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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Enfª Thais Lorranne
• Unidade 1:
• Rede de Atendimento às Urgências e Emergências, a importância de cada ponto de atenção da RUE, como é
organizada a triagem nos serviços de urgências e emergências, a importância de realizar o acolhimento e
classificação de risco no atendimento inicial ao paciente e os impactos da segurança do paciente para a gestão de
riscos em urgência e emergência.
• Unidade 2:
• Atuação da equipe de enfermagem no atendimento de urgência e emergência pré e intra-hospitalar, ser capaz de
planejar a assistência ao indivíduo por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem em unidades de
urgência e emergência, estabelecer um plano de promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo em
situações de saúde críticas e prestar assistência de enfermagem nas principais emergências clínicas.
• Unidade 3:
• Procedimentos para atendimento a situações especificas, tais como: identificar a ocorrência de diferentes traumas
e situações especiais na sociedade; articular as diferentes formas de abordagem ao paciente a partir de uma
assistência de qualidade; compreender a importância da assistência de qualidade para a rede de urgências e
emergências; reconhecer o papel do enfermeiro na assistência ao pacientes com traumas e situações especiais.
• REDE DE ATENDIMENTO ÀS
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS

UNIDA
DE 1
• OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
• • Compreender a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências.
• • Identificar os componentes da Rede de Atendimento às Urgências e Emergências.
• • Compreender a triagem nos serviços de urgências e emergências.
• • Conhecer o acolhimento.
• • Conhecer a Legislação da Rede Atendimento as Urgências e Emergências.
• • Compreender a segurança do paciente e gestão de riscos em urgência e emergência.

• PLANO DE ESTUDOS:
• TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – A REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
• TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
• TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE RISCOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
• A REDE DE ATENDIMENTO ÀS
URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS

TÓPICO 1 – UNIDADE 1
• Você já ouviu falar de rede de saúde?
•A Rede de Atenção à Saúde (RAS) é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de
diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão,
buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2013a).
• E na perspectiva do atendimento de urgência e emergência o Ministério da Saúde, em 2011, por meio da
Portaria nº 1.600, de 7 de julho, implementou a Política Nacional de Atenção as Urgências e instituiu a Rede de
Atenção as Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS).
• De modo que, a Rede de Atendimento às Urgências e Emergências (RUE) é um fluxo estruturado e articulado
entre as unidades de saúde que compõem os municípios de cada localidade do país (BRASIL, 2011).
• Dentre os seus objetivos, destacamos a ampliação do acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos
serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e intervenção
adequada e necessária aos diferentes agravos. Além disso, ela busca promover e assegurar a universalidade e
integralidade da assistência em saúde, bem como a equidade de acesso.
Para operacionalizar o fluxo de atendimento desta rede,
ela está organizada por níveis de complexidade sendo
eles: atenção primária, atenção secundária e atenção
terciária.
A atenção primária são as unidades básicas de saúde, a
atenção secundária se refere às unidades de pronto
atendimento e aos serviços especializados e a atenção
terciária aos hospitais com estruturas mais complexas
para realização de exames e cirurgias (BRASIL, 2013a).
Os níveis de atenção que compõe a RUE foram
instituídos pela Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro
de 2010.
A organização por meio da portaria é importante para
sabermos referenciar as urgências e emergências
dentro da rede de atenção à saúde de acordo com a
complexidade dos casos.
COMPONENTES DA RUE: UPA, SAMU, PORTAS HOSPITALARES SOS, LEITOS DE
RETAGUARDA E ATENÇÃO DOMICILIAR – PROGRAMA MELHOR EM CASA
• A Portaria nº 1.600/2011, que reformulou a Política Nacional de Atenção às Urgências e institui a Rede
de Atenção às Urgências no SUS, cita em seu Art. 4º os componentes da RUE, sendo eles: Promoção,
Prevenção e Vigilância à Saúde, Atenção Básica em Saúde, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU 192) e suas Centrais de Regulação Médica das Urgências, leitos de retaguarda, Unidades de
Pronto Atendimento (UPA 24h) Portas Hospitalares e Atenção Domiciliar .
• Neste sentido, a Promoção, Prevenção e Vigilância em Saúde tem como objetivo estimular e promover
o desenvolvimento de ações de saúde e educação permanente voltadas para a vigilância e a prevenção
das violências e dos acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não
transmissíveis, além de ações intersetoriais e da participação e mobilização da sociedade nessas ações .
• Você sabia que a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) faz parte do componente da RUE e
que prioriza, dentre suas ações estratégicas, a redução da morbimortalidade em decorrência do uso
abusivo de álcool e outras drogas, por acidentes de trânsito e a prevenção da violência, além do
estímulo à cultura de paz.
• Na Atenção Básica em Saúde, especificamente nas Unidades Básicas de
Saúde (UBS) encontramos o vínculo longitudinal do cuidado que,
acompanhado das atividades de prevenção, promoção de saúde e vigilância,
auxiliam o paciente no decorrer do seu processo de saúde e doença e
previnem as situações que possam gerar urgências e emergências, no
entanto, se houver uma situação de urgência na UBS, a equipe possui
treinamento e recursos para o suporte básico de vida (SBV), sendo
necessário chamar o SAMU para transporte e resolução do caso em outro
ponto de atendimento.
• O SAMU é o componente da Rede de
Atenção às Urgências e Emergências que
objetiva ordenar o fluxo assistencial e
disponibilizar atendimento precoce e
transporte adequado, rápido e resolutivo às
vítimas acometidas por agravos à saúde de
natureza clínica, cirúrgica, gineco-obstétrica,
traumática e psiquiátricas mediante o envio
de veículos tripulados por equipe capacitada,
acessado pelo número “192” e acionado por
Regulação
uma Central dedas Urgências,
morbimortalidade
reduzindo a .
• Outro local de atendimento são as Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs), as quais são estruturas
de complexidade intermediária entre as Unidades
Básicas de Saúde e a rede hospitalar, devendo
funcionar 24h por dia, todos os dias da semana,
com o objetivo de garantir o acolhimento aos
pacientes, intervir em sua condição clínica e
encaminhar para os demais pontos de atenção da
RUE, para os serviços
especializados ou para internação
proporcionando hospitalar, a continuidade
com impacto positivo no quadro de
do tratamento
saúde do paciente .
• Em algumas cidades teremos disponível os
leitos para retaguarda às urgências e
emergências. Estes poderão ser criados ou
qualificados em hospitais acima de 50 leitos,
localizados na região de saúde, podendo ser
implantados nos hospitais estratégicos ou
em hospitais de menos adensamento
tecnológico que deem suporte aos prontos-
socorros e às Unidades de Pronto
Atendimento, devendo, como pressuposto,
ser exclusivos para a retaguarda às urgências
e estar disponíveis nas centrais de regulação
.
• A demais, as portas hospitalares que atendem
urgência e emergência devem ter implementado
a classificação de risco, identificando o paciente
segundo o grau de sofrimento ou de agravos à
saúde e de risco de morte, priorizando aqueles
que necessitem de tratamento imediato.
• Dentre os principais agravos atendidos nesses
locais, podemos citar: cerebrovascular,
cardiovascular, emergências e urgências clínicas e
traumas (BRASIL, 2013a).
• Atendimentos assim são possíveis, pois possuem
equipe especializada para atendimento e exames
de alta complexidade, além de medicamentos
adequados para resolubilidade dos casos.
• Os pacientes podem chegar por conta própria ao
serviço de emergência, podem ser transferidos de
outros componentes da rede ou pelo transporte
do SAMU, decorrente de atendimento no
domicílio ou transferência entre unidades de
saúde.
A TRIAGEM NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

• No Brasil, o atendimento dos serviços de urgência e emergência era realizado, inicialmente, pela recepcionista
dos hospitais, esta preenchia uma ficha de atendimento e, na sequência, o técnico de enfermagem verificava os
sinais vitais do paciente e o encaminhava para consulta médica.
• Observe que não se realizava uma avaliação de gravidade do paciente para adequação do tempo de espera, no
entanto, com o passar dos anos e uma mudança no perfil de adoecimento da população, os serviços de urgência e
emergência ficaram cada vez mais superlotados, necessitando repensar a forma de atendimento.
Neste sentido, no ano de 2008, o Brasil utilizou como
referência de triagem nos serviços de urgência e emergência
o Protocolo de Manchester, que foi criado em 1996 no Reino
Unido.
A classificação de risco é a possibilidade de utilização de uma
linguagem única em todos os pontos de atenção da Rede de
Urgência e Emergência.
Essa ferramenta reduz o tempo de espera e,
consequentemente, o risco de agravamento do caso do
paciente.
É importante compreender que a Classificação de Risco não é
um instrumento de diagnóstico de doença, mas sim um
recurso que, por meio de um fluxo de atendimento, pode
determinar a prioridade clínica para o atendimento e não
pressupor exclusão, mas sim estratificação de risco .
• No protocolo de classificação de risco, a cor vermelha está relacionada à prioridade zero, ou seja, deve-se
encaminhar o paciente o mais rápido possível para sala de estabilização e avisar a equipe médica. O atendimento
inicial não deve ultrapassar o tempo de quinze minutos devido ao risco de morte iminente. As situações
classificada como vermelho, por exemplo, são: dor torácica, sudorese, palpitações precordiais, tontura,
escurecimento visual, perda de consciência e alterações neurológicas, múltiplas fraturas de ossos, lesões na
coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), perda de grande volume de sangue e queimaduras
extensas .
• Com relação à cor amarela, o tempo recomendado para atendimento é de no máximo trinta minutos. O paciente
deve ser avaliado pelo enfermeiro e tão logo encaminhado para avaliação médica, pois apresenta elevado risco de
morte. Os casos priorizados nesta cor são trauma moderado ou leve, traumatismo craniano sem perda de
consciência, dor abdominal, convulsão, cefaleias, idosos e gravidas sintomáticas.
• O paciente classificado na cor verde é considerado como uma urgência menor e deve ser avaliado pelo médico no
tempo máximo de uma hora. Não há risco de morte iminente, no entanto, se dentro deste período o paciente
apresentar piora clínica, deve ser reavaliado pelo enfermeiro. As situações clínicas relacionas à cor verde são: dor
abdominal difusa, doença psiquiátrica, diarreias, idosos e gravidas assintomáticos.
• A cor azul indica situações menos graves e que podem aguardar até quatro horas ou até serem
encaminhadas a outros pontos da rede de saúde com menor complexidade. Dentre as situações clínicas
neste caso estão: aplicação de medicação com receita, dores crônicas já diagnosticadas e troca de sondas
ou de curativos .
• Observe que a partir da avaliação de sinais e sintomas apresentados em diferentes níveis de gravidade,
podemos indicar qual cor deve ser designada a cada um dos pacientes atendidos na classificação de risco.
• Contudo, para que haja o processo de implantação da classificação de risco nas unidades de atendimento
às urgências emergências, o Ministério da Saúde recomenda que devem ser direcionados profissionais de
saúde de nível superior, mediante treinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos
para avaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes, colocando-os em ordem de prioridade para o
atendimento. Sendo assim, o enfermeiro tem sido o profissional indicado para atuar na classificação de
risco dos serviços de urgência e emergência.
• Partindo dessa premissa, o Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução n° 661/2021,
discorre acerca da atualização e normatização da participação da equipe de enfermagem na atividade
de classificação de risco.
• A resolução também menciona que o acolhimento com classificação de risco pode ser realizado pelo
enfermeiro, contudo a resolução não prevê a dispensa dos pacientes sem avaliação médica (COFEN,
2021).
• Além disso, a Resolução Cofen nº 661/2021, no inciso II, discorre que para garantir a segurança do
paciente e do profissional responsável pelo atendimento de classificação de risco, deverá ser observado
o tempo médio de quatro minutos por paciente, com limite máximo de quinze atendimentos por hora.
• Ainda, no Art. 2º, ressalta que, durante a atividade de classificação de risco, o enfermeiro não deverá
exercer outras atividades concomitante.
• Lembre-se que, além de todo conhecimento técnico do protocolo de classificação
de risco, este deve ter o conhecimento prévio da RUE do seu local de atuação, a
fim de conseguir realizar as referências adequadas para outros pontos de
atendimento de
acordo com as necessidades de saúde dos usuários (COFEN, 2021)
O ACOLHIMENTO COM
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
• O acolhimento nos serviços de urgência e emergência no Brasil foi regulamentado pela Portaria nº
2048/2002, a qual discorre que o enfermeiro da classificação de risco, além de organizar a demanda de
pacientes que chegam à procura de atendimento, deve saber acolher as necessidades de saúde dos
pacientes.
• Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro que atua na urgência e emergência tenha habilidade
de realizar uma escuta qualificada, para avaliar e registrar corretamente a queixa do paciente, assim
promovendo o raciocínio clínico adequado e a tomada de decisões, a fim de que se efetive a
continuidade do cuidado em tempo hábil e seguro .
• Nesse sentido, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Humanização (PNH), também focada nos
serviços de urgência e emergência. A PNH tem como proposta produzir mudanças nos modos de agir e
cuidar em saúde. Assim, propõe o acolhimento como um dispositivo de gestão da PNH.
• O acolhimento na assistência de urgência e emergência ocorre por meio da escuta qualificada ao paciente, a
qual permite ao enfermeiro entender a complexidade dos fenômenos saúde e doença apresentados pelo
usuário, e assim conseguir avaliar o grau de sofrimento que este se encontra, priorizando a atenção no
tempo correto, reduzindo óbitos evitáveis, sequelas e internações desnecessárias .
• O acolhimento com a classificação de risco é uma forma de repensar o método de triagem que se limita
na avaliação subliminar do paciente. O método deve possibilitar, nos serviços de urgência e emergência,
um atendimento mais ágil, eficaz e humanizado.
• De modo que pressupõe uma mudança das relações profissional e usuário, reconhecendo o usuário
como sujeito e como participante ativo no processo de produção da saúde. Constituindo, assim, uma
relação de inclusão que como base sustentadora à troca de saberes entre os sujeitos envolvidos, para
encontrar estratégias que melhorem o atendimento de urgência e emergência no SUS.
• Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• • A importância da rede de atenção as urgências e emergências no atendimento as necessidades de


saúde da população, com foco nas ações de promoção, prevenção e vigilância em saúde, mas também
ações curativas no atendimento às situações agravadas das doenças prévias.
• • Realizar a triagem na avaliação inicial do paciente na urgência e emergência e ainda o papel do
enfermeiro na condução da assistência ao paciente.
• • Compreender o acolhimento e a classificação de risco no contexto da urgência e emergência como
ferramenta de avaliação e assistência de enfermagem.
EMERGÊNCIAS
• A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA REDE DE
ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E

TÓPICO 2-
UNIDADE 1
• Você sabe a importância da Política Nacional de Atenção as Urgências?
• É uma questão complexa e que depende de inúmeras variáveis para a sua aplicação afim de gerar uma assistência de
qualidade. Nesse sentido, foi construído um arcabouço legal para fundamentar as ações em nível federal, estadual e
municipal, a Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) é a legislação que regulamenta o atendimento.
• Observe que essa legislação traz as estratégias para a consolidação da RUE de modo que, possa promover e assegurar a
universalidade e integralidade da atenção, a equidade do acesso, além da transparência na alocação de recursos . Além
disso, essa política aumentou a carga das ações e serviços de saúde no SUS, com responsabilização dos diversos
profissionais e nos diferentes locais de atendimento, além de tornar mais resolutiva a atenção às urgências e
emergências, e possibilitar um levantamento das dificuldades da rede, viabilizando correções.
• Os documentos que compõem a PNAU apresentam conexão entre si por apresentar uma sequência coerente de
pareceres que consideram a grande extensão territorial do país e que apresenta grandes distâncias para a rede
hospitalar especializada e de alta complexidade, necessitando de serviços intermediários como unidades de pronto
atendimento e o serviço de atendimento móvel. Evidencia-se a importância dessa política para toda a rede de saúde do
SUS, permitindo organizar o sistema e tendo um impacto efetivo para o bom atendimento dos seus usuários.
• No entanto, para se chegar à formulação final da Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU), foi preciso instituir
algumas portarias, tais como: Portaria nº 814, de 1º de junho de 2001, que estabeleceu o conceito geral, os princípios e
as diretrizes da Regulação Médica das Urgência
• Além disso, a Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, fundamentou como seria implantada a PNAU
no território brasileiro. De modo que estabeleceu os princípios e diretrizes dos Sistemas Estaduais de
Urgência e Emergência, as normas e critérios de funcionamento, classificação e cadastramento de serviços
e envolve temas como a elaboração dos Planos Estaduais de Atendimento às Urgências e Emergências,
Regulação Médica das Urgências e Emergências, atendimento pré-hospitalar, atendimento pré-hospitalar
móvel, atendimento hospitalar, transporte interhospitalar e ainda a criação de Núcleos de Educação em
Urgências e proposição de grades curriculares para capacitação de recursos humanos da área.
• Essas portarias do Ministério da Saúde foram importantes para o estabelecimento de uma Política Nacional
de Atenção às Urgências, pois buscaram se adequar a realidade brasileira, com planejamento para que cada
nova decisão colaborasse para a implementação e ampliação da política.
POLÍTICA NACIONAL DE URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS (PNAU)
• A Política Nacional de Atenção as Urgências foi criada em 2003, por meio da Portaria nº 1.863, de 29
setembro de 2003, em seu Art. 2º descreve que o atendimento às situações de urgência e emergência
deve respeitar os princípios do SUS, sendo eles: a universalidade, a equidade e a integralidade da
assistência no atendimento de urgências e emergências clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas,
psiquiátricas, pediátricas e as relacionadas às causas externas (traumatismos não intencionais, violências e
suicídios).
• Além disso, visa a implantação dos sistemas de regulação e estruturação de uma rede regionalizada e
hierarquizada de atendimento as urgências e emergências no Brasil .
• A Política Nacional de Atenção as Urgências, também rege a implantação do componente pré-hospitalar
móvel por meio da Portaria nº 1.864, de 29 de setembro de 2003, que institui os serviços de
atendimento móvel de urgência – SAMU-192, suas centrais de regulação (central SAMU-192) e seus
núcleos de educação em urgência, em municípios e regiões de todo o território brasileiro, como
primeira etapa da implantação da Política Nacional de Atenção às Urgências.
• A demais, a fim de qualificar o atendimento de urgência e emergência no território brasileiro, foi
acrescida a Política Nacional de Atenção as Urgências, a Portaria nº 2.972, de 9 de dezembro de 2008,
que orienta a continuidade do programa de qualificação da atenção hospitalar de urgência e
emergência no SUS, priorizando a organização e qualificação das redes loco regionais de atenção
integral as urgências
• No entanto, para promover a atenção a saúde qualificada para toda população do território brasileiro,
incluindo o atendimento ágil e resolutivo das urgências e emergências, no ano de 2011, foi criada a
Portaria nº 1.600, que tem como objetivo principal Reformular a Política Nacional de Atenção as Urgências
e institui a Rede de Atenção às Urgências no Sistema Único de Saúde (SUS), em seu Art. 2º, discorre sobre
a ampliação do acesso e acolhimento nos serviços de urgência e emergência, enfatizando os casos agudos
e contemplando a classificação de risco para intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos.
Destaca ainda, a importância da organização das redes assistenciais .
• Neste tópico, você aprendeu:

• • A importância da Política Nacional de Atenção às Urgências no atendimento as necessidades de saúde


da população.
• • As principais portarias que levaram à criação da Política Nacional de Atenção as Urgências (PNAU)
• A SEGURANÇA DO PACIENTE E A GESTÃO DE
RISCOS EM URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA

TÓPICO 3 –
UNIDADE 1
• Neste tema de aprendizagem, abordaremos a segurança do paciente e a gestão de riscos em urgência e
emergência. O intuito de dar espaço a esta temática vai ao encontro das diversas nuances da atuação em
enfermagem, cujas especificidades interagem com área de urgência e emergência.
• Os tópicos a serem abordados neste tema têm como um dos objetivos da formação do enfermeiro a
compreensão de que, além de executar a assistência a beira leito, devemos compreender e executar a gestão
de processos nos serviços de urgência e emergência.
• É uma temática bastante desafiadora, pois a formação do enfermeiro é quase que centrada nas atividades
assistenciais, contudo, a seguir, iremos discutir sobre os riscos de ocorrência de erros durante o cuidado em
saúde nos serviços de urgência e emergência e a necessidade de preservar a segurança do paciente realizando
a gestão destes riscos.
• Você sabe o que é a segurança do paciente nos serviços de urgência e emergência?
• E o que é a gestão de riscos nesses locais de atendimento?
• A segurança do paciente é um conjunto de ações voltadas à proteção do paciente contra riscos, eventos adversos
(EA) – incidente que resulta em danos à saúde – e danos desnecessários durante a atenção prestada nos serviços de
saúde.
• Sabe-se que 4% a 17% de todos os pacientes que são admitidos em um serviço de saúde sofrem incidente
relacionado à assistência à saúde (que não está relacionado à sua doença de base), podendo afetar sua saúde e
recuperação.
• Desse modo, para o gerenciamento dos riscos, é necessário aprender a prevenir as falhas e mudar a cultura de
interpretação e análise dos incidentes relacionados à assistência à saúde .
A SEGURANÇA DO PACIENTE NA
ASSISTÊNCIA DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA
• As unidades de saúde que prestam atendimento de urgência e emergência apresentam maior risco de
eventos adversos que comprometem a segurança do paciente.
• Conforme Marques, Rosetti e Portugal (2021), os serviços de urgência e emergência são locais
dinâmicos e predispostos aos erros assistenciais devido ao seu ritmo acelerado, à superlotação, à
complexidade da gravidade dos pacientes, ao fato de que os profissionais de enfermagem atendem
simultaneamente muitos pacientes e com escassez de informações clínicas, além de trabalharem sob
pressão constantemente.
Nessa perspectiva, os profissional de enfermagem que atuam
no cuidado de urgência e emergência devem ter destreza
manual e rapidez na ação, autocontrole emocional e grande
facilidade de comunicação, para otimizar os cuidados e salvar
vidas, contudo a situação de atendimento ao paciente crítico
com possíveis desfechos ruins, muitas vezes leva a condutas
profissionais inadequadas que ferem a segurança da própria
equipe de saúde e coloca o atendimento ao paciente em risco
(MARQUES, ROSETTI, PORTUGUAL, 2021).
• Estudos tem evidenciado a falta de segurança do paciente em serviços de urgência e emergência.
• Conforme Paixão et al. (2020) os profissionais de saúde não realizam a identificação correta dos
pacientes e não aplicam nenhum protocolo de risco aos pacientes na admissão.
• Além disso, observou-se que 52,8 % das soluções parenterais administradas aos pacientes não estavam
identificadas com rótulos e apenas 29,4% dos pacientes foram investigados sobre ter alergia a produtos
e medicamentos.
• Corroborando com os achados, Glickman et al. (2020) argumenta que os serviços de urgência e
emergência são considerados a terceira área dos hospitais com maior ocorrência de eventos adversos.
• Partindo dessa premissa, é necessário rever os pontos de fragilidade na segurança dos pacientes nos
serviços de urgência e emergência. De modo que, as equipes de saúde devem ser treinadas para
identificar possíveis erros relacionados ao seu atendimento.
• As capacitações devem abordar os conceitos básicos propostos pela Organização Mundial de Saúde
voltados à Segurança do Paciente, sendo eles: segurança do paciente, dano, risco, incidente,
cirscunstância notificável, near miss, incidente sem lesão e evento adverso (WHO, 2009).
• No intuito de melhorar a qualidade da assistência ao paciente nas unidades de urgência e emergência,
foi instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) por meio da Portaria nº 529, de 1º
de abril de 2013.
• O PNSP tem como objetivo geral contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os
estabelecimentos de saúde do território nacional. E dentre os seus objetivos específicos estão:
promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes
áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de
risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde .
• Assim, para pensar a segurança do paciente nos serviços de urgência e emergência, é preciso
reorganizar o fluxo de atendimento, identificar materiais e medicamentos e seguir protocolos de
atendimento.
• Não somente isso, mas também para garantir a qualidade do atendimento e promover a prevenção de
eventos adversos nos serviços de urgência e emergência, as salas de atendimento aos pacientes devem
ser reorganizadas por cores, de acordo com o protocolo de classificação de risco.
• Logo, a sala vermelha que atende casos graves deve ter recursos humanos e materiais suficientes. E
seus materiais, medicamentos (drogas e soluções) e equipamentos devem estar identificados,
higienizados e com manutenção em dia para que possam suprir as necessidades de assistência
ventilatória, assistência circulatória e estabilização em geral. Nesta sala o ideal é que o paciente não
permaneça por mais de quatro horas.
Já a Sala Amarela é destinada a casos de gravidade
moderada, já estabilizados, que tenham passado pela Sala
Vermelha ou não, e que necessitam de cuidados especiais,
mas que precisam ficar em observação e de atendimento
médico e de enfermagem. A sala deve ter leitos equipados
com monitores e suporte parecido com o de uma UTI, além
da disponibilidade de recursos humanos e materiais
adequado para atendimento seguro.
• Em relação à área verde, esta deve ser ampla
para acomodar os pacientes estáveis em
observação, mas que requerem uso de alguma
medicação e muitas vezes aguardam leitos para
internação ou transferência.
• Deve-se observar para que não haja muitos
pacientes para atender e poucos profissionais
disponíveis.

• Na área azul geralmente é onde fica a sala de


medicação com poltronas ou cadeiras.
• Neste local há um potencial grande de erros de
medicação, pois são atendidos os pacientes
menos graves que fazem apenas uso de
medicação e após são liberados .
• Diante disso, a organização do ambiente de trabalho e do fluxo de
atendimento dos serviços de urgência e emergência pode contribuir para
melhorar o cuidado
assistencial e ter impacto direto na segurança do paciente.
GESTÃO DE RISCOS EM
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
• O ambiente hospitalar, de modo geral, tem seu objetivo centrado em reestabelecer a saúde dos
pacientes seja qual for a gravidade que apresentam, mas, para salvar vidas, também é necessário
realizar o gerenciamento de riscos principalmente nos serviços que atendem urgência e emergência.
• Dessa forma, quando se fala em gerenciamento de riscos, devemos considerar a qualidade dos serviços
de saúde oferecidos e lembrar que a segurança do paciente é o objetivo principal do cuidado prestado
em urgência e emergência.
• Desse modo, a gestão de riscos da Rede de Urgência e Emergência segue os protocolos e portarias
vigentes do Ministério da Saúde.
• Para o gerenciamento de risco dos serviços de urgência e emergência seguimos as orientações da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio da Resolução – RDC nº 36/2013, que discorre
sobre as boas práticas para segurança do paciente nos serviços de saúde.
• Dentre as suas recomendações está a criação de núcleos de segurança do paciente (NPS), que buscam
realizar a correção e contingenciamento dos fatores de risco inerentes a assistência à saúde (BRASIL,
2013c).
• Partindo dessa premissa, para que a gestão de riscos nos serviços de urgência emergência seja
realmente realizada, a área deve estar incluída nas ações dos núcleos de segurança do paciente.
• Estes núcleos são responsáveis por estabelecer estratégias e ações voltadas para reduzir ao mínimo os
eventos adversos relacionados a assistência ao paciente.
• Deve-se realizar a identificação, análise, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos no serviço
de urgência e emergência.
• Para que a identificação e o gerenciamento dos riscos sejam realizados da forma correta nos serviços de
urgência e emergência, estes seguem as ações sugeridas pelo Ministério da Saúde relacionadas à
implementação de seis metas de identificação de risco assistencial .
• Você sabe como poderíamos aplicar essas metas de segurança do paciente dentro dos serviços de
urgência e emergência para promover a redução dos eventos adversos?

• Vamos ao exemplo a seguir para compreendermos como é realizado o processo de utilização dessas
metas pelos profissionais de saúde da urgência e emergência:
• Quando o paciente é atendido na recepção do serviço de urgência e emergência já deve receber uma
pulseira de identificação, contendo o seu nome completo e data de nascimento.
• Após passar pelo acolhimento e classificação de risco e ser avaliado pelo enfermeiro(a), o paciente
poderá receber mais duas pulseiras de identificação de risco, sendo elas: alergias e risco de quedas.
• Essas três pulseiras de identificações irão auxiliar no fluxo de atendimento e no gerenciamento de
riscos na assistência ao paciente dentro do serviço de urgência e emergência.
• Na avaliação do médico emergencista poderão ser solicitados exames, medicamentos e procedimentos
cirúrgicos para o paciente.
• Neste momento, para a sequência de atendimentos, o profissional de saúde da urgência e emergência
deve sempre confirmar com o paciente seu nome completo, data de nascimento e alergias. Além de
ficar atento ao auxílio e direito de acompanhante aos pacientes mais vulnerais em risco de queda.
• O simples ato de confirmar essas identificações, irá evitar erro de medicações, reações adversas de
medicamentos e exames adequados à necessidade do paciente. Assim reduzindo riscos potenciais e
promovendo a segurança do paciente.
• Quando algum desses passos não é realizado pelo profissional de urgência e emergência, há maior
possibilidade de ocorrer o erro, e este irá gerar um indicador assistencial que deve ser feita a análise da
situação que ocorreu.
• Essa análise também é de responsabilidade do enfermeiro, que deve, na sua unidade de saúde, realizar
treinamentos da equipe frente às situações problemas encontradas para evitar novos erros. Este é o
ciclo do gerenciamento de risco no serviço de urgência e emergência.
• Tudo que é feito ao paciente e que é previsto nas seis metas internacionais de segurança do paciente
gera indicadores assistenciais que auxiliam no gerenciamento dos riscos.
• Neste tema de aprendizagem, você estudou:

• • A importância da segurança do paciente nas unidades de urgências para melhorar o atendimento às


necessidades de saúde da população e reduzir eventos adversos.
• • Como aplicar a gestão de riscos nas unidades de urgência e como realizar o gerenciamento de eventos
adversos.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA

• A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:


• • conhecer a atuação da equipe de enfermagem no atendimento de urgência e emergência pré e
intra- hospitalar;
• • ser capaz de planejar a assistência ao indivíduo através da Sistematização da Assistência de
Enfermagem em unidades de urgência e emergência;
• • estabelecer um plano de promoção, prevenção e recuperação da saúde do indivíduo em situações de
saúde críticas;
• • prestar assistência de enfermagem nas principais emergências clínicas.
A ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR E
INTRA HOSPITALAR

• No atendimento pré-hospitalar, os enfermeiros podem trabalhar em ambulâncias e helicópteros de


emergência, respondendo a chamados de emergência e fornecendo cuidados de enfermagem
imediatos aos pacientes em trânsito para o hospital.
• A enfermagem desempenha um papel essencial no atendimento pré-hospitalar, também conhecido
como Atendimento Pré-Hospitalar (APH), que consiste no primeiro atendimento de saúde que uma
pessoa recebe quando está em uma emergência
• O atendimento pré-hospitalar é realizado por profissionais de saúde que são treinados para fornecer
assistência de saúde em ambientes fora do hospital, como nas ruas ou em domicílios.
ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR

• O aumento da demanda por atendimentos de urgência e emergência no país, ocasionado pela


violência no trânsito, violência social e doenças de etiologias diversas, destacandose cardiovasculares,
fez com que emergisse a necessidade de um atendimento rápido e especializado com a prestação dos
primeiros socorros a esses doentes de traumas e males súbitos, no local.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR MÓVEL

• O atendimento móvel compõe o transporte em saúde de pessoas em situação de urgência e


emergência. Esse serviço acolhe pedidos de socorro de cidadãos “acometidos por agravos agudos a sua
saúde, de natureza clínica, psiquiátrica, cirúrgica, traumática, obstétrica e ginecológica
• A atuação do enfermeiro está relacionada à assistência direta ao paciente grave sob risco de morte,
mas não se restringe a esta. O enfermeiro, nesse sistema, além de executar o socorro às vítimas,
também desenvolve atividades educativas como instrutor, participa da revisão dos protocolos de
atendimentos, da elaboração do material didático, além de atuar junto à equipe multiprofissional na
ocorrência de calamidades e acidentes de grandes proporções e ser o responsável pela liderança e
coordenação da equipe envolvida.

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