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Eduarda Maia Rangel – Enfermagem - UFRJ

- Antissepsia (em tecido humano): é o conjunto de


CONCEITO medidas propostas para inibir o crescimento de
microrganismos ou removê-los podendo ou não
- Hoje se chama de infecções em serviços de saúde, destruí-los e para tal fim utilizamos antissépticos ou
pois não se dão apenas em ambiente hospitalar, mas desinfetantes.
sim em processos de assistência em saúde.
• Ex: no caso da sondagem vesical, realizamos
- Inflamação é uma resposta do nosso organismo à antissepsia quando utilizamos a clorexidina nos
tudo que ele considera um invasor ou que ele considera grandes lábios e em toda região genital
que pode lesionar o nosso corpo. feminina, de modo a reduzir a população
microbiana e consequentemente reduzir
- Uma infecção é um tipo de inflamação que se dá pela
chances de infecção urinária.
invasão de um hospedeiro suscetível por um patógeno,
resultado em uma doença.
Virulência:
- Inflamação x Infecção: a inflamação é a resposta do
- É a capacidade infecciosa de um microrganismo,
organismo a uma agressão, como cortes, movimentos
medida pela mortalidade que ele produz e/ou por seu
repetitivos (tendinite) e batidas. Ela causa inchaço,
poder de invadir tecidos do hospedeiro.
vermelhidão e dor enquanto o corpo se esforça para
reparar o local. No caso dos cortes, isso acontece com - Virulência bacteriana: A capacidade das bactérias
a formação da cicatriz. Já as infecções são causadas por para causar doença é descrita em termos do número de
agentes externos e apresenta sinais flogisticos (dor, bactérias infectantes, a via de entrada para dentro do
calor, rubor, edema...) corpo, os efeitos dos mecanismos de defesa do
hospedeiro e as características intrínsecas das bactérias
- Colonização é a presença e o crescimento de
chamadas fatores de virulência.
microrganismos dentro de um hospedeiro, mas sem a
invasão de tecidos ou qualquer dano. Resulta em uma - Virulência viral: Fatores de virulência dos vírus
doença ou infecção apenas se os agentes patogênicos determinam se a infecção ocorre e como grave os
se multiplicarem e alterarem a função do tecido normal. sintomas da doença viral resultantes são. Os vírus
Ou seja, o colonizado é aquele que é portador de uma frequentemente requerem proteínas receptoras em
bactéria, mas que não desenvolve a doença infecciosa células hospedeiras para o qual eles se ligam
e pode representar agente de disseminação da bactéria. especificamente. Tipicamente, estas proteínas da célula
O infectado é aquele que tem o processo infeccioso. hospedeira sofrem endocitose do vírus ligado, em
seguida, entra na célula hospedeira.
- O que é descolonizar o paciente? Ex: dar banho de
clorexidina. ** Doenças transmitidas pelo “beijo” – Mononucleose,
Herpes simples, Hepatite A Meningite, Gripes e
resfriados.
Assepsia x Antiassepsia
- Assepsia (em “coisas”): é o conjunto de medidas que
Cadeia de transmissão:
utilizamos para impedir a penetração de
microrganismos num ambiente que logicamente não os - A infecção ocorre num ciclo que depende da presença
tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de todos os seguintes elementos. A prevenção contra a
de infecção. infecção ocorre na quebra da cadeia de transmissão.
• Ex: quando utilizamos luvas estéreis para
realizar uma sondagem vesical, estamos
justamente utilizando um método asséptico
para evitar a introdução de micro-organismos
patogênicos na uretra, local que é estéril.
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se tornou evidente logo após o nascimento (ex: herpes


simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus,
sífilis e AIDS).
- As infecções de recém nascidos associadas com bolsa
rota superior a 24 horas. Ex: se a criança apareceu com
uma infecção, após a mãe ficar com bolsa rota mais de
24 horas, essa criança adquiriu da mãe.

INFECÇÃO HOSPITALAR

- Toda infecção adquirida durante a internação


hospitalar (desde que não incubada previamente à
internação) ou então relacionada a algum procedimento
realizado no hospital (por exemplo, cirurgias), podendo
manifestar-se inclusive após a alta. Atualmente, o
termo infecção hospitalar tem sido substituído por
Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS).
Curso da infecção por estágio:
- Convenciona-se infecção hospitalar toda
- Estágio de incubação: intervalo entre a entrada do manifestação clínica de infecção que se apresentar a
patógeno no corpo e o aparecimento dos primeiros partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão ou
sintomas; após a alta quando essa infecção estiver diretamente
- Estagio prodômico: intervalo entre o início dos relacionada com a internação ou procedimento
sinais e sintomas inespecíficos para sinais mais hospitalar, como, por exemplo, uma cirurgia.
específicos. (durante esse tempo o microrganismo
cresce e se multiplica);
Agentes mais comuns de infecções
- Estágio de enfermidade: intervalo quando o hospitalares:
paciente manifesta sinais e sintomas específicos ao tipo
de infecção; Entre os principais agentes, estão:

- Estágio de Convalescência: intervalo quando os • Escherichia coli;


QUESTÃO DE PROVA

sintomas agudos de infecção desaparecem. • Pseudomonas sp;


• Klebsiella sp;
• Proteus;
INFECÇÃO COMUNITÁRIA • Serratia sp;
- É aquela constatada ou em incubação no ato de • Streptococcus sp;
admissão do paciente ou até 72 horas de internação, • Staphylococcus aureus;
desde que não relacionada com internação anterior • Staphylococcus epidermitis;
no mesmo hospital. • Candida albicans.

- A infecção que está associada com complicação ou


extensão da infecção já presente na admissão, a menos Exemplos de microrganismos da flora normal
que haja troca de microrganismos com sinais ou humana:
sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova
infecção (ex: o paciente deu entrada com sinusite e - Pele, olhos, cavidade oral e trato respiratório:
durante a internação contraiu covid é considerada
• Staphylococcus lactobacillus;
infecção hospitalar, porém se ele deu entrada com
• Micrococcus Streptococus Neisseria
sinusite e evoluiu para uma pneumonia pelo mesmo
Corynebacterium;
microrganismo, é infecção comunitária).
• Propionibacterium Neisseria Streptococcus;
- A infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via • Corunebacterium Fusobacterium Homophilus;
transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que • Streptococcus Actinomyces Neisseria;
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• Malassezia Treponema Branhamella; Transmissão por contato:


• Pityrosporum Bacteroides.
Colonização ou infecção por microrganismos
- Trato digestivo, trato urogenital e ouvido. multirresistentes (MR), tal como MRSA, clostridium
difficile, shigela, herpes simples, escabiose, varicela-
• Lactobacillus Bacteroides Corynebacterium; zoster, crianças e adultos imunocomprometidos,
• Enterococcis Mycobacterium; Impetigo, Pediculose, Furunculose, Escabiose,
• Escherichia coli Neisseria; Rotavírus, diarréia aguda.
• Proteus Enterobacter;
- Higienização das mãos (sempre!!!), avental, luvas e
• Klebsiella Clostridium;
se tiver, quarto privativo.
• Enterobacter Lactobacillus;
• Bifidobacterium Candida;
• Citrobacter Trichomonas;
• Fusobacterium;
• Spirochetes.

- O grupo mais crítico de todos inclui bactérias


multirresistentes, que são particularmente perigosas em
hospitais, casas de repouso e entre os pacientes cujos
cuidados exigem dispositivos como ventiladores e
cateteres intravenosos. Entre elas, estão Acinetobacter,
Pseudomonas e várias Enterobactéroaceae (incluindo *O transporte deverá ser evitado, mas quando
Klebsiella, E coli, Serratia e Proteus). São bactérias necessário o material infeccioso eliminado pelo
que podem causar infecções graves e frequentemente paciente deverá ser contido com curativo, avental ou
mortais, como infecções da corrente sanguínea e lençol, para evitar contaminação de superfícies. Se o
pneumonia. paciente for encaminhado para a realização de exames
ou procedimentos fazer desinfecção da marca ou
cadeira de transporte. Sempre comunicar com
PRECAUÇÕES PADRÃO antecedência para qual unidade para qual o paciente
está sendo transportado, objetivando organizar a
- Conjunto de medidas aplicadas no atendimento de
recepção do mesmo. Artigos e equipamentos deverão
todos os pacientes, independente do diagnóstico
ser exclusivos para cada paciente, limpos regularmente
clínico, e na manipulação de equipamentos e artigos
se apresentar sujidades devem ser desinfectados os
contaminados ou sob suspeita de contaminação.
esterilizados após a alta do paciente.
- Visam, não somente controlar a infecção cruzada de
um paciente a outro, como também proteger os
profissionais de saúde. Estas precauções devem ser Transmissão por gotículas:
tomadas quando há risco de contato com sangue,
fluidos corpóreos, secreções e excreções (exceto o Difteria, rubéola, coqueluche, caxumba, pneumonia
suor), pele não integra e mucosas. por micoplasma, Influenza, Faringite estreptocócica,
Hanseníase, Meningite Bacteriana.
- O paciente não precisa ficar de máscara em caso de
quarto privativo ou com distancia superior à dois
metros do leito do lado.
- Higienização das mãos, máscara cirúrgica
(profissional e paciente) e quarto privativo.
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Precaução empírica:
- Quando ainda não se tem diagnóstico confirmado,
mas os sintomas são clássicos de determinada doença
infecciosa e por isso já se implementa as medidas de
proteção.

Lavagem das mãos:

Transmissão por aerossóis:


Sarampo, varicela zoster, tuberculose pulmonar.
- Higienização das mãos (impedir a propagação de
germes), máscaras (N95 ou PFF2), máscara cirúrgica
(paciente) e quarto privativo.
QUESTÃO DE PROVA

- O quarto obrigatoriamente deve ser privativo,


com porta fechada. De forma ideal devem dispor de
sistema de ventilação com pressão negativa e trocas
CONTEÚDO EXTRA AULA
de ar de (6/6 horas) para o ambiente externo (longe
de calçadas, janelas que podem ser abertas). O ar
não é retornado para o sistema de ventilação LIMPEZA X DESINFECÇÃO X ESTERILIZAÇÃO
interna e é filtrado por um filtro de partícula de ar
de alta eficiência (HEPA). Transporte do paciente: - Limpeza: remoção de sujeira de objetos e superfícies.
evitar, mas quando necessário o paciente deverá Geralmente envolve água e sabão com ação mecânica.
sair do quarto utilizando máscara comum Objetos reutilizáveis devem ser limpos antes da sua
(cirúrgica) se o transporte durar menos de 1 hora, reutilização.
mas se o tempo for superior à uma hora, deverá
- Desinfecção: elimina todos os microrganismos, com
usar N95 ou PFF2 (isso pois a carga bacteriana ou
exceção dos esporos. Tem 2 tipos: de superfície e de
viral vai ser baixa em até uma hora com máscara
alto nível (para endoscópios e broncoscópios, p.ex.).
cirúrgica, quando mais tempo ele fica em um espaço
Ex. de desinfetantes são álcoois, glutaraldeido,
fechado, maior vai ser a carga suspensa no
peroxido de hidrogênio.
ambiente). A máscara para o profissional é de uso
obrigatório com capacidade de filtrar partículas - Esterilização: elimina todos os microrganismos
menores do que 3 µm (N95 ou PFF2). A máscara deve inclusive os esporos. Ex: Vapor sob pressão de óxido
ser colocada antes de entrar no quarto e retirada de etileno (ETO), plasma de peróxido de hidrogênio,
somente após a saída do mesmo. autoclave.
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Álcool etílico x etanol: - O que é o CAAC? Conhecimento, Atitude,


Autoconfiança.
Não apresentam ação contra esporos e vírus não-
envelopados (p.ex.: vírus da hepatite A e Rinovírus),
caracterizando-se como desinfetante e antisséptico,
- O que é CCIH? É uma lei federal. A CCIH diz
porém sem propriedade esterilizante. Álcool 70%
respeito a um grupo de profissionais da área de saúde,
possui concentração ótima para atividade
de nível superior, formalmente designado para,
bactericida, pois a desnaturação das proteínas do
juntamente com a Direção do Hospital, planejar,
microrganismo (atuam na membrana plasmática
elaborar, implementar, manter e avaliar a Comissão de
ou parede celular bacteriana, inibindo sua síntese e
Controle de Infecção Hospitalar – um conjunto de
provocando sua destruição) faz-se mais
ações desenvolvidas com o objetivo de reduzir ao
rapidamente na presença da água, porque a água
máximo possível a incidência das infecções
facilita a entrada do álcool para dentro do
hospitalares. A CCIH deve ser adequada às
microrganismo.
características e necessidades do Estabelecimento de
Assistência à Saúde – EAS, sendo constituída de
membros consultores e executores. É obrigatória.
Categorias para esterilização, desinfecção e
limpeza: A CCIH deverá ser composta por profissionais da área
de saúde, de nível superior, formalmente designados.
- Itens não críticos: (itens que entram em contato com
Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores
a pele intacta, mas não mucosas, e precisam ser limpos,
e executores. Serviço médico; Serviço de
podem também serem desinfetados) comadres,
enfermagem; Serviço de farmácia; Laboratório de
manguitos, grades da cama, mesa de cabeceira, mobília
microbiologia; Administração.
do paciente.
- Itens semicríticos: (itens que entram em contato com
mucosa e pele não intacta e também apresentam um - O que são superbactérias? O termo “superbactéria”
risco. Esses itens precisam ser submetidos a é popularmente conferido às bactérias
desinfecção de alto nível ou esterilizados) endoscópios, multirresistentes.
cânulas endotraqueais, termômetros, estetoscópios.
- Itens críticos: (itens que penetram nos tecidos
- Locais e causas de infecções associadas aos
estéreis ou no sistema vascular e apresentam um alto
cuidados de saúde:
risco de infecção. Esses itens precisam ser
esterilizados) instrumentos cirúrgicos, cateteres • Trato urinário: a inserção de cateter não
intravasculares, cateteres vesicais, implantes. esterilizado; bolsa coletora tocando o chão;
permitir que a urina do cateter retorne à bexiga.
Feridas cirúrgicas ou traumáticas: preparação
BIOSSEGURANÇA inadequada antes da cirurgia; não utilizar
técnica asséptica durante as trocas de curativos.
- É conjunto de normas e procedimentos considerados
• Trato respiratório: equipamento de terapia
seguros e adequados à manutenção da saúde do
respiratória contaminado; não usar técnica
trabalhador, durante atividades de risco de aquisição de
asséptica para aspiração de vias aéreas
doenças profissionais.
inferiores
• Corrente sanguínea: contaminação por via
intravenosa; adição de dispositivo tipo torneira
ao sistema IV, agulhas ou cateteres
contaminados.

- Principais fatores que influenciam a


suscetibilidade a infecções: idade, estado nutricional,
estresse e processo de doença.
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- Fatores que influenciam o controle e a prevenção das vias áreas superiores, seguida pela inoculação
de infecções: exógena de material contaminado ou pelo refluxo do
trato gastrintestinal. Como podem acontecer aspirações
1. Idade x Imunidade - As infecções mais
em momentos diferentes, um paciente pode ter mais de
frequentes na terceira idade são as do trato
um foco de pneumonia e até com micro-organismos
urinário, das vias aéreas superiores, do pulmão
diferentes.
e da pele. À medida que envelhecemos, nosso
sistema imunológico vai perdendo a capacidade - Medidas de Prevenção de infecção no trato
de combater novas infecções. Isso deixa os respiratório: Manter os pacientes com a cabeceira
idosos mais vulneráveis a diversas doenças e elevada entre 30º e 45º; Aspirar a secreção; Higiene
faz com que, por exemplo, uma gripe comum oral com antissépticos (clorexidina veículo oral
possa evoluir para um quadro de pneumonia 0,12%); Em UTI - Avaliar diariamente a sedação e
grave. diminuir sempre que possível. A rotina de aspiração
deve ser prescrita de acordo com a necessidade de cada
2. Estado nutricional X Imunidade – Pesquisas paciente, pela maior ou menor produção de secreção e
mostraram que os órgãos linfoides centrais e realizada com técnica estéril quando necessária. *Os
periféricos apresentam hipotrofia ou até mesmo produtos ou equipamentos dos pacientes devem ser
atrofia na desnutrição como: timo, nódulos esterilizados ou desinfetados.
linfáticos, baço e tonsilas palatinas. Tecido
adiposo é um órgão dinâmico que secreta vários
fatores, dentre eles as adipocinas. As - Infecção do Trato Urinário: A infecção do trato
adipocinas são peptídeos bioativos secretados urinário – ITU é uma das causas prevalentes de
pelos adipócitos e são importantes na regulação infecções relacionadas à assistência a saúde – IRAS de
energética, resposta inflamatória e grande potencial preventivo, visto que a maioria está
imunológica. relacionada à cateterização vesical. Quando for
necessária a coleta de urina em paciente com cateter de
3. Extresse X Imunidade – a produção contínua longa permanência (cateter vesical de demora – CVD),
de elementos como o cortisol desequilibra deve-se realizar a troca do dispositivo antes do
totalmente o sistema imunológico. Uma bem procedimento de coleta. Se não for possível, a amostra
conhecida é a exposição crônica ao excesso de deverá ser obtida do local de aspiração do cateter e
cortisol e adrenalina, mediadores nunca da bolsa de drenagem.
reconhecidamente ligados ao estresse, que
inibem as células do sistema imune. A problemática continua quando muitos pacientes
permanecem com o dispositivo além do necessário
4. Processo de doença x Imunidade – leucemia, apesar das complicações infecciosas (locais e
AIDS, linfoma e anemia aplástica; doenças sistêmicas) e não infecciosas (desconforto para o
crônicas tais como diabetes melito e esclerose paciente, restrição da mobilidade, traumas uretrais por
múltipla; doença vascular perifética. tração), inclusive custos hospitalares e prejuízos ao
sistema de saúde público e privado. Entende-se que o
tempo de permanência da cateterização vesical é o fator
crucial para colonização e infecção (bacteriana e
IRAS - Medidas de Prevenção:
fúngica). Os agentes etiológicos responsáveis por essas
As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) ITU costumam, inicialmente, pertencer à microbiota do
consistem em eventos adversos ainda persistentes nos paciente. E, posteriormente, devido ao uso de
serviços de saúde. Sabe-se que a infecção leva a antimicrobianos, seleção bacteriana, colonização local,
considerável elevação dos custos no cuidado do fungos e aos cuidados do cateter, pode ocorrer a
paciente, além de aumentar o tempo de internação, a modificação da microbiota. A bactéria gram-negativa
morbidade e a mortalidade nos serviços de saúde do Escherichia coli é o uropatógeno mais comum, sendo
país. responsável por 85% das infecções urinárias adquiridas
na comunidade, referem que mais de 95% das
infecções urinárias são causadas por bacilos gram-
- Infecção do Trato Respiratório - A pneumonia positivos, pelo Enterococcus faecalis e, no caso das
relacionada à assistência à saúde é geralmente de mulheres sexualmente ativas, também pelo
origem aspirativa, sendo a principal fonte, as secreções Staphylococcus saprophyticus.
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Indicações de cateterização urinária: infecciosas menores do que cateteres confeccionados


com cloreto de polivinil ou polietileno. Ainda
1. Inserir cateteres somente para indicações
contribuiu significativamente para a redução de flebites
apropriadas, e mantê-los somente o tempo
em punções venosas periféricas.
necessário. Se possível, escolher a intermitente
(conhecida como sondagem de alívio). Estratégias de melhoria contínua:
2. Avaliar a possibilidade de métodos
1)- Higiene das mãos.
alternativos para drenagem de urina. (a.
estimular a micção espontânea através da 2)- Precauções de barreira máxima: higiene das mãos,
emissão de som de água corrente; b. aplicar uso gorro, máscara, avental e luvas estéreis e campos
bolsa com água morna sobre a região estéreis grandes que cubram o paciente.
suprapúbica; c. realizar pressão suprapúbica
delicada; d. fornecer comadres e patinhos; e. 3)- Preparo da pele com gluconato de clorexidina.
utilizar fraldas, auxiliar e supervisionar idas ao 4)- Seleção do sítio de inserção de CVC: utilização da
toalete e f. utilizar sistemas não invasivos tipo veia subclávia como sítio preferencial para CVC não
“condon” em homens.) tunelizado.
5)- Revisão diária da necessidade de permanência do
Manuseio correto do cateter: CVC, com pronta remoção quando não houver
indicação.
1. Após a inserção, fixar o cateter de modo seguro
e que não permita tração ou movimentação ** Cateter Venoso Central Não Tunelizado: inserido
2. Manter o sistema de drenagem fechado e estéril percutaneamente em veias centrais (jugulares internas,
3. Não desconectar o cateter ou tubo de drenagem, femorais ou subclávias); é o tipo e CVC mais utilizado.
exceto se a irrigação for necessária Cateter Venoso Central Tunelizado: é implantado
4. Trocar todo o sistema quando ocorrer cirurgicamente (cateter de Hickman, Broviac,
desconexão, quebra da técnica asséptica ou Groshong ou Quinton) com um túnel subcutâneo
vazamento próximo ao sítio de exteriorização, que inibe a
5. Para exame de urina, coletar pequena amostra migração de microorganismos e estimula a aderência
através de aspiração de urina com agulha estéril ao tecido subjacente selando o túnel; indicado para
após desinfecção do dispositivo de coleta pacientes que necessitam de acesso vascular
6. Para coleta de grandes volumes de urina para prolongado (quimioterapia, infusão domiciliar ou
exames específicos (não urocultura), obtenha a hemodiálise).
amostra da bolsa coletora de forma asséptica.
Manter o fluxo de urina desobstruído
7. Esvaziar a bolsa coletora regularmente, IMPORTANTE!!! Troca do equipo:
utilizando recipiente coletor individual e evitar • Infusão contínua – proceder a troca a cada 72-
contato do tubo de drenagem com o recipiente 96h.
coletor • Infusões intermitentes – proceder a troca a cada
8. Manter sempre a bolsa coletora abaixo do nível 24h.
da bexiga • Nutrição parenteral – proceder a troca a cada 24
9. Limpar rotineiramente o meato uretral com h.
soluções antissépticas é desnecessário, mas a
• Emulsões lipídicas – proceder a troca a cada
higiene rotineira do meato é indicada.
24h.
• Administração de sangue e hemocomponentes
– proceder a troca a cada bolsa.
- Infecção da Corrente Sanguínea: As infecções
• O sistema de infusão deve ser trocado na
primárias de corrente sanguínea – IPCS estão entre as
suspeita ou confirmação de IPCS
mais comumente relacionadas à assistência à saúde.
Dentre os mais freqüentes fatores de risco conhecidos
para IPCS, podemos destacar o uso de cateteres O que é um equipo: são utilizados para administrar as
vasculares centrais, principalmente os de curta medicações endovenosas, ou seja, são os remédios
permanência. Estudos apontam que os cateteres de injetados diretamente na veia e geralmente essa via é
poliuretano foram associados a complicações
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utilizada nos momentos em que as soluções precisam Tempo de troca de dispositivo:


ser absorvidas rapidamente.
Nas situações em que o acesso periférico é limitado, a
É importante colocar a data e hora no equipo de decisão de manter o cateter além das 72-96 horas
instalação para saber quando é necessário trocar. depende da avaliação do cateter, da integridade da pele,
da duração e do tipo da terapia prescrita e deve ser
Existem diversos dispositivos que contêm produtos
documentado nos registros do paciente.
com ação antimicrobiana entre os quais se destacam
aqueles recobertos com antissépticos (por exemplo,
sulfadiazina de prata e clorexidina) e aqueles
!!! POLIVINILPIRROLIDONA-IODO (PVP-I): PVP-
impregnados por antimicrobianos, como minociclina e
I aquoso é um composto orgânico de iodo, atualmente
rifampicina). No primeiro grupo, encontram-se
não indicado para tratamento de feridas, considerando
dispositivos recobertos apenas na face extraluminal
que não reduz a incidência de infecção nas feridas, não
(primeira geração) e os que apresentam os antissépticos
age na presença de materiais orgânicos e eleva o nível
na superfície extraluminal e intraluminal (segunda
sérico de iodo; É uma experiência sensorial e
geração).
emocional desagradável associada a dano tecidual ou
É contra indicada a perfuração da bolsa, frasco potencial, ou descrita em termos de tal dano.
semirrígido ou rígido, com objetivo de permitir a
entrada de ar. Devemos usar sempre o suspiro que
estará no equipo.

- Infecção Cirúrgica: O Staphylococcus aureus (S.


aureus) é um dos principais agentes causadores de
infecção de sítio cirúrgico (ISC), com taxas que variam
de 20 a 30%, sendo que em aproximadamente metade
dos casos a fonte é a microbiota endógena.
Recomendação: Realizar descontaminação nasal com
mupirocina intra nasal associado à descolonização
extra-nasal com clorexidina degermante em pacientes
diagnosticados como portadores nasais de S. aureus;
Aplicar profundamente, nas narinas, mupirocina nasal
a cada 12 horas, durante 5 dias seguidos; Utilizar
clorexidina degermante em todo o corpo, durante o
banho, por 5 dias seguidos.
Profilaxia antimicrobiana: Tem como objetivo reduzir
a incidência de infecção de sítio cirúrgico (ISC).
Quando for administrar um antibiótico nesse caso no
paciente, devemos calcular o horário de preparação,
administração e reação até antes da cirurgia. O uso dos
antimicrobianos no período peri-operatório já está
consagrado como fator adjuvante na prevenção das
infecções, mas deve-se: Determinar a provável
microbiota numa infecção pós-operatória, com o
objetivo de escolher o antimicrobiano eficaz na
profilaxia; Usar a dose correta no momento certo (30 a
60 minutos antes da incisão cirúrgica); Em cirurgias
longas, repetir o antibiótico a cada duas horas, se a
meia vida for < 1h (cefalotina ou cefoxitina) e a cada
quatro horas se a meia vida for > 1h (cefazolina,
cefuroxima);
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