Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Questões Propostas
Empirismo
Paradigma que privilegia a experiência enquanto fonte do conhecimento.
Determinismo
Crença segundo a qual as relações de causa e efeito estão
subjacentes à inteligibilidade dos fenómenos.
• Kant
• Descartes
• Freud
• Pavlov
▪ De um modo geral, a maioria dos autores em psicologia atribui a origem das posições
empiristas a:
• John Watson
• Wilhelm Wundt
• John Locke
• F. Skinner
Influência da Física sobre a
Psicologia. O Caso...
Influência da Física sobre a Psicologia. O Caso de Gustav Fechner (1801-1887)
Fechner queria saber qual dos pesos de um quarto de quilo seria visto como mais
pesado. Curiosamente, embora ambos pesem a mesma quantidade, o peso de um quarto de
libra na sua mão direita será mais visível do que o peso de um quarto de quilo adicionado à sua
mão esquerda, quase como se fosse mais pesado.
Através de experiências como estas, Fechner demonstrou princípios básicos de como os
mundos físico e mental interagem. Na verdade, ele desenvolveu uma equação para precisamente
calcular a mudança percebida no peso, e depois aplicou esta fórmula às mudanças verificadas no
brilho, ruído e outras experiência (Krause et al., 2012).
Leituras recomendadas (Influência da
Física sobre a Psicologia)
(Fechner, 1860/1948)
• Da relação entre o mundo físico e as representações verbais que sobre este a mente
humana constrói.
• Da relação entre o mundo mental e as representações verbais que sobre este a mente
humana constrói.
• Da relação entre o mundo físico e as representações mentais que sobre este a mente
humana constrói.
A teoria da selecção natural, de Darwin, confirma antes e passa a prever, depois, que
As espécies são diferentes, diversas, porque diferentes ambientes exigem diferentes tipos de
adaptação recorrendo a luta pela sobrevivência a diferentes características genéticas. A diversidade
das espécies e, subentenda-se, dos comportamentos que lhes são característicos, é formada pelas
exigências da selecção natural.
A análise da agressividade enquanto traço comportamental regulado pela selecção
natural mostra, segundo Darwin, que mesmo este comportamento foi moldado pela selecção
natural de modo a ser aplicado ao meio ambiente numa distribuição optimal: um comportamento
demasiado agressivo pode levar à morte precoce do membro de determinada espécie, numa luta inútil,
e um comportamento pouco agressivo pode igualmente provocar uma morte antecipada devido à
ausência de capacidades defensivas. Quer num, quer noutro caso, os membros da espécie que
apresentem este comportamento são eliminados e não permitem a transmissão de caracteres à
descendência tornando, ao longo das gerações, as espécies em questão mais ou menos agressivas.
A etologia e os estudos de psicologia animal foram, posteriormente, inspirados e
revolucionados pelas investigações de Darwin (ver ver Pereira, 1975, p. 3131).
Darwin (1859/2005) já tinha explicitamente previsto a importância das suas ideias
para a psicologia quando, na Origem das Espécies, declarou com clareza que “A Psicologia
basear-se-á numa nova ideia — a aquisição necessariamente gradual de cada faculdade e
capacidade mental1 — que lançará uma nova luz sobre a origem do homem e a sua história”
(Darwin, 1859/2005). No último capítulo d’A Origem das Espécies, Darwin (1859/2005) reforça
esta ideia comentando resumidamente um autor, Herbert Spencer (1852/1907), que tentava
precisamente na sua época fazer a transição das ideias evolucionistas para o domínio das ciências
sociais, particularmente, da psicologia e da sociologia. Spencer (1852/1907) referiu a forte
possibilidade da evolução das espécies ao longo do tempo em função da necessária adaptação que
teriam que fazer ao meio ambiente em que se inseriam e aduzia a isto a observação de que se foi
1 Itálico nosso.
possível modificar espécies domésticas em intervalos de tempo relativamente curtos, muito mais
provável seria terem-se modificado as espécies naturais uma vez que no caso destas os
intervalos de tempo que lhes assistiram foram bastante mais prolongados.
É de notar, entretanto, que a perspectiva darwinista em psicologia, tal como se
depreende das próprias palavras de Darwin (1859/2005) mais acima reproduzidas, vai chocar de
frente com a perspectiva idealista que prevalecia sobretudo na corrente do idealismo alemão do
século XVIII e que atribuía às faculdades psicológicas da percepção, entendimento, raciocínio,
atenção, memória, entre outras, um estatuto ontológico a priori, isto é, dadas de antemão
anteriormente a toda a experiência tida pelos organismos, nomeadamente, os humanos. As
faculdades psicológicas eram consideradas expressões da própria alma humana não estando,
portanto, sujeitas a qualquer tipo de evolução ao longo do tempo.
Leituras Recomendadas (Influências
da Teoria Evolucionista)
Leituras Recomendadas
(Darwin, 1859/2005, 1859/2007, 1872/1955)
Darwin, C. (1859/2005). A Origem das Espécies (D. Batista, Trans.). Lisboa: Europa-América.
Darwin, C. (1872/1955). The Expression of the Emotions in Man and Animals. New York:
Philosophical Library.
Darwin, C. (1859/2007). Sobre a Selecção Natural. Almargem do Bispo: Coisas de Ler Edições, Lda.
Influências da Medicina
A Psicologia Clínica
A Psicologia Clínica
2 “I have recently proposed the word orthogenics as the name for that branch of science which investigates
retardation and deviation and the methods of restoring to normal condition those who are found for one reason
or another to be retarded or deviate” (Witmer, 1909a)
Traduçao livre: “Propus recentemente o termo ortogénico como nome para o ramo da ciência que investiga o
retardamento [mental, acrescentado nosso] e o desvio e os métodos para restaurar à condição normal aqueles
que, por uma razão ou outra, são considerados retardados ou desviados (Witmer, 1909a)
3 “The characteristic features of the clinical method in psychology are.: 1. Its concern for the individual, which
makes it in effect an individual psychology ; and 2. The application of remedial or orthogenic treatment to
individual cases of retardation or deviation, and even to the hypothetically normal child” (Witmer, 1909a)
Tradução livre: “As características do método clínico em psicologia são: 1. a sua preocupação com o indivíduo,
o que o torna de facto uma psicologia individual; e 2. a aplicação de tratamento curativo ou ortogénico a casos
individuais de atraso ou desvio, e mesmo à criança hipoteticamente normal” (Witmer, 1909a)
Leituras Recomendadas (A Psicologia
Clínica)
(Carreteiro, 2014; Plante, 2005; Pomerantz, 2011; Rotter, 1967; Routh, 1994; Witmer, 1907)
Pomerantz, A. M. (2011). Clinical Psychology. Science, practice, and culture. Thousand Oaks /
London: Sage Publications, Inc.
Routh, D. K. (1994). Clinical Psychology Since 1917: Science, Practice, and Organization. New
York: Springer Science+Business Media, LLC.
Gall, F. J. (1822). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur l'organe
des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur la pluralité des organes
cérébraux (Vol. TOME SECOND). Paris: Boucher Éditeur.
Gall, F. J. (1822). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur l'origine
des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur les conditions de leur
manifestation. (Vol. TOME PREMIER). Paris: Boucher Éditeur.
Questões Propostas
Questões Propostas
O Estudo das Funções Cerebrais
através do Análise das Lesões
Cerebrais
O Estudo das Funções Cerebrais através do Análise das Lesões Cerebrais
Paul Broca (1824-1880) começou por revelar uma análise levada a cabo num paciente
de nome Tan, uma vez ter sido este o único nome que conseguia pronunciar, apesar de ouvir e
perceber perfeitamente tudo o que era dito. A área cerebral lesada que impedia o discurso falado ficou
conhecida por área de Broca.
A área de Broca fica no lobo frontal do cérebro, conforme imagem abaixo reproduzida,
e é responsável pela produção da fala.
Mais tarde, e por influência de Broca, Karl Wernicke (1848-1905) identifica, em 1874,
aquela que passou a ser conhecida por área de Wernicke. Pacientes com lesões nesta área conseguiam,
segundo Wernicke, falar: a compreensão da linguagem passaria, portanto, pela área de Wernicke
(Krause et al., 2012).
A área de Wernicke (Krebs, Weinberg, & Akesson, 2013) fica situada no lobo temporal
superior, conforme imagem abaixo reproduzida, e está ligada à área de Broca pelo fascículo arqueado.
Leituras Recomendadas (O Estudo
das Funções Cerebrais através do
Análise das Lesões Cerebrais)
Leituras para Consulta
Para consulta de trechos em português, dos escritos de Broca, ver Goodwin (2005, pp.
96-9996-9999):
Goodwin, C. J. (2005). História da Psicologia Moderna (2 ed.). São Paulo: Editora Cultrix.
Hergenhahn, B. R., & Henley, T. B. (2018). Introduction to the History of Psychology (8 ed.):
Wadsworth Publishing Co.
Questões Propostas
Questões Propostas
Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão
e a Medicina Psicossomática
Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão e a Medicina Psicossomática
(Zweig, 1949)
Zweig, S. (1949). A Cura pelo Espírito - Mesmer, Mary Baker-Eddy, Freud. Porto: Livraria
Civilização.
Questões Propostas
Questões Propostas
A Psicanálise, de Freud
A Psicanálise, de Freud
A hipnose e a exploração da sua utilidade médica foi notada também por S. Freud
(1856-1939) que começou por aplicá-la a casos de histeria e paralisia histérica. Apesar da ausência de
danos neurológicos, este tipo de perturbação não respondia às terapêuticas, nem estava ao alcance das
explicações científicas disponíveis na medicina da época.
Após ter começado por usar e, posteriormente, ter acabado por abandonar a hipnose,
Freud acabou por criar uma nova área, denominada por psicanálise, que procurava explicar o
comportamento e a formação da personalidade através de processos inconscientes.
A influência da psicanálise de Freud, e desde Freud, acabou por fazer-se sentir em
algumas áreas da psicologia dita científica. A admissão do papel do inconsciente no psiquismo
humano e as teorizações à volta do mesmo devem o impeto que lhes foi imposto à obra de Freud,
embora grande parte dos modernos teóricos discorde de muitas das posições do autor alemão. Alguns
dos modelos médicos que abordam a complexidade relativa às emoções, pensamento, comportamento
e suas intrincadas relações foram em alguma medida influenciados por Freud. O pensamento
evolucionista foi, também, previsto e aplicado às teorizações psicanalíticas, por Freud, não
esquecendo a importância da sobrevivência e reprodução da espécie humana e da influência que estas
dimensões determinam ao nível do comportamento dos indivíduos. A importância da infância na
determinação de muitos dos processos traumáticos na vida do ser humano e na determinação das suas
vivências ao longo dos ciclos de vida foi marcante nos estudos sobre psicologia infantil e na
psicologia do desenvolvimento (Krause et al., 2012).
Leituras Recomendadas (A
Psicanálise, de Freud)
Freud, S. (1905/1996). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In S. Freud (Ed.), Um Caso de
Histeria, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade e Outros Trabalhos (1901-1905) (Vol.
S. E. VII). Rio de Janeiro: Imago Editora.
Freud, S. (1923/1996). Uma Breve Descrição da Psicanálise, 1924 (1923). In S. Freud (Ed.), O Ego e
o Id e outros Trabalhos (1923-1925), Vol XIX (Vol. XIX, pp. 213-235). Rio de Janeiro:
Imago Editora.
Questões Propostas
Questões Propostas
Influência das Ciências Sociais sobre
a...
Influência das Ciências Sociais sobre a Psicologia
A importação progressiva de métodos e técnicas estatísticas para alguns dos campos das
ciências sociais tornou-se exemplo a seguir em psicologia. Galton (1822-1911), em contexto inglês,
começou por dar o pontapé de saída. Crente na transmissão hereditária das capacidades mentais entre
gerações, nomeadamente no que diz respeito à inteligência, moralidade e capacidade de obter sucesso
na vida, Galton aplicou alguns destes métodos na demonstração das suas crenças. Afinal, pais e
parentes inteligentes e bem sucedidos tinham, argumentava Galton, filhos e descendentes
tendencialmente com as mesmas qualidades. Os métodos estatísticos aplicados a questionários feitos a
famílias, seus descendentes e respectivos sucessos por estes conseguidos constituíram uma das
primeiras contribuições para a discussão da relação e do peso ponderado no contexto da dicotomia
«natureza versus ambiente» (nature versus nurture) na formação das capacidades, comportamento e
processos mentais dos indivíduos. As suas análises acabaram, no entanto, por deixar sem resposta o
facto de alguns dos indivíduos com capacidades extraordinárias não terem necessariamente
ascendentes com as mesmas aptidões e por privilegiar demasiado o peso da hereditariedade sobre o
ambiente (educação, tradições familiares) na formação das capacidades mentais, comportamento e
moralidade dos indivíduos. Galton promoveu, no contexto das suas crenças, a inspiração para a
formação posterior de teorizações de natureza eugénica (eugenia, literalmente significando «bons
genes»). E, neste sentido, defendeu a criação de programas sociais que promovessem a procriação
entre indivíduos talentosos e considerados inteligentes em detrimento de indivíduos considerados
criminosos ou deficientes quer física, quer mentalmente. Os eugenistas acabaram, no fim de contas,
por promover teses que suportassem as suas crenças distorcidas e não teses, por mais científicas que
fossem, que as refutassem (Krause et al., 2012).
Figura - Instrumentos do Laboratório Antropométrico, de Galton,
tal como expostos na exibição internacional sobre saúde, Londres, 1885
Leituras Recomendadas (Influência
das Ciências Sociais)
(Galton, 1869/1925, 1869/1948, 1883/1948, 1888/1948, 1889)
Galton, F. (1869/1925). Hereditary Genius. An inquiry into its laws and consequences. London:
Macmillan & Co., Limited.
Galton, F. (1869/1948). Classification of men according to their natural gifts. In W. Dennis (Ed.),
Readings in the History of Psychology (pp. 231-247). New York: Appleton-Century-Croft,
Inc.
Galton, F. (1883/1948). Inquiries into human faculty and its development. In W. Dennis (Ed.),
Readings in the History of Psychology (pp. 277-289). New York: Appleton-Century-Croft,
Inc.
Galton, F. (1888/1948). Co-relations and their measurement, chiefly from anthropometric data. In W.
Dennis (Ed.), Readings in the History of Psychology (pp. 336-346). New York: Appleton-
Century-Croft, Inc.
Galton, F. (1889). Natural Inheritance. London and New York: Macmillan and co.
Questões Propostas
Questões Propostas
Início da Psicologia enquanto Ciência
Autónoma
Início da Psicologia enquanto Ciência Autónoma
4 Ver Ver Wundt (1916) e os seus Elements of Folk Psychology. Outlines of a psychological history of the
development of mankind (E. L. Schaub., Trans.5. London 7 New York: George Allen & Unwin Ltd. / The
Macmillan Company, 1916 (Ed. Orig. 1912).
transmitia: como referem Krause et al. Krause et al. (2012), as sensações eram os «átomos» da
consciência que compunham as moléculas da experiência. O «tempo de reacção» constituiu outro
dos conceitos trabalhados e inovados por Wundt no contexto de experiências onde colocava duas
bolas metálicas direccionadas uma contra a outra de modo a produzir um som final de clique. Os
voluntários que participavam na experiência reagiam apenas 1/8 de segundo após a sonora colisão
mostrando assim que a actividade mental não era instantânea, requerendo em contrapartida uma
quantidade de esforço medida pelo intervalo de tempo durante o qual a reação do sujeito demorava a
ser construída. A relação estabelecida, de um modo sistemático, entre as experiências e as medições
feitas no seu decurso relativamente aos eventos mentais por elas afectados constituíram o cerne
propriamente dito da actividade de psicólogo experimental levada a cabo por Wundt (Krause et al.,
2012).
Titchener foi rígido na defesa da psicologia estrutural de Wundt. Mudou-se para a
Alemanha e aí desenvolveu a sua carreira universitária. Nunca trabalhou em psicologia aplicada, nem
diferencial, dedicando-se exclusivamente à análise experimental das faculdades da mente adulta
(Brennan, 2014; Titchener, 1908).
Enquanto corrente psicológica dominante nos primórdios da psicologia científica, o
estruturalismo visava sobretudo:
Krause et al. (2012) referem, de modo sintético e muito apelativo, que para os
estruturalistas como Titchener as sensações existiam em quantidade finita e a sua combinatória
gerava, afinal, as experiências mentais experimentadas pelo sujeito. Tal como a matéria entendida em
física e química era composta por átomos e moléculas, assim acontecia também com a consciência
formada por representações mentais das sensações que a compunham.
A consciência, segundo Brennan (2014), consistia, para os estruturalistas, na experiência
imediata, sendo esta última composta por aquilo que o sujeito experimentava. Afinal, a epistemologia
subjacente aos fundamentos estruturalistas ditava que se diferenciasse entre experiência imediata e
experiência mediata: a experiência imediata ao captar os elementos da realidade através das sensações
e percepções curto-circuitava o trajecto que a experiência mediata (indirecta) obrigava a fazer na
medida em que esta era afectada, enviesada, pelos conteúdos da mente compostos por associações
pré-existentes e estados emocionais e motivacionais inerentes ao sujeito que os experienciava. A
experiência imediata estava, assim, mais próxima da realidade tal como esta se apresentava ao sujeito,
sem influências de estados internos. O sujeito principal da psicologia estruturalista de Wundt e
Titchener, epistemologicamente entendido, era constituído pelo processo da consciência (Brennan,
2014).
O método para análise dos conteúdos mentais era a introspecção. No entanto, a
introspecção tal como entendida por Wundt e Titchener pouco tinha a ver com concepções metafísicas
ou existenciais como agora se poderia conjecturar. A introspecção enquanto método estava apenas ao
alcance de observadores treinados, seguindo instruções prévias. Tentava-se evitar o denominado “erro
de estímulo (stimulus error)” que consistia em descrever as características do objecto externo da
experiência em vez das sensações no processo da consciência causadas por este (Brennan, 2014).
O pensamento mais não era para Titchener do que um conjunto de sensações
cinestésicas e de imagens e a própria vontade seria composta por um conjunto de imagens que
guiavam previamente a acção. Presa entre o empirismo britânico e o idealismo alemão, a psicologia
estrutural de Titchener estava limitada a ter que confrontar-se com os elementos da sensação, por um
lado, e a fenomenologia da apercepção, ao nível da consciência, por outro. A conflitualidade entre
duas dimensões filosóficas, segundo Brennan (2014), não deixou espaço para a continuação da
psicologia estrutural, de Wundt e Titchener, ficando, não obstante, o método experimental e o
lançamento das bases da psicologia científica como principal legado dos autores.
O legado de Titchener foi, entretanto, recuperado e redescrito em termos mais
favoráveis. Beenfeldt (2013) relaciona a tradição empírica britânica e os seus principais teóricos com
a obra de Titchener e conclui pela importância da análise, em detrimento do tão propalado
introspeccionismo, que, juntamente com a corrente empírica fazem de Titchener, segundo Beenfeldt
(2013), e contrariamente ao que deixaram escrito os seus comentadores, um associacionista com valor
acrescentado na moderna psicologia.
Leituras Recomendadas (Psicologia
Estrutural / Estruturalismo, de
Wundt)
(Beenfeldt, 2013; Brennan, 2014)
Brennan, J. F. (2014). History and Systems of Psychology (6 ed.). England: Pearson Education
Limited.
Questões Propostas
Questões Propostas
Psicologia da Configuração ou da
Forma (Gestalt)....
Psicologia da Configuração ou da Forma (Gestalt). Crítica ao Estruturalismo de
Wundt eRETOMAR NA AULA DE 29 DE NOVEMBRO DE 2022 Titchener
A estrutura da figura:
A figura, em termos de estruturação psicológica, não é fixa. Pode mudar de perspectiva
consoante a parte a partir da qual é abordada (ver figura).
Figura - Figuras geométricas de relevo ambíguo. Conforme a aresta seja vista
como estando na frente ou atrás da figura, assim muda o seu aspecto
“1 — Proximidade.
2 — Similaridade.
3 — Destino comum — Se as coisas se movem conjuntamente, ao mesmo tempo e na mesma
direcção, agrupamo-las como uma unidade.
4—Atitude (Einstellung ou set) — Um observador que viu um conjunto de coisas de
determinada maneira tenderá a continuar a vê-las desse modo, até que haja mudanças tão grandes que
não se coadunem com o agrupamento original.
5 — Direcção — Se um padrão continua na mesma direcção que outro, os dois padrões serão
agrupados (como, por exemplo, quando duas linhas se intersectam para formar quatro segmentos).
6 — Encerramento — As coisas tendem a ser agrupadas conjuntamente, se isto produz uma
«boa» figura, fechada, estável, balançada e simétrica.
7 — Hábito. As coisas serão agrupadas, se é usual encontrá-las agrupadas” (Pereira, 1975).
Leituras Recomendadas (Psicologia
da Configuração ou da Forma)
(Mill, 1851)
Mill, J. S. (1851). Of the laws of mind. In J. S. Mill (Ed.), A System of Logic, Ratiocinative and
Inductive, Being a Connected View of the Principles of Evidence, and the Methods of
Scientific Investigation (3 ed., Vol. 1-2, pp. 826-836). London: John Parker, West Strand.
Questões Propostas
Questões Propostas
O Funcionalismo, de William James, e
os...
O Funcionalismo, de William James, e os «Princípios de Psicologia»
“Descrevamos uma das suas muitas experiências, decompondo-a nos seus passos
fundamentais:
1 - Deu a um cão um pedaço de carne, cujo contacto com as papilas gustativas provocou,
como é natural, uma resposta salivar. 2 - Apresentou ao mesmo cão outro pedaço de carne,
cuja visão bastou para que as glândulas salivares entrassem em actividade.
Repetiu várias vezes a experiência, mas complicando-a, fazendo com que, à vista da carne, o
cão ouvisse o som de uma campainha. Como resposta a esta nova situação, o cão continuava a
salivar. 3 - Por último tocou apenas a campainha, e o cão (que associara os estímulos carne e
som) respondeu salivando.
Que conclusão tiramos daqui?
Que o cão reagiu ao estímulo som com uma resposta que seria adequada ao excitante carne”
(Abrunhosa & Leitão, 1979).
1) Reforço
Acontece quando dois estímulos EI e EC são repetidos em simultâneo, associados um
ao outro, levando assim a uma resposta forte;
2) Extinção
Se não houver repetição, se apenas se passar a apresentar apenas o estímulo
condicionado (EC) sem associação com o incondicionado (EI), a resposta
condicionada entretanto aprendida desaparece, i.e., extingue-se;
3) Inibição Activa
A extinção não implica necessariamente o desaparecimento do reflexo condicionado.
Após a apresentação, repetida algumas vezes, do EC pode acontecer um
reaparecimento da resposta condicionada. Este fenómeno ficou conhecido por
remissão espontânea.
4) Generalização
Obtenção de uma resposta condicional (RC1), no seguimento de um estímulo
condicional (EC1), quando é apresentado outro estímulo condicional (E2) com a
mesma modalidade sensorial e de intensidade próxima de EC1.
Pavlov foi, deste modo, responsável pela chamada de atenção relativamente à importância dos
princípios da aprendizagem. Faltava agora saber até que ponto os mesmos poderiam ser aplicados e
desenvolvidos em contexto humano. Caberá a John Watson, para começar, tal passo.
Leituras Recomendadas
(Condicionamento Clássico, em
Pavlov)
(Ivan P. Pavlov, 1927; I. P. Pavlov, 1930; Ivan Petrovitch Pavlov, 1934/1979, 1979; J.
P. Pavlov, 1902)
Pavlov, I. P. (1930). A brief outline of the higher nervous activity (Chapter 11). In Aavv (Ed.),
Psychologies of 1930 (pp. 207-220). Worcester, MA: Clark University Press.
Pavlov, I. P. (1934/1979). O reflexo condicionado. In F. Fernandes (Ed.), Pavlov - psicologia (pp. 39-
61). São Paulo: Atica.
Pavlov, J. P. (1902). The Work of the Digestive Glands (W. H. Thompson, Trans.). London: Charles
Griffin & Company, Limited.
Questões Propostas
Questões Propostas
John B. Watson (1878-1958)
John B. Watson (1878-1958)
Foi Watson quem sustentou com firmeza a crença de que todo o comportamento poderia
ser condicionado. Sublinhou, ainda, enquanto premissa fundamental do comportamentalismo, que
apenas o comportamento observável seria eleito como objecto de estudo preferencial. Neste sentido, a
metodologia introspeccionista, de Wundt, seria afastada das investigações psicológicas.
Autores como O. P. Pereira (1975), entre outros, consideram o nascimento da psicologia
científica como plenamente conseguido, pela primeira vez, apenas com J. Watson. Teria sido a partir
do dos enunciados programáticos tal como explanados no artigo de Watson, de 1923, «Psychology as
the behaviorist views it» (James B. Watson, 1913) que tal ficaria plenamente definido. Os 5 pontos
abaixo reproduzidos constituem uma tradução de O. G. Pereira (1975) a partir de uma parte do
referido artigo de Watson:
Watson (1913) teria criado, a partir deste momento, uma psicologia científica, com um
novo objecto (previsão e controlo do comportamento), um novo método (método das ciências
naturais) e, no fim de contas, teria concebido epistemologicamente as bases de uma nova ciência
(Pereira, 1975).
Leituras Recomendadas (John B.
Watson [1878-1958])
(James B. Watson, 1913; John B. Watson, 1919)
Watson, J. B. (1913). Psychology as a behaviorist views it. Psychological Review, 20, 158–177.
Watson, J. B. (1919). Psychology from the Standpoint of a Behaviorist. Philadelphia and London: J.
B. Lippincott Company.
Questões Propostas
Questões Propostas
BIBLIOGRAPHIC REFERENCES
Abrunhosa, M. A., & Leitão, M. (1979). Introdução à Psicologia. Porto: Edições Asa.
Brennan, J. F. (2014). History and Systems of Psychology (6 ed.). England: Pearson Education
Limited
Darwin, C. (1859/2005). A Orígem das Espécies (D. Batista, Trans.). Lisboa: Europa-América.
Darwin, C. (1872/1955). The Expression of the Emotions in Man and Animals. New York:
Philosophical Library.
Freedheim, D. K., & Weiner, I. B. (Eds.). (2003). History of Psychology (Vol. 1). New Jersey:
John Wiley & Sons, Inc.
Freud, S. (1905/1996). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In S. Freud (Ed.), Um Caso
de Histeria, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade e Outros Trabalhos (1901-
1905) (Vol. S. E. VII). Rio de Janeiro: Imago Editora.
Freud, S. (1922/1996). Psicanálise - Dois Verbetes de Enciclopédia, "Psicanálise" e "Teoria da
Líbido", 1923 (1922). In S. Freud (Ed.), Além do Princípio do Prazer, Psicologia de
Grupo e outros Trabalhos (1925-1926) (Vol. S. E., 18, pp. 253-270). Rio de Janeiro:
Imago Editora.
Freud, S. (1923/1996). Uma Breve Descrição da Psicanálise, 1924 (1923). In S. Freud (Ed.), O
Ego e o Id e outros Trabalhos (1923-1925), Vol XIX (Vol. XIX, pp. 213-235). Rio de
Janeiro: Imago Editora.
Gall, F. J. (1822a). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur
l'organe des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur la
pluralité des organes cérébraux (Vol. TOME SECOND). Paris: Boucher Éditeur.
Gall, F. J. (1822b). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur
l'origine des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur les
conditions de leur manifestation. (Vol. TOME PREMIER). Paris: Boucher Éditeur.
Galton, F. (1869/1925). Hereditary Genius. An inquiry into its laws and consequences.
London: Macmillan & Co., Limited.
Galton, F. (1883/1948). Inquiries into human faculty and its development. In W. Dennis
(Ed.), Readings in the History of Psychology (pp. 277-289). New York: Appleton-
Century-Croft, Inc.
Galton, F. (1889). Natural Inheritance. London and New York: Macmillan and co.
Gleitman, H., Fridlund, A. J., & Reisberg, D. (1999/2009). Psicologia (8 ed.). Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian.
Goodwin, C. J. (2005). História da Psicologia Moderna (2 ed.). São Paulo: Editora Cultrix.
Hergenhahn, B. R., & Henley, T. B. (2018). Introduction to the History of Psychology (8 ed.):
Wadsworth Publishing Co.
Kohler, W. (1947/1992). Gestalt Psychology - The definitive statement of the gestalt theory.
New York and London: Liveright Publishing Corporation.
Krause, M., Smith, S., Corts, D., & Dolderman, D. (2012). An Introduction to Psychological
Science. Canada: Pearson Canada Inc.
Krebs, C., Weinberg, J., & Akesson, E. (2013). Neurociências Ilustrada. Artemed Editora, S.A.:
Porto Alegre.
McReynolds, P. (1997). Lightner Witmer - His life and times. Washington: American
Pschological Association.
Mill, J. S. (1851). Of the laws of mind. In J. S. Mill (Ed.), A System of Logic, Ratiocinative and
Inductive, Being a Connected View of the Principles of Evidence, and the Methods of
Scientific Investigation (3 ed., Vol. 1-2, pp. 826-836). London: John Parker, West
Strand.
Miller, B., & Gentile, B. (1998). Introductory course content and goals. Teaching of
Psychology, 25, 89–96.
Neisser, U. (1967). Cognitive Psychology. New York and London: Psychology Press / Taylor &
Francis Group.
Nolen-Hoeksema, S., Fredrickson, B. L., Loftus, G., & Wagenaar, W. A. (Eds.). (2009).
Atkinson & Hilgard's Introduction to Psychology (15 ed.). Sidney, Australia:
Wadsworth, Cengage Learning.
Pavlov, I. P. (1930). A brief outline of the higher nervous activity (Chapter 11). In Aavv (Ed.),
Psychologies of 1930 (pp. 207-220). Worcester, MA: Clark University Press.
Pavlov, J. P. (1902). The Work of the Digestive Glands (W. H. Thompson, Trans.). London:
Charles Griffin & Company, Limited.
Pomerantz, A. M. (2011). Clinical Psychology. Science, practice, and culture. Thousand Oaks /
London: Sage Publications, Inc.
Rotter, J. B. (1967). Psicologia Clínica. RJ: Zahar Editores.
Routh, D. K. (1994). Clinical Psychology Since 1917: Science, Practice, and Organization. New
York: Springer Science+Business Media, LLC.
Titchener, E. B. (1908). Lectures on the Elementary Psychology of Feeling and Attention. New
York: The MacMillan Company.
Watson, J. B. (1913). Psychology as a behaviorist views it. Psychological Review, 20, 158–
177.
Witmer, l. (1902). Analytical Psychology - A practical manual for colleges and normal schools
presenting the facts and principles of mental analysis. Boston / New York: Ginn and
Company.
Witmer, L. (1909a). The study and treatment of retardation: A field of applied psychology.
The Psychological Bulletin, VI (4), 121-126.
Witmer, L. (Ed.) (1909b). The Psychological Clinic - A Journal of Orthogenic for the Normal
Development of Every Child (Psychology Hygiene Education) (Vol. III, nr. 1).
Philadelphia, Pa: The Psychological Clinic Press.
Witmer, L. (Ed.) (1912-13). The Psychological Clinic - A Journal of Orthogenic for the Normal
Development of Every Child (Psychology Hygiene Education) (Vol. VI). Philadelphia,
Pa: The Psychological Clinic Press.
Witmer, L. (Ed.) (1914-15). The Psychological Clinic - A Journal of Orthogenic for the Normal
Development of Every Child (Psychology Hygiene Education) (Vol. VIII). Philadelphia,
Pa: The Psychological Clinic Press.
Witmer, L. (Ed.) (1916-17). The Psychological Clinic - A Journal of Orthogenic for the Normal
Development of Every Child (Psychology Hygiene Education). Philadelphia, Pa: The
Psychological Clinic Press.
Wundt, W. (1916). Elements of Folk Psychology. Outlines of a psychological history of the
development of mankind (E. L. Schaub, Trans.). London / New York: George Allen &
unwin Ltd. / The Macmillan Company.
Zweig, S. (1949). A Cura pelo Espírito - Mesmer, Mary Baker-Eddy, Freud. Porto: Livraria
Civilização.