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Tayná Sakamoto Carcinogenese 1

Tutoria 01

C!ceitos iniciais no estudo da • Câncer em Estágio


I n i c i a l .  T e r m o u s a d o p a r a
carcinogênese"tumor, câncer, neoplasia descrever o câncer que está no
início de seu crescimento, e que
Carcinogenese- Tumor provavelmente ainda não se
disseminou para outros órgãos.
• Tumor:  aumento ou crescimento
anormal de um tecido. Pode ser • Câncer Invasivo.  Câncer que se
originado por um processo disseminou para além da camada
inflamatório, por uma neoplasia de tecido em que se desenvolveu e
benigna ou por uma neoplasia está crescendo em torno dos
maligna (câncer), ou seja, a tecidos saudáveis.
presença de um tumor não significa
que seja um câncer.  • Câncer Localmente
A v a n ç a d o .  C â n c e r q u e s e
disseminou para tecidos
Cancer adjacentes ou linfonodos.

Câncer:  é o nome genérico para um • Câncer Metastático.  Câncer que


grupo de mais de 200 doenças que têm se disseminou para outros órgãos.
em comum o crescimento desordenado
(maligno) de células que invadem os CÂNCER
tecidos e órgãos, e podem espalhar-se
(metástase) para outras regiões do
Crescimento desordenado de células
corpo. Apesar de existirem diversos
que tendem a invadir tecidos e órgãos
tipos de câncer, todos começam com
vizinhos
esse crescimento anormal e fora de
controle das células. O câncer também
Neoplasia é a formação, como se
possui outro nome chamado neoplasia
chegou. Câncer é a doença. São
maligna. 
coisas diferentes.

Neoplasia

Neoplasia: (nova + formação):

Lesão constituída por proliferação


celular anormal, descontrolada e
autônoma, e tende a perpetuação, com
efeitos agressivos ao hospedeiro. Com
perda ou redução da diferenciação.
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Alterações celulares reversíveis e deficientes. Em ambos tecidos, as


células musculares sintetizam mais
irreversíveis ( hipertrofia, aplasia, proteínas e o número de miofilamentos
hiperplasia, atrofia, metaplasia, aumenta. Isto aumenta a quantidade de
displasia, anaplasia) força que cada miócito pode gerar,
aumentando assim a força e a
capacidade de trabalho do músculo
Hipertrofia como um todo.

A hi pe r t r ofia é u m aumento do O massivo crescimento fisiológico do


tamanho das células que resulta em útero durante a gravidez constitui um
aumento do tamanho do órgão. O órgão bom exemplo de aumento do órgão
hipertrofiado não possui novas células, induzido por hormônio, resultante
apenas células maiores. O tamanho principalmente de hipertrofia das fibras
aumentado das células é devido à musculares. A hipertrofia celular é
síntese de mais componentes estimulada por hormônios estrogênicos
estruturais das células. Células capazes que agem nos receptores de estrogênio
de divisão podem responder ao estresse do músculo liso, resultando em maior
submetendo-se a ambas, hiperplasia síntese de proteínas do músculo liso e
(descrita a seguir) e hipertrofia, em aumento do tamanho celular.
enquanto em células que não se
dividem (p. ex., fibras miocárdicas) o
aumento da massa tecidual é devido à Aplasia
h i p e r t r o fi a . E m m u i t o s ó r g ã o s ,
hipertrofia e hiperplasia coexistem, Falta de desenvolvimento;
contribuindo para o aumento do Caráter do órgão (animal ou vegetal)
tamanho. q u e s e e n c o n t r a i n c o mp l e t o o u
imperfeito: aplasia do coração.
A hipertrofia pode ser fisiológica ou
patológica e é causada pelo aumento da Hiperplasia
demanda funcional ou por estimulação
de hormônios e fatores de crescimento. Hiperplasia é um aumento do número
As células musculares estriadas da de células em um órgão ou tecido,
musculatura esquelética e do coração resultando geralmente em aumento da
possuem capacidade limitada de massa de um órgão ou tecido. Embora
divisão e respondem ao aumento da h i p e r p l a s i a e h i p e r t r o fi a s e j a m
demanda metabólica sofrendo processos diferentes, frequentemente
principalmente hipertrofia. O estímulo elas ocorrem juntas e podem ser
mais comum para a hipertrofia do induzidas pelos mesmos estímulos
músculo é o aumento da carga de externos. A hiperplasia ocorre se uma
trabalho. Por exemplo, os músculos população celular é capaz de se dividir,
definidos dos fisiculturistas envolvidos aumentando, portanto, o número de
em “fisioculturismo” resultam do células. A hiperplasia pode ser
aumento do tamanho das fibras fisiológica ou patológica.
musculares individuais, em resposta ao
aumento da demanda. No coração, o
e s t í m u l o p a r a a h i p e r t r o fi a é
geralmente uma sobrecarga
hemodinâmica crônica, devido ou à
hipertensão arterial ou a valvas
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Hiperplasia Fisiológica hipofisários e por estrogênio ovariano.


É detida pelos níveis crescentes de
A hiperplasia fisiológica pode ser progesterona, em geral cerca de 10 a 14
dividida em: dias antes do fim do período menstrual.
(1)hiperplasia hormonal, que aumenta Entretanto, em alguns casos, o
a capacidade funcional de um equilíbrio entre estrogênio e
tecido, quando necessário progesterona é alterado. Isso resulta
(2)hiperplasia compensatória, que em aumentos absolutos ou relativos de
aumenta a massa de tecido após estrogênio, com consequente
lesão ou ressecção parcial. hiperplasia das glândulas endometriais.
Essa forma de hiperplasia patológica é
A hiperplasia hormonal é bem ilustrada uma causa comum de sangramento
pela proliferação do epitélio glandular menstrual anormal. Um outro exemplo
da mama feminina na puberdade e comum de hiperplasia patológica é a
d u r a n t e a g r av i d e z , ge r a l m e n t e hiperplasia prostática benigna induzida
acompanhada por aumento por respostas ao hormônio, neste caso,
(hipertrofia) das células epiteliais os androgênios. Embora essas formas
glandulares. A ilustração clássica de de hiperplasia sejam anormais, o
hiperplasia compensatória vem do mito processo permanece controlado porque
de Prometeu, que mostra que os gregos não há mutações em genes que regulam
antigos reconheceram a capacidade do a divisão celular e a hiperplasia regride
fígado de regenerar-se. Como castigo se a estimulação hormonal é eliminada.
por ter roubado o segredo do fogo dos Como discutido no Capítulo 7, no
deuses, Prometeu foi acorrentado a câncer, os mecanismos de controle do
uma montanha e seu fígado era crescimento tornam-se desregulados ou
devorado diariamente por uma águia, ineficientes devido às aberrações
mas regenerava-se de novo a cada genéticas, resultando em proliferação
noite.1 Em indivíduos que doam um irrefreável. Portanto, a hiperplasia é
lobo do fígado para transplante, as d i f e r e n t e d o c â n c e r, p o r é m a
células restantes proliferam de tal hiperplasia patológica constitui um solo
maneira que logo o órgão cresce e fértil no qual a proliferação cancerosa
retorna ao seu tamanho original. Os pode surgir posterior mente. Por
modelos experimentais de exemplo, pacientes com hiperplasia do
hepatectomia parcial têm sido endométrio estão sob risco aumentado
especialmente úteis para definir os de desenvolverem câncer endometrial
mecanismos que estimulam a (Cap. 22).
regeneração do fígado7 (Cap. 3).
A hiperplasia é uma resposta
Hiperplasia Patológica característica a certas infecções virais,
como os papilomavírus, que causam
A maioria das formas de hiperplasia verrugas cutâneas e várias lesões de
patológica é causada por excesso de mucosa compostas por massas de
hormônios ou fatores de crescimento epitélio hiperplásico. Nesses locais,
atuando em células-alvo. A hiperplasia fatores de crescimento produzidos por
endometrial é um exemplo de genes virais ou por células infectadas
hiperplasia anormal induzida por podem estimular a proliferação celular
hormônio. Normalmente, após um (Cap. 7).
período menstrual, há um surto rápido
de atividade proliferativa no epitélio
que é estimulado por hormônios
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Atrofia suprimento sanguíneo para um


tecido em consequência de doença
Atrofia é a redução do tamanho de um oclusiva arterial que se desenvolve
ó rg ã o o u t e c i d o qu e r e s u l t a d a lentamente resulta em atrofia do
diminuição do tamanho e do número de tecido. Na idade adulta avançada, o
células. A atrofia pode ser fisiológica ou cérebro sofre atrofia progressiva,
patológica. A atrofia fisiológica é principalmente por causa da
comum durante o desenvolvimento redução do suprimento sanguíneo
normal. Algumas estruturas causada pela aterosclerose (Fig.
embrionárias, como a notocorda e o 1-5). Isto é chamado de atrofia senil
ducto tireoglosso, sofrem atrofia e afeta também o coração.
durante o desenvolvimento fetal. O
útero diminui de tamanho logo após o • Nutrição inadequada. Uma
parto, e esta é uma forma de atrofia desnutrição proteico-calórica
fisiológica. profunda (marasmo) está associada
ao uso do músculo esquelético como
A atrofia patológica depende da causa fonte de energia, após a depleção de
básica e pode ser local ou outras fontes de reserva, como o
generalizada.As causas comuns de tecido adiposo. Isso resulta em
atrofia são: emaciação muscular acentuada
(caquexia; Cap. 9). A caquexia é
• Redução da carga de trabalho observada também em pacientes
(atrofia de desuso). Quando um com doenças inflamatórias crônicas
osso fraturado é imobilizado em um e câncer. Na primeira, a produção
cilindro de gesso ou quando um excessiva de fator de necrose
paciente é restrito a repouso tumoral (TNF, do inglês, tumor
completo no leito, rapidamente necrosis factor), uma citocina
sobrevém atrofia dos músculos inflamatória, é responsável pela
esqueléticos. A redução inicial do perda de apetite e depleção lipídica,
tamanho celular é reversível culminando em atrofia muscular.
quando a atividade é reiniciada.
Com um desuso mais prolongado, as • Perda de estimulação endócrina.
fibras musculares esqueléticas Muitos tecidos que respondem a
diminuem em número (devido à hormônios, como a mama e os
apoptose), assim como em tamanho; órgãos reprodutores, dependem da
essa atrofia pode ser acompanhada estimulação endócrina para função
por aumento da reabsorção óssea, e metabolismo normais. A perda de
levando à osteoporose por desuso. estimulação estrogênica após a
menopausa resulta em atrofia
• Perda da inervação (atrofia por fisiológica do endométrio, epitélio
desnervação). O metabolismo e a vaginal e mama.
função normais do músculo
esquelético dependem de seu • Pressão. A compressão tecidual por
suprimento nervoso. Uma lesão dos qualquer período de tempo pode
nervos leva à atrofia das fibras causar atrofia. Um tumor benigno
musculares supridas por esses em crescimento pode causar atrofia
nervos (Cap. 27). nos tecidos saudáveis circundantes.
A a t r o fi a n e s s e c o n t e x t o é
• Diminuição do suprimento provavelmente o resultado de
sanguíneo. Uma redução do alterações isquêmicas causadas por
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comprometimento do suprimento são, com frequência, substituídas por


sanguíneo pela pressão exercida da células epiteliais escamosas
massa em expansão. estratificadas. Cálculos nos ductos
excretores das glândulas salivares,
As alterações celulares fundamentais pâncreas ou ductos biliares podem
associadas com a atrofia são idênticas também causar a substituição do
em todos esses contextos.Aresposta epitélio colunar secretor normal por
inicial é uma diminuição do tamanho da epitélio escamoso estratificado. A
célula e das organelas, o que reduz as deficiência de vitamina A (ácido
necessidades metabólicas da célula o retinoico) induz metaplasia escamosa
s u fi c i e n t e p a r a p e r m i t i r s u a no epitélio respiratório (Cap. 9). Em
sobrevivência. No músculo atrófico, as todos esses exemplos, o epitélio
células contêm menos mitocôndrias e escamoso estratificado mais resistente
miofilamentos e uma menor quantidade é capaz de sobreviver sob
de retículo endoplasmático granular. circunstâncias nas quais o epitélio
Ao restabelecer a proporção entre a colunar especializado mais frágil teria
demanda metabólica da célula e sucumbido. Entretanto, a mudança
menores níveis de suprimento para células escamosas metaplásicas
sanguíneo, nutrição ou estimulação tem um preço. Por exemplo, no trato
trófica, um novo equilíbrio é alcançado. respiratório, embora o revestimento
No início do processo atrófico, as células epitelial se torne rígido, os importantes
têm sua função diminuída, mas não mecanismos de proteção contra
estão mortas. No entanto, a atrofia infecções – secreção de muco e a ação
causada por redução g radual do dos cílios do epitélio colunar – são
suprimento sanguíneo pode progredir perdidos. Portanto, a metaplasia
até o ponto no qual as células são epitelial é uma faca de dois gumes e, na
lesadas de modo irreversível e morrem, maioria das circunstâncias, representa
frequentemente por apoptose. A morte uma alteração não desejada. Além
celular por apoptose contribui para a disso, as influências que predispõem à
atrofia de órgãos endócrinos após metaplasia, se persistirem, podem
retirada hormonal. iniciar a transformação maligna no
epitélio metaplásico. Assim, uma forma
Metaplasia comum de câncer no trato respiratório
é composta por células escamosas que
Metaplasia é uma alteração reversível surgem em áreas de metaplasia do
na qual um tipo celular diferenciado epitélio colunar normal para epitélio
(epitelial ou mesenquimal) é escamoso.
substituído por outro tipo celular. Ela
representa uma substituição A metaplasia do tipo escamoso para
adaptativa de células sensíveis ao colunar também pode ocorrer, como
estresse por tipos celulares mais no esôfago de Barrett, no qual o epitélio
capazes de suportar o ambiente hostil. escamoso do esôfago é substituído por
células colunares semelhantes às
A metaplasia epitelial mais comum é intestinais, sob influência do refluxo do
a colunar para escamosa (Fig. 1-6), ácido gástrico. Os cânceres podem
como ocorre no trato respiratório em surgir nessas áreas e são tipicamente
resposta à irritação crônica. Nos carcinomas glandulares
fumantes habituais de cigarros, as (adenocarcinomas) (Cap. 17).
células epiteliais normais, colunares e
ciliadas da traqueia e dos brônquios,
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A metaplasia do tecido conjuntivo é a A displasia pode ser encontrada


formação de cartilagem, osso ou principalmente em epitélios, e é
tecido adiposo (tecidos mesenquimais) caracterizada por uma constelação de
em tecidos que normalmente não alterações que incluem a perda da
contêm esses elementos. Por exemplo, a uniformidade das células individuais,
for mação de osso no músculo, assim como a perda de sua orientação
designada miosite ossificante, ocorre arquitetônica. As células displásicas
ocasionalmente após uma hemorragia exibem pleomorfismo considerável e
intramuscular. Esse tipo de metaplasia f r e qu e n t e m e n t e c o n t ê m n ú c l e o s
é interpretado menos claramente como hipercromáticos grandes com uma
uma resposta adaptativa e pode ser o grande razão núcleo-citoplasma. A
resultado de uma lesão celular ou arquitetura do tecido pode ser
tecidual. desordenada. Por exemplo, no epitélio
escamoso, a maturação progressiva
Displasia usual das células altas pertencentes à
camada basal em células escamosas
Displasia  é o nome dado para o achatadas da superfície pode ser
desenvolvimento celular fora do perdida e substituída por uma mistura
normal, que pode gerar a má-formação de células escuras, de aspecto basal,
de um tecido ou órgão de qualquer por todo o epitélio. As figuras mitóticas
parte do corpo humano. Existem são mais abundantes do que o normal,
diversos tipos de displasias, que apesar de, quase invariavelmente, elas
mudam de acordo com a região afetada a p r e s e n t a r a m u m a c o n fi g u r a ç ã o
do corpo. normal. Contudo, frequentemente, as
mitoses aparecem em localizações
Vistas em um microscópio, essas anormais dentro do epitélio. Por
células chegam a apresentar uma exemplo, no epitélio escamoso
alteração em sua forma. Além disso, em estratificado displásico, as mitoses não
muitas situações, a displasia pode ser estão confinadas à camada basal, pelo
uma lesão pré-cancerígena. contrário, podem aparecer em todos os
níveis, inclusive nas células da
superfície. Quando as alterações
A displasia, entretanto, não é câncer. displásicas são marcantes e envolvem
Conforme esclarece o médico Fábio toda a espessura do epitélio, porém a
Rodrigues, ela é uma condição de l e s ã o p e r m a n e c e c o n fi n a d a p e l a
transformação de tecidos relacionada a membrana basal, ela é considerada
alterações genéticas e externas. "Não é como um neoplasma pré-invasivo e é
a mesma coisa que câncer, mas em denominada carcinoma in situ (Fig.
alguns tecidos representa uma 7-10). Uma vez que as células tumorais
alteração que pode evoluir para um tenham rompido a membrana basal,
tumor diz-se que o tumor é invasivo. As
alterações displásicas são
A  displasia mamária  é um caso que frequentemente encontradas
não tem nenhuma relação com o câncer adjacentes a focos de carcinoma
de mama. Atualmente, esta condição é invasivo e em algumas situações, tais
chamada de "alterações funcionais como em fumantes de cigarro de longo
benignas de mamas"  "No câncer, as prazo e em pessoas com esôfago de
células precisam ter a capacidade para Barrett, a displasia epitelial grave
invasão e gerar metástase" comumente antecede o aparecimento
do câncer. Contudo, a displasia não
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necessariamente prog ride para capacidade de diferenciação, enquanto


câncer. Alterações leves a moderadas em tumores pouco diferenciados tal
que não envolvem toda a espessura do capacidade se perde.
epitélio podem ser reversíveis, e com a
remoção dos agentes causadores, o A falta de diferenciação, ou anaplasia,
epitélio pode retornar à normalidade. frequentemente está associada a
Até mesmo o carcinoma in situ pode muitas outras alterações morfológicas.
levar anos para se tornar invasivo.
• Pleomorfismo. Tanto as células
quanto os núcleos mostram,
Anaplasia caracteristicamente, um
pleomorfismo – uma variação no
O termo diferenciação refere-se à tamanho e na forma (Fig. 7-8).
extensão com que as células do Portanto, as células dentro do
parênquima neoplásico lembram as mesmo tumor não são uniformes,
células parenquimatosas normais mas variam desde grandes células,
correspondentes, tanto morfológica muitas vezes maiores do que suas
quanto funcionalmente; a falta de vizinhas, até células extremamente
diferenciação é denominada anaplasia. pequenas e de aspecto primitivo.
Em geral, os tumores benignos são bem
diferenciados • Mor fologia nuclear anor mal.
Caracteristicamente, o núcleo
Algumas características anaplásicas: contém cromatina abundante e se
• Pleomorfismo celular e nuclear cora fortemente (hipercromático).
• Núcleos hipercromáticos; Os núcleos são
• Nucléolos evidenciados; desproporcionalmente grandes em
• Atividade mitótica aumentada, comparação com a célula, e a razão
inclusive com mitoses atípicas; núcleo-citoplasma pode chegar a
• Perda de coesão celular; 1:1, em vez da relação normal de
1:4 ou 1:6. A forma do núcleo é
variável e frequentemente
Neoplasmas malignos que são
i r r e g u l a r, e a c r o m a t i n a ,
compostos por células pouco
comumente, está grosseiramente
d i fe r e n c i a d a s s ã o d e n o m i n a d o s
agrupada e distribuída pela
anaplásicos. A falta de diferenciação, ou
membrana nuclear. Normalmente,
anaplasia, é considerada uma marca
grandes nucléolos estão presentes
registrada da malignidade. O termo
nesses núcleos.
anaplasia significa, literalmente,
“transformar-se para trás”, indicando
• Mitoses. Quando comparados a
uma reversão da diferenciação para um
tumores benignos e a alguns
nível mais primitivo. Acredita-se,
neoplasmas malignos bem
contudo, que a maioria dos cânceres
diferenciados, os tumores
não representa uma “diferenciação
indiferenciados usualmente
reversa” das células normais maduras,
possuem grande número de
mas, de fato, surgem de células menos
m i t o s e s , r e fl e t i n d o a m a i o r
maduras com propriedades
atividade proliferativa das células
“semelhantes a células- tronco”, tais
parenquimatosas.A presença de
como as células-tronco teciduais (Cap.
mitoses, contudo, não indica,
3). Em tumores bem diferenciados (Fig.
necessariamente, que um tumor
7-7), as células-filhas derivadas dessas
seja maligno ou que o tecido seja
“células-tronco cancerosas” retêm a
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neoplásico. Muitos tecidos normais Neoplasia maligna e benigna c!ceitos,


exibindo rápida renovação, como a
medula óssea, apresentam n#enclatura, morfologia,
numerosas mitoses, sendo que c#portamento" diferenciação,
proliferações não neoplásicas, como velocidade de crescimento, invasão
as hiperplasias, também contêm
muitas células em mitose. Mais local, metástases.
importante como característica
morfológica de malignidade são as Neoplasia maligna
figuras mitóticas atípicas, bizarras Neoplasias malignas caracterizam-se
e, algumas vezes, produzindo fusos por ampla gama de diferenciações
tripolares, quadripolares ou celulares parenquimatosas, desde as
multipolares algumas vezes,

õœë@ëéÓûë
bem diferenciadas até as
produzindo fusos tripolares, completamente indiferenciadas.
quadripolares ou multipolares
Por exemplo, adenocarcinomas bem
• Perda de polaridade. Além das diferenciados da tireoide podem conter
anormalidades citológicas, a folículos com aparência nor mal.
orientação das células anaplásicas é Algumas vezes pode ser difícil
marcantemente alterada (i.e., elas distinguir esses tumores das prolifera-
perdem a polaridade normal). ções benignas. Entre os dois extremos
Lençóis ou grandes massas de situam-se os tumores livremente
células tumorais crescem de referidos como moderadamente bem
maneira anárquica e desorganizada. diferenciados. O estroma que contém o
suprimento sanguíneo é crucial para o
• Outras alterações. Outra crescimento de tumores, mas não ajuda
característica da anaplasia é a na separação dos tumores benignos dos
for mação de células gigantes malignos. A quantidade de te- cido
tumorais, algumas possuindo conjuntivo estromal determina, porém,
somente um único núcleo gigante e a consistência da neoplasia. Certos
p o l i m ó r fi c o , e n q u a n t o o u t r a s cânceres induzem um estroma fibroso
apresentam dois ou mais grandes abundante (desmoplasia), tornando-os
núcleos hipercromáticos (Fig. 7-8). duros, os chamados tumores cirrosos.
Essas células gigantes não devem
ser confundidas com as células de Diz-se que as neoplasias malignas
Langhans inflamatórias, ou com as compostas por células indiferenciadas
células gigantes de corpo estranho, são anaplásicas. A falta de
que são derivadas dos macrófagos e diferenciação, ou anaplasia, é
contêm muitos núcleos pequenos de considerada uma característica de
aspecto normal. Apesar de as malignidade. O termo anaplasia
células tumorais em crescimento s i g n i fi c a l i t e r a l m e n t e “ fo r m a ç ã o
obviamente requererem um retrógrada” — sugerindo
suprimento sanguíneo, desdiferenciação ou perda de
frequentemente o estroma vascular diferenciação es- trutural e funcional
é escasso e, em muitos tumores das células normais. Sabe-se agora,
anaplásicos, grandes áreas centrais contu- do, que pelo menos alguns
sofremnecrose isquêmica. cânceres surgem de células-tronco nos
tecidos; nesses tumores, a falha na
i d e n t i fi c a ç ã o , e m v e z d e
desdiferenciação de células
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especializadas, é a responsável por sua secretam bile. Em outros casos,


aparência indiferenciada. Estudos emergem funções imprevistas. Alguns
recentes também indicam que, em cânceres podem elaborar proteínas
alguns casos, a desdiferenciação de fetais não produzidas por células
células aparentemente maduras ocorre comparáveis no adulto. Os cânceres de
durante a carcinogênese. As células origem não endócrina podem produzir
anaplásicas mostram acentuado os chamados hormônios ectópicos. Por
pleomorfismo (isto é, variação de exem- plo, cer tos carcinomas
tamanho e forma). Muitas vezes, os pulmonares podem produzir hormônio
núcleos são extremamente adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio
hipercromáticos (coloração escura) e do tipo hormônio para- tireóideo,
grandes, resultando em aumento da insulina, glucagon e outros. Mais será
proporção nuclear para a dito sobre esses fenômenos
citoplasmática que pode se aproximar posteriormente. Apesar das exceções,
de 1:1 em vez do normal 1:4 ou 1:6. quanto mais depressa crescer e mais
Células gigantes que são anaplásico for um tumor, menos
consideravelmente maiores que suas probabilidade haverá de que tenha
vizinhas podem se formar e têm um atividade funcional especializada.
núcleo enorme ou vários núcleos. Os
núcleos anaplásicos são variáveis e têm Neoplasia benigna
tamanho e forma bizarros. A cromatina
é grosseira e gru- mosa, e os nucléolos Neoplasias benignas são compostas por
podem ter tamanho surpreendente. O células bem diferenciadas que se
mais importante é que as mitoses com assemelham estreitamente a suas
frequência são numerosas e contrapartes normais. Um lipoma é
distintamente atípicas; múltiplos fusos constituído por células adiposas ma-
anárquicos podem pro- duzir figuras d u r a s c a r r e ga d a s c o m v a c ú o l o s
mitóticas tripolares ou quadripolares. lipídicos, e um condroma é constituído
Além disso, células anaplásicas por células de cartilagem maduras que
normalmente falham em de- senvolver sintetizam sua matriz cartilaginosa —
padrões reconhecíveis de orientação evidência de diferenciação fun- cional e
para um outro padrão (isto é, elas morfológica. Em tumores benignos bem
perdem a polaridade normal). Elas diferencia- dos, nor malmente as
podem crescer em lâminas, com perda mitoses são raras e sua configuração é
total de estruturas comunais, como normal.
glândulas ou arquitetura escamosa
estratificada.
Tumores não neoplásicos
Quanto mais diferenciada é a célula
tumoral, mais ela retém de forma O termo “tumor” é classicamente usado
completa as capacidades funcionais de em Medicina como “qualquer massa
suas contrapartes normais. Neoplasias anômala”, podendo corresponder a
benignas e até cânceres bem lesões dos vários capítulos da Patologia
diferenciados de glândulas endócrinas geral. Assim, por exemplo, “abscessos”
geralmente elaboram os hormônios ca- são tumores de natureza inflamatória,
r a c t e r í s t i c o s d e s u a o r i ge m . O s “coristomas” são massas de tecidos mal
carcinomas de células escamosas bem formados, estranhos ao tecido em que
diferenciados produzem queratina, se localizam (ectópicos). Tecido
assim como os carcinomas suprarrenal no interior do rim ou
hepatocelulares bem diferenciados tecido paratireoidiano dentro da
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tireoide são exemplos dessa ocorrência. maturação progressiva usual das


“Hamartomas” são massas que células altas na camada basal para
misturam tecidos (normais) de várias escamas achatadas na superfície pode
origens dentro de um determinado se perder e ser substituída por uma
órgão, como os nódulos de tecido desorde- nada mistura de células
cartilaginoso e muscular maduros que escuras que parecem basais (Fig.°5-6).
ocorrem no pulmão, por exemplo. Quando as alterações displásicas são
“Cistos” são tumores com luz acentuadas e envolvem toda a
preenchida habitualmente por líquido, espessura do epitélio, a lesão é referida
envoltos por uma parede com como carcinoma in situ, um estádio pré-
revestimento epitelial, enquanto invasivo de câncer (Capítulo°18).
“pseudocistos” são tumores contendo Embora alterações displásicas
líquidos e envoltos por parede geralmente sejam encontradas
habitualmente fibroinflamatória sem adjacentes aos focos de transformação
revestimento epitelial. Os tumores maligna e estudos a longo prazo de
císticos podem, então, ser originados de fumantes mostrem que a displasia
malformações, de processo inflamatório epitelial quase invariavel- mente
e até podem corresponder a neoplasias antecede o aparecimento do câncer, o
benignas ou malignas que, durante sua termo displasia não é sinônimo de
formação, desenvolveram cavidades em câncer; displasias leves a moderadas
seu interior, como, por exemplo, os que não envolvem toda a espessura do
cistadenomas (benignos) ou os epitélio algumas vezes reg ridem
cistadenocarcinomas (malignos) completamente, em especial se as
ovarianos. causas incitantes forem removidas.

É relevante, na discussão da
diferenciação e anaplasia, a displasia,
referindo-se à proliferação
desordenada, mas não neoplásica. A
displasia é encontrada principalmente
em lesões epiteliais. É a perda de
uniformidade de células individuais e
em sua orientação arquitetural. As
células displásicas exibem con-
s i d e r á v e l p l e o m o r fi s m o e , c o m
frequência, possuem núcleos
hipercromáticos que são anormalmente
grandes para o tama- nho da célula. O
número de mitoses é mais abundante
que o nor mal e frequentemente
aparecem em localizações anormais
dentro do epitélio; as mitoses não estão
confinadas às camadas basais, onde
normalmente ocorrem, mas podem ser
vistas em todos os níveis e até nas
células de superfície. Há considerável
anarquia arquitetural. Por exemplo, a
Tayná Sakamoto Carcinogenese 11

&
Tayná Sakamoto Carcinogenese 12

Metástases primária, como sobrevivem e


proliferam em locais secundários, mas
A metástase, que é responsável por também os locais secundários para os
mais de 90% das mortes por câncer, é quais elas migram preferencialmente e
uma doença sistêmica definida como o porquê. Por exemplo, evidências de
desenvolvimento de tumores estudos de perfil de expressão gênica
secundários a certa distância do local sugeriram que a capacidade
primário do câncer. Os tumo- res metastática pode ser uma
malignos primários podem característica intrínseca dos tumores
frequentemente ser removidos que é adquirida muito mais cedo na
cirurgicamente; no entanto, os tumores progressão da doença do que se
metastáticos podem migrar para todo o pensava anteriormente. Além disso,
corpo, seme- ando e proliferando em e s t u d o s r e c e n t e s t ê m fo r n e c i d o
órgãos distantes. A metástase evidências crescentes não apenas com
representa um grande desafio para as relação ao grau até o qual as células
atuais estratégias terapêuticas contra o tumorais são dependentes de células
câncer, uma vez que produz os efeitos normais no microambiente imediato,
mais nocivos. Essas terapias, que mas também em relação à importância
geralmente são eficazes para controlar do sistema imunológico na progressão
tumores localmente cir- cunscritos, d a d o e n ç a _ i n fo r m a ç õ e s v i t a i s
frequentemente não são bem sucedidas necessárias para aperfeiçoar novos
no tratamento dos cânceres modelos.
metastáticos, por vezes, imprevisíveis e
inacessíveis. At u a l m e n t e , a c r e d i t a - s e q u e a s
metástases são de- rivadas de células
Geralmente, acredita-se que o processo cancerosas que escaparam da massa do
de metástase segue uma cascata tumor primário. Esse processo, também
estocástica, sequencial, que envolve conhecido como cascata metastática, é
intravasamento de células tumorais, composto por uma série de etapas que
disseminação através do sangue e/ou devem ser concluídas por uma célula
vasos linfáticos, extravasamento para tumoral para que seja atingido seu
órgão secundário, angiogênese e, nicho metastá- tico. Essas medidas
finalmente, crescimento de tumor incluem mudanças na migração e
secundário. No entanto, nos últimos propriedades de adesão célula-célula,
anos, estudos têm proposto degradação e invasão da membrana
perspectivas novas e interessantes basal (MB) e da matriz ex- tracelular
sobre a natureza da doença (MEC), entrada (também conhecida
metastática, impulsionando uma como intravasamento) na corrente
mudança conceitual na teoria sanguínea e sobrevida em seu interior,
metastática canônica. Esses modelos identificação de um órgão adequado no
têm rompido com a estrutura de qual se estabelecer e extravasamento
progressão do tumor aceita e levantam seguido pela invasão do órgão
questões difíceis e intrigantes para os metastático. Esse processo também
pesquisadores no campo da terapêutica depende do desenvolvimento de novos
do câncer. v a s o s s a n g u í n e o s n o l o c a l a lv o
(angiogênese) (Figura 30.1).
As áreas de progresso incluem não
apenas a natureza das células tumorais
que iniciam a metástase, quando e
como elas migram da massa tumoral
Tayná Sakamoto Carcinogenese 13

Estudar a carcinogênese
Como surge o câncer?

Uma mutação genética, ou seja, uma


alteração no DNA da célula é o ponto de
partida para o surgimento de um
câncer. Devido a essa alteração, a célula
passa a receber informações erradas
para suas atividades

O câncer surge a partir de uma


Cascata de metástase: (1) alterações na mutação genética, ou seja, de uma
migração e adesão célula-célula (transição alteração no DNA da célula, que passa a
epitelial-mesenquimatosa), degradação e receber instruções erradas para as
invasão da membrana basal; (2) suas atividades. As alterações podem
intravasamento; (3) sobrevida na corrente ocorrer em genes especiais,
sanguínea; (4) extravasamento; (5) formação
de micrometástase; (6) angiogênese e
denominados proto-oncogenes, que a
crescimento de tumor secundário. princípio são inativos em células
normais. Quando ativados, os proto-
oncogenes tor nam-se oncogenes,
É importante ter em mente, porém, que responsáveis por transformar as
nem todos os tumores são metastáticos células normais em células cancerosas. 
e nem todas as células no interior dos
chamados tumores metastáticos são
capazes de sofrer metástase. A fim de
se superarem os controles de
crescimento homeostático, o ataque
imunológico e as restrições ambientais,
características como instabilidade
genética e fenotípica, juntamente de
uma seleção do tipo darwinista –
sobrevivência dos mais aptos – são
cruciais para o desenvolvimento de
células tumorais resistentes. Além Câncer in situ e câncer invasivo
disso, seguindo a hipótese de Steven
Paget da “semente e solo” que afirma O câncer não invasivo ou carcinoma in
que é necessário um microambiente situ é o primeiro estágio em que o
receptivo para as células malignas câncer pode ser classificado (essa
e n xe r t a r e m t e c i d o s d i s t a n t e s e classificação não se aplica aos cânceres
formarem metástase, as pesquisas do sistema sanguíneo). Nesse estágio
atuais têm des- tacado a importância (in situ), as células cance- rosas estão
crucial de eventos que podem ocorrer somente na camada de tecido na qual se
simultaneamente ou até antes dessa desenvolveram e ainda não se
cascata, como a formação de nichos espalharam para outras camadas do
pré-metastáticos tornados mais órgão de origem. A maioria dos
adequados para alojar células cânceres in situ é curável se for tratada
metastáticas pelos fatores liberados antes de progredir para a fase de
pela massa tumoral primária. câncer invasivo.
Tayná Sakamoto Carcinogenese 14

No c â n c e r i n v a s i v o , a s c é l u l a s responsáveis pela malignização


cancerosas invadem outras camadas (cancerização) das células normais.
celulares do órgão, ganham a corrente Essas células diferentes são
sanguínea ou linfática e têm a capaci- denominadas cancerosas.
dade de se disseminar para outras
partes do corpo. Essa capacidade de
invasão e disseminação que os tumores
malignos apresentam de produzir
outros tumores, em outras partes do
corpo, a partir de um já existente, é a
principal característica do câncer.
Esses novos focos de doença são
chamados de metástases (Figura 6). Oncogênese

O processo de formação do câncer é


chamado de carcinogênese ou
oncogênese e, em geral, aconte- ce
lentamente, podendo levar vários anos
para que uma célula cancerosa se
prolifere e dê origem a um tumor
visível. Os efeitos cumulativos de
diferentes agentes cancerígenos ou
carcinógenos são os responsáveis pelo
início, promoção, progressão e inibição
d o t u m o r. A c a r c i n o g ê n e s e é
determinada pela exposição a esses
agentes, em uma dada frequência e
período de tempo, e pela interação
entre eles. Devem ser consideradas, no
A FORMAÇÃO DO CÂNCER entanto, as características individuais,
que facilitam ou dificultam a instalação
Uma célula normal pode sofrer uma do dano celular.
mutação genética, ou seja, alterações
no DNA dos genes. As células cujo Esse processo é composto por três
material genético foi alterado passam a estágios:
receber instruções erradas para as
suas atividades (Figura 7). • Estágio de iniciação:  os genes
sofrem ação dos agentes
Independentemente da exposição a c a n c e r í ge n o s , qu e p r o vo c a m
agentes cancerígenos ou carcinógenos, modificações em alguns de seus
as células sofrem processos de mutação genes. Nessa fase, as células se
espontânea, que não alteram seu encontram geneticamente
desenvolvimento normal. alteradas, porém ainda não é
possível se detectar um tumor
As alterações podem ocorrer em genes clinicamente. Elas encontram-se
especiais, denominados "preparadas", ou seja, "iniciadas"
protooncogenes, que, a princípio, são para a ação de um segundo grupo
inativos em células normais. Quando de agentes que atuará no próximo
ativados, os protooncogenes estágio.
transfor mam-se em oncogenes,
Tayná Sakamoto Carcinogenese 15

O período de latência varia com a


intensidade do estímulo
carcinogênico, com a presença ou
ausência dos agentes oncoiniciadores,
oncopromotores e oncoaceleradores,
e com o tipo e localização primária do
câncer.
• Estágio de promoção:  as células
geneticamente alteradas, ou seja,
"iniciadas", sofrem o efeito dos
agentes cancerígenos classificados
como oncopromotores. A célula
iniciada é transformada em célula
maligna, de forma lenta e gradual.
Para que ocorra essa
transformação, é necessário um Agentes cancerígenos
longo e continuado contato com o
agente cancerígeno promotor. A A presença dos agentes cancerígenos,
suspensão do contato com agentes por si só, não pode ser responsabilizada
promotores muitas vezes pelo desenvolvimento dos tumores. Há,
interrompe o processo nesse porém, casos em que isso acontece.
estágio. Alguns componentes da Sabe-se que a exposição prolongada à
alimentação e a exposição substância química benzina pode
excessiva e prolongada a aumentar o risco de produzir câncer na
hormônios são exemplos de fatores bexiga (principal tipo de câncer
que promovem a transformação de encontrado em trabalhadores das
células iniciadas em malignas antigas indústrias de tintas, couros,
borracha e papel que utilizavam
benzina na sua fabricação), e o câncer
de pulmão, que ocorre entre fumantes,
em mais de 90% dos casos é
consequência do tabagismo crônico.

Esses dois exemplos remetem a dois


• E s t á g i o d e p r o g r e s s ã o :  s e conceitos utilizados na epidemiologia:
caracteriza pela multiplicação causa necessária e causa suficiente, em
descontrolada e irreversível das que, para que um indivíduo desenvolva
células alteradas. Nesse estágio, o uma doença, não basta a presença do
câncer já está instalado, evoluindo agente especí- fico da doença em seu
até o surgimento das primeiras organismo. É necessário que, sobre o
manifestações clínicas da doença. indivíduo, atuem outras forças (ou
O s fa t o r e s qu e p r o m o ve m a causas) capa- zes de, em conjunto com
iniciação ou progressão da o agente específico, provocar a doença
carcinogênese são chamados específica.
agentes oncoaceleradores ou
carcinógenos. O fumo é um agente O a g e n t e e s p e c í fi c o é a c a u s a
carcinógeno completo, pois possui necessária. As outras forças são ditas
componentes que atuam nos três causas predisponentes. Causa ne-
estágios da carcinogênese. cessária e causas predisponentes
Tayná Sakamoto Carcinogenese 16

formam a causa suficiente. Assim, as


doenças multicausais, como o câncer,
podem ter distintas causas suficientes.

A EVOLUÇÃO DOS TUMORES

O c o n h e c i m e n t o d a fo r m a c o m o
evoluem ou crescem alguns tumores
permite que eles sejam previs- tos ou
identificados quando a lesão ainda está
na fase pré-neoplásica, ou seja, em uma
fase em que a doença ainda não se
desenvolveu.

A evolução do tumor maligno depende:


• Da velocidade do crescimento
tumoral.
• Do órgão onde o tumor está
localizado.
• De fatores constitucionais de cada
pessoa.
• De fatores ambientais etc.

Frente a essas características, os


tumores podem ser detectados em
diferentes fases:

• Fase pré-neoplásica (antes de a


doença se desenvolver).
• Fase pré-clínica ou microscópica
(quando ainda não há sintomas).
• Fase clínica (apresentação de
sintomas).

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