cirurgia e/ou tráumato-ortopedia e/ou
terapia intensiva para a Rede de Atenção
cardiologia/cardiovascular ou como re-
às Urgências.
ferência para pediatria. Deve contar com
III – garantir a atenção hospitalar nas equipe 24h composta por médicos espe-
linhas de cuidado prioritárias em articu- cializados, cuja composição depende do
lação com os demais pontos de atenção. perfil assistencial do estabelecimento,
equipe multidisciplinar e equipes para
As portas de entrada hospitalares de
manejo de pacientes críticos. As por-
urgência localizadas nas unidades hospi-
tas de entrada hospitalares de urgência
talares estratégicas poderão receber in-
instaladas em estabelecimentos hospi-
centivo de custeio diferenciado de acor-
talares estratégicos classificados como
do com as seguinte tipologias:
hospitais especializados tipo I receberão
R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) como
6.3.1 Hospital geral incentivo de custeio mensal (BRASIL,
Hospital de referência para, no míni- 2013).
mo, uma região de saúde, conforme Pla-
no Diretor Regional (PDR). Deve ter uma 6.3.3 Hospital Especializa-
cobertura populacional de até 200 mil
habitantes. São estabelecimentos que do Tipo II
possuem estrutura para realizações de Hospital de referência que atenda no
média complexidade. Devem contar com mínimo a uma macrorregião, obedecen-
equipe 24 horas composta por clínico ge- do aos critérios estabelecidos no Manual
ral, pediatra, cirurgião, anestesiologis- Instrutivo da Rede de Atenção às Urgên-
ta, enfermeiros, técnicos e equipes para cias e Emergências no Sistema Único de
manejo de pacientes críticos. As portas Saúde (SUS) (BRASIL, 2013).
de entrada hospitalares de urgência ins-
Deve ser referência para uma cober-
taladas em estabelecimentos hospitala-
tura populacional a partir de 501 mil ha-
res estratégicos classificados como hos-
bitantes. Deve possuir, no mínimo, dois
pitais gerais receberão R$ 100.000,00
serviços de referência habilitados em
(cem mil reais) como incentivo de custeio
alta complexidade, para desempenhar
mensal (BRASIL, 2013).
seu papel como neurocirurgia, tráuma-
to-ortopedia, cardiologia/cardiovascular
6.3.2 Hospital Especializa- ou como referência para pediatria. Deve
contar com equipe 24h composta por
do Tipo I médicos especializados, cuja composição
35

depende do perfil assistencial do estabe- Prolongados (UCP e HCP)


lecimento, equipe multidisciplinar e equi-
Diante da necessidade de desenvolver
pes para manejo de pacientes críticos.
uma estratégia multidisciplinar de assis-
Dessa forma, as portas de entrada hos-
tência integral, humanizada e individua-
pitalares de urgência instaladas em esta-
lizada articulada com os demais pontos
belecimentos hospitalares estratégicos
de atenção das RAS, para atender ao
classificados como hospitais especiali-
paciente com necessidade de cuidados
zados tipo II receberão R$ 300.000,00
hospitalares prolongados, o MS criou, por
(trezentos mil reais) como incentivo de
meio da Portaria MS/GM nº 2.809, de 7 de
custeio mensal.
dezembro de 2012, as unidades de cuida-
dos prolongados e os hospitais especiali-
6.4 Leitos de retaguarda zados em cuidados prolongados:
A RUE tem como estratégia para me-
lhoria da atenção hospitalar a ampliação I – Unidades de internação em cui-
e qualificação dos leitos clínicos, pediá- dados prolongados (UCP): serviço vin-
tricos, cirúrgicos e de UTI e dos cuidados culado a hospital geral ou especializado
prolongados. maior do que um de 50 leitos, constituído
em módulos de 15 a 25 leitos.
Os leitos para retaguarda às urgên-
cias e emergências poderão ser criados II – Hospitais especializados em
ou qualificados em hospitais acima de cuidados prolongados (HCP): vincu-
50 leitos, localizados na região de saúde, lado a hospital geral ou especializado
podendo ser implantados nos hospitais maior do que um de 40 leitos. Sua capa-
estratégicos ou em hospitais de menos cidade total deverá estar destinada para
adensamento tecnológico que deem su- esta finalidade.
porte aos prontos-socorros e às unida- III – Hospital especializado em cui-
des de pronto atendimento, devendo, dados prolongados (HCP): hospital
como pressuposto, ser exclusivos para a com, no mínimo, 40 leitos (quarenta lei-
retaguarda às urgências e estar disponí- tos), cuja capacidade total instalada é
veis nas centrais de regulação. destinada aos cuidados prolongados.
Os números de novos leitos de reta- As UCP e os HCP se constituem em uni-
guarda clínicos, de cuidados prolonga- dades intermediárias entre os cuidados
dos, pediátricos, cirúrgicos e de terapia hospitalares de caráter agudo e crônico
intensiva (UTI) serão calculados de acor- reagudizado e a atenção básica, inclusive
do com parâmetros de necessidade, por a atenção domiciliar, prévia ao retorno do
tipo de leito, conforme o definido na Por- usuário ao domicílio.
taria MS/GM nº 1.101, de 12 de junho de
2002, e nas portarias específicas para De acordo com a Portaria nº 2.809, de
cada tipologia de leito. 7 de dezembro 2012, são diretrizes das
unidades de internação em cuidados pro-
longados (UCP):
6.5 Unidades e Hospitais
Especializados de Cuidados I – Prestação individualizada e huma-
36

nizada do cuidado ao usuário hospitali- 1. A UCP, serviço vinculado a hospital


zado que necessite de cuidados em rea- geral ou especializado, deverá contar
bilitação intensivos, semi-intensivos ou com sala multiuso de reabilitação tipo I,
não intensivos para o reestabelecimento com dimensão de 35m².
das suas funções e atividades, bem como
para a recuperação de sequelas.
2. O HCP deverá contar com sala mul-
tiuso de reabilitação tipo II, com dimen-
II – Equidade no acesso e atenção são de 75m².
prestada em tempo oportuno.
As UCP deverão contar com uma equi-
III – Garantia de cuidado por equipe pe multiprofissional para cada módulo
multidisciplinar. com 15 (quinze) a 25 (vinte e cinco leitos),
com as seguintes composição e carga ho-
IV – Incentivo à autonomia e autocui-
rária mínima:
dado do usuário.
I – médico: 20 (vinte) horas semanais,
V – Articulação entre as equipes mul-
distribuídas de forma horizontal, de se-
tidisciplinares das UCP com as equipes de
gunda a sexta-feira.
atenção básica, inclusive atenção domi-
ciliar, centro de referência em reabilita- II – enfermeiro: 60 (sessenta) horas
ção, bem como com outras equipes que semanais.
atuem nos demais pontos de atenção do
território, permitindo a efetivação da in-
III – técnico de enfermagem: no mí-
nimo 1 (um) técnico para cada 5 (cinco)
tegralidade da assistência e a continui-
usuários hospitalizados, disponível nas
dade do cuidado.
24 (vinte e quatro horas) do dia e nos 7
VI – Garantia da “alta responsável” e (sete) dias da semana.
em tempo oportuno.
IV – assistente social: 20 (vinte) ho-
VII – Eficiência e qualidade na presta- ras semanais.
ção dos cuidados.
V – fisioterapeuta: 60 (sessenta) ho-
VIII – Corresponsabilização da família ras semanais.
no cuidado.
VI – psicólogo: 20 (vinte) horas sema-
IX – Intersetorialidade. nais.
X – Acessibilidade. VII – fonoaudiólogo: 30 (trinta) ho-
ras semanais (BRASIL, 2013).
As UCP e os HCP deverão contar com
sala multiuso de reabilitação, espaço Os HCP deverão possuir toda a estru-
destinado para equipe multiprofissional, tura necessária para o funcionamento de
tendo como objetivo o atendimento aos um estabelecimento hospitalar, segundo
usuários com vistas à intervenção de re- a legislação vigente, e para cada módulo
abilitação precoce e à aceleração do pro- com quarenta leitos devem existir as se-
cesso de desospitalização. guintes composição e carga horária míni-
mas:
Podem ser organizados em dois tipos:
37

I – médico plantonista disponível nas III – necessidade de cuidados prolon-


24 (vinte e quatro) horas do dia e nos 7 gados para reabilitação e/ou adaptação
(sete) dias da semana. a sequelas decorrentes de um processo
clínico, cirúrgico ou traumatológico.
II – médico: carga horária mínima de
20 (vinte) horas semanais, distribuídas IV – dependência funcional permanen-
de forma horizontal, de segunda a sexta- te ou provisória física, motora ou neuro-
-feira. lógica parcial ou total.

III – enfermeiro: 60 (sessenta) horas Além de apresentar pelo menos uma


semanais. das características descritas, o usuário
elegível para ser admitido em UCP e HCP
IV – enfermeiro plantonista notur-
deverá se enquadrar em pelo menos uma
no: disponível nas 24 (vinte e quatro) ho-
das seguintes situações clínicas:
ras do dia e em todos os dias da semana.
I – usuários em suporte respiratório,
V – técnico de enfermagem: no mí-
como ventilação mecânica não invasiva,
nimo um técnico para cada 5 (cinco) usu-
oxigenoterapia ou higiene brônquica.
ários hospitalizados, disponível nas 24
(vinte e quatro) horas do dia e nos 7 (sete) II – usuários submetidos à antibiotico-
dias da semana. terapia venosa prolongada, terapia com
antifúngicos, dietoterapia enteral ou na-
VI – assistente social: 40 (quarenta)
sogástrica, portadores de outras sondas
horas semanais.
e drenos.
VII – fisioterapeuta: 120 (cento e
III – usuários submetidos aos proce-
vinte) horas semanais.
dimentos clínicos e/ou cirúrgicos que se
VIII – psicólogo: 40 (quarenta) horas encontrem em recuperação e necessi-
semanais. tem de acompanhamento multidiscipli-
nar, cuidados assistenciais e reabilitação
IX – fonoaudiólogo: 60 (sessenta)
físico-funcional.
horas semanais.
IV – usuários em reabilitação moto-
X – terapeuta ocupacional: 30 (trin-
ra por acidente vascular cerebral (AVC),
ta) horas semanais.
neuropatias, traumatismo cranioencefá-
Os critérios de elegibilidade dos lico (TCE), hematoma subaracnoide trau-
pacientes para a UCP ou o HCP são mático (HSAT), hematoma subaracnoide
os seguintes: espontâneo (HSAE), traumatismo raqui-
medular (TRM).
A. Usuário cujo quadro clínico apresen-
te as seguintes características: V – usuários traqueostomizados em
fase de decanulação.
I – situação clínica estável.
VI – usuários que necessitem de cura-
II – recuperação de um processo agudo tivos em úlceras por pressão graus III e IV.
e/ou recorrência de um processo crônico.
VII – usuários sem outras intercorrên-
38

cias clínicas após procedimento de lapa- tas de entrada hospitalares de urgência


rostomia. do SUS.

VIII – usuários com incapacidade tran- De acordo com a Portaria MS/GM


sitória de deambulação ou mobilidade. nº 1.663, de 6 de agosto de 2012,
IX – usuários com disfagia grave aguar- são objetivos do programa SOS
dando gastrostomia. Emergências:

X – usuários em fase terminal, desde I – estimular a organização e a implan-


que com agravamento do quadro, quan- tação da RUE, buscando um pacto coo-
do não necessitem de terapia intensiva. perativo entre as instâncias de gestão
do SUS para garantir os investimentos e
Obs.: quando houver retaguarda de recursos necessários a esta mudança de
atenção domiciliar no território, deverá modelo de atenção nos grandes prontos-
ser realizada avaliação prévia e sistemá- -socorros dos estabelecimentos hospita-
tica quanto à elegibilidade do usuário, lares integrados ao SUS.
garantindo a desospitalização em tempo
oportuno. II – intervir de forma mais organizada,
ágil e efetiva sobre a oferta do cuidado
São inelegíveis à internação em nas grandes emergências hospitalares
UCP e HCP os seguintes usuários: do SUS.
I – com episódio de doença em fase III – assessorar tecnicamente a equi-
aguda ou crítica, em quadro clinicamente pe do hospital participante do programa
instável. e oferecer capacitação para o aprimora-
mento da gestão do cuidado ao paciente
II – cujo objetivo da internação seja
em situação de urgência e emergência.
apenas a avaliação diagnóstica.
IV – apoiar as unidades hospitalares
III – que necessitem de cuidados que
para a melhoria da gestão e da qualidade
possam ser prestados em domicílio e
assistencial, por meio da implantação de
acompanhados pelas equipes de aten-
dispositivos como a classificação de risco,
ção básica, inclusive atenção domiciliar
gestão de leitos, implantação de proto-
(BRASIL, 2013).
colos clínico-assistenciais e administrati-
vos, adequação da estrutura e ambiência
6.6 SOS Emergências hospitalar, regulação e articulação com o
O programa SOS Emergências é uma sistema de saúde.
ação estratégica prioritária do Ministé-
rio da Saúde para a qualificação do Com- V – possibilitar a readequação física e
ponente de Atenção Hospitalar da RUE, tecnológica dos serviços de urgência e
realizada em conjunto com os estados, emergência da unidade hospitalar.
o Distrito Federal e os municípios para O programa teve início em novembro
a melhoria da gestão e do atendimento de 2011 e está implantado em 12 unida-
de usuários do Sistema Único de Saúde des hospitalares de referência regional.
(SUS) nas maiores e mais complexas por- Já estão em processo de implantação
39

mais dez unidades. A meta é que até 2014 fraestrutura adequada. No Brasil ainda
atinja os 40 maiores prontos-socorros existe um déficit no número de UTI e sua
brasileiros em 26 estados e no Distrito distribuição nas regiões de saúde. Além
Federal. disso, podemos considerar a ocupação
inadequada destes leitos por pacientes
6.7 Atenção ao paciente crí- menos complexos ou em quadros clíni-
cos estáveis, contudo com necessidade
tico de monitorização contínua, por exemplo,
O Brasil conta com 7.262 hospitais en- o que gera uma média de permanência
tre gerais e especializados com diversos alta, sem giro de leito e, consequente-
tipos de organização, esfera administra- mente, a dificuldade de acesso de quem
tiva e natureza jurídica. A Atenção Hospi- mais precisa (BRASIL, 2013).
talar no SUS conta com 5.664 estabele-
cimentos, dos quais 2.838 são hospitais Hoje, no Brasil, existem 17.940 leitos
públicos de administração direta ou indi- de UTI habilitados disponíveis ao SUS,
reta e 2.775 são privados com ou sem fins dos quais 11.615 são para adultos, 2.270
lucrativos (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). são pediátricos e 4.055 são neonatais.
Apenas em 2011 e 2012 houve um cres-
O número total de leitos hospitala- cimento de 2.232 novos leitos (CGHOSP/
res disponíveis chega a 496.739. Para o DAE/SAS/MS, 2012).
SUS são 352.082, sendo 173.894 leitos
públicos provenientes dos hospitais da No ano de 2012, mediante investi-
administração pública e 178.188 leitos mentos da RUE, foi ampliado conside-
privados, dos quais 121.618 leitos estão ravelmente o número de leitos de UTI
concentrados nas entidades sem fins lu- nestas regiões de saúde, especialmente
crativos (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). nas regiões metropolitanas, que concen-
tram os serviços de alta complexidade na
Na atenção hospitalar do SUS, conta- maioria dos estados brasileiros. Foi am-
mos com 3.297 hospitais (58,21%) com pliado o total de 2.098 leitos novos de
menos de 50 leitos, que disponibilizam UTI de adulto e 330 leitos novos de UTI
apenas 78.410 leitos gerais (22,27%) pediátricas e 1.998 leitos qualificados de
e apenas 206 leitos de UTI (1,24%), UTI de adulto e 262 leitos qualificados de
enquanto o restante dos 2.367 hospi- UTI pediátricas.
tais (41,8%) acima de 50 leitos contam
com 273.672 leitos gerais (77,7%), dos Considerando-se o período de janeiro
quais 16.397 são leitos de UTI (98,76%) a dezembro de 2012, foram credenciados
(CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). 936 novos leitos de UTI em todo o País.
Tal ampliação no número de leitos repre-
A melhoria na atenção ao paciente crí- sentou um impacto financeiro, para o Mi-
tico está diretamente implicada na forma nistério da Saúde, de aproximadamente
de organização do processo de trabalho R$ 126,8 milhões ao ano. Estes creden-
da equipe, na humanização do cuidado, ciamentos vêm melhorando a cobertura
na qualificação na gestão hospitalar, na global de leitos de UTI em nível nacional
ampliação do acesso e na garantia de in- (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012).
40

Com a referida ampliação dos leitos de nas linhas de cuidado por meio de práti-
UTI, atualmente a cobertura assistencial cas clínicas cuidadoras baseadas nas ne-
no País é de 3,69% do total de leitos hos- cessidades do usuário, reduzindo a frag-
pitalares necessários, quando o mínimo mentação da assistência, adotando um
preconizado é de 4%, conforme estabe- modelo centrado no trabalho multipro-
lece a Portaria nº 1.101/2002. fissional e interdisciplinar que estimule a
participação ativa dos profissionais, usu-
6.8 Atenção domiciliar ários, familiares e cuidadores (BRASIL,
A Atenção Domiciliar redefinida pela 2013).
Portaria MS/GM nº 2.527, de 27 de outu- A Atenção Domiciliar tem por finalida-
bro de 2011, caracteriza-se por um con- de estruturar e organizar o cuidado no
junto de ações de promoção à saúde, domicílio a partir de três modalidades
prevenção e tratamento de doenças e (AD1, AD2, AD3) definidas a partir da con-
reabilitação prestadas em domicílio, com dição clínica, da necessidade e do uso de
garantia de continuidade de cuidados e equipamentos e da frequência de visitas
integrada às redes de atenção à saúde, domiciliares.
tendo como objetivo a reorganização do
processo de trabalho das equipes que A assistência prestada na modalidade
prestam cuidado domiciliar, para a huma- AD1 é de responsabilidade das equipes
nização da atenção à saúde, a redução da de atenção básica (incluindo equipes
demanda por atendimento hospitalar e/ de saúde da família e núcleos de apoio
ou a redução do período de permanên- à saúde da família), por meio de visitas
cia de usuários internados, viabilizando regulares ao domicílio, devendo ocorrer,
a disponibilização de leitos hospitalares no mínimo, uma vez por mês. Nas moda-
para a retaguarda das urgências e a pre- lidades AD2 e AD3, a assistência será de
servação dos vínculos familiares, além responsabilidade das equipes multipro-
da ampliação da autonomia dos usuários fissionais de atenção domiciliar (Emad) e
e familiares para o cuidado em saúde. das equipes multiprofissionais de apoio
É uma modalidade de atenção à saúde (Emap) aos pacientes que necessitam de
substitutiva ou complementar às já exis- maior intensidade de cuidados, por meio
tentes. de acompanhamento contínuo.

Deve estar estruturada na perspecti- De acordo com a Portaria MS/GM nº


va das Redes de Atenção à Saúde, ten- 1.533, de 16 de julho de 2012, que alte-
do a Atenção Básica como ordenadora e ra e acrescenta dispositivos à Portaria nº
coordenadora do cuidado e da ação ter- 2.527/2011, citando os seguintes crité-
ritorial, articulando-se com os pontos rios como requisitos para que os municí-
de atenção, com serviços de retaguarda pios tenham serviço de atenção domici-
e incorporada ao sistema de regulação, liar (SAD):
além de estar de acordo com os princípios
I – apresentar população igual ou su-
de ampliação do acesso, acolhimento,
perior a 40.000 (quarenta mil) habitan-
equidade, humanização e integralidade
tes, com base na população estimada
da assistência. Deve também inserir-se
41

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Obs.: nenhum profissional componen-


Estatística (IBGE). te da Emad poderá ter carga horária se-
manal inferior a 20 (vinte) horas.
II – cobertura de SAMU ou possuir ser-
viço móvel local de atenção às urgências. A Emap deverá ter uma composição
mínima de 3 (três) profissionais de nível
III – possuir hospital de referência no
superior, escolhidos entre as ocupações
município ou na região que o integra.
listadas a seguir, cujo somatório das car-
Todos os municípios com uma Emad gas horárias semanais dos componentes
implantada poderão implantar uma Emap deve acumular, no mínimo, 90 (noventa)
para suporte e complementação das horas semanais: assistente social, fisio-
ações de saúde da Atenção Domiciliar e, a terapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista,
cada 3 (três) Emad a mais, farão jus à pos- odontólogo, psicólogo, farmacêutico e
sibilidade de implantar mais uma Emap. terapeuta ocupacional.
Após atingir a população de 150.000
Obs.: nenhum profissional componen-
(cento e cinquenta mil) habitantes, o mu-
te da Emap poderá ter carga horária se-
nicípio poderá constituir, sucessivamen-
manal inferior a 20 (vinte) horas.
te, uma nova Emad a cada 100.000 (cem
mil) novos habitantes.
6.9 Força Nacional-SUS
As Emad deverão ser organizadas a A Força Nacional do Sistema Único de
partir de uma base territorial, sendo re- Saúde (FN-SUS) é um componente huma-
ferência em atenção domiciliar para uma nitário do SUS, estruturante para a Rede
população definida, e se relacionar com de Atenção às Urgências e Emergências,
os demais serviços de saúde que com- sob gestão do Ministério da Saúde. Foi
põem a Rede de Atenção à Saúde, em es- aprovada mediante a Resolução nº 443,
pecial a Atenção Básica. de 9 de junho de 2011, e deverá ser or-
ganizada na lógica de aglutinar esforços
A Emad terá a seguinte composi-
para garantir a integralidade da assistên-
ção mínima:
cia em situações de risco ou emergen-
I – profissionais médicos com somató- ciais a que esteja exposta a população
rio de carga horária semanal (CHS) de, no brasileira e, especialmente, os povos in-
mínimo, 40 (quarenta) horas. dígenas e grupos populacionais localiza-
dos em território de difícil acesso, deven-
II – profissionais enfermeiros com so-
do conduzir suas atividades segundo os
matório de CHS de, no mínimo, 40 (qua-
princípios de equidade, integralidade e
renta) horas.
universalidade.
III – profissional fisioterapeuta e/ou
A FN-SUS deverá prover resposta rá-
assistente social com somatório de CHS
pida e eficiente em situações de calami-
de, no mínimo, 30 (trinta) horas.
dade e urgências específicas em todas
IV – auxiliares/técnicos de enferma- as unidades federativas do território na-
gem com somatório de CHS de, no míni- cional e, extraordinariamente, em outros
mo, 120 (cento e vinte) horas. países, quando sua participação integrar
42

ajuda humanitária que seja oficialmen- ção para a FN-SUS.


te solicitada à Presidência da República.
V – manter cadastro de profissionais
Exemplos de situações elegíveis para a
integrantes da FN-SUS para que sejam
atuação da FN-SUS: alagamentos e seca,
convocados e mobilizados para atuação
desabamentos, enchentes, incêndios,
na resposta sempre que se fizer neces-
epidemias/pandemias, acidentes nucle-
sário.
ares, eventos com grande concentração
de pessoas, como a Copa do Mundo e as VI – manter cadastro de pesquisado-
Olimpíadas. res e especialistas em saúde, instituições
e serviços que comporão as respostas
Ainda quanto à estruturação, a FN-
coordenadas às emergências em saúde
-SUS contará com hospitais de campa-
pública.
nha para o atendimento às vítimas de
calamidade, podendo realizar, inclusive, VII – articular-se com as demais ins-
cirurgias e estabilização de pacientes crí- tâncias do SUS na provisão de força de
ticos/graves em terapia intensiva, para trabalho, de logística e de recursos ma-
posterior encaminhamento para a Rede teriais para assegurar a execução das
de Atenção às Urgências e Emergências. ações de saúde da FN-SUS.
Além disso, terá suporte de veículos de
intervenção rápida e ambulâncias para
VIII – solicitar apoio de outros órgãos
e entidades federais na operacionaliza-
assistência e remoção de suporte básico
ção da resposta às emergências em saú-
e avançado à vida.
de pública e desastres.
Compete ao Ministério da Saúde,
IX – celebrar contratos, convênios e
como gestor da FN-SUS:
instrumentos de cooperação para asse-
I – definir as diretrizes operacionais de gurar a força de trabalho, a logística e os
atuação da FN-SUS. recursos materiais.

II – convocar e coordenar a FN-SUS A Portaria nº 2.952, de 14 de dezem-


para atuar nos casos de declaração de bro de 2011, regulamenta, no âmbito do
emergência em saúde pública de impor- Sistema Único de Saúde (SUS), o Decreto
tância nacional (Espin) e em outras situ- nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, que
ações de emergência em saúde pública. dispõe sobre a declaração de emergência
em saúde pública de importância nacio-
III – definir os critérios e mecanismos nal (Espin) e institui a Força Nacional do
para avaliar as solicitações de apoio da
Sistema Único de Saúde (FN-SUS).
FN-SUS por parte dos estados, municí-
pios e do Distrito Federal quando esgo-
tadas suas capacidades de resposta em
situações de emergência em saúde pú-
blica.

IV – estabelecer as diretrizes de sele-


ção, educação permanente e qualifica-
43

REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS BRASIL. Lei n. 9.656 de 03 de junho de


1998. Dispõe sobre os planos e seguros pri-
BRASIL. Manual instrutivo da Rede de vados de assistência à saúde. Disponível em:
Atenção às Urgências e Emergências no http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
Sistema Único de Saúde (SUS) / Ministério L9656compilado.htm
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Especializada. BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, de 1990. Dispõe sobre as condições para a
2013. promoção, proteção e recuperação da saú-
de, a organização e o funcionamento dos
FORTES, Julia Ikeda et al. Curso de espe- serviços correspondentes e dá outras provi-
cialização profissional de nível técnico em dências.
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emergência. São Paulo: FUNDAP, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a
Z: garantindo saúde nos municípios. Brasília:
SANTOS, Nívea Cristina Moreira. Ur- Ministério da Saúde, 2005 (Série F. Comuni-
gência e emergência para enfermagem: cação e Educação em Saúde).
do atendimento pré-hospitalar (APH) à
sala de emergência. 6 ed. São Paulo: Iátria, BRASIL. Ministério da Saúde. Política Na-
2012. cional de Práticas Integrativas e Complemen-
tares no SUS (PNPIC-SUS). Brasília: Ministério
REFERÊNCIAS COMPLEMEN- da Saúde, 2006 (Série B. Textos Básicos de
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<http://www.anvisa.gov.br> sica. 4 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
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ponível em: http://portal.saude.gov.br/por- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria
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txt=38016&janela=1 Promoção da Saúde. Brasília, 2006.
BRASIL. Conselho Nacional de Secretários HUDDLESTON, Sandra Smith; FERGUSON,
de Saúde. Assistência de Média e Alta Com- Sondra G. Trad. Sônia Regina de Souza. Emer-
plexidade no SUS. Brasília: CONASS, 2007. gências clínicas: abordagens, intervenções
248 p. (Coleção Progestores – Para entender e auto avaliação. Rio de Janeiro: Guanabara
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www.saude.mg.gov.br/publicacoes/planeja-
mento-gestao-em-saude/conass-projesto- INSTITUTO BRASILEIRO EM GEOGRA-
res/livro9.pdf> FIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponí-
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44

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http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/ piloto da microregião de Baturité. Forta-
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de serviços de saúde: o que os gesto-
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MENDES. E. V. Os sistemas de serviços


de saúde: o que os gestores deveria sa-
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ará. 2002.

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para os serviços de saúde: panorama in-
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ca, 2004, vol.20 supl.2.
45

ANEXOS

Portarias do MS/GM que orientam e sistemas de saúde como um dos pilares


a Política Nacional de Atenção às Ur- para a efetivação das diretrizes do SUS de
gências: universalidade, integralidade e equidade -
Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e
Portaria MS/GM nº 737, de 16 de maio Pacto de Gestão do SUS.
de 2001 - Política Nacional de Redução da
Morbimortalidade por Acidentes e Violên- Portaria GM/MS n.º 687, 30 de março
cias. de 2006 - Política Nacional de Promoção da
Saúde contribui com ações efetivas para a
Portaria nº 2.048/GM, de 5 de novem- prevenção de acidentes e violências, atu-
bro de 2002 - Institui o Regulamento Téc- ando sobre os fatores de risco e de prote-
nico dos Sistemas Estaduais de Urgência e ção, promovendo ambientes e entornos
Emergência. saudáveis, traz estratégias que buscam
Portaria nº 1.863/GM, de 29 de setem- atuar sobre os condicionantes e determi-
bro 2003 - Institui a Política Nacional de nantes das violências, cujo objetivo maior
Atenção às Urgências. é reduzir a morbimortalidade por aciden-
tes e violências no Sistema Único de Saúde
Portaria nº 1.864/GM, de 29 de se- (SUS), promover saúde e a cultura da paz.
tembro de 2003 - Institui a Rede Nacional
Samu 192. Portaria nº 3.125/GM, de 7 de dezem-
bro de 2006 - Institui o Programa de Qua-
Portaria GM nº 2.072, de 30 de outu- lificação da Atenção Hospitalar de Urgên-
bro 2003 - Institui o Comitê Gestor Nacio- cia no Sistema Único de Saúde (Programa
nal de Atenção às Urgências. QualiSUS), investindo na estruturação e
Portaria GM nº 1.828, de 2 de setem- qualificação de prontos-socorros, em hos-
bro de 2004 - Institui incentivo financeiro pitais parceiros na configuração de Redes
para adequação da área física das Centrais Regionais.
de Regulação Médica de Urgência em Esta- Portaria nº 2.922/GM, de 2 de dezem-
dos, municípios e regiões de todo o territó- bro de 2008 - Constitui redes de atenção
rio nacional. integral às urgências, criando as Unidades
Portaria GM nº 2.420, de 9 de novem- de Pronto Atendimento (UPAs) com salas
bro de 2004 - Constitui Grupo Técnico (GT), de estabilização.
visando avaliar e recomendar estratégias Principais portarias ministeriais da RUE
de intervenção do Sistema Único de Saúde para consulta
(SUS), para abordagem dos episódios de
morte súbita. CUIDADOS PROLONGADOS
Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro Portaria MS/GM nº 2.809, de 7 de de-
de 2006 - Divulga o Pacto pela Vida e vem zembro de 2012. Estabelece a organização
trabalhando a regionalização de serviços dos Cuidados Prolongados para retaguar-
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da à Rede de Atenção às Urgências e Emer- Comunitários de Saúde (PACS).


gências (RUE) e às demais Redes Temáticas
de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema SAMU
Único de Saúde (SUS).
Portaria MS/GM nº 1.010, de 21 de maio
de 2012. Redefine as diretrizes para a im-
REDES DE ATENÇÃO À plantação do Serviço de Atendimento Mó-
SAÚDE vel de Urgência (SAMU 192) e sua Central
de Regulação das Urgências, componente
Portaria MS/GM nº 4.279, de 30 de de-
da Rede de Atenção às Urgências.
zembro de 2010. Estabelece diretrizes
para a organização da Rede de Atenção à
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saú-
UPA 24H
de (SUS). Portaria MS/GM nº 1.171, de 5 de junho
de 2012. Dispõe sobre o incentivo financei-
Portaria MS/GM nº 1.600, de 7 de julho
ro de investimento para construção e am-
de 2011. Reformula a Política Nacional de
pliação no âmbito do Componente Unida-
Atenção às Urgências e institui a Rede de
de de Pronto Atendimento (UPA 24h) e do
Atenção às Urgências no Sistema Único de
conjunto de serviços de urgência 24 horas
Saúde (SUS).
da Rede de Atenção às Urgências, em con-
formidade com a Política Nacional de Aten-
PROMOÇÃO E PREVENÇÃO ção às Urgências.
DA SAÚDE Portaria MS/GM nº 2.648, de 7 de no-
Portaria MS/GM nº 936, de 18 de maio vembro de 2011. Redefine as diretrizes
de 2004. Dispõe sobre a estruturação da para implantação do Componente Unida-
Rede Nacional de Prevenção da Violência e de de Pronto Atendimento (UPA 24h) e do
Promoção da Saúde e a Implantação e Im- conjunto de serviços de urgência 24 (vinte
plementação de Núcleos de Prevenção à e quatro) horas da Rede de Atenção às Ur-
Violência em Estados e Municípios. gências, em conformidade com a Política
Nacional de Atenção às Urgências.
Portaria MS/GM nº 344, de 19 de feve-
reiro de 2002. Institui a Política Nacional de
Redução da Morbimortalidade por Aciden-
FORÇA NACIONAL DO SUS
tes de Trânsito: mobilizando a sociedade e Resolução MS/ANVISA nº 443, de 9 de
promovendo saúde. junho de 2011. Aprova a conformação da
Rede de Urgência e Emergência (RUE) e a
ATENÇÃO BÁSICA criação da Força Nacional de Saúde do Sis-
tema Único de Saúde (FN-SUS).
Portaria MS/GM nº 2.488, de 21 de outu-
bro de 2011. Aprova a Política Nacional de
Atenção Básica, estabelecendo a revisão
ATENÇÃO HOSPITALAR
de diretrizes e normas para a organização Portaria MS/GM nº 2.395, de 11 de outu-
da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde bro de 2011. Organiza o Componente Hos-
da Família (ESF) e o Programa de Agentes pitalar da Rede de Atenção às Urgências no
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âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). LINHA DE CUIDADO AO


ATENÇÃO DOMICILIAR ACIDENTE VASCULAR
Portaria MS/GM nº 1.533, de 16 de julho CEREBRAL
de 2012. Altera e acresce dispositivos à Portaria MS/GM nº 665, de 12 de abril de
Portaria nº 2.527/GM/MS, de 27 de outubro 2012. Dispõe sobre os critérios de habili-
de 2011, que redefine a Atenção Domici- tação dos estabelecimentos hospitalares
liar no âmbito do Sistema Único de Saúde como Centro de Atendimento de Urgência
(SUS). aos Pacientes com Acidente Vascular Cere-
Portaria MS/GM nº 2.527, de 27 de outu- bral (AVC), no âmbito do Sistema Único de
bro de 2011. Redefine a Atenção Domici- Saúde (SUS), institui o respectivo incenti-
liar no âmbito do Sistema Único de Saúde vo financeiro e aprova a Linha de Cuidados
(SUS). em AVC.

LINHA DE CUIDADO AO
TRAUMA NA REDE DE
ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS
Portaria MS/GM nº 1.365, de 8 de julho
de 2013. Aprova e institui a Linha de Cui-
dado ao Trauma na Rede de Atenção às Ur-
gências e Emergências.

Portaria MS/GM nº 1.366, de 8 de julho


de 2013. Estabelece a organização dos
Centros de Trauma, estabelecimentos de
saúde integrantes da Linha de Cuidado ao
Trauma da Rede de Atenção às Urgências e
Emergências (RUE) no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS).

LINHA DE CUIDADO AO INFARTO AGUDO


DO MIOCÁRDIO

Portaria MS/GM nº 2.994, de 13 de de-


zembro de 2011. Aprova a Linha de Cuida-
do do Infarto Agudo do Miocárdio e o Pro-
tocolo de Síndromes Coronarianas Agudas,
cria e altera procedimentos na Tabela de
Procedimentos, Medicamentos, Órteses,
Próteses e Materiais Especiais do SUS.
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