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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
NO CONTEXTO DO SUS
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3 UNIDADE 1 - Introdução
6 UNIDADE 2 - A Saúde no Brasil
6 2.1 A atenção básica de saúde
SUMÁRIO
18 3.2 Emergência
18 3.3 Pronto-socorro
19 3.5 Recursos
21 4.2 Estrutura
43 REFERÊNCIAS
45 ANEXOS
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UNIDADE 1 - Introdução
so foi, sem dúvida alguma, a VIII Conferên- ações e serviços preventivos e curativos,
cia Nacional de Saúde, ocorrida em março individuais e coletivos, exigidos para cada
de 1986, que contou com a participação de caso em todos os níveis de complexidade
diversos setores organizados da socieda- do sistema; referência e contrarrefrência;
de.
participação popular – ou seja, a
Segundo Lora (2004), houve um con- democratização dos processos decisórios
senso de que para o setor da saúde no Bra- consolidado na participação dos usuários
sil não era suficiente uma mera reforma dos serviços de saúde nos chamados Con-
administrativa e financeira, mas sim uma selhos Municipais de Saúde;
mudança em todo o arcabouço jurídico-
descentralização da política ad-
-institucional vigente, que contemplasse
ministrativa – consolidada com a munici-
a ampliação do conceito de saúde segundo
palização das ações de saúde, tornando o
os preceitos da reforma sanitária.
município gestor administrativo e financei-
Este encontro foi importante para le- ro do SUS (Lei nº 8080/90).
gitimar as propostas de unificação do sis-
tema no Ministério da Saúde de garantia,
Os objetivos e as atribuições do SUS
pelo Estado, de condições dignas de vida e foram assim definidos:
de acesso universal e igualitário às ações e identificação e divulgação dos fatores
serviços de promoção, proteção e recupe- condicionantes e determinantes da saúde;
ração da saúde, em todos os seus níveis a
todos os habitantes do território nacional formular as políticas de saúde;
(BRASIL, 1987). fornecer assistência às pessoas por
intermédio de ações de promoção, prote-
2.3 O Sistema Único de Saú- ção e recuperação da saúde, com a realiza-
de ção integrada das ações assistenciais e das
atividades preventivas;
O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu
com a Constituição de 1988, mas só foi re- executar as ações de vigilância sanitá-
gulamentado em 1990 com a Lei Orgânica ria e epidemiológica;
da Saúde de nº 8.080 e nº 8.142.
executar ações visando a saúde do
Reafirmando: o SUS é definido como trabalhador;
o conjunto de ações e serviços de saúde
participar na formulação da política e
prestados por órgãos e instituições públi-
na execução de ações de saneamento bá-
cas e por entidades privadas conveniadas
sico;
ou contratadas, tendo como princípios a
universalidade, equidade, integralidade. participar na formulação da política de
recursos humanos para a saúde;
Destes princípios derivam outros
que são organizativos, a saber: realizar atividades de vigilância nutri-
cional e de orientação alimentar;
hierarquização – entendida como
um conjunto articulado e contínuo das participar das ações direcionadas ao
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Figura 2: Rede horizontal – sistema integrado de organização dos serviços Fonte: Mendes (2002).
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pequeno porte, fraturas, torções e infecções para determinar prioridades com base na
das vias respiratórias superiores ou das vias avaliação e na previsão das necessidades do
urinárias. cliente.
E quais são as funções do profissional de 5º. Fornecer medidas diretas para rea-
enfermagem em atendimento de emergên- nimar o cliente, se necessário.
cia?
6º. Fornecer cuidados preliminares
1º. Provedora de cuidados: fornece antes de o cliente ser transferido para a área
cuidados diretos abrangentes ao cliente e à de cuidados primários.
família. Prescreve os direitos dos clientes.
7º. Fornecer orientações sobre saúde
2º. Educadora: fornece orientações ao ao cliente e à família.
cliente e à família com base em suas neces-
8º. Supervisionar o cuidado do cliente
sidades de aprendizagem e habilidades e na
e o pessoal auxiliar.
gravidade da situação, e possibilita ao cliente
assumir mais responsabilidade para atender 9º. Fornecer suporte e proteção ao
às necessidades de cuidados de saúde. cliente e à família.
3º. Administradora: coordena as ativi- De antemão, embora tenhamos um mo-
dades de outros membros na equipe multi- mento do curso específico para falarmos das
disciplinar para atingir o objetivo específico implicações legais e éticas no atendimento
de fornecer cuidados de emergência. de clientes em emergência, vale de imediato
elencar algumas dessas implicações:
4º. Implementar o serviço de triagem
dor torácica sem complicações respi- Tanto a urgência como a emergência re-
ratórias; quer do profissional de enfermagem aten-
ção imediata em suas ações, ressaltando
alguns tipos de queimadura; que o conhecimento técnico faz a dife-
rença no final do atendimento (SANTOS,
fraturas sem sinais de choques ou ou-
2012).
tras lesões mais sérias;
Existem outros conceitos que permeiam
vômito e diarreia, acompanhados ou
o atendimento para as urgências e emer-
não por estado febril abaixo de 39°C;
gências, como veremos abaixo:
sangramentos e ferimentos leves e
moderados. 3.3 Pronto-socorro
Local “físico” destinado ao atendimento
3.2 Emergência de urgências e emergências constatadas
Segundo os mesmos autores que defi- (SOARES, 1996). Geralmente está localiza-
niram urgência, emergência é a constata- do em um hospital ou próximo a ele. É para
ção médica de condições de danos à saúde, o pronto-socorro que as vítimas são enca-
que implicam em risco de morte, exigindo minhadas após o primeiro atendimento, in-
tratamento médico imediato. dependente de seu estado.
Aqui temos como exemplos de alta prio-
ridade de atendimento.
3.4 Sala de Urgência
Local destinado e equipado dentro do
parada cardiorrespiratória (PCR); pronto-socorro para atendimento de ur-
dor torácica acompanhada de descon- gências e emergências, independente de
forto respiratório; sua procedência.
cefaleias e enxaquecas;
distensões e luxações;
queimaduras de 1º grau.
infecções em geral.
rede hospitalar, devendo funcionar 24h investimento para UPA Ampliada, bem
por dia, todos os dias da semana, e com- como os critérios de seleção das propos-
por uma rede organizada de atenção às tas e os requisitos mínimos a serem cum-
urgências e emergências, com pactos e pridos (BRASIL, 2013).
fluxos previamente definidos, com o ob-
jetivo de garantir o acolhimento aos pa- 6.3 Urgência e emergência
cientes, intervir em sua condição clínica
e contrarreferenciá-los para os demais
em Unidade hospitalar
pontos de atenção da RAS, para os ser- O Componente da Atenção Hospitalar
viços da atenção básica ou especializada (AH) na Rede de Atenção às Urgências e
ou para internação hospitalar, proporcio- Emergências no âmbito do SUS foi insti-
nando a continuidade do tratamento com tuído pela Portaria MS/GM nº 2.395, de 11
impacto positivo no quadro de saúde in- de outubro de 2011.
dividual e coletivo da população. O Componente da Atenção Hos-
A Portaria MS/GM nº 1.171, de 5 de ju- pitalar da Rede de Atenção às Ur-
nho de 2012, dispõe sobre o incentivo gências e Emergências é constituído
financeiro de investimento para cons- por:
trução e ampliação no âmbito do Compo-
1. Portas hospitalares de urgência e
nente Unidade de Pronto Atendimento
emergência.
(UPA 24h) e do conjunto de serviços de
urgência 24 horas da Rede de Atenção às 2. Enfermaria de retaguarda clínica.
Urgências e Emergências, em conformi-
3. Unidades de cuidados prolongados
dade com a Política Nacional de Atenção
e hospitais especializados em cuidados
às Urgências.
prolongados.
Conforme a Portaria nº
4. Leitos de terapia intensiva.
1.171/2012, consideram-se as se-
guintes definições: 5. Organização das linhas de cuidado
prioritárias:
I – UPA Nova: unidade de pronto
atendimento (UPA 24h) a ser construída LC do infarto agudo do miocárdio
com recursos do incentivo financeiro de (IAM);
investimento para a construção.
LC do acidente vascular cerebral
II – UPA Ampliada: unidade de pronto (AVC);
atendimento (UPA 24h) a ser constituída
LC da traumatologia.
a partir de acréscimo de área a estabele-
cimentos de saúde já existentes e cadas- São objetivos da Atenção Hospita-
trados no Sistema do Cadastro Nacional lar da Rede de Atenção às Urgências
de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). e Emergências:
Periodicamente, o Ministério da Saúde I – organizar a atenção às urgências
poderá redefinir os valores a serem re- nos hospitais de modo que atendam à
passados para o incentivo financeiro de demanda espontânea e/ou referenciada
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mais dez unidades. A meta é que até 2014 fraestrutura adequada. No Brasil ainda
atinja os 40 maiores prontos-socorros existe um déficit no número de UTI e sua
brasileiros em 26 estados e no Distrito distribuição nas regiões de saúde. Além
Federal. disso, podemos considerar a ocupação
inadequada destes leitos por pacientes
6.7 Atenção ao paciente crí- menos complexos ou em quadros clíni-
cos estáveis, contudo com necessidade
tico de monitorização contínua, por exemplo,
O Brasil conta com 7.262 hospitais en- o que gera uma média de permanência
tre gerais e especializados com diversos alta, sem giro de leito e, consequente-
tipos de organização, esfera administra- mente, a dificuldade de acesso de quem
tiva e natureza jurídica. A Atenção Hospi- mais precisa (BRASIL, 2013).
talar no SUS conta com 5.664 estabele-
cimentos, dos quais 2.838 são hospitais Hoje, no Brasil, existem 17.940 leitos
públicos de administração direta ou indi- de UTI habilitados disponíveis ao SUS,
reta e 2.775 são privados com ou sem fins dos quais 11.615 são para adultos, 2.270
lucrativos (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). são pediátricos e 4.055 são neonatais.
Apenas em 2011 e 2012 houve um cres-
O número total de leitos hospitala- cimento de 2.232 novos leitos (CGHOSP/
res disponíveis chega a 496.739. Para o DAE/SAS/MS, 2012).
SUS são 352.082, sendo 173.894 leitos
públicos provenientes dos hospitais da No ano de 2012, mediante investi-
administração pública e 178.188 leitos mentos da RUE, foi ampliado conside-
privados, dos quais 121.618 leitos estão ravelmente o número de leitos de UTI
concentrados nas entidades sem fins lu- nestas regiões de saúde, especialmente
crativos (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). nas regiões metropolitanas, que concen-
tram os serviços de alta complexidade na
Na atenção hospitalar do SUS, conta- maioria dos estados brasileiros. Foi am-
mos com 3.297 hospitais (58,21%) com pliado o total de 2.098 leitos novos de
menos de 50 leitos, que disponibilizam UTI de adulto e 330 leitos novos de UTI
apenas 78.410 leitos gerais (22,27%) pediátricas e 1.998 leitos qualificados de
e apenas 206 leitos de UTI (1,24%), UTI de adulto e 262 leitos qualificados de
enquanto o restante dos 2.367 hospi- UTI pediátricas.
tais (41,8%) acima de 50 leitos contam
com 273.672 leitos gerais (77,7%), dos Considerando-se o período de janeiro
quais 16.397 são leitos de UTI (98,76%) a dezembro de 2012, foram credenciados
(CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012). 936 novos leitos de UTI em todo o País.
Tal ampliação no número de leitos repre-
A melhoria na atenção ao paciente crí- sentou um impacto financeiro, para o Mi-
tico está diretamente implicada na forma nistério da Saúde, de aproximadamente
de organização do processo de trabalho R$ 126,8 milhões ao ano. Estes creden-
da equipe, na humanização do cuidado, ciamentos vêm melhorando a cobertura
na qualificação na gestão hospitalar, na global de leitos de UTI em nível nacional
ampliação do acesso e na garantia de in- (CGHOSP/DAE/SAS/MS, 2012).
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Com a referida ampliação dos leitos de nas linhas de cuidado por meio de práti-
UTI, atualmente a cobertura assistencial cas clínicas cuidadoras baseadas nas ne-
no País é de 3,69% do total de leitos hos- cessidades do usuário, reduzindo a frag-
pitalares necessários, quando o mínimo mentação da assistência, adotando um
preconizado é de 4%, conforme estabe- modelo centrado no trabalho multipro-
lece a Portaria nº 1.101/2002. fissional e interdisciplinar que estimule a
participação ativa dos profissionais, usu-
6.8 Atenção domiciliar ários, familiares e cuidadores (BRASIL,
A Atenção Domiciliar redefinida pela 2013).
Portaria MS/GM nº 2.527, de 27 de outu- A Atenção Domiciliar tem por finalida-
bro de 2011, caracteriza-se por um con- de estruturar e organizar o cuidado no
junto de ações de promoção à saúde, domicílio a partir de três modalidades
prevenção e tratamento de doenças e (AD1, AD2, AD3) definidas a partir da con-
reabilitação prestadas em domicílio, com dição clínica, da necessidade e do uso de
garantia de continuidade de cuidados e equipamentos e da frequência de visitas
integrada às redes de atenção à saúde, domiciliares.
tendo como objetivo a reorganização do
processo de trabalho das equipes que A assistência prestada na modalidade
prestam cuidado domiciliar, para a huma- AD1 é de responsabilidade das equipes
nização da atenção à saúde, a redução da de atenção básica (incluindo equipes
demanda por atendimento hospitalar e/ de saúde da família e núcleos de apoio
ou a redução do período de permanên- à saúde da família), por meio de visitas
cia de usuários internados, viabilizando regulares ao domicílio, devendo ocorrer,
a disponibilização de leitos hospitalares no mínimo, uma vez por mês. Nas moda-
para a retaguarda das urgências e a pre- lidades AD2 e AD3, a assistência será de
servação dos vínculos familiares, além responsabilidade das equipes multipro-
da ampliação da autonomia dos usuários fissionais de atenção domiciliar (Emad) e
e familiares para o cuidado em saúde. das equipes multiprofissionais de apoio
É uma modalidade de atenção à saúde (Emap) aos pacientes que necessitam de
substitutiva ou complementar às já exis- maior intensidade de cuidados, por meio
tentes. de acompanhamento contínuo.
REFERÊNCIAS
ANEXOS
LINHA DE CUIDADO AO
TRAUMA NA REDE DE
ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS
Portaria MS/GM nº 1.365, de 8 de julho
de 2013. Aprova e institui a Linha de Cui-
dado ao Trauma na Rede de Atenção às Ur-
gências e Emergências.