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A ECONOMIA DA
BIODIVERSIDADE
E SERVIÇOS
AMBIENTAIS
ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
Peter H. May
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
fn0010 * Capítulo baseado inicialmente na tese de Doutorado do primeiro autor (Veiga, 2008), sob a orientação do segundo.
ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
de ocupação e uso do solo, com um foco específico nos benefícios reais e potenciais que
tais ações implicariam para o desenvolvimento sustentável local.
p0075 No segundo caso — os instrumentos criados como resposta às demandas insatisfeitas
pela qualidade e quantidade de água —, a discussão envolverá a relação entre floresta e água
e o processo de estabelecimento de esquemas de pagamentos por serviços ambientais a
produtores rurais que protegem mananciais de abastecimento de regiões metropolitanas do
país. Esta seção se remete à experiência internacional e brasileira de cobrança pelo uso dos
recursos hídricos (discutido no Capítulo 17 deste livro). Neste capítulo, focamos na gestão
das bacias hidrográficas e na cobrança pelo uso das águas, determinada pela Lei 9.433/97,
cujo fundamento econômico é apresentado no Capítulo 2 deste livro. Serão apresentadas aqui
as principais iniciativas concretas de estabelecimento de instrumentos econômicos, focados
no binômio floresta-água, mediante pagamentos por serviços ambientais hídricos (PSA-H).
p0080 Com respeito aos instrumentos relacionados à biodiversidade, o trabalho aborda
resumidamente alguns dos principais mecanismos econômicos que vêm sendo utilizados
para a remuneração da biodiversidade no âmbito internacional. No cenário nacional, a
experiência do ICMS Ecológico continua sendo uma referência global da eficácia de trans-
ferências fiscais intergovernamentais visando a reforçar ações locais de conservação da
natureza.1 A seguir, soma-se à possibilidade de remuneração à floresta em pé, renovada
pela regulamentação da servidão ambiental e das Cotas de Reserva Ambiental, na revisão
do novo Código Florestal brasileiro (Lei 12.727; 2012). Evidentemente, esta perspectiva
também gera benefícios no sentido de redução de emissões do desmatamento e degradação
florestal (REDD+), de grande interesse como componente dos acordos globais de clima.
p0085 Em suma, este capítulo mostra como instrumentos econômicos e suas instituições
associadas podem ser adaptados à realidade encontrada em determinado contexto, para
complementar outros mecanismos que visam a direcionar o comportamento humano
em prol da qualidade ambiental. Os pagamentos por serviços ambientais podem exercer
este papel, indo além da evidência de importância da proteção dos ecossistemas naturais,
expressa por meio da valoração econômica do meio ambiente.
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f0010 Figura 16.1 – Quadro síntese do Millennium Ecosystem Assessment. Fonte: MEA.8
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estes serviços? Resta determinar o valor econômico dos serviços prestados pelos ecossis-
temas, e a partir daí, encorajar os beneficiários destes serviços a restaurar e mantê-los?
Embora pareçam passos conceitualmente subsequentes, não é tão facil assim. Durante
milênios, a humanidade vem se beneficiando destes serviços de maneira gratuita, sem nada
pagar por eles, e por isso, sem considerá-los na contabilidade das ações empreendidas.
Heal9 sustenta que se estamos excedendo a capacidade de suporte dos ecossistemas terres-
tres, a era dos serviços gratuitos está no fim. Se por um lado, não há um “dono” da Terra ao
qual devemos pagar por isto, por outro é necessário perceber que há custos crescentes da
manutenção destes serviços básicos para que eles continuem intactos e funcionando bem.
Daí saem as preocupações básicas que norteiam a elaboração de políticas e iniciativas de
pagamentos para serviços ambientais (PSA).
p0110 Fearnside,10 de modo pioneiro no Brasil, argumenta que o PSA pode trazer à raciona-
lidade de curto prazo usualmente adotada nas ações humanas, uma racionalidade de longo
prazo, mais apropriada ao âmbito das questões ambientais. De acordo com Bracer et al.,11
como as decisões do dia a dia geralmente focam nos retornos financeiros imediatos, muitas
funções e estruturas ecossistêmicas —as quais em geral operam no longo prazo — não são
consideradas nas tomadas de decisão. É uma premissa que a compensação dos serviços
ambientais agregue valor a práticas de uso do solo rural que permitam manter estas funções
tanto no curto quanto no longo prazo.
p0115 Segundo Wunder,12 o conceito de PSA está no centro das demandas por abordagens
mais diretas para a conservação dos ecossistemas, em contraposição aos modelos que o
antecederam, que visavam a juntar a conservação ao alívio da pobreza, por meio de inicia-
tivas de desenvolvimento rural voltadas à agregação de valor aos produtos agropecuários
e extractivistas, acoplados às ações mais indiretas de conservação ambiental, mediante
projetos de conservação e desenvolvimento integrado que ganharam bastante vulto durante
as décadas de 1970 a 1990.
p0120 O que o conceito de PSA traz de novo é a ideia de que beneficiários de serviços
ambientais façam pagamentos diretos, regidos por contratos, condicionados aos serviços
entregues, para produtores rurais ou outros detentores dos meios de provisão dos
serviços ambientais (comunidades rurais, governos municipais, Unidades de Conser-
vação etc.), para que os mesmos adotem práticas que garantam a conservação e/ou res-
tauração dos ecossistemas em pauta.13 Esta abordagem assume que existem trade-offs
entre os diferentes usos de solo e busca compensar os interesses conflitantes por meio de
esquemas de compensação. Quem recebe o pagamento deve ser o provedor do serviço,
ou uma entidade coletiva intermediária agindo em seu favor. Uma vez que nem sempre
tal produtor é representante de um grupo de baixa renda (a não ser que o esquema
defina tais grupos como alvos exclusivos de compensação), este mecanismo não neces-
sariamente supera inequidades preexistentes. Por este motivo há quem critique a pers-
pectiva de que o PSA possa atuar tanto como um instrumento para retificar problemas
na provisão de serviços ambientais, quanto para combater a pobreza rural.14 Por outro
lado, se partirmos do princípio de que, em geral, são as populações mais pobres que
primeiro e mais intensamente sofrem os efeitos da redução da provisão dos serviços
ambientais, poderíamos afirmar que o impacto social do PSA pode ser visto também
(e talvez mais) pelo prisma das populações beneficiadas, e não unicamente pelo prisma
daqueles que proveem os serviços.
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p0125 Wunder15 definiu cinco critérios (ou passos) para caracterizar o que conceitualizou
de mercados de serviços ambientais “puros”: a) uma transação voluntária onde; b) um
serviço ambiental (ou um uso de solo que claramente seja capaz de gerar aquele serviço)
bem definido; c) é comprado por (pelo menos um) comprador de serviço ambiental; d)
de (pelo menos um) vendedor de serviço ambiental; e) se e apenas se, o vendedor de fato
entregar o serviço. Tal formulação idealizada e raramente encontrada na prática sofreu
algumas emendas ao longo da década seguinte, mas deteve o conceito de condicionalidade
como componente-chave na caracterização deste instrumento; isto é, o provedor teria de,
comprovadamente, prover o serviço contratado, seja na forma de ajustes nas práticas de
uso do solo, seja na alteração positiva e/ou manutenção da qualidade ambiental esperada.
p0130 Da definição inicial, se depreendem alguns pontos importantes. O primeiro diz respeito
ao caráter voluntário da participação, característica do instrumento econômico, em opo-
sição às medidas mandatórias de comando e controle. Pressupõe-se ainda que o potencial
provedor dos serviços tenha outras opções de uso da terra, além do uso conservacionista.
O segundo ponto crucial é a necessidade da clara definição do serviço ambiental em pauta.
Neste caso, quanto menor a certeza em relação ao serviço entregue, maior a possibilidade
de questionamento em relação às vantagens de pagar por elas. Também fica claro que
estamos falando de uma transferência de recursos daquele que compra para aquele que
vende; recursos estes que somente serão pagos, se os serviços forem entregues, enquanto
os pagamentos durarem (ou de acordo com o contrato realizado).
p0135 A par estes contextos de PSA definidos como mercados “puros” por Wunder,16 vários
autores, tais como Landell-Mills e Porras17 * e Muradian et al.,18 consideram um espectro
muito mais amplo de arranjos, também como esquemas de PSA. Para Bracer et al.,19 todos
os esquemas de PSA partem do ponto em comum de que os serviços ambientais têm valor
econômico quantificável e que, por sua vez, podem gerar investimentos e práticas de res-
tauração e manutenção dos mesmos. Com respeito ao caráter voluntário da participação,
especialmente em relação ao pagamento da provisão dos serviços, Muradian et al.20 lembram
que vários dos esquemas criados tendem a operar com pagamentos (ou taxas) obrigatórios
por parte dos beneficiários dos serviços, por exemplo, quando são embutidos em tarifas
públicas ou impostos. A condição de possuir um valor econômico quantificável e os demais
classificados por Wunder21 como necessários para a existência de um PSA nem sempre são
encontrados no momento de implantação dos sistemas PSA. Em diversos casos, os esquemas
são implantados com base na crença compartilhada de que o uso do solo proposto (p. ex.,
um manancial florestado) seja mais adequado do que outro (p. ex., um pasto degradado)
para atender aos interesses da sociedade.
p0140 De acordo com Powell e White,22 os mecanismos compensatórios de serviços ambientais
também podem ser classificados em três categorias de acordo com o nível de intervenção
governamental, conforme se segue.
p0145 A primeira delas, em que o grau de intervenção governamental é menor, é aquela em
que predominam os acordos privados entre os provedores de serviços e os beneficiários
e acontece prioritariamente quando existe a percepção por parte dos últimos de que o
custo de tratamento ou a redução da renda decorrente da perda do serviço excede o valor
fn0095 * Estas autoras realizaram trabalho sobre desenvolvimento dos mercados de serviços ambientais analisando 287 esquemas PSA em
todo o mundo.
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ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
fn0145 * A definição dos percentuais de Reserva Legal dos biomas no Código Florestal brasileiro e os percentuais de níveis de abatimento de
Gases de Efeito Estufa para cada país na Convenção de Mudanças Climáticas são bons exemplos desta afirmativa, sendo que ambos
sofreram tentativas de flexibilização pelos grupos interessados desde a última edição deste livro.
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houver nada que obrigue o proprietário da fábrica a incorporar o custo social da poluição
hídrica, o custo privado da atividade não incorporará o custo social da poluição do rio.
Por outro lado, os serviços ambientais podem ser considerados o reverso da moeda, ou
seja, geram externalidades positivas, nas quais os provedores não são compensados pelos
benefícios que geram. Um bom exemplo de externalidade ambiental positiva seria o do
produtor rural que planta árvores nativas ao longo de um rio, e, dessa maneira, contribui
para a redução do processo de sedimentação deste corpo hídrico, evitando custos associados
ao tratamento da água para os usuários da bacia a jusante. Se não houver a percepção
do ganho e um correspondente pagamento dos beneficiários, usuários da água, a estes
produtores, eles não serão recompensados pelo benefício social que geraram e talvez não
tenham estímulo para continuar a realizar tal trabalho.
p0200 Sob esta ótica, a solução neoclássica aponta para a necessidade de que as políticas
ambientais internalizem estes efeitos externos positivos, ou seja, equiparem ao custo privado
do ator econômico, o benefício social da ação empreendida por ele. Segundo esta corrente
teórica, desenvolvida pelo economista A.C. Pigou em trabalho publicado em 1920,29 estas
diferenças entre os custos e benefícios privados e sociais poderiam ser corrigidas mediante
taxas e subsídios. Pigou, responsável por assentar as bases da Economia do Bem-estar, já
havia identificado o plantio de florestas como exemplo de externalidade positiva em relação
ao clima. Nas suas palavras: “… It is true, in like manner, of resources devoted to afforestation,
since the beneficial effect on climate often extends beyond the borders of the estates owned by
the person responsible for the forest…”30
p0205 A abordagem da economia de poluição (discutida detalhadamente no Capítulo 2
deste volume) é um dos verdadeiros alicerces da política ambiental atual. No entanto, as
dificuldades da correta mensuração do custo social associado aos danos causados por um
agente poluidor fazem com que as taxas ambientais sejam praticadas mais em função de
critérios não econômicos.31 Consistente com a prévia discussão da abordagem da Economia
Ecológica, em muitos casos a determinação de valores associados a taxas ou subsídios
é sujeita a barganha entre atores, em vez da alocação eficiente de recursos. Além disso,
o conceito de externalidades foi usado preponderantemente na política ambiental para
aplicar o princípio do poluidor-pagador,32 e raramente pelo princípio “provedor-recebedor”,
ou seja, remunerando aqueles que, ao proteger o ambiente, geram benefícios sociais não
reconhecidos pelo mercado. Embora os termos pareçam simétricos, na realidade requerem
instrumentos, instituições e formas de gestão distintos, mesmo sendo complementares.
p0210 A segunda razão apontada pela escola neoclássica para o estado incipiente dos mercados
de serviços ambientais diz respeito à necessidade de definição dos direitos de propriedade
sobre bens e serviços não transacionados no mercado. Uma categoria de bens e serviços
pode ser rotulada de “bem público”, se a sua provisão não permite exclusividade, não é rival
e nem congestionável. Isto é, uma vez provido, é disponível para todos (não exclusivo); o
seu uso por um não diminui sua utilidade para outros (não rival), mesmo se estes usuários
são muitos (não congestionável). Um exemplo de bem público puro é o ar limpo. De fato,
porém, poucos bens e serviços são bens públicos puros, o que resulta em diferentes graus
de dificuldade na internalização de externalidades por meio de instrumentos de mercado.
p0215 No trabalho seminal de Ronald Coase, The problem of social cost,33 não haveria impedi-
mento em relação aos bens públicos serem providos de forma eficiente, bastando estabelecer
uma definição de propriedade ou responsabilidade sobre danos gerados pelas externalidades,
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e havendo unicamente a superação dos custos de transação como impedimento para alcan-
çar uma solução negociada para a internalização dos custos sociais.34 Mas, como em parte
significativa dos serviços ambientais, a delimitação de propriedade é dificil ou impossível,
depender do funcionamento pleno do mercado para resolver as externalidades não é uma
opção prática e nem sempre viável.
p0220 O caso dos gases de efeito estufa (GEE), como o CO2, é exemplar. Neste caso, como o
serviço prestado pela atmosfera ao absorver parte do carbono emitido pelas ações antrópicas
não é propriedade de ninguém, não havia oportunidade de as pessoas registrarem sua
demanda por este serviço, e a emissão de gases continuava sem restrição. Somente quando
os signatários da Convenção do Clima definiram o direito da população humana a uma
atmosfera sem “perigosos níveis” de GEE,35 é que teve início o surgimento de mecanismos
de mercado que pudessem responder a esta demanda.
p0225 O desdobramento lógico em forma de política adotada neste caso é a introdução dos
direitos de propriedade onde isto for possível, o que permite trazer a comercialização destes
bens e serviços para a esfera do mercado. Esta lógica de ação pode ser considerada como
um dos constituintes da política ambiental americana (em que o caso mais conhecido foi a
criação de certificados de permissões para a emissão de dióxido de enxofre) o que se tornou
a base para a criação das licenças comercializáveis destes ativos, experiência esta que orientou
a redação do Protocolo de Kyoto.36
p0230 Apesar dos avanços conceituais e práticas de criação de mercados onde os mesmos
inexistiam, persiste a dificuldade de introduzir direitos de propriedade para os serviços
ambientais que evidenciam características de bens públicos. A economia neoclássica assume
como dado o potencial para a criação destes mercados. Sua principal preocupação é asse-
gurar as condições que permitiriam aos mercados garantir a maximização do bem-estar.
Procura delinear as políticas governamentais que possam remediar falhas do mercado,
atribuindo valor aos bens e serviços ambientais, e não à análise das barreiras que restringem
a criação de novos mercados.37Em muitos casos, somente a criação de novas instituições
que complementam mercados pode superar os problemas apontados.
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de cada um, ou seja, possuem uma “racionalidade limitada”, num contexto de assimetria
de poder e acesso à informação.
p0240 Neste mundo de “racionalidade limitada”, há ampla possibilidade de os atores agirem
de forma oportunista. Para se protegerem do comportamento oportunista, os indivíduos
investem em atividades/instituições que os protejam, tais como proteção dos direitos,
garantias, contratos etc. Tais investimentos implicam custos de transação, elemento central
da NEI. Decorrente destes conceitos, para os economistas da NEI, o mercado (somente
uma entre as instituições reconhecidas como pertinentes) é complementado com uma
variedade ampla de arranjos institucionais que orientam a tomada de decisões e a alocação
dos recursos. E a matriz resultante das instituições interligadas resulta de uma mistura de
arranjos complementares e competitivos que são desenhados de acordo com variáveis his-
tóricas, econômicas, sociais e ambientais.38 Em muitos casos, tais instituições podem ser
caracterizadas como contextos para governança de “commodities fictícios”,39 incluindo, por
exemplo, os mercados de terra, mão de obra e a própria moeda. Os quase mercados para
serviços ambientais podem ser examinados neste contexto.
p0245 De acordo com Chang e Evans,40 instituições podem ser definidas como padrões sis-
temáticos de expectativas compartilhadas, premissas dadas, normas aceitas e rotinas de
interação que, somadas, têm efeitos robustos em modelar as motivações e comportamentos
de determinados grupos de atores sociais. Segundo estes autores, as instituições são funda-
mentais no processo de mudanças econômicas.
p0250 Um mercado pode ser definido nesta perspectiva institucional como um contexto social
que permite a comercialização de bens, regido por um mecanismo de preço, estabelecendo
o valor de troca destes bens. Para que qualquer mecanismo de mercado possa existir, ela-
boradas relações sociais se desenvolvem de forma a estruturá-lo. De acordo com as teorias
da NEI, estas relações envolvem a construção de regras que possam produzir: a) um bem
definido sistema de direitos de propriedade; b) uma estrutura de governança, que sancione
formas aceitáveis de cooperação e competição; e c) regras de troca que busquem uma
minimização dos custos de transação entre os agentes. Os direitos de propriedade definem
os limites legais em relação à propriedade, não somente referentes aos bens de produção
clássicos, tais como terra e insumos, mas também referentes a ideias, processos e habilidades
individuais e/ou coletivas. As estruturas de governança se referem às leis e práticas informais
que delimitam o marco legal e/ou ético das práticas de competição e cooperação entre
indivíduos, firmas e governos. As regras de troca se referem às regras que irão estabelecer
o fluxo de produtos e serviços entre os agentes. Elas delimitam quem pode comercializar
com quem, e garantem que os produtos sejam entregues nas condições acordadas e pagos
por isto. Idealmente buscam a promoção do comércio por meio de regras simples, claras
e menos custosas, reduzindo assim os custos de transação.41 A perspectiva de um mercado
“livre”, sem a inclusão de tais instituições regulatórias, fica difícil de imaginar, ainda mais
com referência aos bens e serviços ambientais, cujos direitos de propriedade não são bem
delimitados, e que sofrem de falhas insuperáveis em muitos casos.
p0255 Powell e White42 sugerem três fases que ilustram estágios de desenvolvimento de ins-
trumentos voltados para regular mercados para bens e serviços ambientais. Uma primeira
fase se caracteriza pela crescente percepção das ligações existentes entre as ações praticadas
nos ecossistemas e suas consequências ambientais. Isto leva a uma primeira identificação
e posterior contato entre os provedores dos serviços e os beneficiários. Na segunda fase, o
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debate social e político embasa a definição dos bens e serviços. Surge a necessidade de uma
estrutura organizacional para permitir a realização das transações entre as partes, e assim
inicia-se o processo de desenho das regras e instituições. Os instrumentos de regulação são
desenhados, ao passo que os produtos a serem comercializados vão se definindo. A última
fase é caracterizada pelo início das transações, tanto para as commodities quanto para os
serviços específicos. É o desenvolvimento final das regras de comercialização, dos contratos
de serviços, da legislação pertinente e da estrutura de suporte (monitoramento, certificação
e verificação).
p0260 Com esta sequência em mente, passamos a seguir a examinar o surgimento e evolução
de instrumentos para remuneração dos provedores de serviços ambientais no Brasil, nos
casos do carbono florestal, água e floresta e biodiversidade.
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Para atingir as metas estabelecidas a partir das Conferências das Partes da UNFCCC, de
reduzir as emissões ao ponto de restringir o aquecimento global a, no máximo, 2 °C, seriam
necessários compromissos muito mais rigorosos em relação à transição energética e ao uso
do solo para todas as nações. O enfrentamento deste desafio significa dar crescente espaço
para fontes de energia renováveis e não emissoras de GEE, entre estas, a solar, a eólica, a
hídrica, e a de biomassa, assim como todo e qualquer esforço de eficiência energética (ver,
a este respeito, o Capítulo 13 deste volume).
p0295 Apesar da ênfase maior na necessidade de redução de emissões associadas às fontes
energéticas e transportes, mudanças no uso do solo continuam tendo um papel importante
neste quadro, particularmente no Brasil e em outros países de vocação florestal. Emissões
provocadas pelo desmatamento, principalmente nos trópicos, representam em torno de
9% a 11% das emissões totais, uma fatia semelhante a todo setor de transporte global.51
Embora quase metade desta fatia tenha ocorrido unicamente na Amazônia brasileira entre
2000 e 2005,52 ações para preservar as áreas remanescentes da Amazônia a partir de 2005
conseguiram reduzir dramaticamente as emissões associadas ao desmatamento oriundo do
Brasil, embora mais recentemente esta tendência de queda tenha sido alterada. Atividades
agropecuárias continuam expandindo-se na fronteira tanto na Amazônia quanto no Cerrado
brasileiro, levando à necessidade de elaborar novos instrumentos e novas linhas de ação
visando a combater este processo e/ou a fortalecer os utilizados anteriormente com êxito
(Greenpeace et al., 2017). Análises econômicas sobre a reversão do desmatamento no Brasil,
com base na compensação (total ou parcial) dos custos de oportunidade dos usos alterna-
tivos das áreas ocupadas por florestas, sugerem que redução de desmatamento poderia ser
alcançada por meio de instrumentos de compensação por desmatamento evitado, por um
custo relativamente baixo quando comparado aos custos de redução de emissões de energia
fóssil.53 Para corroborar a importância da adoção de tais mecanismos, estudos recentes
mostram que a contribuição das chamadas “soluções baseadas na natureza” (nature-based
solutions) pode chegar a 37% do esforço de mitigação necessário para o alcance das metas
estabelecidas no Acordo de Paris, em 2015.54
p0300 Devido ao custo relativamente alto e aos riscos associados à manutenção de florestas
plantadas, além de outras preocupações, o apoio do mercado regulado de carbono para esta
modalidade de mitigação foi irrisório, tendo sido suplantado pelo crescente investimento
voluntário em projetos cooperativos de carbono florestal. Tais investimentos foram movidos
pela crescente percepção de atores no mercado financeiro, empresas e indivíduos, de que
é preciso participar no esforço de mitigação das mudanças climáticas, seja por convicção,
por pressões de mercado, ou pela busca da imagem sócioambientalmente correta junto
ao seu público consumidor (ver mais detalhes sobre o fenômeno de responsabilidade
socioambiental corporativa nos Capítulos 11 e 14 deste volume e o Quadro 16.1). Por estas
razões, o mercado voluntário registrou, no ano de 2016, um volume de negócios de US$
191 milhões e um volume acumulado desde o início dos registros de US$ 4,8 bilhões.55 Estes
mercados, de maior flexibilidade e de maior proximidade ao público em geral, são mais
receptivos aos projetos de caráter florestal (27% do volume de CO2 comercializado neste
mercado foi destinado para projetos florestais em 2016, enquanto nos mercados formais
este volume foi irrisório). Todavia, exatamente graças ao seu crescimento e à sua grande
variedade, seus compradores cada vez mais demandam certificados que garantam padrões
e critérios de qualidade, que possam assegurar não somente os reais efeitos em termos
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p0010 Estudos documentados em May et al. e em Veiga Neto,56 sobre a experiência de projetos-piloto de
carbono florestal visavam a aprofundar os condicionantes dos potenciais impactos que tais projetos
geram para o desenvolvimento local. Neste trabalho, realizou-se uma análise dos impactos sociais,
ambientais e econômicos de três projetos-piloto de carbono florestal implantados no Brasil. Estes
incluíram o projeto da Plantar, na região central de Minas Gerais; o projeto da Peugeot, na região
amazônica do estado de Mato Grosso; e o projeto da ONG Ecológica, no entorno da Ilha do Bananal,
no estado do Tocantins.
p0015 As diferenças marcantes nas características dos três projetos permitiram identificar uma série de
impactos tanto positivos, quanto negativos. Do ponto de vista social, o pequeno grau de participação
das comunidades locais no core business dos projetos, nas atividades de geração de créditos de
carbono, foi um ponto importante. Apesar de os projetos gerarem renda e emprego durante a sua
implantação, estes impactos não foram considerados de longa duração. Entre estas oportunidades
geradas incluem-se as atividades de reflorestamento e correlatas (produção de mudas em viveiros
locais, assistência técnica, e a coleta de sementes florestais). Em um caso, houve tentativas de apoiar
financeiramente a implantação de microprojetos de geração de renda, mas estes foram pontuais e em
geral não muito bem-sucedidos, por não ser da competência das empresas envolvidas nos projetos
florestais.
p0020 Outro fator importante diz respeito às exigências de área necessárias para projetos florestais de
carbono. Como estes projetos exibem altos custos de transação na sua formulação, desenho, busca de
financiamento e credenciamento, áreas maiores (numa ordem de magnitude de milhares de hectares)
são necessárias para a diluição destes custos. Uma alternativa, tanto para assegurar a difusão dos
benefícios entre membros de uma comunidade-alvo, quanto para superar a concentração de área
associada, seria buscar a agregação de produtores pequenos e médios como parceiros dos projetos,
ou ainda o desenho de conceitos de projetos que possam ser replicados em uma escala mais ampla e
certificados a custos mais baixos.
p0025 Do ponto de vista ambiental, os principais impactos positivos dos projetos de carbono florestal
devem ser a sua capacidade efetiva de sequestro de carbono através das florestas ou de Sistemas
Agroflorestais (SAFs) plantados ou a conservação de florestas em pé. A verificação do carbono adicional
fixado na superfície terrestre é razão precípua da existência destes projetos. Assim, é fundamental que
o volume incremental de carbono seja assegurado de forma mensurável, frente a uma crível linha de
base, de modo que contribua para a mitigação dos GEE e também que ajude a mostrar a importância
inequívoca destes tipos de projeto. Para tanto, a preocupação cada vez maior com a qualidade dos pro-
jetos, por parte dos compradores participantes do mercado voluntário e das exigências dos mercados
regulados, certamente irá exigir que se caminhe nesta direção. Nos projetos analisados, esta meta não
foi sempre observada de maneira adequada, resultando na necessidade de revisar as previsões otimistas
iniciais para baixo ao longo da sua implementação. Em um dos casos, simplesmente não se materializou
boa parte do resultado previsto em termos de redução de emissões oriundos de desmatamento. Pelo
outro lado, os projetos analisados geralmente evidenciaram impactos positivos para a conservação da
biodiversidade. O projeto da Plantar e o da Peugeot mostraram que, apesar de limitada diversidade
nos plantios comerciais realizados, projetos florestais de carbono podem efetivamente contribuir para
a recuperação/restauração de áreas convertidas para pastagens ou outros usos do solo. Além disso, os
projetos que contemplam a regeneração natural de vegetação, reflorestamento ou enriquecimento
com espécies nativas como elementos complementares, asseguram cobenefícios associando serviços
de carbono com biodiversidade, de crescente interesse no mercado voluntário. Do ponto de vista
econômico, os projetos-piloto ajudaram na divulgação do potencial para o país, do novo mercado
internacional de serviços ambientais. Fica evidente que podem existir alternativas complementares à
comercialização de commodities agrícolas e biocombustiveis, para o Brasil se posicionar com respeito ao
uso do solo. A redução de desmatamento na Amazônia e a restauração de matas ciliares no Centro-sul
ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
brasileiro, críticas para a proteção dos mananciais e a conservação da biodiversidade, podem contar
com recursos oriundos destes mercados para viabilizar-se.
p0030 Por exemplo, para garantir que o Brasil não volte atrás em sua batalha contra o desmatamento na
Amazônia, podem ser necessários instrumentos locais mais efetivos para restaurar o declínio fortuito
nas taxas de desmatamento ocorrido entre 2005 e 2012, combinando a utilização de instrumentos
econômicos e de comando e controle, a chamada combinação entre “a cenoura e o porrete”. Isso
poderia incluir pagamentos condicionais para colonos de baixa renda e comunidades tradicionais para
compensar a prevenção do desmatamento e da queima, ao mesmo tempo que aumentaria a aplicação
de multas à mudança ilegal de uso da terra. Vários dos projetos-piloto REDD+ que foram iniciados no
Brasil incluíram tais pagamentos condicionais como parte de suas estratégias de compartilhamento
de benefícios, incluindo um projeto estadual no Acre e um projeto instituído ao longo da rodovia
Transamazônica no Pará.57 O programa Bolsa Floresta, inicialmente criado pelo governo estadual do
Amazonas, prevê um pagamento mensal aos habitantes de 16 reservas de uso sustentável, bem como
possibilidades de financiamento para projetos de desenvolvimento socioeconômico comunitário.58
p0035 Com respeito ao desenvolvimento econômico local, além dos benefícios imediatos (embora de
curta duração) de emprego e renda que os projetos avaliados trouxeram, é atraente o efeito multi-
plicador e gerador de arrecadação de impostos que reverbera nas contas municipais. Estes projetos
podem ainda atuar para fomentar o surgimento de polos atratores de novos projetos e de atividades
socioambientais correlatas a partir daqueles já instalados, num círculo virtuoso associado à formação
das redes e à construção de capacidades complementares.
p0040 Os projetos analisados reforçam em geral a importância dos aspectos fundiários, pois somente um
proprietário titular da terra, ou alguém com possua legítima sobre a mesma, pode legalmente negociar
um acordo contratual para venda de bens e serviços associados ao uso do solo. Este fator impõe barreiras
à entrada para alguns grupos sociais e algumas regiões, onde a regularização fundiária é cogitada,
mas está longe de ser concretizada. Também corroborou-se a tese dos altos custos de transação em
atividades associadas com a criação de novos mercados ambientais, dado não somente o alto nível de
incerteza que circunda a definição das regras do jogo pós-Kyoto, mas também pela importância destes
projetos-piloto do “aprender-fazendo”. Espera-se que o aprendizado trazido por estes e outros projetos
deste teor que são executado no mundo inteiro, e o consequente amadurecimento do mercado, pos-
sam reduzir estes custos, de modo que os pagamentos realizados cheguem diretamente ao provedor
efetivo dos serviços e não fiquem majoritariamente no meio do caminho.
ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
água difere dos mercados de carbono, porque no caso da água, a elaboração dos esquemas de
pagamentos não permite normalmente a construção de arranjos institucionais internacio-
nais, devendo ser realizado principalmente entre atores na escala de uma bacia hidrográfica.
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fn0315 * Vale mencionar que aproximadamente um terço deste valor vem de royalties do sistema Itaipu, que embora principalmente dedicado
aos municípios mais próximos da usina, também compensa grande parte dos municípios da bacia do Paraná.
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p0045 Os primeiros casos brasileiros de PSA estão fortemente baseados no conceito do “Produtor de Água”,
desenvolvido pela Agência Nacional de Águas.67 Os recursos destinados aos pagamentos dos produtores
rurais se originam da cobrança dos recursos hídricos, fazendo a ligação direta entre os provedores dos
serviços e os usuários; ou ainda de orçamentos municipais e/ou estaduais.
p0050 No caso da Bacia PCJ, o processo de restauração florestal das Áreas de Preservação Permanente
(APPs) do Sistema Cantareira, o maior sistema de abastecimento urbano do país, serviu de foco
geográfico, por meio de projetos-piloto em microbacias nos estados de São Paulo e Minas Gerais. As
principais atividades referentes à construção da proposta foram: a definição dos valores e das práticas
agrícolas e florestais que seriam elegíveis para serem pagas a título de serviços providos; a definição das
formas de contratação dos serviços, e a garantia do amparo jurídico das operações a serem realizados
com os recursos da cobrança. Os pagamentos foram definidos em uma faixa que vai de R$ 25,00 a
R$ 75,00/ha/ano por um período de 3 anos, por práticas de conservação de solo, e de R$ 42,00 a R$
125,00/ha/ano, também por período de 3 anos, por práticas de conservação e restauração florestal. A
variação dentro das faixas reflete diferentes graus de engajamento dos produtores rurais às ações de
restauração e conservação florestal propostas pelo projeto. Os serviços foram contratados via edital
público, ganhando aquelas propriedades que geraram maiores benefícios ambientais, de acordo
com critérios técnicos definidos no edital. Os recursos para iniciar o processo-piloto foram oriundos
do Comitê PCJ, que designou R$ 550 mil da Cobrança Federal pelo uso da água, para os primeiros
pilotos, como contrapartida aos recursos assegurados pelas instituições parceiras (a Agência Nacional
de Águas-ANA, as Secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura do estado de São Paulo e a ONG
ambiental The Nature Conservancy-TNC).
p0055 Na mesma bacia PCJ, o projeto-piloto em microbacia do município de Extrema-MG representou
situação distinta. Neste caso, a iniciativa pioneira da Prefeitura Municipal de promulgar uma Lei
Municipal de Serviços Ambientais permitiu que a mesma apoiasse financeiramente os produtores
rurais que cumprirem com metas determinadas de controle de erosão, saneamento rural e reestabe-
lecimento das Reservas Legais e Áreas de Proteção Permanente-APP. No caso de Extrema, os parceiros
institucionais, além da Prefeitura, foram a ANA, TNC e o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais
(IEF-MG), além de a mesma também receber apoio do Comitê PCJ para ações de implementação do
projeto. Os produtores rurais habilitados a fazerem parte do esquema de PSA recebem anualmente
100 Unidades Fiscais do município por hectare de área total da propriedade por um período de 4
anos. O valor da UF municipal em 2009, estava em R$ 1,69, fazendo com que o pagamento se cons-
tituísse num valor superior ao custo de oportunidade para a atividade econômica predominante, a
pecuária de leite, mas significantemente menor para a outra atividade que vem crescendo de forma
expressiva na região: a conversão para usos residenciais (loteamentos rurais). Os pagamentos aos
produtores rurais de Extrema já vêm sendo realizados desde abril de 2007, inicialmente em uma
microbacia-piloto, e posteriormente estendida às outras microbacias do município. Como resultado,
obteve-se uma adesão significativa de produtores rurais. Este projeto tem servido até o momento
desta edição como a principal referência de iniciativas municipais de PSA no Brasil, tornando-se uma
inspiração às diversas outras iniciativas em desenvolvimento no país. Mais recentemente, a partir
de 2016, o projeto de Extrema vem sendo o principal motor e fonte de capacitação para outros 283
municípios localizados na Serra da Mantiqueira, nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro,
nos quais se pretende replicar esta experiência mediante o projeto “Conservador da Mantiqueira”. Este
projeto pretende combinar a entrega de serviços ambientais associados à água e ao clima, buscando
também mobilizar potenciais fontes de recursos associadas a estes dois esquemas de pagamentos
por serviços ambientais discutidos neste capítulo.
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foi replicada no nível estadual pelo estado do Espírito Santo, o qual promulgou, em 2008,
a lei que criou o PSA Estadual* e o FUNDÁGUA,† fundo abastecido, entre outras fontes,
apor meio do percentual arrecadado com royalties de petróleo, e que prevê os pagamentos
de serviços ambientais aos produtores rurais de bacias hidrográficas prioritárias do estado.
Os primeiros pagamentos tiveram início em março de 2009. Inspirados nestes casos e em
outras iniciativas pioneiras no Brasil, uma série de experiências de PSA enfocados em água
vem sendo desenvolvida no país. Veiga e Gavaldão (2011) identificaram 40 iniciativas em
curso no mês de fevereiro de 2010, com um número total de 848 produtores rurais recebendo
PSA naquele momento, cobrindo uma área de aproximadamente 40.267 hectares em ações
de restauração e conservação, localizados em bacias hidrográficas que provêm água e bene-
ficiam aproximadamente 38 milhões de pessoas. Esta mesma tendência pode ser observada
na América Latina, onde modelos de PSA como os Fundos de Água têm sido exitosos em
replicar este conceito em toda a região.65 Do ponto de vista da legislação pertinente, a qual
prioritariamente busca facilitar a utilização de recursos públicos como fonte de recursos para
os pagamentos, assim como estabelecer programas públicos de PSA, trabalho realizado por
TNC et al.66 levanta um número importante de iniciativas já estabelecidas ou em processo
de discussão legislativa nos três níveis federativos, o que pode servir também como outro
indicador no progresso real ou potencial do estabelecimento destes esquemas em todo o país.
fn0330 * Lei n° 8.995, de 22 de setembro de 2008, regulamentada pelo Decreto n° 2168-R, de 9 de dezembro de 2008.
†
fn0335 Regulamentado pelo Decreto 2167-R, de 9 de dezembro de 2008.
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ambientais regionais e globais. Desse modo, com a crescente conscientização global sobre as
questões ambientais, a consolidação destes esquemas de pagamentos por serviços ambientais
pode significar para o país, e para seus produtores rurais, importância similar que hoje é
dada aos mercados agrícolas tradicionais.
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Notas
1
fn0015 Ring (2008); Ring et al. (2011).
2
fn0020 Dailey (1997).
3
fn0025 The Nature Conservancy et al. (2017).
4
fn0030 Brasil (2015).
5
fn0035 Heal (2000).
6
fn0040 MEA (2005).
7
fn0045 Fisher et al. (2009).
8
fn0385 MEA (2005).
9
fn0050 Heal (2000).
10
fn0055 Fearnside (1997).
11
fn0060 Bracer et al. (2007).
12
fn0065 Wunder (2005).
13
fn0070 Wunder (2005; 2015).
14
fn0075 Grieg-Gran et al. (2005).
15
fn0080 Wunder (2005).
16
fn0085 Idem.
17
fn0090 Landell-Mills e Porras (2002).
18
fn0100 Muradian (2010).
19
fn0105 Bracer et al. (2007).
20
fn0110 Muradian et al. (2010).
21
fn0115 Wunder (2005).
22
fn0120 Powell e White (2001).
23
fn0125 Wunder (2005).
24
fn0130 Powell e White (2001).
25
fn0135 Daly (1992).
26
fn0140 Rockström et al. (2009).
27
fn0150 Daly e Farley (2017).
28
fn0155 Heal (2000); Perman et al. (1996); Cánepa (capítulo 2 neste volume).
29
fn0160 Pigou (1920).
30
fn0165 Pigou (1920: p. 184).
31
fn0170 Veiga Neto (2000).
32
fn0175 Cánepa (capítulo 2 neste volume).
33
fn0180 Coase (1960).
34
fn0185 Heal (2000); Chichilnisky e Heal (1995).
35
fn0190 UNFCCC (1992).
36
fn0195 Veiga Neto (2008).
37
fn0200 Landell-Mills e Porras (2002).
38
fn0205 Idem.
39
fn0210 Polanyi (1944).
40
fn0215 Chang e Evans (2000).
41
fn0220 Fligstein e Mara-Drita (1993).
42
fn0225 Powell e White (2001).
43
fn0230 Lecocq e Capoor (2003).
44
fn0235 Kossoy e Guigon (2012).
45
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ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080
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ISBN: 978-85-352-9006-6; PII: B978-85-352-9006-6.00016-X; Autor: MAYBRAZIL20018; Documento ID: 00016; Capítulo ID: c0080