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LUPERCALIA E A LOBA DOS ROMANOS, por Artur Felisberto.

Figura 1: Representation of the lupercal: Romulus and Remus fed by the she-wolf,
Lupa, surrounded by representations of the Tiber and the Palatine. Panel from an altar
dedicated to the divine couple of Mars and Venus. Marble, Roman artwork of the end of the
reign of Trajan (98-117 CE), later re-used under the Hadrianic era (117-132 CE) as a base
for a statue of Silvan. From the portico of the Piazzale dei Corporazioni in Ostia Antica.
Shown in museum of Palazzo Massimo alle Terme (Rome).

"Luperca, mais frequentemente usado no plural, Luperci-orum, isto é, Lupercos, é


o deus Lobo.
Esta informação contém dois erros evidentes:
1º Luperca é o nome da loba que, segundo a mitologia romana, cuidou de Rómulo
e Remo, fundadores de Roma, quando foram enviados para matar pelo rei Amúlio.
2º Luperci, orum era no nome no plural dos sacerdotes do deus lobo Luperco.
Sobre o assunto não há mais do que simples hipóteses. Admite-se que a palavra
tenha origem em lupus, lobo, e em arcere, afastar, repelir, donde "aquele que repele ou
protege dos lobos". Na realidade, Luperco só corresponde a Zeus Lykaîos, o Zeus Lobo
dos gregos, um dos deuses teriomorfos. O plural, luperci, Lupercos, designa uma
confraria de sacerdotes, encarregados de celebrar o culto do deus Luperco, ou Fauno,
mais tarde assimilado a Pã, associado à fertilidade. Estas celebrações chamavam-se
Lupercalia (as Lupercálias). São festividades nitidamente romanas. Não se encontram
práticas semelhantes noutras tradições indo-europeias, como escandinava, védica ou
céltica, nem sequer nas práticas indo-iranianas. Perdeu-se completamente a memória da
sua origem – e nem mesmo os romanos dos séculos anteriores à era cristã se lhe
referiam. Os sacerdotes das lupercálias sacrificavam um bode; depois tocavam na fronte
de dois rapazes nobres com uma faca ensanguentada como se fosse a memória de um
homicídio sagrado. A seguir limpavam a nódoa com lã molhada em leite. E então dava-
se início a uma orgia, em que os lupercos, os membros da confraria, percorriam Roma a
dançar. Usavam chicotes, feitos com a pele da vítima imolada para açoitar as mulheres.
Os Romanos acreditavam que esta prática tornava os casais mais fecundos e as famílias
mais numerosas.1

Figura 2: As Lupercalias. (Fragment of a wall painting with the followers of Bacchus who drink and
dance. Painted plaster. Around 50 AD. Now in the British Museum.)

FEBRUUS
No início da Lupercalia, duas cabras e um cachorro eram sacrificados. A seguir,
dois jovens Lupercos, membros de uma corporação de sacerdotes, eram conduzidos ao
altar e ungidos com o sangue dos animais sacrificados. Então, os Lupercos vestiam-se
com tiras, chamadas februa, tiradas da pele das cabras e cachorros sacrificados e corriam
pelas ruas da velha cidade palatina carregando essas tiras e golpeando com elas a
multidão.
O festival era originalmente conhecido como Februa ("Purificações" ou
"Purgings") devido ao februum que era usado no dia. Também era conhecido como
Februatus e deu seu nome de forma variada, como epíteto para Juno Februalis, Februlis
ou Februata em seu papel como divindade padroeira daquele mês; a uma suposta
divindade purificadora chamada Februus; e a Fevereiro (mensis Februarius), mês em que
ocorria o festival. Ovídio conecta februare a uma palavra etrusca para "purgar".

Februa, os pais romanos chamavam de ritos lustrais:


1
http://www.rosacruz.pt/revistarosacruz/nedi/200101/namoro.html
Hoje muitos sinais dão confiança à voz.
Os pontífices pedem lã ao rei e ao flâmen,
Que na linguagem dos antigos nomes de februa eles tinham:
E objectos lustrais que o lictor em certas casas recebe,
Bolos torrados com sal, os mesmos são chamados:
O ramo tem o mesmo nome que, de uma árvore pura cortada,
Com castas de templos de folhagem de capas de padres.
Tem o mesmo nome do ramo que, cortado de uma árvore pura
Cobre a tempoa casta aos sacerdotes
Eu mesmo vi a mulher do flâmen pedindo a februa;
E a quem pede a februa a vara de pinheiro é dada
Finalmente, seja o que for, com o qual nossos corpos são lustrados,
Eles tiveram esse nome de intensos avós.
O mês deste foi nomeado, porque Lupercos come um couro em tiras.
Eles poliram todo o chão e o fizeram como expiação:
Ou porque, as sepulturas apaziguadas, os tempos são puros,
Quando os dias do funeral tiverem passado.
Nossos anciãos acreditavam que lustrações poderiam
A todos os crimes e todas as causas livrar de dano.
A Grécia deu início ao costume. Tal acredita que, polidas,
acções ímpias depõem os culpados.
(…)
Mas com tudo (porque bobo da velha ordem não erra),
O mês de Jano, como é, também foi o primeiro antes.
O que segue Jano foi do ano passado:
Você também, Termino, foi o fim dos ritos.
É verdade que o mês de Jano é o primeiro, porque é o primeiro portão:
Aquele que é sagrado para Manes profundos foi o último.
Depois acredita-se que eles (manes) estejam a uma longa distância
Acredito que os tempos continuaram duas vezes mais longos.
Mais tarde, acredita-se que em tempos distantes por um longo período
Que os homens continuaram duas vezes mais.
-- Ovidio Nasón, Publio - Fastorum libri I.

A descrição que Ovídio faz da februa vai dum ritual de purificação pela lã, de
bolos torrados com sal, da coroa sacerdotal de louros e duma vara de pinheiro. Porém a
februa principal da lupercália eram as tiras de couro que os Lupercos comiam e que
possivelmente seriam boas «febras» de carnes sacrificadas. Isto reporta-nos para a
etimologia do conceito galaico prtugês das februas.
«Febra» < «fêvera» < antigo galego-português, feuera < *feverua < *fevreua
< februa > Galg. freba
Isto significa que a «febra» lusitana e a «hebra» espanhola decorrem da parte
fibrosa da carne propiciatória que os Lupercos comiam. Mas a februa de Ovidio também
se reportava a folhas, ramos e fibras vegetais que teráo dado origem à fibra latina que os
ibéricos importaram por via erudita directamente.
«Fibra» < Lati. fibra < *febria < februa (“fibra de carne sem osso”)
< ??? mas nunca de *fidber ou *findber,
< proto-indo-europeu *bʰeyd- (“dividir”).
Obviamente que Ovídio não esclarece se os antigos eram os etruscos ou os latinos
arcaicos. O mais grave é que os academicos modernos também pouco mais sabem sobre
os assuntos etruscos uma vez que o que referem sobre Februus se mistura com o pouco
que se sabe da religiosidade itálica arcaica.
Fa-uno "Fauno" [az96]

Fa-vi, fa-vi-ti, fa-vin "vala, sepultura, abóbada do templo" [g/lb83, mp68: 369, dep, pa]
ver latim favissa, favisa "um lugar reservado para objetos votivos ao lado de um santuário"
[g/lb83, mp68: 369, dep, pa]

Fa-vin "favorecer" [az96] faviti "favorável" [az96] ver latim fa-vere "favorecer, ajudar,
apoiar" [az96]

Februus deus do submundo e purificação; Fevereiro foi nomeado após ele [EM] 2

Na religião antiga romana, Februus, cujo nome significa "purificador", era o


deus da purificação. Ele também foi adorado pelos etruscos sob o mesmo nome que o
deus da purificação e também do Inferno e do Purgatório. Para os etruscos, Februus
também era o deus da riqueza (dinheiro / ouro) e da morte, ambos conectados os infernos
da mesma maneira que o deus romano mais conhecido, Plutão.
Februus podem ter-se tornado na romana Febris, deusa da febre (febris em latim
significa febre) e da malária. Possivelmente, estão relacionadas à transpiração das
febres, que foi considerada um processo de purgação, lavagem e purificação pelo calor
e aquecimento.
Februus foi possivelmente assim nomeado em homenagem aos Februa mais
antigos (cujas festividades foram a Februalia e o Februatio), festas da primavera de
lavagem e purificação. O mês sagrado de Februus foi Februarius (de Februa), portanto
um mês nomeado para o festival de purificação de primavera de Februa / februalia, que
ocorria no dia 15 desse mês.
Estas atividades de purificação da primavera ocorreram quase ao mesmo tempo
que a Lupercalia, um festival romano em homenagem a Faun e também ao lobo que
cuidou de Romulus e Remus, durante o qual também foram realizados sacrifícios
expiatórios e purificações rituais. Por causa dessa coincidência (ou nem tanto), os dois
deuses (Fauno e Februus) eram frequentemente considerados a mesma entidade.

Ver: KAR, «ET VERBUM CARO FACTUM EST!» (***)

2
Etruscan Glossary F Compilation and translations from French, Italian and Latin by Rick Mc Callister and Silvia
Mc Callister-Castillo ©1999.
Faveo < proto-itálico *fāwēō, < ??? proto-indo-europeu *bʰeh₂weh₁yeti
(“ser favorável a”) ??? < Estrusc. favi > Fa-vin > Faunus
 fa-veō, fa-vēre fā-vī, *fa-vitum > fa-utum.  Fa-ustos < *fa-vestus.
O etrusco não mostra parentescos evidentes com outras línguas importantes da
antiguidade, como o latim ou o grego. É uma língua considerada por muitos como não
indo-europeia,[ Pallottino, Massimo. La langue étrusque Problèmes et perspectives, 1978;
Mauro Cristofani, Introduzione allo studio dell'etrusco, Leo S. Olschki, 1991; Romolo A.
Staccioli, Il «mistero» della lingua etrusca, Newton & Compton editori, Roma, 1977 ] mas alguns
linguistas, como Francisco Rodríguez Adrados, Piero Bernardini Marzolla, Massimo
Pittau, entre outros, consideram que o etrusco, pelo menos em parte, seja derivado das
línguas indo-europeias, em particular das línguas da Anatólia, como o lúvio. --
Wikipwdia.
Se para salvar a teoria do indo-europeu se pode dizer que “o etrusco, pelo menos
em parte, seja derivado das línguas indo-europeias, em particular das línguas da
Anatólia, como o lúvio” isso não justifica que se passe por cima desta lingua quando a sua
relação com o latim é conhecida. De resto, se a origem de todas as linguas ditas indo-
europeias é a cultura egeia pré-histórica, a possibilidade de relações do latim com o
etrusco, e destas com a linguas anatólicas troianas, é óbvia.
Februus era um deus lustral. Fa- de Faon e de Fanes e de Fanus era a raiz da luz
primordial o que levanta a possibilidade de Februus ter sido primitivamente *Faberulus.
Então, a forma irregular de Febru-us / Febru-a implica uma variante anterior *Fabru-lus
e, neste caso teríamos:
Febru-us < *Februlus < *Fa-Wer-u-lus < Pher-Wu-lu < Pher-Ku-lu
> Per-cu-lu  Lu-per-cu-s. > Pher + Ano > (In)Ferno.
Claro que poderá levantar suspeitas a passagem de *Februlus < *Faberulus, mas
como o importante é ter «fé» porque temos um deus da luz começado em fe- que é Febo
Apolo e que também tinha as funções de deus lustral. Dito de outro modo é assim
possível que Febo seja uma elipse de Febru-us.

Ver: APOLO SEMINDEUS / PESTIS (***)

Faunus, Lupercus e Februus seriam variantes do deus dos Infernos que foi
Hades na Gécia e Plutão em Roma mas que teria sido em tempos mais arcaicos sumérios,
Escuro (< Iskur) filho de Kourano (Kur-Anu).
Februus < Februum / Februa < Febris < proto-itálico *feɣʷris < ???
 februum, foveō, grego antigo τεφρα (téphra).
Τέφρᾱ (téphrā) f (genitivo τέφρᾱς) = cinzas < ???
Que τέφρᾱ (téphrā) seja cognato de febris não há dúvida, agora que faça sentido
que derivem do < ??? proto-indo-europeu *dʰegʷʰris < da raiz *dʰegʷʰ- (“queimar,
aquecer”)...é duvidoso!!!
 lat. foveō, o albanês djeg, o antigo eslavo eclesiástico жещи (žeš-ti), o lituano
deg-ti, o avéstico (dažai-ti) e o sânscrito ति (daha-ti) com base na lei fonética de
Grassmann que é um processo fonológico dissimilatório em grego antigo e sânscrito que
afirma que se uma consoante aspirada é seguida por outra consoante aspirada na
próxima sílaba, a primeira perde a aspiração. A versão descritiva foi dada para o
sânscrito por Pāṇini.
Dissimilação = Fenómeno de evolução fonética, contrário ao da assimilação, que
consiste na diferenciação de um som em relação ao som vizinho com que são partilhadas
propriedades de semelhança, com o objetivo de se distinguir dele. A dissimilação procura
assim evitar uma sequência de dois fonemas iguais ou semelhantes dentro da mesma
palavra.
A lei de Grassmann é um processo fonológico dissimilatório que tende a ser
comum a todas as línguas no seu próprio processo interno de evolução mas é duvidoso
que possa ser usado para comparar linguas separadas desde uma suposta origem comum
em condições temporais e espaciais desconhecidas. O resultado é que por melhor boa
vontade que se queira ter e por pior ouvido musicar que se tenha não é possivel encontrar
relação fomética entre τέφρᾱ (téphrā) / febris com *dʰegʷʰris, menos ainda com o lat.
foveō, e destes com o grup albanês djeg(ti), o lituano deg-ti, o avéstico dažai-ti e o
sânscrito ति (daha-ti) e menos ainda com o antigo eslavo eclesiástico (da)žeš-ti.
Tendo em conta a informação de que que deusa da Februalia, a festa da
Putificação latina, era Juno Februalis, Februlis ou Februata ou Februa
Τέφρᾱ (téphrā) < tewra < *Ki-wer > phewer > febris.
Supostamente Februus era erusco e se assim fosse também Februa seria bem
como as variantes semelhantes de Juno. No entanto nenhum deus semelhantes esta
registado no pouco que se recebeu escrito pelos estruscos. A única possível seria
Thufleta, divindade desconhecida que aparece no Fígado de Piacenza mas facilmente
conotável com o grego Τέφρᾱ (téphrā) o que faria desta deusa etrusca infernal uma deusa
dos crematórios e das cinzas dos sacrificados e cremados.
«Escalfeta» < ex- + | *calfāta < cal(e)fata  *Kali-| Hekate < Hiket |
< Kar + Iphet > Kar-Ipet <= *Kur-Ki-at = *Ki-Kur-at > *Phe-Wur-at
> *Febru-at > Febru-ata > Febru-alis > Febru-lis.
=> Ku-Wer-ta > Thufleta.
> Ka-Wer-ta > Ta-Wer-ta > Ta-Wer-et  *Ki-Bel-let.
Que Kali é uma deusa da purificação pelo fogo todos o sabemos!
Quanto à egípcia Taveret, ela era Ipet a deusa hipopótamo do fogo.
Ipy é uma antiga deusa egípcia da fertilidade. Ela também é conhecida como
Opet. Em Karnak ela é chamada de Ipet, e no Papiro Mágico Demótico, ela é chamada
de Apet, a mãe do fogo. Ela é retratada como um hipopótamo. Às vezes representado
como uma combinação de hipopótamo, crocodilo, humano e leão. Geralmente ela é
representada com cabeça de leão, corpo de hipopótamo, braços humanos e pés de leão.
Ela também era vista como protetora do faraó e invocada como mãe. Na teologia tebana,
ela é a mãe de Osíris. Ela é possivelmente uma precursora de Taweret.
Para os egípcios, o sapo era um símbolo de vida e fertilidade, já que milhões deles
nasciam após a inundação anual do Nilo, que trazia fertilidade para as terras que de
outra forma seriam áridas. Consequentemente, na mitologia egípcia, começou a haver
uma deusa-rã, que representava a fertilidade, referida pelos egiptólogos como Heqet
(também Heqat, Hekit, Heket etc., e mais raramente Hegit, Heget etc.), escrito com o
determinante sapo.
Heqet, também e considerada a deusa dos partos e da ressurreição, sua aparência
anfíbia denúncia seu forte vínculo com a água. A deusa rã e uma das mais antigas de
toda a mitologia egípcia, sendo que seus hieróglifos são encontrados em pirâmides por
todo o Egito.
Ipet seria então a deusa do fogo do lar e da lareira ou seja:
Te + Iphet > taphethe > «tofete».
Na Bíblia Hebraica, Tophet ou Topheth (Hebraico Bíblico: ‫ֹּתפֶת‬, romanizado:
Tōp̄ eṯ; Grego: Ταφέθ, translit. taphéth; Latim: Topheth) é um local em Jerusalém no Vale
de Hinom (Geena), onde os adoradores se engajavam em um ritual envolvendo "passar
uma criança pelo fogo", provavelmente sacrifício de crianças. (…)
A palavra pode ser derivada da palavra aramaica taphyā que significa "lareira",
"estufa" ou "torradeira", uma proposta feita pela primeira vez por William Robertson
Smith em 1887.

Ver: OS DEUSES DO FOGO II (***)

A ideia de que Luperco derivaria de lupus, lobo, e de arcere (afastar, repelir,


donde "aquele que repele ou protege dos lobos") é uma das muitas derivas racionalistas
tentadas na época da impiedade helenística.
Plures etymologiae propositae sunt :
Lupus + arceo, "qui arcet lupos"
Lupus + hircus, deus qui simul lupus et hircus est, semilupus et "semicaper".
Lupus + hirpus (haec vox in lingua Sabina lupum designat), lupus-deus communis
Latinorum et Sabinorum, unde duae manus lupercorum, Fabiani et Quinctilii.
Lupus+ suffixum -ercus, ut noverca a nova ducta est. Haec ultima etymologia
hodie plerisque placet.
Lat. ircus < Lat. hircus < etimologia desconhecido < *Kar-kus
< *Kir-kus < *Ker-kus < *Kar-cus
Hirpus < Hirtus < Hircus < *Kir-kus > *Ker-kus > (lup)ercus.
Lat. hircus > ircus = bode; (> por extensão) o cheiro rançoso das axilas; (>
figurativamente) uma pessoa imunda.
Lat. Hirpus > irpus = termo sabino, que segundo de Vaan poderia estar
relacionado com hircus (“bode”), possivelmente relacionado a hirpus (“lobo”) e/ou hirtus
(“peludo, peludo”).
Tal como acontece com outras palavras indo-européias para "cabra", um étimo
proto-indo-europeu confiável não pode ser reconstruído formalmente. No entanto,
compare o antigo alto alemão irah, irh ("bode"), que Pokorny diz ter sido emprestado do
latim. Possivelmente relacionado com hirpus ("lobo") e/ou hirtus ("cabeludo, peludo");
de acordo com Pokorny, todos os três são do proto-indo-europeu *ǵʰers- ("erriçar").

Figura 3: Ara Pacis. Embora alguns dos detalhes sejam especulativos, a cena
provavelmente representava a gruta Lupercal no Monte Palatino, com os gémeos Rómulo e
Remo sendo amamentados pela loba. Marte, seu pai, aproxima-se pela esquerda enquanto
Faustulus, o pastor que os criou, protege à direita.
«Harpias» < Lat. harpyia < Grec. Ἅρπυια, hárpuia
< empréstimo de um pré-grego creto-micénico desconhecido, *kar-phuja
*Kar-kija < *Kur-isha.
«Harpia» = Aves de rapina como o gavião da mitologia grega, com rosto de
mulher, corpo de abutre, unhas em forma de garra, espíritos do vento que personificava
as tempestades e que levavam os mortos para o Hades ou Tártaro.
Há quem diga que este Pan é Enyalios, o deus guerreiro; outros o chamam de Liber
Pater, porque um bode é sacrificado a ele, que é a oferenda apropriada para Liber. Lívio
Havia também uma etiologia da corrida dos Luperci que a derivou da vitória de Rômulo e
Remo sobre Amulius, e sua corrida triunfante de volta para casa brandindo suas espadas.

Esse fato, juntamente com a explicação circular de Varro de Lupercalia-Luperci-


Lupercal, parece implicar que, para os romanos, nenhum deus (ou deusa) era
particularmente associado ao ritual. A quarta é a italiana [Sibila]. Era seu destino passar
a vida no deserto da Itália; seu filho era Evander, que fundou o local de culto de Pan em
Roma, chamado Luperkon. Eratóstenes escreveu sobre ela. Heraclides Ponticus refere-se a
eles em seu On Oracles. Não digo nada sobre a egípcia [Sibila], ou a italiana que morava
no Karmalon em Roma; seu filho era Evander, que fundou o local de culto de Pan em
Roma, chamado Luperkion. Lupercus ou Lubercus ou Luberkus era um deus na
mitologia romana. Lupercus era um protetor dos fazendeiros, da colheita e das matilhas de
animais selvagens. Todos os anos, em 15 de fevereiro, em homenagem a ele, os romanos
realizavam a Lupercalia. Ele era um antigo deus italiano, adorado pelos pastores como o
promotor da fertilidade das ovelhas e protetor dos rebanhos. Ele ajudou a loba a cuidar de
Rômulo e Remo; por isso a Lupercalia era uma festa que ajudava as grávidas. Lupercus às
vezes é identificado com o deus Pan na mitologia grega. O deus romano Faunus é uma
variação de Lupercus, também ligado ao festival de Lupercalia.

Acho que está claro de tudo isso que o Pan romano atestado por Eratóstenes é
perfeitamente explicável como a forma helenizada de um deus latino arcaico da fertilidade.
Mas há outro aspecto de sua personalidade a ser explorado. A versão mais longa do
comentário de Servius sobre a frase de Virgílio 'gelida sub rupe Lupercal' acrescenta este
comentário erudito à identificação de Pan Lycaeus: Há quem diga que este Pan é
Enyalios, o deus guerreiro; outros o chamam de Liber Pater, porque um bode é
sacrificado a ele, que é a oferenda apropriada para Liber. -- The God of the Lupercal,
Author(s): T. P. Wiseman.

Na verdade, Lupercus deve ter sido um deus dos ligures e o que faz perder a
cabeça dos etimologistas clássicos é a passagem latina de lupus a lupercus sem que se
encontre pelo caminho a verdadeira face de Lúcifer, o do “deus que transporta a luz” da
fertilidade dos infernos, que Luperco foi seguramente tal como acontecia nas lupercais.
Dito de outro modo, nas lupercalia do mês da Februata juntavam-se todos os deuses
arcaicos protectores dos pastores que foram os antepassados dos latinos: Pan / Fauno;
Hércules / Sylvano; Liber / Baco; Apolo Liceu e Pan Lycaeus, Enyalios, Príapo, etc, e
só não encontramos os sátyros e os silenos porque eram deuses rurais tipicamente
arcádicos.
Acreditava-se que o nome Lupercalia na antiguidade evidenciava alguma conexão
com o festival grego antigo da Lykaia arcádica, um festival de lobos (grego: λύκος,
lýkos; latim: lupus), e o culto do Pan Lycaean, considerado um equivalente grego
Faunus, como instituído por Evander.
Fa-uno tinha já este sentido enquanto “senhor da luz” e Príapo, deus das festas do
alho-porro e do “carallium” poderia ser também o que transporta a “luz do deus menino”!
Fa-uno < Pha-Anu > Phanu-el > Pan.
«Ligur» < Ly-Kur + ki-ush > Lu-Ker-Kus > Luperco.
> (Zeus) Ly-ka-îos
Λyκος = lýkos < *Lukos > Luwus > Lat. Lupus.
*Lukos < rucos < urcos > «orco» e «urso».
Luperco < Ly-pher-ku = Ly-ku-pher > Lúcifer  Pher- | Jaco ( Baco) |
> Periawo > Príapo.
(Apolo) Loxias < Laukiash > Lyceus > Lician.
No final o deus, o Senhor Lupercus = Luperkion era um deus compósito de
lobo/cão com bode (< hirpus). Luperco, afinal, teve quase este nome de *Lupercão na
Irlanda.
Leprechaun, in Irish superstition, a pygmy sprite sometimes inhabiting wine
cellars, sometimes farmhouses, and aiding in work; possesses treasure which human may
get by keeping his eye fixed on sprite 3

A palavra anglo-irlandesa leprechaun é descendente do irlandês antigo


luchorpán ou lupracán, através de várias formas (irlandês médio) como luchrapán,
lupraccán, ou luchrupán.
A palavra pode ter sido cunhada como um composto das raízes lú ou laghu (do
grego: ἐ-λαχύ "pequeno") e corp (do latim: corpus "corpo"), ou assim foi sugerido por
Whitley Stokes. No entanto, pesquisas publicadas em 2019 sugerem que a palavra
deriva do Luperci e do festival romano associado de Lupercalia.

Figura 4: Juno Sóspita foi um dos


aspectos da deusa Juno na mitologia latina.

Seu apelido Sóspita significa


salvadora, propiciadora, preservadora.
Originalmente a Juno Sóspita era a deusa
tutelar da cidade de Lanúvio, onde lhe
ergueram um importante templo. No Lácio foi
a principal invocação de Juno. Era
representada coberta por uma pele de bode,
usando botas e ostentando uma lança e um
escudo, referindo-se aos seus atributos
principalmente militares e políticos, como a
responsável pela defesa e prosperidade da
cidade. Muitas vezes era chamada de Regina
e outro epíteto associado era Mater. Na
iconografia é muitas vezes associada a uma
menina ou a uma serpente, animal que lhe era
consagrado.
O principal centro de culto dessa
divindade era justamente o santuário de
Lanuvio.
Cícero testemunha que Lanuvio era um lugar rico em muitos edifícios religiosos,
mas que entre estes se destacava o templo de Juno Sospita Lanuvina (assim chamado
devido à pele de cabra com que revestia a sua estátua), cujo culto remonta a tempos
muito antigos. No final do pórtico havia uma porta que levava a uma série de túneis
subterrâneos, que alguns acreditam ser a caverna onde a cobra sagrada de Juno Sospita
era mantida. De fato, Propércio narra que toda primavera ocorria no santuário um rito
propiciatório muito especial para a agricultura, durante o qual um grupo de virgens
devia oferecer bolos a uma grande cobra, encontrada dentro de uma caverna. Se a cobra
aceitasse o presente, esperavam-se colheitas frutíferas; se ele recusasse, uma garota
3
Excerpted from Compton's Interactive Encyclopedia. Copyright (c) 1994, 1995 Compton's NewMedia, Inc. All
Rights Reserved.
impura, ou seja, uma que havia perdido a virgindade, era sacrificada para evitar a fome.
(Ver: Sextus Propertius IV, 8, 3 - 14; Aelianus XI, 16; Plutarco, Parallela Minora XIV,
309A e Pseudo Prospero d'Aquitania PL LI, 835) Tito Livio relata no livro XL da
História de Roma (19), escrevendo sobre uma terrível epidemia ocorrida no ano 189 AC.
e dos presságios fatais relacionados a ela "... e os pont anunciaram que as lanças se
moveram e que em Lanuvio a estátua de Juno Sospita havia chorado."
Ou seja, Luperco afinal é uma divindade muito anterior às lupercalias romanas
formalmente instituídas em Roma para homenagear o mito fundador de Rómulo & Remo
mas a partir duma «festa dos rapazes» muito arcaica relacionada com a iniciação guerreira
e de caça e por isso relacionada com o culto da Loba e da Urça e que no início do
neolítico se transformou em festa dos pastores. Notar que, tanto num caso como noutro,
estas festas se iniciavam com as festas da purificação de Juno Sospita, a deusa caprina,
denominada Februata e que seria equivalente ao Samhain em honra da deusa Cailleach
(literalmente a deusa Cale que deus nome a Portugal).
Por alguma razão o lobo branco acabou relacionado com Apolo Liceu e com o
culto solar de Apolo Loxias e do céltico Lugo ao mesmo tempo que o deus dos pastores
seria literalmente o senhor da Luz que era Lúcifer ou seja Fanes, Fauno ou Pan. Os
múltiplos surtos pestíferos que se seguiram à fundação apressada da cidade de Roma
fundiram a «festa dos rapazes» num culto de purificação da fertilidade das mulheres
romanas transformando as lupercais no bacanal que iria antecipar o Carnaval de Veneza.
XXXIII. (...); mas a de Lupercália{4}, considerado o tempo no qual é celebrada, parece
ter sido instituída para uma purificação, pois se realiza em dias desencontrados do mês de
Fevereiro, nome que, interpretado, significa o mesmo que purificativo; e ao dia em que era
celebrada se dava antigamente o nome de Februata. Mas o nome próprio da festa vale tanto
como dizer a festa dos lobos, causa pela qual parece ser muito antiga, tendo sido instituída pelos
Árcades que vieram com Evandro, conquanto o nome seja comum tanto às lobas como aos lobos,
podendo ter sido imposto por causa da loba que nutriu Rómulo, pois vemos que os que nesse dia
correm pela cidade, chamados Luperci, começam a corrida no próprio lugar em que se diz ter
sido Rómulo exposto. Mas então se fazem coisas cuja causa e origem seria bem difícil
conjecturar: matam-se cabras e conduzem-se dois jovens de nobre casa, aos quais se toca a
fronte com a faca tinta do sangue das cabras imoladas, e depois são eles enxugados com lã
temperada no leite, e é preciso que os jovens se ponham a rir depois que lhes enxugam a fronte;
isso feito, cortam-se as peles das cabras e com elas se fazem correias que eles tomam nas mãos,
e vão correndo pela cidade inteiramente nus, tendo apenas um pano cingido diante da natureza;
e batem com as correias nos que encontram em caminho; mas as jovens não os evitam, antes
ficam satisfeitas quando são batidas, estimando que isso lhes sirva para ficarem grávidas e
darem à luz com facilidade. Há ainda outra particularidade nessa festa: é que os Lupercos, isto
é, os que correm, sacrificam um cão. Mas um poeta chamado Butas, em certas elegias que
escreveu, onde apresenta causas fabulosas para os costumes e cerimónias de Roma, diz que
Rómulo, após haver derrotado Amúlio, se pôs a correr, com grande alegria, no mesmo lugar em
que a loba dera de mamar a seu irmão e a ele; em memória dessa corrida, diz ele, a festa de
Lupercália é celebrada, e jovens de nobre casa correm então pela cidade batendo e ferindo os
que encontram no caminho, para recordar que Remo e Rómulo correram desde Alba até àquele

4
Celebrava-se no dia 15 de fevereiro em honra do deus Pã, que se chamava Luperco porque afastava os lobos.
lugar, tendo as espadas seguras nas mãos; e que se lhes toca a fronte com uma faca tinta de
sangue, como lembrança do perigo de serem mortos em que então estiveram; e, depois de tudo,
que se lhes enxuga a fronte com leite, para comemorar a maneira como foram aleitados. Mas
Caio Acílio escreve que Remo e Rómulo antes de haver sido Roma construída, extraviaram um
dia seus animais e, para procurá-los, após terem dirigido preces a Fauno, puseram-se a correr
inteiramente nus em várias direcções, de medo que o suor os impedisse; e que é a causa pela
qual hoje os Lupercos correm inteiramente nus. E, se é verdade que tal sacrifício se faça para
uma purificação, poder-se-ia dizer que eles imolam um cão com esse fim, exactamente como os
Gregos levam {5} para fora os cães e em vários lugares observam aquela cerimónia de expulsar
os cães, o que tem o nome de Periscilacismos; ou melhor, se é para dar graças à loba que
aleitou e evitou que Rómulo perecesse que os Romanos solenizam essa festa, não é sem propósito
que se sacrifique um cão, porque é o inimigo dos lobos; se porventura não se quisesse dizer que
foi para castigar essa fera, que prejudica e impede os Lupercos quando eles correm. -- Vidas
Paralelas de Plutarco.
In this passage it is significant that Plutarch does not name the god in whose honor
the Lupercalia was celebrated. The Romans, in fact, associated many deities with the
Lupercalia: Lupercus, Faunus, Inuus, Februus, and, more frequently than any Roman
god, Pan, or Pan Lycaeus. They seem, furthermore, to have connected the festival with
Juno, since the strips with which the Luperci smote the women were called amicula
Iunonis. Thus the Romans seem to have had no definite idea of the patron god of the
Lupercalia. To decide, if possible, what god was originally worshipped at the wolf's cave
will be an important point in our study. (…)
Throughout the Peloponnesus the wolf-god Lycaeus was highly venerated. The
name Lycaeus is generally accepted as meaning wolf. Sometimes Lycaeus is used alone, but
more frequently it becomes an epithet attached to the name of one of the more familiar
deities, as Zeus Lycaeus, Pan Lycaeus, or Apollo Lycaeus. In Arcadia, above all other
places, the cult of this god was deep-rooted and wide-spread. There, on Mount Lycaeus, the
Lycaea was held in his honor every nine years. On this mountain was the city of Lycosura,
the oldest, says Pausanias, in all Greece. Both the city and the festival were said to have
been founded by Lycaon, the son of Pelasgus. In this mythological fashion the Greeks
expressed their belief that the Lycaea was a religious ceremony of the Pelasgians. As the
Lycaea was by most ancient authorities regarded as the prototype of the Lupercalia, it must
be carefully examined.
The god in whose honor the Lycaea was celebrated was a dread and mysterious
creature. His shrine was sacrosanct, and all men were forbidden to enter it. Anyone who
disregarded this prohibition would surely die, it was believed, within the year.
Consequently the precinct of Lycaeus was for animals a place of refuge, since no hunter
would pursue them within its limits. The uncanny nature of the shrine is shown by the belief
that within it all creatures lost their shadows. Close by the sanctuary there seems to have
been a pool and an oak tree, where, in times of drought, the priest of Zeus Lycaeus was
wont to take a branch of the oak tree, stir the water with it, and thus secure the desired
rain.( Paus., 8.38.4; Aug., de Civ. Dei, 18.17.) (…)
The sacrifice at the Lycaea was evidently of the expiatory type, the child being
offered to appease the savage wolf-god and to divert his malignant power from the people.
5
No grego: levam para fora os cães e observam ainda essa cerimonia, chamada Periscilacismo. Vide, como
explicação dessa passagem, as Questões Romanas, Quest. 68. C.
This is an especially common type of human sacrifice, and of frequent occurrence in the
cults of chthonic deities. In ceremonies of this sort, the whole or a part of the victim is
sometimes eaten, the idea being that, having been offered to the god, it partakes of his
divinity; and so the priest, upon eating the victim, secures this magic power for himself.
Yet, because the sacrifice is, in a measure, identified with the god, it becomes a sin to slay
it and to eat of its flesh, even though those acts are necessary for the welfare of the people.
Consequently the slayer seeks by flight to escape the result of his sacrilege. Often he must
undergo some lustral experience. – The Lupercalia by Alberta Mildred Franklin.

Ver: APOLO LÓXIAS (***) & PRÍAPO (***) & ISCUR (***)

Na verdade Luperco, literalmente o lobo / urso ou orco, ou seja, uma verdadeira


redundância como adiante se verá, era apenas uma variante itálica do nome de Apolo /
Anpu, que, se calhar, teria tido pelo caminho outra deriva fonética no nome de Príapo,
mais apropriado para estas escandaleiras orgiásticas que já eram as lupercais, mesmo aos
olhos dos pragmáticos e estóicos helenistas amolecidos nas promiscuidades permitidas
pela prosperidade da “pax romana”.
Não nos podemos no entanto esquecer que as Lupercais não seriam senão a
variante romana entre muitas outras que terão existido nesses tempos em vários recantos
do império e que sobreviveram até aos tempos modernos no nordeste transmontano nas
“festas dos rapazes” do solstício de Inverno.

Figura 5: Representação lupercálica / báquica num fresco romano de Pompeia.


(Pompeiian Fresco Bacchanal' by Giovanni Gallo; 1954)

Ora, neste contexto, talvez esteja errada a afirmação de que “não se encontram
práticas semelhantes noutras tradições indo-europeias, como a escandinava, a védica ou
céltica, nem sequer nas práticas indo-iranianas”. Nas indo-iranianas é possível que já não
existissem arcaísmos como as festas dos rapazes que teriam sido substituídas pelos cultos
de Mitra. Mas entre os escandinavos existiam as “Hostes Furiosas”, séquitos
fantasmagóricos de guerreiros mortos conduzidos pelas Valquírias que atroavam os céus
nocturnos em tenebrosa cavalgada. Os melhores exemplos desta Manner-bünde nórdica
são os Ulfe-dnirs («Pele de Lobo») e os “Berserkirs” («Pele de Urso») que se cobriam
de peles de animais, viviam todos juntos, dedicados a Odin, variante estranha de Dionísio
que estes grupos de guerreiros transformaram num deus guerreiro e soberano.
Luperco. Este antigo deus itálico, amigo dos pastores e protector dos rebanhos
contra os lobos, foi rapidamente assimilado pelos Romanos a Fauno; depois, após a
conquista da Grécia, com Pã da Arcádia. A festa das Lupercalias era celebrada em sua
honra para evitar a esterilidade feminina.
Este deus dos pastores teria sido uma mera variante do deus caprino dos sumérios
que era Iscur, antepassado de Lúcifer e de Apolo Loxias. Porque protegia os rebanhos
contra ao lobo seria também uma mera manifestação do deus dos canídios.
Outro culto lupino de Falerii é de interesse mais imediato em nosso estudo da
Lupercalia, pois a deusa, ou sacerdotisa, do culto chamava-se Valeria Luperca. Ouvimos
falar dele apenas por um único escritor, embora tenha continuado até uma data posterior.
Certa vez, diz a lenda, 21 uma terrível pestilência caiu sobre os Faliscans. Um oráculo
disse-lhes que a praga cessaria se eles sacrificassem todos os anos uma donzela para Juno.
Assim, uma garota chamada Valéria Luperca foi escolhida como a vítima. Mas quando a
espada foi desembainhada, uma águia, descendo, agarrou-a e enfiou-a em uma vaca que
pastava perto; então colocou sobre o altar um pequeno martelo. Isso foi levado pela
donzela, que foi até cada um dos enfermos, tocou-os e ordenou que fossem curados. (…)

We may reconstruct the legend as follows. Luperca was a local goddess of the
Ligurians living near Falerii. The Valerian gens took over her cult, but abolished the
practice of human sacrifice. Henceforth the goddess was known as Valeria Luperca. In
time this local deity was absorbed by Juno; and only an obscure legend and the sacred
hammer which was the emblem of the Valerii showed that she had ever existed. – The
Lupercalia by Alberta Mildred Franklin.

Um universo misterioso se desenrola assim, composto por ritos de fertilidade,


divindades com chifres, veados e o uso de alucinógenos (agarico de mosca), o que leva
Chiavarelli a investigar o folclore das populações xamânicas siberianas. Esta busca, na
verdade, nos permite encontrar as raízes semânticas de Harlechinus ou Hellequin, o
homem selvagem que muitas vezes lidera a caça selvagem nos testemunhos recolhidos pela
Inquisição. De fato, o autor descobre que "entre os turcos da Sibéria do Norte há uma
cerimônia xamânica em homenagem ao terrível, grande, cruel Ärlik, pai da comunidade e
ancestral primordial, a quem os cavalos são sacrificados (equino do inferno) ", Uma
divindade infernal semelhante a Erlik dos altaicos e al Yerlik dos uigures amarelos, que
usam chifres como armas. Considerado o progenitor da humanidade, protótipo dos
primeiros mortos como o Indo-iraniano Yama, é cultuado com a denominação de Erlik
Khan como governante do mundo também pelos Teleuts, Buryats e Turco-Mongols,
enquanto entre os tártaros é chamado Irle-khan. O autor nos informa que "as invocações
ao deus, que mora em um palácio de lama negra nas profundezas sombrias dos nove graus
do submundo, precedem o sacrifício de um cavalo" (...)

Há, portanto, um fio vermelho que une claramente os cultos xamânicos muito
antigos das populações siberianas, os cultos pré-cristãos do norte da Europa (Cernunno,
Odin) e o folclore mais recente (San Nicola, Papai Noel, o Krampus) até chegar ao
folclore profano das massas medievais (Arlecchino mas também Pulcinella, cuja máscara,
o "lobo negro" alude a Hades, o deus do submundo com o gorro de lobo que tornava
invisível). Ao fundo, "aparecem os vestígios de outros exércitos de jovens iniciados,
cobertos por peles de animais, como o Bersirkir, os furiosos guerreiros-urso da tradição
escandinava, o cinocéfalo longobardo ou o ulfedina, lobisomem da cultura germânica,
semelhante por certas características aos Lupercos romanos e aos iniciados de Apolo
Liceo ou Zeus Lycaios” (p.183). Muitas vezes, no folclore, as batalhas a que se submetem
esses exércitos de iniciados também se consomem entre membros de um mesmo grupo:
assim acontece, assim como para os benandanti e feiticeiros, também para os Căluşari do
sul da Roménia, que lutam entre si e contra Strigoi, assim como para os kresnik Balcãs, os
táltos Húngaros e os burkudzäutä Ossetas. --- Os benandanti friulanos e os antigos cultos
europeus de fertilidade. Postado em: 5 Maio 2016 Escrito por: Marco Maculotti.
«Arlequim» < Arlecchino < Harlechinus < Ir-le-khan > altaic. Erlik
 Uigur. Yerlik.  Welcheno.
A origem da figura artificial do Arlequim não pode ser totalmente esclarecida. No
final do século 11, o cronista Ordericus Vitalis relata que, como um andarilho tardio na
costa normanda, foi perseguido por uma "hoste de demônios". Isso foi liderado por um
gigante encapuzado de aparência selvagem armado com um porrete. A lenda é conhecida
como a " caçada selvagem do povo Herlequin" ou "familia herlequin" que assustava as
pessoas solitárias à noite. Essa noção amplamente difundida vai desde a comitiva
germânica de Odin até o rastro silencioso da névoa na balada Erlkönig, de Goethe. As
várias performances têm em comum que seus atributos são principalmente máscaras de
animais, latidos, rugidos e guinchos, etc. Os traços demoníacos e diabólicos foram
herdados pelo áspero bobo da corte e bufão Arlequim, na forma do boné com chifres e da
meia-máscara preta ou expressões faciais grotescas. (...)
Peter Vitebsky escreveu "O xamânico vigarista sobreviveu na cultura popular
como arlequim", uma espécie de médico charlatão de outros tempos, cujo trabalho
oscilava entre curar e enganar os pacientes. Em rigor, sobretudo pelo vestuário, seria uma
sobrevivência carnavalesca dos caretos transmontanos das festas dos rapazes.

Ver: LÚCIFER & ISCUR (***) & LAMEGO (***) & ILÍTIA (***)

Escuro, o “deus dum cabrão” metamorfoseou-se assim no deus lobo que no Egipto
foi Anpu. Apolo e Anpu seriam a mesma realidade semântica e partilhariam também
parte do património étmico.
Enki < *Anu-Ku > Anwu > Anu-pu > Anpu > Anubis
 Lu-pu > «Lupus» < *luphos < λύκος.
= Pu-lu + Ka => Ka-pu-lu => Apolo.
 Luku (Lucas) > Loxias, etc.
Wolves in Legend and Literature: For centuries the wolf has been depicted as a
symbol of fighting prowess, courage, and endurance. Beowulf, the legendary Anglo-
Saxon hero, named himself after the wolf, and North American Indians used the name
for their most powerful warriors. There have been numerous stories of wolves that have
raised human children from infancy, as in the famous story of Romulus & Remus.6

Figura 6: Lupa. Imitação de


bronze etrusco da época dos reis que foi
símbolo nacional de Roma por ser alusiva
ao mito da loba que aleitou Rómulo &
Remo.
Em boa verdade, o único fundo
histórico deste mito seria a frequência com
que, na falta de aborto seguro, os filhos
indesejados de solteiras e prostitutas
(lupas) eram abandonados, a probabilidade
de que matronas estéreis os recolhessem os
enjeitados.

A tradição da civilização romana revela alguns aspectos interessantes em relação


com arcaicas mitologias fundadoras. Desde logo no nome da cidade, pois Roma dever o
seu nome imortal aos gémeos Rómulo & Remo!
Quanto à veracidade dos nomes estes são seguramente uma invenção lendária
recente tecida sobre reminiscências de arcaicas e repetitivas tradições de gémeos míticos
primordiais Lahmu & Lahamu.
Lahmu & Lahamu < *Urki-Ama/*Ur-Kima > Rakima
+ Anu (ish), lit. os filhos de Lahmu & Lahamu.
Lahmu & Lahamu, os deuses primordiais da epopeia babilónica da criação,
seriam as divindade que estaria relacionada com a primeira das três, também míticas,
tribos fundadoras da cidade de Roma, os Ramnes ou Ra-M(i)nos!
Este nome deve corresponder a uma entidade mítica muito arcaica relacionada com
cultos mágicos e curandeiros em torno de *Ur-Kima, a Deusa Mãe. De facto, neste nome
podem ouvir-se ressonâncias de Artemisa. A verdade é que no capítulo sobre esta deusa
se pode dar conta de que o poder curativo das «lamas» e das águas termais andaram
relacionada com esta deusa e deram fama e prosperidade a cidades que em Portugal
vieram a ter nomes como Lamas. Em Itália terá acontecido o mesmo com Roma,
seguramente a cidade ocidental de mais famosas romagens senão para terapêutica do
corpo pelo menos para cura das almas. Os «lamas» tibetanos terão tido esta mesma
origem étmica. O divertido seria se na génese da fundação da cidade eterna estivessem
estado antepassados os ciganos que a si próprio se chamam de romanes e cujos elementos
masculinos que e andaluza tanto gostam de se chamar por Ramon na Espanha gitana.
Então, na Roma dos Ramnes, já não estranhamos que Carmine tenha sido nome
dos livros sagrados das artes divinatórias dos augures pois que *Kar-Minus pode ser uma
referência às formas arcaicas dos cultos de Artemisa, a deusa das cobras dos minóicos.

6
Excerpted from Compton's Interactive Encyclopedia. Copyright (c) 1994, 1995 Compton's NewMedia, Inc. All
Rights Reserved.
As restantes tribos eram os Tities (< *Kiki-ish => citas ?) e os Luceres (< Lukaures >
Ligures, homens de Ceres ou de Kar ou seja, filhos da lavoura do cereal dourado pela
luz do sol!).
Carmenta; (= Car + menta, as que sutentam e aleitam Kar, o sol?) Mother of the
Camenae; aka Postverta. A goddess of prophecy Prophecies in verse (Camoena; Singing)
and midwifery; she also brought the art of writing to her land. She was said to assist a
woman in labor and to tell the future of the newborn. Camena (plur., Camenae); water
nymphs; prophecy; Very prevalent in Roman myth.

Ver: GÉMEOS (***) & LYCIAN APOLLO (***)

(...) I do not happen to believe that the term employed in many IE languages for
"lion" *lewi(n)- is a borrowing from Semitic (cf. Hebrew la:yish, "lion") principally
because the IE forms show -n in most instances; and because I cannot conceive of the early
IE's residing in an area totally without large felines, obviating their need to borrow a word
for the concept with which they were already familiar. I do not believe -liuna-s can
reasonably be interpreted except as a reflex of *lewin-, whether it is IE or a borrowing
from a nearby Semitic source.
O ponto dois só reflecte os escolhos em que cai a etimologia racionalista
tradicional quando se arrisca a fazer leituras literais antes do tempo próprio dos termos
arcaicos ou quando coloca a lógica divina de pernas para o ar! Na verdade, toda esta
pequena literatura enferma dum óbvio subjectivismo apriorístico e preconceituoso, quase
a raiar o anti-semitismo como sói ser apanágio dos adeptos do mito das línguas indo-
europeias, mas a verdade é que a falta do «n» no la:yish hebreu pouco ou nada demonstra.
Primeiro porque o hebreu foi apenas uma das línguas semitas e depois porque nada
impede que esta, por ser derivada dos falares acádicos, tenha perdido o «n» pelo caminho,
na senda da natural simplificação a que tendem todas as línguas e que se manifesta
sobretudo nas mais ricas e elaboradas como terá sido o caso das que mais cedo acederam
à cultura escrita nas árias de influências das grandes civilizações semitas do crescente
fértil. Porém, a crítica mais directa a este raciocínio reside no facto se ter a miopia de
imaginar que o horizonte temporal do nascimento das línguas remontaria aos escassos
quatro mil anos antes de Cristo, tempo a partir do qual se admite o aparecimento dos
supostos povos indo-europeus, quando a verdade é que até este suposto facto será um
mito. Na verdade terão sempre existido povos nómadas nas estepes centro-europeias de
que terão surgido tanto as chamadas raças caucasianas como as sino-mongólicas. Quanto
aos semitas não estaremos a falar senão de uma zona de mestiçagem (sem qualquer
conotação ofensiva) entre o alfobre rácico euro-asiático e as arcaicas raças africanas. Ora
bem, nem sequer seria necessária a existência de leões árcticos para se ter formado o
conceito relativo aos grandes felinos pois, bastaria lembrarmo-nos dos grandes felinos
siberianos, alguns já fósseis como os tigres de dente de sabre que, quando brancos, eram
animais apolíneos por antonomásia.
It is related by Ovid that Lykaon, king of Arkadia, once invited Zeus to dinner, and
served up for him a dish of human flesh, in order to test the god's omniscience. But the trick
miserably failed, and the impious monarch received the punishment which his crime had
merited. He was transformed into a wolf, that he might henceforth feed upon the viands
with which he had dared to pollute the table of the king of Olympos. From that time forth,
according to Pliny, a noble Arkadian was each year, on the festival of Zeus Lykaios, led to
the margin of a certain lake. (...). The epithet Lykaios, as applied to Zeus, had originally no
reference to wolves: it means "the bright one", and gave rise to lycanthropic legends only
because of the similarity in sound between the names for "wolf" and "brightness." Aryan
mythology furnishes numerous other instances of this confusion. The solar deity, Phoibos
Lykegenes, was originally the "offspring of light"; but popular etymology made a kind of
werewolf of him by interpreting his name as the "wolf-born." The name of the hero
Autolykos means simply the "self-luminous"; but it was more frequently interpreted as
meaning "a very wolf," in allusion to the supposed character of its possessor.7
Como se vê existe uma lógica de influência mutua que faz com que as bestas
selvagens, quando brancas, se encontrem sempre relacionadas com deuses da luz,
mormente quando deuses do sol. No tempo em que os animais falavam os homens
conheciam a sua personalidade duma forma muito mais intuitiva do que hoje e já então
sabiam que quem detinha o poder guerreiro da caça era a leoa e, por isso mesmo, foi
sempre esta, e não o leão, o animal de estimação e de transporte das deusas mães! Nesta
lógica simbólica o leão não necessitou de ser branco! Bastou-lhe ser selvagem e animal
totémico da deusa mãe, relacionado com o arcaico poder do matriarcado, para acabar,
pela via enviesada dos símbolos do poder, em animal solar dos tempos patriarcais.
Que o étimo *Ly- aparece na nomenclatura de vários animais é um facto:
«Lince» < lat. lynx < lyanish ( lionês) = semelhante a Lyan ou seja,
ao deus Ly, o Leão!
«Licranço» < Lykaurancius.
«Lagarto» < lyacarto < lykauratus, etc.
Sem mais rodeis os o étimo *ly parece reportar para o lado selvagem da vida
animal de que os leões são os reis. Que o nome, dos felinos, deriva de *phielan é óbvio
mas o porquê disso já não o é tanto. *Elphian / *Phielan, que terá sido durante milénios o
deus supremo tornou-se no nome genérico da chefia divina pelo que a realeza leonina
tornava-o candidato natural frequente a deus supremo e, por isso a Phielan > Phelian (>
Helion = O sol!) > felino? Quanto ao nome do leão deve ser procurado na genealogia de
Elyon de que também deriva o étimo *elan- dos veados sagrados! Por essa mesma razão
o étimo *ly- deriva também de Elyon = senhor deus altíssimo!
Ora bem, a etimologia do étimo *Ly- so pode ser:
*Phielan > Pha-lian (> Kerian > Helion = O sol!) > Lat. falinu > «felino».
*Lyn- <Elan < Lil An < Ilan < Uran.
Lynkeus < |*Lyn- < ilan < Uran| + | Keus > Zeus|.

7
Myths and Myth-Makers: Old Tales and Superstitions Interpreted by Comparative Mythology by John Fiske.
One of two sons of Hypermnestra and Lynkeus, Akrisios and his brother Proetos
were fierce rivals from an early age; they did, in fact, hate each other, so much so that,
when they were both grown, Proetos fled to Lycia, while Akrisios stayed in Argos.
La-sa > Elsa < Elkia < Lasha < Urash
Lu-sa > Lukia > «Lúcia» < Lusha < Urash
Ly-nsa > «Lynce» < Ly An Ka < Ulkian < Lu-An-ash, “lit. filha da Sr.ª Lua” <
Uranish ou Urânia a filha ou esposa de Urano
De todo o modo o étimo *ly- acaba por vir a fazer parte dos conceitos a respeito da
natureza selvagem:
Lvsa [Dea Dia or Lynsa silvestris?]: Goddess of Field and Forest. Lvsa is also a
Tutor Finium. Lasa, an assistant to TIN, is a Goddess of Love and Insight.
Urash era um dos nome da deusa lunar dos sumérios o que não admira pois
também Diana e Artemisa eram deusa lunares e patronas da Fauna (mais desta) & da
Flora (desta, mais Vénus e Afrodite). Não será assim por mero acaso que Lusa / Linsa
era entre os etruscos o mesmo que a latia Dea Dia, a deusa da luz clara do dia porque
filha da tenebrosa Lua, deusa da Deusa mãe do nocturno luar.
A origem comum destas mitologias é evidente à luz da etimologia. Obviamente
que não estaríamos à espera que, do Báltico ao Benin, tanto a semântica mítica quanto a
fonética se tivessem mantido íntegras. Lisa seria a variante africana de Lux latino, de
Lugo galego e do Luso lusitano. Muito possivelmente estas crenças nitidamente pré-
latinas teriam sido levadas para o Benin por antigos marinheiros lusitanos ao serviço dos
etruscos. Mavu seria inicialmente Micael ou Hermes (Mancípio* ou o celta Mapon,
etc.!) irmão gémeo masculino do Apolíneo Liza ou Urash, o esposo de Maka Devi, e
equivalente hindu da Micas lusitana e a mesma que a egípcia Mavet, a nocturna deusa da
aurora, do parto e da morte. Gu seria o ebério Gua, filho da Senhora de Guadalupe, ou
Mavu, a loba dos amores selvagens.
Liza é descrito como macho e sócio inseparável de Mawu, que esta associada
com a Lua . Mawu & Liza foram também considerados como gémeos. A unidade destes
representou a ordem do universo. Diz-se que Liza mora a Leste, e Mawu a Oeste. Mawu
& Liza nasceram de Nana Buluku que criou o mundo. 8
Laskowice (Leschia, derived from Old Slavonic word for “forest”) - Satyr-like
forest spirits in the mythology of the east and south Slavonic peoples. They protect wild
animals, and have a particularly close relationship with the wolf.
In Slavic mythology, the Leshy was the spirit of the forest . He was jealous of his
forest kingdom and tried to lose travellers in its depth. He could change his shape but
could always be recognised by his face which remained blue.

8
Liza is a deity of the Fon people who live in Benin, West Africa. Liza is associated with the Sun, which is regarded
by African people as fierce and harsh. Liza is depicted as male and inseparable from his partner, Mawu, who is
associated with the Moon. Mawu and Liza were also regarded as twins. Their unity represented the order of the
universe. Liza is said to dwell in the East, and Mawu in the West. Mawu and Liza were born from Nana Buluku,
who created the world. - Ardener, Edwin. 1956 Coastal Bantu of the Cameroons. London: International African
Institute.
Lisa < Lusa < Lux(a) < Rusha < sumer. Urash (< Urkiku)
Laskowice = Lask-(owice) > Lesch(ia) > Leshy  Etrusc. Lasa & Lvsa.
Leschi < *Urisco? > «Arisco», selvagem => *Uranisco > linx > «lince».

SILVANO

Figura 7: Hércules & Silvano.


O mito da serpente da sabedoria se não é uma contaminação cristã serôdia será de
facto uma prova sobrevivente dum mito variante da criação de que teria derivado a
serpente genética dos hebreus. Como é óbvio, a metamorfose mitológica terá feito da filha
mão o vice-versa porque Da seria nem mais menos do que a céltica Danu ou Diana,
literalmente a senhora do crescente lunar como a Senhora de Gadalupe e quase todas as
Virgens Mães ibéricas.
Selvans = Silvan(u)s < Shyr-Wan, lit. “couro” ou guerreiro da deusa mãe
Ven(-us) < Kur-Kian < *Ker-kano > Welcano > Vulcano.
Obviamente que este deus latino Silvano era uma mera variante local de uma
das muitas tribos italiotas, de Luperco, Apolo ou de Zéfiro e estes variantes do deus
dos carvalhos cretenses que seria Velcano.
Figura 8: Silvano
Silvano (no latim Silvanus), era um
deus da Roma Antiga, das florestas (no
latim silva – donde vem-lhe o nome) que
mais tarde passou a ser identificado com o
deus Fauno ou com o Pã grego. Alguns
autores o descrevem como filho de Saturno,
outros ainda de Fauno.
Sua origem é bastante obscura.
Assim como Fauno, era deus puramente
romano e, também como ele, tinha por
atribuição proteger as actividades pastoris.
Entretanto Silvano guardava os bosques e
se dizia que foi o primeiro a separar as
propriedades nos campos.
Apaixonara-se pelo belo Ciparisso
que, convertido num cipreste fez com que o
deus passasse a andar com um ramo dessa
árvore. Era, ainda, músico assim como os
demais deuses pastoris. Silvano gosta de
assustar os viajantes que andam solitários.
Liza é uma deidade das pessoas de
Fon que moram em Benin, África Ocidental.
Liza esta associado com o Sol que é
considerado pelas pessoas africanas feroz e
severo.
Silvano, ainda que um deus tipicamente latino tinha qualidades próprias dos deuses
olípicos Hermes e de Apolo e de deuses mais arcaicos como Pan e Fauno e etmicamente
reporta-nos para os Sátiros das saturnálias e para os Silenos dos bacanais.
Sileno (em grego antigo: Σειληνός, transl. Seilēnós; em latim: Silenus) era, na
mitologia grega (e posteriormente na mitologia romana), um dos seguidores de Dioniso,
seu professor e companheiro fiel. Notório consumidor de vinho, era representado como
estando quase sempre bêbado e tendo de ser amparado por sátiros ou carregado por um
burro. Sileno era descrito como o mais velho, o mais sábio e o mais beberrão dos
seguidores de Dioniso, e era descrito como tutor do jovem deus nos hinos órficos.
«Sileno» < Lat.Silenus < Grec. Seilēnós < *Sel-hien  Ker-kien > Velcano.
Assim como Fauno, que derivou nas entidades menores dos faunos, também há os
silvanos, habitantes das florestas. Muitos autores confundem os silvanos, faunos, sátiros e silenos
com Pã. Plínio parece adoptar a visão ao compará-lo aos egipãs.

Ver: APOLO CARNEO, o chifrudo / Carvalho (***)

A transformação dum filho de deus solar, como foi por exemplo Horus, num deus
primaveril como foi o latino Silvano é fácil de compreender precisamente por intermédio
dos mitos recorrentes dos deuses do Amor eterno nos ritos solares de morte e
ressurreição. Marte, que foi amante de Vénus porque terá sido em tempos um deus do
Amor, foi um deus primaveril e agrícola antes de ter acabado no deus mortal de todas as
guerras. Já em sumério tanto ur quanto kur eram termos relativos a coisas agressivas e
selvagens. Dito de outro modo, *Sil- < Ki-ur => *Ly-.
Outra conclusão a tirar é que os deuses silvestres derivam dos deuses do fogo por
intermédio de Ki, deusa mãe da terra, do fogo e do lar.

Ver: LISBOA (***)

Ora, esta incursão etimológica seria mera diletância se não permitisse descortinar
uma possível explicação para o fenómeno particular da licantropia, patente na mitologia
popular da Grécia clássica e que está para as culturas mediterrânicas como o vampirismo
paras as culturas centro-europeias. Sem mais rodeios o vampirismo é obviamente uma
mitologia de mortos-vivos e pour cause uma forma abortiva de morte ressurreição e
portanto, evolução degenerada dos cultos órficos. A licantropia, que chegou até à
península ibérica9, se é que não partiu tudo das culturas megalíticas que se iniciaram por
estas bandas, seria uma forma menos deturpada das crenças na ressurreição física...e o
rasto étmico remanescente de Anubis. E assim tudo nos reporta para os cultos Órficos dos
deuses ofídios.
The Dark Sun is an irrational, chthonic stage in the transformation of Helios; he
appears as the Old King, a grey-haired old man, winged and ithyphallic; he is called
Phaos Rhuentes (Flowing Light) and may manifest as Leo Antiquus (the Ancient Lion). 10
9
Na minha aldeia natal, lá pelos anos de 1955, existia uma velha, com a alcunha familiar de Putriqueira, latinamente
sugestivo fosse da sua miséria extrema fosse do principal mister de prostituição a que as mulheres desta família se
dedicavam e que o povo dizia ser bruxa. Bruxas eram quase todas as velhas da aldeia com saberes de rezas,
mesinhas, benzeduras e fumadouros como endireitas eram os homens idosos com conhecimentos empíricos de
ortopedia tal como os barbeiros ainda faziam sangrias. Essas bruxas eram sempre muito velhas o que era coisa rara
de ver pois nesse tempo raramente se morria de avançada idade. A velha Putriqueira entretinha-se a contar histórias
de lobisomens nas esperas do rebusco, atrás dos ranchos da apanha da amêndoa para os donos das Casas Grandes (<
Megaron < O-Phiaur). O círculo de garotos à sua volta era sempre o maior apesar das sus histórias misteriosamente
serem aterradoras e do seu ar lúgubre de mulher feia, de rosto sempre tapado por um amplo lenço preto. A sua má
fama de velha bruxa, acabava por se tornar avoenga e simpática porque as histórias que contava eram vívidas, e
sempre referidas a pessoas ou a antepassados próximos de pessoas conhecidas na aldeia. Mesmo quando o diabo
aparecia nos seus contos era sempre na figura de lobisomem ou, por vezes também de veado, o que muito nos
espantava por ser um animal desconhecido na aldeia e que a velhas nos descrevia na forma de um animal quimérico
de cornos galhudos como os ramos sem folhas das amendoeiras.
10
V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com
Como se vê, um dos epítetos gnósticos do “sol-posto” foi esse mesmo, o de
“Antigo Leão” que é o que os pais são quando os filhos assumem o poder.
Ou, se quisermos, Hélio / Apolo era a alegoria “do poder cósmico da fera”
adormecido nos subterrâneos do inconsciente colectivo que ressuscita em cada primavera
tal como renasce com o renovar das gerações!
Então, porque “sol-morto” = “sol-posto” é que “rei-morto, rei-posto”!
Like his sister Hecate, he may appear as a mad dog. (Jung, MC 146-149, 297-8)
Similarly Apollo's epithet Lykeios may refer to him as a wolf god (Larousse 113; Oswalt
37). 11
Ora, na mesma ressonância fonética do nome de Apolo com a etimologia leonina
se poderia tropeçar a respeito do conceito teológico judaico relativo ao “Altíssimo deus
omnipotente” El Ellyon!
Na antiga religião e mitologia egípcia, Re (também escrito Ra ou Phra) era o deus
supremo do sol, pai de toda a criação na forma de Atum.
Ra < Phra < Kerash > Phera > «fera».
Iskur  Kurash > Hurash > Urash > Uraz.
Rá governou o Egipto por milhares
de anos trazendo bem-estar e prosperidade
a seus habitantes graças às fabulosas
colheitas e suas magníficas leis. Os
egípcios só tinham palavras de
agradecimento e não pararam de elogiar
seu nome. Mas Rá, tomou forma humana e,
portanto, envelheceu e um dia, os egípcios
deixaram de o respeitar, começaram a
zombar de sua aparência senil e a
desobedecer às suas ordens.
Ra, com seus olhos do disco solar
que emitiam um olhar aterrorizante, criou
a deusa Sechemete, feroz e sanguinária
como uma leoa que persegue a sua presa.
Seguindo as ordens de Rá, ela soltou sua fúria sobre todos aqueles que
ridicularizavam seu pai, semeando o terror e o desespero por todo o Egipto.
Rá, como o deus Hórus, englobava inúmeros atributos e muitas vezes se fundia
com outros deuses para formar deuses compostos como Amon-Rá. Os faraós
reivindicaram sua legitimidade ao trono como descendentes de Re, pois que, por
pressuposto mítico, Ra poderia tomar a forma que quisesse e na forma animal, poderia
transmutar-se em falcão, leão, gato, ou no pássaro Benu.
Tomando a forma humana tornou-se o primeiro faraó do Egipto.
Em rigor nunca foi um deus explicitamente leonino mas foi casado com uma leoa,
sua filha, Sechemete que depois da tentativa de destruição da humanidade foi
11
V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com.
transformada na gata Bastete, e com esta foi pai do deus leão Maches que como deus-
leão, era considerado filho de Rá e Bastete, a deusa gata e leoa da guerra, padroeira do
Baixo Egito, ou de Sechemete, a deusa-leoa da guerra, padroeira do Alto Egito.
Maahes (Mihos, Miysis, Mios, Maihes, e Mahes) foi uma antiga divindade egípcia
da guerra, que possuía uma cabeça de leão, cujo nome significa "aquele que é verdadeiro
ao lado dela".
Sendo assim é quase seguro que Rá tenha sido um deus leão embora o mais
credível é que tenha sido primordialmente filho da deusa mãe leonina que na Suméria
levava o nome de Uraz pelo que o seu nome mais primitivo teria sido *Ureco.
The Greek word is somehow related to Coptic labai, laboi, “lioness.” In turn,
Coptic labai is borrowed from a Semitic source related to Hebrew lābī’ and Akkadian
labbu. There is also a native ancient Egyptian word, rw (where r can stand for either r or
l and vowels were not indicated), which is surely related as well.
O nome do leão, que é semelhante em muitas línguas românicas, deriva do latim
leo, relacionado ao grego antigo λέων (léōn). A palavra hebraica lavi (‫ ) ָלבִיא‬também
pode ser relacionada, assim como a palavra egípcia velho rw.
«Leão» < lat. leo(n), leonem < grego leon (leontos) < Lew + an < Lew
< Rew < *Ureco < Urraca < Sumer. Uraz.
Raw (Adj.) = inglês médio raue, do inglês antigo hreaw, hreow "não cozido", do
proto-germânico *khrawaz (fonte também do nórdico antigo hrar, dinamarquês raa,
saxão antigo hra, holandês médio rau, holandês rauw, alto antigo Alemão hrawer,
alemão roh), da raiz PIE *kreue- "carne crua". Da pele, "sensível, dolorida, esfolada",
do final do século 14; de pessoas, "grosseiras ou rudes por falta de experiência, inábeis,
jovens ignorantes", de c. 1500; do clima, "úmido e extremamente frio" registrado a partir
de 1540. Também usado no inglês médio para seda não fiada, tecido não tingido, peles
não curtidas, etc. Relacionado: Rawly; crueza.
«Cru» < galaico-português cruu < lat. crūdus < *crūrus < proto-itálico *krūros,
< proto-indo-europeu *kruhrós, sangrento
< *krewh,carne crua, sangue fora do corpo (como de uma ferida).
Cognato do inglês raw.
A raiz *krewh₂- rendeu palavras que significam agressão (por exemplo, em
derivados como o latim crūdēlis (“cruel”), o sânscrito क्रूर (krūra, “cruel”) e o grego
antigo κρούω (kroúō, “bater, chicotear, esmagar”) e morrendo (por exemplo, Old Norse
hræ (“cadáver, carcaça, naufrágio”)), visto metaforicamente em termos de
endurecimento (ou congelamento) de “sangue externo” (por exemplo, em derivados como
latim crusta (“crosta”), irlandês antigo crúaid (“duro”), letão kreve (“sangue
coagulado”) e grego antigo κρύος (krúos, “frio”)). O campo semântico foi, assim,
associado a ferimentos, morte e ressecamento/endurecimento do corpo. Por outro lado, a
raiz *h₁ésh₂r̥ tem sido associada à noção de fluido corporal doador de vida e também à
linha patrilinear na terminologia de parentesco.
Ora bem, é evidente que as derivas do PIE são hilariantes e impossíveis de seguir
pela simples razão de que nunca existiu uma cultura que suportasse esta linguagem. Na
verdade o conceito mais arcaico para o sangue era o ká do antigo Egipto. Logo, o proto-
itálico *krūros deveria ter derivado de *ka-ruros < ka-uros, literalmente o ká dos
guereiros (uros). A diferenciação *ka-ruros / ka-uros aconteceu para diferenciar o *ka-
ruros dos guerreiros feridos de morte ensanguentados e os kauros com sangue na guelra e
predispostos para as lutas de morte.
O nome do leão é um dos poucos termos reconhecidamente não indo-europeus mas
que também não parece ter origem exclusivamente semita porque o copta e o egípcio não
o eram.
The Latin word was borrowed throughout Germanic (compare Old Frisian lawa;
Middle Dutch leuwe, Dutch leeuw; Old High German lewo, German Löwe); it is also
found in most other European languages, often via Germanic (Old Church Slavonic livu,
Polish lew, Czech lev, Old Irish leon, Welsh llew).
Por outro lado acreditar que os termos para leão entraram nas línguas indo-
europeias a parir do latim por via germânica já é pangermanismo fascizante a mais porque
o antigo irlandês e o galês eram línguas gaélicos que poderiam ter recebido o leão
directamente dos latinos que estiveram nas ilhas britânicas muito antes dos germânicos.
Possivelmente o segredo da etimologia do nome do leão é mesmo o antigo egípcio rw que
seria literalmente Rewe, ou seja, o deus solar Re, que na Lusitânia era Reve.
Saber se os antropónimos comuns, Luana e Luão derivam de Lua ou de Leão
não é matéria fácil sabendo-se quão expostos estão os nomes comuns às mais
variadas influências culturais ao longo dos tempos. No entanto, é possível postular
que, sendo Luana o feminino de Luão, manteriam tanto a arcaica oposição sol / lua
quanto o nome do animal leão / leoa implícitos no culto Rá / Sechemete / Bastete.
Figura 9: Apkallu -- According to
Mesopotamian traditions, known only from
indirect references and from Berossus, Ea sent
seven divine sages, Apkallu, in the form of
"puradu" - fish (carp?) from the Absu to teach
the arts (Sumerian "me") of civilization to
mankind before the flood.

Pausanias Description of Greece


[2.31.4] Near the theater a temple of Artemis
Lycea (Wolfish) was made by Hippolytus.

He laid the arrow on the string and prayed to Lycian Apollo, the famous archer,
vowing that when he got home to his strong city of Zelea he would offer a hecatomb of
firstling lambs in his honour. --- The Iliad Canto V by Homer, Translated by Samuel Butler
Nem por acaso o lugar do signo do Zodíaco clássico latino Leo era ocupado pelo
deus Rá. Ora, é o étimo do nome do leão que deve ser derivado destes conceitos e não o
inverso. Aliás, existe etimologia própria para os animais selvagens a partir do étimo *Ly-,
étimo este que não necessita de invocar o nome de deus Apolo ou Appalianos para se dar
conta de este deriva muito simplesmente de ur < uru, termo sumério para guerreiro,
animal selvagem, a mesma raiz de que derivou o termo sumério lu para homem, na
medida em que todo o homem primitivo eram um predador ou seja, um guerreiro caçador
por natureza, étimo este implícito no nome da deusa mãe suméria leonina Uraz.
Na verdade,
*Lewin- < Lywian (> Libano, terra das florestas de cedros e leõs ) < Luphian
(> Lupus) < Urkian (> Urço) < Karkian.
No entanto o nome luvita de Apolo como sendo Appalianos pode revelar uma
alteração local do nome original de Apolo (< Apa-lu, literalmente o homem do pai)
precisamente pelas suas conotações solares, leoninas e lupanares evidentes.
Outro epíteto de Apolo foi Lukios (Lycean), obviamente relacionado com
variantes linguísticas do epíteto luminoso de Apolo a partir de Loxias e passando por
Lykeios, antes referido. Este nome costuma também ser considerado como significando
«peixe-lobo», em inglês Wolffish.
About this surname I could learn nothing from the local guides, but I gathered that
either Hippolytus destroyed wolves that were ravaging the land of Troezen, or else that
Lycea is a surname of Artemis among the Amazons, from whom he was descended through
his mother. Perhaps there may be another explanation that I am unaware of. The stone in
front of the temple, called the Sacred Stone, they say is that on which nine men of Troezen
once purified Orestes from the stain of matricide.

Figura 10: The Atlantic Wolffish (Anarhichus lupus) is a fierce looking, but rather docile
inhabitant of the North Atlantic. The big canine teeth are used for the consumption of hard
invertebrates. A favorite food is the Green Sea Urchin, which the Wolfish consumes, spines and
all.12
Ora, estranha coincidência, Lukios pode corresponder em português a uma espécie
de peixes que tem literalmente tanto este nome como a fama e o proveito. De facto o
«lúcio» (esox lucius) é «um peixe de água doce apreciado pela sua excelente carne» e «o
mais agressivo e voraz dos peixes do novo mundo»13.

12
copyright © 1996 Jonathan Bird/O.R.G., Inc, Jonathan Bird's Home Page.
13
Historia natural, resomnia editores.
Existe ainda toda uma família de peixes chamados Lophius e Lophiodes que tem
por principal representante o «tamboril» ou peixe-sapo (também monge ou diabo) e que
tem «apêndices dérmicos que contribuem para aumenter o aspecto horrível destes
habitantes dos fundos marinhos»!14
«Tamboril»  lophius < Lowius > Lupius > Lúpus.
Ora, todos estes factos cruzados se encaixam na seguinte referência relativa aos
filhos do deus dos mares e de todos os peixes e monstros dos abismos que nele habitam!
O parentesco destas relações étmicas com o deus Alpan das libações alcoólicas dos
lupanares, com Lyban < Libens o deuses das Lupercais < Lykan e com os deuses das
orgias órficas Urkian > Orfeu é evidente, confirmando-se a origem heróica destas
tradições a partir da época auria de Saturno.
Saturno <= Kakuran < Kurkian > Kyrwen > Silvens > Sivanus.
Lycian < Lywan < Lukan > Luphan > Lupan.
> Luphian > Ruphi(us) An < Urki
> Urphius => Orfeu!
Like the moon, Helios has many connections with the river Ocean. After he was
drowned in Ocean by his uncles, the Titans, he was raised to the heavens and made
immortal. Now, at the end of each day he descends again into Ocean in the west, and
travels to the east in a golden bowl, where he rises from Ocean again. 15(...)
It is the Red Sulphur (< Kurkur) , the essence of the sun, as the White Sulphur is
the essence of the moon: they are the red and green lions. In Greek theion can mean either
"divinity" or "sulphur," because sulphur was used for purification - a principal function of
Apollo the High Priest. Alchemists say that when sun and moon unite, their rays contain
Hudor Theion (Divine/Sulphur Water), the Aqua Divina or Aqua Permanens (Enduring
Water), the arcane substance, the miraculous fluid or fiery medicine which separates the
elements. Indeed, as the sun may warm or scorch so the Red Sulphur Water has both good
and bad effects; since it reduces everything to prima materia, it is the agency of all
corruption in the natural world. It is burning, coagulating, putrefying and staining (the
essence of the tinctura rubea); it blackens the sun. It is the dragon and uroboros (< Kar
kar rus) serpent; it is identified with Set and Typhon, and has its home in the Forbidden
Sea, where the High Priestess and High Priest will suffer their Love-Death. Such is the
animus, the masculine subconscious. (Jung, MC 93, 98-9, 111-2, 114, 296, A. 150, AS 67-8,
78; LSJ s.v. theion; Rulandus s.v. Aqua permanens) 16

Proto-Indo-Europeu.17 ??? < *wlkwo-/wlpo- < Wul-Kiwo??? <= *Kur-kiku.


Modern English Wolf
Old English Wulf <
German Wolf < Wulf < Wulph < Vulk(+ An) => Vulcano.
Latin Lupus < luphus < Grec. Lukos

14
Historia natural, resomnia editores.
15
V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com
16
V. Pontifex Maximus - Archiereus - High Priest (5), Pythagorean Tarot homepage. 72747.154@compuserve.com
17
In Search of the Indo-Europeans: Language, Culture, and the Origins of our Diversity Saturday, April 24, 1999 -
UTSA Downtown.
Greek Lukos/Lykos <= *Urki > Urph- > Urfeu => Wolf
Russian Volk <*Vulk < *Kur-ki > Hurki > *Urki.
Sanskrit Vrkas < Wurkas < *Kurk(ash) < Kur-Kish  Iscur
Spanish / Portuguese Lobo (< Lat. Lupus???) / < lauwe < Grec. Lukos.
French Loup/Louve (< Lat. Lúpus) < Grec. Lukos?
Importa, no entanto, relacionar estas análises linguísticas com a mitologia lúpica
do deus Egípcio Anubis /Anpu.

Ver: LOXIAS (***) & ANPU (****)

Anubis = Anu-| Wis (> *Anu-bios, lit. «a besta do Sr. Do céu»?) < Phis <
*Anuphi-ush < Enki-ish, lit. filho de Enki, o que corresponde de facto ao papel
mítico de Apolo.
E para entender alguns termos actuais, talvez convenha recordar as línguas raiz:
em sânscrito chamava-se VRIKA, em persa VARKA, em grego LYKOS ou LUKOS, em
latim, LUPOS, em eslavo VULKII e em lituano VILKA.
O Lobo na Mitologia
Na mitologia greco-latina encontramos vários deuses principais representados sob
a forma de lobo. Mencionaremos em primeiro lugar ZEUS LYKAIOS de Arcádia, e também
APOLO LYKAGENES; este último epíteto tem sido explicitado como “o da loba”, o
“nascido da loba”, quer dizer gerado por Letona transmutada em loba segundo algumas
versões, e assim o vemos representado em algumas moedas. Também em Cirene existia o
culto a Apolo Licio, pois segundo a lenda, Apolo uniu-se à ninfa que deu nome à cidade
sob a forma de lobo. (…)
Entre os indo-europeus, muitos foram os povos que surgiram a partir do lobo. Ao
sul do mar Cáspio estendia-se Hircania, literalmente “país de lobos”. Em Frigia temos a
tribo dos Orka (Orkoi); na Arcádia os Lyhaones; na Ásia Menor a Lucaonia. Um povo
itálico, os Hirpinos, tem o lobo como animal originário; segundo Estrabón, os Hirpinos
receberam o seu nome do lobo que lhes serviu de guia até ao seu novo aldeamento; diz este
autor que Hirpus é o nome samnita do lobo, tradição também testemunhada por Festo. O
homem da tribo samnita dos Lucanos, vizinhos dos Hirpinos, derivava, segundo Heraclito
de Ponto, de Lykos, lobo em grego. -- O Grande Matador; A Mitologia do Lobo, © Nova
Acrópole 2009.
Sânsc. Vri-Ka < Wir-ka < Pers. Var-Ka,
< Wer-ka > eslav. Vulkii > lituan. Vilka.
Hir-pu < Hir-ka < Her-ka < Ker-Ka < Kur-ka > Hur-ki > Ru-ki
> Grec. Ly-kos > Luphos > Lat. Lúpus > Wul-ki.
No entanto, se fossemos aceitar a versão Anpu < *Anuphi < Enuki < Enki,
actualmente proposta como a mais autentica, seriamos levados a concluir que Anpu teria
sido o próprio Enki, o que só poderia ter acontecido no campo da «liberdades poética da
míticas ou nos primórdios da unicidade mítica. Sendo assim, a versão grega parece ser
mais consentânea com o senso comum mítico em voga na época antiga, o que só vem
reforçar a ideia de que, por regra, os gregos se terão enganado menos do que se supõe a
transcreverem a fonética Egípcia o que é fácil de aceitar dado o facto de a dinastia
ptolomaica ter origem grega e ter governado o Egipto o tempo suficiente para aprender a
falar bem ambas as línguas, tanto mais que sabemos que terão sido os últimos a escrever a
difícil ortografia dos hieróglifos.
Como Anu foi Ur no Egipto e deve ter sido o mesmo que Urano na Grécia é quase
seguro que foi o filho primordial da Deusa Mãe da Aurora, ou seja, Enki.

Ver: SUMÉRIA (***)

Anubis = Anpu  Uranu-ish < Urash-Anu > Wulkan > Welcano > Vulcano.
> Iscur-Anu, lit. “filho de Kauran”.
Anubis poderia então ter tido a forma virtual *Uranuphis, filho de Enki e (Hepat
< *Nawi-at >) Nephtis. Como corolário desta lógica mítica Seth teria sido uma forma de
Enki formando com Osíris uma variante dos deuses gémeos na versão desavinda de
Caim & Abel, rivalidade que na versão grega de Apolo & Hermes foi discretamente
reduzida ao episódio do roubo do gado de Apolo.

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