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Resumo: A experimentação no ensino de Física permite ao aluno uma melhor visualização, interação
e percepção dos fenômenos físicos, especialmente no estudo do eletromagnetismo, onde comumente
os discentes demonstram maior dificuldade de aprendizagem. O presente trabalho apresenta, sob o
aspecto de laboratório de baixo custo, a reprodução do “anel de Thomson”, consistindo em um
experimento efetuado de forma qualitativa, demonstrando os fenômenos eletromagnéticos,
especialmente a lei de Faraday-Lenz. Algumas propostas de práticas didáticas utilizando o
experimento também são aqui apresentadas, procurando desenvolver a capacidade de o aluno tomar
medidas e realizar análises do comportamento do anel quando imerso em um campo magnético
variável. O anel de Thomson demonstrou-se um importante instrumento no auxílio do processo de
ensino-aprendizagem em temas correlatos ao eletromagnetismo.
1 INTRODUÇÃO
O anel de Thomson, experimento desenvolvido pelo engenheiro Elihu Thomson em 1880, é
demonstrado nos cursos de eletromagnetismo até os dias atuais [1, 2], e consiste num solenoide com
um núcleo de ferro prolongado sobre o qual é posicionado um anel de alumínio que salta quando a
bobina é percorrida por uma corrente alternada, permitindo a observação dos efeitos da indução
eletromagnética [3, 4].
Sendo uma excelente ferramenta de ensino para análise e discussão dos efeitos da lei de
Faraday-Lenz, bem como conceitos correlatos a materiais isolantes, condutores, diamagnéticos,
paramagnéticos e ferromagnéticos, o experimento anel de Thomson torna a aprendizagem do
eletromagnetismo mais fácil e agradável, visto que os conteúdos dessa disciplina estão entre os mais
complexos, o que provoca um certo desânimo nos alunos [5].
O objetivo deste trabalho é apresentar a reprodução do anel de Thomson, sob a perspectiva do
laboratório de baixo custo, e apresentar atividades didáticas práticas que podem ser abordadas
utilizando o experimento.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O anel de Thomson, cujas dimensões estão apresentadas na Figura 1, foi majoritariamente
reproduzido com peças de sucata reaproveitada. A base do sistema é constituída por um retângulo de
acrílico, em um carretel de Nylon é fixada a bobina de fio esmaltado 25 AWG com 3000 espiras, o
núcleo constitui-se de um cilindro de aço SAE1020 recuperado de sucata, dois conectores elétricos de
5 mm permitem ligar o sistema à tomada de energia, e um botão de pulso NA garante a energização do
solenoide. A Figura 2 elucida o anel reproduzido, o qual não custou mais do que R$ 20,00.
III Congresso de Educação Profissional e Tecnológica – CONEPT. Cubatão - Novembro de 2017
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O experimento possibilita a discussão de vários conceitos do eletromagnetismo estudados por
Oersted, Faraday e Lenz. Sabe-se que quando um fio condutor é submetido a uma tensão, cria-se uma
corrente elétrica e como observado no experimento Oersted, surge um campo magnético
perpendicularmente ao fio. O efeito contrário é observado por Faraday, quando um fluxo de campo
magnético variável com o tempo atravessa uma expira condutora, induz uma corrente elétrica, que por
sua vez cria um campo magnético que se opõe ao campo magnético que induz a corrente – efeito
conhecido por Lei de Lenz [6]. Esses três fenômenos são observados no anel de Thomson. O salto do
anel se deve ao fato de que as correntes nele induzidas, criadas pelo campo magnético gerado pelas
expiras da bobina, originam um campo magnético que se opõe ao produzido na bobina, conforme a
Lei de Lenz [7].
Ao utilizar um anel feito de material isolante, como Nylon, verifica-se que não há nenhuma
reação, devido ao não aparecimento de corrente induzida, por conta da alta resistividade do material
do anel.
Um anel de alumínio recoberto com verniz pode ser utilizado, e este irá saltar tal qual o anel
utilizado no primeiro experimento, isso se deve ao fato de apesar de o verniz ser um material isolante,
o alumínio é um material paramagnético que permite a passagem de corrente induzida, provocando o
salto.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) [11] sugerem que o ensino de Física desenvolva
competências e habilidades, tais como investigação e compreensão de conceitos físicos de
equipamentos tecnológicos. Com auxílio de um multímetro é possível desenvolver atividades com
objetivo de explorar as características elétricas do experimento e, após as medições, discutir o
significado físico de cada grandeza mensurada.
4 CONCLUSÕES
É possível reproduzir o experimento anel de Thomson sem grandes dificuldades ou
investimentos, garantindo a eficiência fenomenológica para análise de algumas leis do
eletromagnetismo, tornando seu estudo mais flexível e atraente para os alunos, possibilitando um
melhor entendimento de assuntos que, muitas vezes, quando tratado apenas de forma algébrica
apresentam difícil compreensão.
REFERÊNCIAS
[1] CELSO, L. L.; DONOSO, G. Unveiling the physics of the Thomson jumping ring, American
Journal of Physics, v. 83, n. 4, p. 341-348, 2015.
[2] PEGNA, G. The jumping ring experiment revisited and new possibilities, Latin-American
Journal of Physics Education, v. 7, n. 1, p. 16-23, 2013.
[3] SUMNER, D. J.; THAKKRAR, A. K. Experiments with a ‘jumping ring’ apparatus, p. 238-242,
Physics Education, v. 7, n. 4, 1972.
[4] QUINTON, A. R. The ac repulsion demonstration of Elihu Thomson, The Physics Teacher, v. 17,
n. 1, p. 40-44, 1979.
[5] USÓN, A. et al. Incorporación de experimentos em las clases teóricas de electromagnetismo. In:
XI Congreso de Innovación Educativa en Enseñanzas Técnicas (CIEET03), 2003
[6] HEWITT, P.G. Física Conceitual, BooKman, Porto Alegre, 2011, 11ª ed, p. 445-460.
[7] FERREIRA, B. R. Anel de Thomson princípio da suspensão num campo magnético alternado.
Disponível em < http://sites.ifi.unicamp.br/lunazzi/files/2014/03/980716-Anel_de_Thomson.pdf>.
Acesso em 14 dez. 2016, 15:33.
[8] HALL, J. Forces on the Jumping Ring. The Physics Teacher, v. 35, p. 80-83, 1997.
[10] FORD, P. J.; SULLIVAN, R. A. L. The jumping ring experiment revisited, Physics Education,
v. 26, n. 6, p. 380-382, 1991.