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ÍNDICE

1. Manual de Psicologia Geral, 1.º ano, Lic (Draft)


a. O Ensino da Introdução à Psicologia Geral
i. Questões Propostas
b. 1. INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS, MÉTODOS
i. 1.1 Percurso Histórico da Psicologia enquanto ciência
ii. 1.2 Definição, o objecto e os objectivos da Psicologia
iii. 1.3 A investigação científica
iv. 1.4 A Psicologia moderna
v. 1.5 Aplicações da Psicologia como Ciência
vi. 1.6 O papel do Psicólogo na sociedade
c. Primeiras Incursões da Ciência na Psicologia ─...
i. Questões Propostas
d. Influência da Física sobre a Psicologia. O Caso...
i. Leituras recomendadas (Influência da Física sobre a Psicologia)
ii. Questões Propostas
e. Influências da Teoria Evolucionista, de Charles...
i. Leituras Recomendadas (Influências da Teoria Evolucionista)
ii. Questões Propostas
f. Influências da Medicina
i. A Psicologia Clínica
1. Leituras Recomendadas (A Psicologia Clínica)
2. Questões Propostas
ii. A Frenologia e a Localização das Funções Cerebrais
1. Leituras Recomendadas (A Frenologia e a Localização das Funções
Cerebrais)
2. Questões Propostas
iii. O Estudo das Funções Cerebrais através do Análise das Lesões Cerebrais
1. Leituras Recomendadas (O Estudo das Funções Cerebrais através do
Análise das Lesões Cerebrais)
2. Questões Propostas
iv. Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão e a Medicina Psicossomática
1. Leituras Recomendadas (Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão e a
Medicina Psicossomática)
a. Questões Propostas
v. A Psicanálise, de Freud
1. Leituras Recomendadas (A Psicanálise, de Freud)
2. Questões Propostas
g. Influência das Ciências Sociais sobre a...
1. Leituras Recomendadas (Influência das Ciências Sociais)
a. Questões Propostas
h. Início da Psicologia enquanto Ciência Autónoma
i. Psicologia Estrutural / Estruturalismo, de Wundt...
1. Leituras Recomendadas (Psicologia Estrutural / Estruturalismo, de
Wundt)
a. Questões Propostas
i. Psicologia da Configuração ou da Forma (Gestalt)....
1. Leituras Recomendadas (Psicologia da Configuração ou da Forma)
a. Questões Propostas
j. O Funcionalismo, de William James, e os...
1. Leituras Recomendadas (O Funcionalismo, de William James)
a. Questões Propostas
k. O Comportamentalismo / Behaviorismo
i. Condicionamento Clássico, em Pavlov
1. Leituras Recomendadas (Condicionamento Clássico, em Pavlov)
2. Questões Propostas
ii. John B. Watson (1878-1958)
1. Leituras Recomendadas (John B. Watson [1878-1958])

Questões Propostas

O Ensino da Introdução à Psicologia


Geral
Introdução à Psicologia Geral: Que Conteúdos?
O presente manual, dinâmico porque sempre em constante actualização, tem por objectivo dar
assistência aos alunos de psicologia geral do 1.º ano da licenciatura de psicologia.
Importa perceber que a problemática da psicologia geral, no presente contexto académico, prende-
se directamente com a problemática de como ensinar introdução à psicologia a quem frequenta pela
primeira vez esta unidade curricular no âmbito de um curso superior de psicologia.
O ensino da introdução à psicologia, enquanto especialidade profissional, nasceu pela primeira
vez com o Comité de Métodos sobre o Ensino da Psicologia, pertencente à APA (Associação
Americana de Psicologia), quando esta Associação decidiu investigar, em 1908, o primeiro curso de
psicologia (Lucas, 2008). O relatório saído desta investigação concluiu desde logo pela necessidade
de focar o ensino da psicologia enquanto ciência e não enquanto filosofia, devendo o seu ensino dar
alguma atenção a cada um dos vários aspectos da jovem ciência e mais profundidade a alguns poucos
de entre estes (Lucas, 2008). As dificuldades de decisão sobre a a cobertura a dar relativa aos
diferentes domínios da psicologia, em termos de extensão e profundidade dedicadas a cada um deles,
continuam a colocar-se desde 1908 até aos dias de hoje: que conteúdo cobrir, que quantidade analisar
sobre cada conteúdo, como ensinar, quem deve ensinar e qual o papel a esperar dos estudantes no seio
deste processo, todas questões prementes e urgentes que se colocam desde então (Lucas, 2008).
A última década do século passado mostrou, segundo Lucas (2008), baseada numa investigação
de Weiten & Wight (1992), que os tópicos administrados pelos docentes de psicologia focaram-se, em
geral, numa tendência decrescente relativa às temáticas da sensação / percepção, linguagem /
pensamento e motivação / emoção. Em contrapartida, os temas relativos à história da psicologia,
metodologia, material introdutório, fundamentos biológicos, aprendizagem, memória e personalidade
terão recebido uma atenção constante e os temas relativos ao desenvolvimento, à psicologia dos testes
e da inteligência, à psicopatologia e psicoterapias e à psicologia social parecem ter sofrido uma
crescente importância.
A comparação entre diferentes manuais de ensino terá mostrado, também em contexto anglo-
saxónico, segundo Lucas (2008), apoiada num estudo de Miller & Gentile (1998), que estes se
repetem entre si reproduzindo um núcleo duro de temas que até agora se mantém: história e
aproximações paradigmáticas à psicologia, métodos de pesquisa, estatística elementar,
desenvolvimento, biopsicologia, sensação, percepção, consciência, aprendizagem, memória, cognição
e aprendizagem, inteligência ou capacidades cognitivas, motivação e emoção, stress, saúde e coping,
personalidade, desordens psicológicas (psicopatologia), tratamento das desordens psicológicas
(psicoterapias) e psicologia social.

Introdução à Psicologia Geral: Que Ordem de Conteúdos?


A ordem dos conteúdos aqui seguida estará sempre sujeita a revisão em função da resposta dos
alunos e do maior ou menor sentido que produza no docente. A linha orientadora será sempre a de
tentar devolver uma imagem da psicologia enquanto unidade em desenvolvimento evitando, pelo
caminho, a instalação de uma sensação de fragmentação caracterizada pela multiplicidade de tópicos
eventualmente ou mais ou menos desconexos.
Questões Propostas
Questões Propostas
1. INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA:
DEFINIÇÃO, OBJETIVOS, MÉTODOS
MÓDULO 1 – A PSICOLOGIA ENTRE A FILOSOFIA E A CIÊNCIA: PRIMEIRAS
IDEALIZAÇÕES DE UMA PSICOLOGIA CIENTÍFICA
1.1 Percurso Histórico da Psicologia
enquanto ciência
1.2 Definição, o objecto e os
objectivos da Psicologia
1.3 A investigação científica
1.4 A Psicologia moderna
1.5 Aplicações da Psicologia como
Ciência
1.6 O papel do Psicólogo na sociedade
Primeiras Incursões da Ciência na
Psicologia ─...
Primeiras Incursões da Ciência na Psicologia ─ Desde uma Psicologia Progressivamente menos
Filosófica até uma Psicologia Progressivamente mais Científica

A psicologia científica é herdeira de um longo trajecto que testemunhou problemáticas


complexas vindas desde a antiga Grécia até ao presente. A natureza do pensamento e da consciência,
a existência ou não do livre-arbítrio da acção humana continuam a povoar o debate psicológico e
filosófico (Nolen-Hoeksema, Fredrickson, Loftus, & Wagenaar, 2009). Estas questões tiveram,
sobretudo, a capacidade de não apenas determinar certas concepções paradigmáticas nas ciências
psicológicas, e referimo-nos neste caso ao desenvolvimento do paradigma cognitivista explicitamente
denominado desde 1967 por Neisser (1967), como também de receber deste (e de outros paradigmas
psicológicos) algumas formulações que ajudaram a balizar em termos de evidência científica uma
problemática eminentemente de natureza filosófica.
Não obstante, o dualismo que começou por caracterizar a discussão psicológica e
epistemológica desde finais do século XIX ficou conhecido por debate natureza-ambiente (nature-
nurture debate). Neste âmbito, o fulcro das investigações tem incidido desde então sobre até que
ponto as capacidades de o ser humano relacionar-se com o mundo se devem sobretudo a
determinações inatas ou adquiridas. Embora com raízes muito profundas desde a filosofia grega, a
maioria dos autores de obras de psicologia da actualidade (Gleitman, Fridlund, & Reisberg,
1999/2009; Krause, Smith, Corts, & Dolderman, 2012; Nolen-Hoeksema et al., 2009) não recua a
mais do que a Descartes (1596-1650), desde o século XVII, na caracterização da concepção inatista
que depois deste terá transitado para a ciência, desde a revolução científica até aos dias de hoje.
Nolen-Hoeksema et al. (2009), à imagem do que fazem outros autores, atribuem à filosofia cartesiana
a conceptualização mais convincente que terá levado à aceitação da existência de ideias inatas ao
espírito humano, isto é, de ideias que fundamentam todas as outras ideias que delas possam advir e
que o espírito humano pode conter, mas que existem antes (são ideias a priori) da experiência, antes
do mundo sensível e independentes destes, nomeadamente, teorização defendida pelo filósofo francês
em obras como O Discurso do Método (Descartes, 1637/1978) e Princípios da Filosofia (Descartes,
1644/1989). Em contrapartida, o outro lado do referido debate, o lado que privilegia o papel do
ambiente, defendeu e continua a defender que é a experiência que tem prevalência, na aquisição do
conhecimento pelo sujeito humano, sobre eventuais estruturas inatas e a generalidade dos autores
aponta John Locke (1632-1704) como o primeiro a definir os pressupostos desta corrente dita
empirista desde a publicação do seu Ensaio sobre o Entendimento Humano (Locke, 1689/1998). Este
é o paradigma que, segundo autores como Nolen-Hoeksema et al. (2009), mais terá influenciado o
aparecimento, já no século XIX, do associacionismo enquanto corrente psicológica fortemente
empirista e que assistiu ao nascimento e aos primeiros desenvolvimentos da psicologia científica,
desde a criação do primeiro laboratório de psicologia experimental, por Wundt, em Leipzig,
Alemanha, 1879, dedicado à análise das faculdades da sensação e da percepção.

Empirismo
Paradigma que privilegia a experiência enquanto fonte do conhecimento.

Determinismo
Crença segundo a qual as relações de causa e efeito estão
subjacentes à inteligibilidade dos fenómenos.

Psicologia enquanto ciência


A psicologia enquanto ciência é, simultaneamente, empirista e
determinista.

É apenas a partir da 2ª metade do século XIX que a psicologia ensaia os primeiros


passos na qualidade de ciência. O Zeitgeist, o espírito do tempo, promove determinadas concepções
que só nesta época permitem dar novos passos, entre estas a ideia de que (Krause et al., 2012):

2. A ciência, nestes moldes, podia ser aplicada ao pensamento e comportamento


humanos;
3. O materialismo, enquanto paradigma filosófico e científico, previa a composição
dos seres humanos e de todos os seres vivos exclusivamente por matéria física.
Questões Propostas
Questões Propostas

▪ O dualismo que começou por caracterizar a discussão psicológica e epistemológica


desde finais do século XIX ficou conhecido por:

• Debate natureza / ambiente (Nature versus Nurture)


• Debate psicologia versus epistemologia
• Debate ciência versus religião
• Debate psicologia versus sociologia

▪ O debate entre o papel do inato e do adquirido, em psicologia, provém das teorizações


de duas grandes correntes teóricas prévias que davam pelo nome de:

• Racionalismo (privilégio do adquirido) e empirismo (privilégio do inato)


• Associacionismo e Racionalismo
• Empirismo e Associacionismo
• Racionalismo (privilégio do inato) e empirismo (privilégio do adquirido)

▪ A maioria dos autores em psicologia atribui a origem das posições inatistas a:

• Kant
• Descartes
• Freud
• Pavlov

▪ De um modo geral, a maioria dos autores em psicologia atribui a origem das posições
empiristas a:

• John Watson
• Wilhelm Wundt
• John Locke
• F. Skinner
Influência da Física sobre a
Psicologia. O Caso...
Influência da Física sobre a Psicologia. O Caso de Gustav Fechner (1801-1887)

Fechner (1860/1948) debruçou-se sobre a sensação e a percepção enquanto faculdades


psicológicas. A questão essencial que o motivou foi a da interacção entre os mundos físico e
psicológico. Com Fechner nasceu a psicofísica que se ocupa da relação entre o mundo físico e as
representações mentais que sobre este a mente humana constrói. Krause et al. (2012) mostraram
com bastante clareza a essência do trabalho de Fechner:

“Como exemplo de pesquisa psicofísica, imagine que está a


segurar um peso de 1 libra (0,45 kg) na mão direita e um peso de 2,27 kg na mão
esquerda. Obviamente, a sua mão esquerda vai sentir o peso mais pesado, mas não
foi isso o que interessou Fechner. E se um investigador colocar um peso de 113 g
em cada mão, apoiando-o em cima do peso que já existe?
Figura 1 - Gustav Fechner estudou as
relações entre o mundo físico e as
representações mentais que deste fazemos.
Por exemplo, testou como as pessoas
detectam mudanças nos estímulos físicos (In
Krause et al. (2012).

Fechner queria saber qual dos pesos de um quarto de quilo seria visto como mais
pesado. Curiosamente, embora ambos pesem a mesma quantidade, o peso de um quarto de
libra na sua mão direita será mais visível do que o peso de um quarto de quilo adicionado à sua
mão esquerda, quase como se fosse mais pesado.
Através de experiências como estas, Fechner demonstrou princípios básicos de como os
mundos físico e mental interagem. Na verdade, ele desenvolveu uma equação para precisamente
calcular a mudança percebida no peso, e depois aplicou esta fórmula às mudanças verificadas no
brilho, ruído e outras experiência (Krause et al., 2012).
Leituras recomendadas (Influência da
Física sobre a Psicologia)
(Fechner, 1860/1948)

Fechner, G. T. (1860/1948). Elements of Psychophysics. In W. Dennis (Ed.), Readings in the History


of Psychology (pp. 206-213). New York: Appleton-Century-Croft, Inc.
Questões Propostas
Questões Propostas

▪ Conforme estabelecida por Fechner, a psicofísica ocupa-se:

• Da relação entre o mundo físico e as representações verbais que sobre este a mente
humana constrói.

• Da relação entre o mundo mental e as representações verbais que sobre este a mente
humana constrói.

• Da relação entre o mundo físico e as representações mentais que sobre este a mente
humana constrói.

• Da relação entre o mundo físico e as representações psicossociais que sobre este a


mente humana constrói.
Influências da Teoria Evolucionista,
de Charles...
Influências da Teoria Evolucionista, de Charles Darwin (1809-1882), sobre a Psicologia

A teoria da selecção natural, de Darwin, confirma antes e passa a prever, depois, que
As espécies são diferentes, diversas, porque diferentes ambientes exigem diferentes tipos de
adaptação recorrendo a luta pela sobrevivência a diferentes características genéticas. A diversidade
das espécies e, subentenda-se, dos comportamentos que lhes são característicos, é formada pelas
exigências da selecção natural.
A análise da agressividade enquanto traço comportamental regulado pela selecção
natural mostra, segundo Darwin, que mesmo este comportamento foi moldado pela selecção
natural de modo a ser aplicado ao meio ambiente numa distribuição optimal: um comportamento
demasiado agressivo pode levar à morte precoce do membro de determinada espécie, numa luta inútil,
e um comportamento pouco agressivo pode igualmente provocar uma morte antecipada devido à
ausência de capacidades defensivas. Quer num, quer noutro caso, os membros da espécie que
apresentem este comportamento são eliminados e não permitem a transmissão de caracteres à
descendência tornando, ao longo das gerações, as espécies em questão mais ou menos agressivas.
A etologia e os estudos de psicologia animal foram, posteriormente, inspirados e
revolucionados pelas investigações de Darwin (ver ver Pereira, 1975, p. 3131).
Darwin (1859/2005) já tinha explicitamente previsto a importância das suas ideias
para a psicologia quando, na Origem das Espécies, declarou com clareza que “A Psicologia
basear-se-á numa nova ideia — a aquisição necessariamente gradual de cada faculdade e
capacidade mental1 — que lançará uma nova luz sobre a origem do homem e a sua história”
(Darwin, 1859/2005). No último capítulo d’A Origem das Espécies, Darwin (1859/2005) reforça
esta ideia comentando resumidamente um autor, Herbert Spencer (1852/1907), que tentava
precisamente na sua época fazer a transição das ideias evolucionistas para o domínio das ciências
sociais, particularmente, da psicologia e da sociologia. Spencer (1852/1907) referiu a forte
possibilidade da evolução das espécies ao longo do tempo em função da necessária adaptação que
teriam que fazer ao meio ambiente em que se inseriam e aduzia a isto a observação de que se foi

1 Itálico nosso.
possível modificar espécies domésticas em intervalos de tempo relativamente curtos, muito mais
provável seria terem-se modificado as espécies naturais uma vez que no caso destas os
intervalos de tempo que lhes assistiram foram bastante mais prolongados.
É de notar, entretanto, que a perspectiva darwinista em psicologia, tal como se
depreende das próprias palavras de Darwin (1859/2005) mais acima reproduzidas, vai chocar de
frente com a perspectiva idealista que prevalecia sobretudo na corrente do idealismo alemão do
século XVIII e que atribuía às faculdades psicológicas da percepção, entendimento, raciocínio,
atenção, memória, entre outras, um estatuto ontológico a priori, isto é, dadas de antemão
anteriormente a toda a experiência tida pelos organismos, nomeadamente, os humanos. As
faculdades psicológicas eram consideradas expressões da própria alma humana não estando,
portanto, sujeitas a qualquer tipo de evolução ao longo do tempo.
Leituras Recomendadas (Influências
da Teoria Evolucionista)
Leituras Recomendadas
(Darwin, 1859/2005, 1859/2007, 1872/1955)

Darwin, C. (1859/2005). A Origem das Espécies (D. Batista, Trans.). Lisboa: Europa-América.

Darwin, C. (1872/1955). The Expression of the Emotions in Man and Animals. New York:
Philosophical Library.

Darwin, C. (1859/2007). Sobre a Selecção Natural. Almargem do Bispo: Coisas de Ler Edições, Lda.
Influências da Medicina
A Psicologia Clínica
A Psicologia Clínica

A psicologia clínica constitui um dos campos da psicologia onde as influências da


medicina se farão sentir. Enquanto campo psicológico, a psicologia clínica dedicar-se-á ao
diagnóstico e tratamento das desordens psicológicas.
Observação particular cabe fazer quanto à criação da primeira clínica psicológica em
todo o mundo, em 1896, devido aos esforços do seu fundador, Lightner Witmer. McReynolds (1997)
atribui a Whitmer a importância de ter sido, eventualmente, o primeiro a confiar nos esforços da
psicologia científica para a resolução dos problemas diários que afectavam a vida prática das
populações (Witmer, 1909b, 1912-13, 1914-15, 1916-17). Witmer foi, afinal, um dos psicólogos cuja
formação científica muito ficou a dever à sua passagem pelo laboratório de psicologia experimental
de Wundt (McReynolds, 1997), na Alemanha de fins do século XIX. Neste sentido, a psicologia
enquanto profissão de ajuda estava lançada nos Estados Unidos da América, desde 1896, com a
publicação sistemática das actividades de intervenção psicológica, sob coordenação colectiva de
Witmer, no «Jornal de Psicologia Clínica - Jornal de Ortogenia para o Normal Desenvolvimento da
Criança (Psicologia/Higiene/Educação)” (Witmer, 1909b, 1912-13, 1914-15, 1916-17). A
designação de «psicologia clínica» e o seu estatuto de profissão vieram a ser confirmados,
posteriormente, num artigo de 1907 (Witmer, 1907). Os temas abordados no «Jornal de Psicologia
Clínica» eram centrados numa temática comum, conforme referida no seu título, de cariz prático e
psicossocial, mas o seu âmbito incluiu ao longo das duas primeiras décadas do século XX artigos
dedicados desde as problemáticas do retardamento mental e dificuldades de aprendizagem, problemas
de saúde com afectação escolar, delinquência juvenil, parentalidade, saúde mental (houve um artigo
de Jung, sobre esquizofrenia, publicado na Revista, edição de 1909), importância do serviço social no
apoio às populações escolares, a formação de professores de psicologia, importância dos modelos
anatómicos nos cursos de psicologia, treino vocacional, desenvolvimento da linguagem, funções
cerebrais, testes psicológicos e sua aplicação, conflitos na adolescência, até questões relativas ao
diagnóstico psicológico, desenvolvimento da inteligência e saúde/doença. O termo «ortogenia» ou
«ortogénico» designava , na acepção de Witmer (1909a), um ramo da ciência para o estudo do
retardamento e do desvio, assim como os métodos de restauração às condições normais daqueles que
por alguma razão experimentaram tais retardamentos ou desvios (Witmer, 1909a)2. Freedheim &
Weiner (2003) observaram com acutilância que a ortogenia, conforme defendida e proposta por
Witmer, corresponde àquilo que nos nossos dias entendemos por serviços de saúde de prevenção
primários, secundários e terciários, ocupando-se sobretudo com o desenvolvimento humano e
procurando prevenir as suas distorções, não apenas biológicas e médicas, mas também eventualmente
causadas por políticas sociais erradas. O biógrafo de Witmer, McReynolds (1997), é da opinião de
que as publicações do Jornal permitiram publicitar uma nova área de especialização, firmar a sua
posição como líder de uma nova profissão, impulsionar a pesquisa científica psicológica sobre
retardamento mental e perturbações na infância e divulgar o programa de treino clínico oferecido pela
Universidade da Pennsilvanya, EUA, atraindo assim mais estudantes interessados na área.
Witmer admite uma zona de intersecção e comunhão entre a psicologia e a medicina,
nomeadamente entre a psicologia clínica e a psiquiatria (Witmer, 1907). É possível detectar aqui mais
uma influência forte da medicina sobre a jovem ciência psicológica e Witmer aproveita, entretanto,
para esclarecer e definir o que entende propriamente por método clínico em psicologia3 através do
qual atribui a esta uma preocupação essencial com o indivíduo enquanto tal, assim como prevê uma
aplicação sistemática mediante tratamento ortogénico, quer a indivíduos com retardamento ou desvio,
quer a crianças normais.
Testemunho fundamental, também, da influência da medicina e das pesquisas
fisiológicas foi o primeiro manual de psicologia (Witmer, 1902), escrito com intuitos exclusivos de
ensinar aos estudantes em que consistia o conteúdo da ciência psicológica tal como entendido a partir
das relações com as áreas médicas, embora em função da metodologia e conceptualização psicológica,
sobretudo no que diz respeito à análise das faculdades da sensação, percepção e atenção.

2 “I have recently proposed the word orthogenics as the name for that branch of science which investigates
retardation and deviation and the methods of restoring to normal condition those who are found for one reason
or another to be retarded or deviate” (Witmer, 1909a)

Traduçao livre: “Propus recentemente o termo ortogénico como nome para o ramo da ciência que investiga o
retardamento [mental, acrescentado nosso] e o desvio e os métodos para restaurar à condição normal aqueles
que, por uma razão ou outra, são considerados retardados ou desviados (Witmer, 1909a)
3 “The characteristic features of the clinical method in psychology are.: 1. Its concern for the individual, which
makes it in effect an individual psychology ; and 2. The application of remedial or orthogenic treatment to
individual cases of retardation or deviation, and even to the hypothetically normal child” (Witmer, 1909a)

Tradução livre: “As características do método clínico em psicologia são: 1. a sua preocupação com o indivíduo,
o que o torna de facto uma psicologia individual; e 2. a aplicação de tratamento curativo ou ortogénico a casos
individuais de atraso ou desvio, e mesmo à criança hipoteticamente normal” (Witmer, 1909a)
Leituras Recomendadas (A Psicologia
Clínica)
(Carreteiro, 2014; Plante, 2005; Pomerantz, 2011; Rotter, 1967; Routh, 1994; Witmer, 1907)

Carreteiro, R. (2014). O Meu Psicólogo - Psicologia Clínica de A a Z. Alverca: Psiclínica.

Plante, T. G. (2005). Contemporary Clinical Psychology.

Pomerantz, A. M. (2011). Clinical Psychology. Science, practice, and culture. Thousand Oaks /
London: Sage Publications, Inc.

Rotter, J. B. (1967). Psicologia Clínica. RJ: Zahar Editores.

Routh, D. K. (1994). Clinical Psychology Since 1917: Science, Practice, and Organization. New
York: Springer Science+Business Media, LLC.

Witmer, L. (1907). Clinical psychology. Psychological Clinic, 1, 1-9.


Questões Propostas
Questões Propostas
A Frenologia e a Localização das
Funções Cerebrais
A Frenologia e a Localização das Funções Cerebrais

Concomitantemente, a localização das funções cerebrais representou um esforço


constante desde finais do século XIX nas ciências médicas. Acabou, este também, por ser um campo
de análises que transitou e influenciou alguma da investigação psicológica. A frenologia, enquanto
pseudociência, começou por fazer a sua aparição no seio deste tipo de investigações. Franz Gall e
Joahnn Spurzheim acreditavam ser o cérebro composto por 27 “órgãos”. Os frenologistas
acreditavam na existência de diferentes localizações cerebrais específicas, relativas a determinadas
capacidades (por ex., combatividade, etc.): conforme o maior desenvolvimento destas capacidades,
mais desenvolvidas, volumetricamente, seriam as zonas cerebrais que lhes corresponderiam. A
frenologia acabou por ser abandonada e condenada enquanto prática pseudocientífica (Krause et al.,
2012).
Figura 2 - Mapa de Frenologia: Os
primeiros estudiosos do cérebro
acreditavam que as capacidades
mentais e as personalidades podiam
ser medidas pelos contornos,
depressões e bossas distribuídos
pela superfície do crânio.
Leituras Recomendadas (A
Frenologia e a Localização das
Funções Cerebrais)
(Gall, 1822a, 1822b)

Gall, F. J. (1822). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur l'organe
des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur la pluralité des organes
cérébraux (Vol. TOME SECOND). Paris: Boucher Éditeur.

Gall, F. J. (1822). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur l'origine
des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur les conditions de leur
manifestation. (Vol. TOME PREMIER). Paris: Boucher Éditeur.
Questões Propostas
Questões Propostas
O Estudo das Funções Cerebrais
através do Análise das Lesões
Cerebrais
O Estudo das Funções Cerebrais através do Análise das Lesões Cerebrais

Paul Broca (1824-1880) começou por revelar uma análise levada a cabo num paciente
de nome Tan, uma vez ter sido este o único nome que conseguia pronunciar, apesar de ouvir e
perceber perfeitamente tudo o que era dito. A área cerebral lesada que impedia o discurso falado ficou
conhecida por área de Broca.
A área de Broca fica no lobo frontal do cérebro, conforme imagem abaixo reproduzida,
e é responsável pela produção da fala.

Mais tarde, e por influência de Broca, Karl Wernicke (1848-1905) identifica, em 1874,
aquela que passou a ser conhecida por área de Wernicke. Pacientes com lesões nesta área conseguiam,
segundo Wernicke, falar: a compreensão da linguagem passaria, portanto, pela área de Wernicke
(Krause et al., 2012).
A área de Wernicke (Krebs, Weinberg, & Akesson, 2013) fica situada no lobo temporal
superior, conforme imagem abaixo reproduzida, e está ligada à área de Broca pelo fascículo arqueado.
Leituras Recomendadas (O Estudo
das Funções Cerebrais através do
Análise das Lesões Cerebrais)
Leituras para Consulta

Para consulta de trechos em português, dos escritos de Broca, ver Goodwin (2005, pp.
96-9996-9999):

Goodwin, C. J. (2005). História da Psicologia Moderna (2 ed.). São Paulo: Editora Cultrix.

Ver Hergenhahn and Henley (2018, pp. 230-232230-232232):

Hergenhahn, B. R., & Henley, T. B. (2018). Introduction to the History of Psychology (8 ed.):
Wadsworth Publishing Co.
Questões Propostas
Questões Propostas
Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão
e a Medicina Psicossomática
Mesmer, o Mesmerismo, a Sugestão e a Medicina Psicossomática

Apesar da excentricidade, o médico austríaco sediado em Paris, Franz A. Mesmer


(1734-1815), alegava produzir “curas” em pacientes através de magnetos responsáveis pelo
redireccionamento de fluidos metálicos presentes no corpo humano. Investigadores atribuíram,
posteriormente, tais “curas” à sugestão hipnótica ou auto-sugestão dos pacientes. Provava-se, no
entanto, a influência de determinados mecanismos mentais sobre as perturbações do corpo e a futura
medicina psicossomática e muitas das psicoterapias posteriores iriam fazer obra a partir desta
constatação (Krause et al., 2012).
Leituras Recomendadas (Mesmer, o
Mesmerismo, a Sugestão e a
Medicina Psicossomática)
(Mesmer, 1779/1948)

Mesmer, F. A. (1779/1948). Animal Magnetism. In W. Dennis (Ed.), Readings in the History of


Psychology (pp. 93-95). New York: Appleton-Century-Croft, Inc.

(Zweig, 1949)
Zweig, S. (1949). A Cura pelo Espírito - Mesmer, Mary Baker-Eddy, Freud. Porto: Livraria
Civilização.
Questões Propostas
Questões Propostas
A Psicanálise, de Freud
A Psicanálise, de Freud

A hipnose e a exploração da sua utilidade médica foi notada também por S. Freud
(1856-1939) que começou por aplicá-la a casos de histeria e paralisia histérica. Apesar da ausência de
danos neurológicos, este tipo de perturbação não respondia às terapêuticas, nem estava ao alcance das
explicações científicas disponíveis na medicina da época.
Após ter começado por usar e, posteriormente, ter acabado por abandonar a hipnose,
Freud acabou por criar uma nova área, denominada por psicanálise, que procurava explicar o
comportamento e a formação da personalidade através de processos inconscientes.
A influência da psicanálise de Freud, e desde Freud, acabou por fazer-se sentir em
algumas áreas da psicologia dita científica. A admissão do papel do inconsciente no psiquismo
humano e as teorizações à volta do mesmo devem o impeto que lhes foi imposto à obra de Freud,
embora grande parte dos modernos teóricos discorde de muitas das posições do autor alemão. Alguns
dos modelos médicos que abordam a complexidade relativa às emoções, pensamento, comportamento
e suas intrincadas relações foram em alguma medida influenciados por Freud. O pensamento
evolucionista foi, também, previsto e aplicado às teorizações psicanalíticas, por Freud, não
esquecendo a importância da sobrevivência e reprodução da espécie humana e da influência que estas
dimensões determinam ao nível do comportamento dos indivíduos. A importância da infância na
determinação de muitos dos processos traumáticos na vida do ser humano e na determinação das suas
vivências ao longo dos ciclos de vida foi marcante nos estudos sobre psicologia infantil e na
psicologia do desenvolvimento (Krause et al., 2012).
Leituras Recomendadas (A
Psicanálise, de Freud)

(Freud, 1891/1996, 1905/1996, 1922/1996, 1923/1996)

Freud, S. (1891/1996). Hipnose (1891). In S. Freud (Ed.), Publicações Pré-Psicanalíticas e Esboços


Inéditos, Vol I. Rio de Janeiro: Imago Editora.

Freud, S. (1905/1996). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In S. Freud (Ed.), Um Caso de
Histeria, Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade e Outros Trabalhos (1901-1905) (Vol.
S. E. VII). Rio de Janeiro: Imago Editora.

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Líbido", 1923 (1922). In S. Freud (Ed.), Além do Princípio do Prazer, Psicologia de Grupo e
outros Trabalhos (1925-1926) (Vol. S. E., 18, pp. 253-270). Rio de Janeiro: Imago Editora.

Freud, S. (1923/1996). Uma Breve Descrição da Psicanálise, 1924 (1923). In S. Freud (Ed.), O Ego e
o Id e outros Trabalhos (1923-1925), Vol XIX (Vol. XIX, pp. 213-235). Rio de Janeiro:
Imago Editora.
Questões Propostas
Questões Propostas
Influência das Ciências Sociais sobre
a...
Influência das Ciências Sociais sobre a Psicologia

A importação progressiva de métodos e técnicas estatísticas para alguns dos campos das
ciências sociais tornou-se exemplo a seguir em psicologia. Galton (1822-1911), em contexto inglês,
começou por dar o pontapé de saída. Crente na transmissão hereditária das capacidades mentais entre
gerações, nomeadamente no que diz respeito à inteligência, moralidade e capacidade de obter sucesso
na vida, Galton aplicou alguns destes métodos na demonstração das suas crenças. Afinal, pais e
parentes inteligentes e bem sucedidos tinham, argumentava Galton, filhos e descendentes
tendencialmente com as mesmas qualidades. Os métodos estatísticos aplicados a questionários feitos a
famílias, seus descendentes e respectivos sucessos por estes conseguidos constituíram uma das
primeiras contribuições para a discussão da relação e do peso ponderado no contexto da dicotomia
«natureza versus ambiente» (nature versus nurture) na formação das capacidades, comportamento e
processos mentais dos indivíduos. As suas análises acabaram, no entanto, por deixar sem resposta o
facto de alguns dos indivíduos com capacidades extraordinárias não terem necessariamente
ascendentes com as mesmas aptidões e por privilegiar demasiado o peso da hereditariedade sobre o
ambiente (educação, tradições familiares) na formação das capacidades mentais, comportamento e
moralidade dos indivíduos. Galton promoveu, no contexto das suas crenças, a inspiração para a
formação posterior de teorizações de natureza eugénica (eugenia, literalmente significando «bons
genes»). E, neste sentido, defendeu a criação de programas sociais que promovessem a procriação
entre indivíduos talentosos e considerados inteligentes em detrimento de indivíduos considerados
criminosos ou deficientes quer física, quer mentalmente. Os eugenistas acabaram, no fim de contas,
por promover teses que suportassem as suas crenças distorcidas e não teses, por mais científicas que
fossem, que as refutassem (Krause et al., 2012).
Figura - Instrumentos do Laboratório Antropométrico, de Galton,
tal como expostos na exibição internacional sobre saúde, Londres, 1885
Leituras Recomendadas (Influência
das Ciências Sociais)
(Galton, 1869/1925, 1869/1948, 1883/1948, 1888/1948, 1889)

Galton, F. (1869/1925). Hereditary Genius. An inquiry into its laws and consequences. London:
Macmillan & Co., Limited.

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Galton, F. (1889). Natural Inheritance. London and New York: Macmillan and co.
Questões Propostas
Questões Propostas
Início da Psicologia enquanto Ciência
Autónoma
Início da Psicologia enquanto Ciência Autónoma

A separação da metafísica idealista, nomeadamente no contexto alemão, implicou a


adopção de uma metodologia que tratasse o campo da psicologia enquanto conjunto de variáveis
sujeitas ao método experimental (Brennan, 2014).
Psicologia Estrutural / Estruturalismo,
de Wundt...
Psicologia Estrutural / Estruturalismo, de Wundt e Titchener

Segundo Gleitman et al. (1999/2009), a metodologia essencialmente usada neste


paradigma foi a denominada introspecção que, supostamente, daria acesso aos conteúdos da mente,
daí também ser um paradigma designado por psicologia dos conteúdos. Na Alemanha, W. Wundt foi
o seu criador e promotor e nos Estados Unidos foi aplicado e desenvolvido por Titchener que, em
1898, designou esta corrente por psicologia estrutural.
A descrição que Brennan (2014) nos deixa sobre Titchener é, no entanto, pouco
favorável. Concede-lhe o mérito de ter anunciado e popularizado a psicologia dita estrutural e
introspecionista de Wundt, mas apenas na qualidade de nativo inglês que, embora vivendo nos
Estados Unidos, tinha a vantagem de conhecer os autores europeus.
Tendo uma sólida formação em fisiologia e medicina, Wundt alicerçou nestas áreas o
que viria a ser a aplicação do método experimental ao serviço da psicologia das sensações. Em
contrapartida, e porque as academias europeias dos finais do século XIX estavam focadas na
problemática evolucionista das origens humanas e da diversidade cultural (recordemo-nos do
expansionismo europeu para diferentes zonas do mundo), Wundt estabeleceu em simultâneo uma
psicologia de base antropológica4 que nos dias de hoje conhece desenvolvimentos nas áreas da
psicologia cultural, transcultural e comparada.
A sua contribuição mais salutar, desde então registada pela história da psicologia, foi a
criação do Laboratório de Psicologia Experimental, em Leipzig, Alemanha, 1879, assim como a
publicação das experimentações aqui levadas a cabo e publicadas na revista Philosophische Studien
(Estudos Filosóficos) (Brennan, 2014).
No interior do laboratório de Leipzig, Wundt pedia aos voluntários que participassem
em experimentações sobre a maneira como estes sentiam e percepcionavam. Experiências deste
género consistiam, por exemplo, em pedir aos sujeitos experimentais que segurassem na mão uma
esfera de aço e reportassem depois as sensações de frio, dureza, suavidade ou peso que esta lhes

4 Ver Ver Wundt (1916) e os seus Elements of Folk Psychology. Outlines of a psychological history of the
development of mankind (E. L. Schaub., Trans.5. London 7 New York: George Allen & Unwin Ltd. / The
Macmillan Company, 1916 (Ed. Orig. 1912).
transmitia: como referem Krause et al. Krause et al. (2012), as sensações eram os «átomos» da
consciência que compunham as moléculas da experiência. O «tempo de reacção» constituiu outro
dos conceitos trabalhados e inovados por Wundt no contexto de experiências onde colocava duas
bolas metálicas direccionadas uma contra a outra de modo a produzir um som final de clique. Os
voluntários que participavam na experiência reagiam apenas 1/8 de segundo após a sonora colisão
mostrando assim que a actividade mental não era instantânea, requerendo em contrapartida uma
quantidade de esforço medida pelo intervalo de tempo durante o qual a reação do sujeito demorava a
ser construída. A relação estabelecida, de um modo sistemático, entre as experiências e as medições
feitas no seu decurso relativamente aos eventos mentais por elas afectados constituíram o cerne
propriamente dito da actividade de psicólogo experimental levada a cabo por Wundt (Krause et al.,
2012).
Titchener foi rígido na defesa da psicologia estrutural de Wundt. Mudou-se para a
Alemanha e aí desenvolveu a sua carreira universitária. Nunca trabalhou em psicologia aplicada, nem
diferencial, dedicando-se exclusivamente à análise experimental das faculdades da mente adulta
(Brennan, 2014; Titchener, 1908).
Enquanto corrente psicológica dominante nos primórdios da psicologia científica, o
estruturalismo visava sobretudo:

a. Descrever os componentes básicos da consciência (sensações, percepções);


b. Descrever as diferentes combinações entre estes componentes básicos, e;
c. Descrever as ligações dos componentes básicos da consciência ao sistema nervoso.

Krause et al. (2012) referem, de modo sintético e muito apelativo, que para os
estruturalistas como Titchener as sensações existiam em quantidade finita e a sua combinatória
gerava, afinal, as experiências mentais experimentadas pelo sujeito. Tal como a matéria entendida em
física e química era composta por átomos e moléculas, assim acontecia também com a consciência
formada por representações mentais das sensações que a compunham.
A consciência, segundo Brennan (2014), consistia, para os estruturalistas, na experiência
imediata, sendo esta última composta por aquilo que o sujeito experimentava. Afinal, a epistemologia
subjacente aos fundamentos estruturalistas ditava que se diferenciasse entre experiência imediata e
experiência mediata: a experiência imediata ao captar os elementos da realidade através das sensações
e percepções curto-circuitava o trajecto que a experiência mediata (indirecta) obrigava a fazer na
medida em que esta era afectada, enviesada, pelos conteúdos da mente compostos por associações
pré-existentes e estados emocionais e motivacionais inerentes ao sujeito que os experienciava. A
experiência imediata estava, assim, mais próxima da realidade tal como esta se apresentava ao sujeito,
sem influências de estados internos. O sujeito principal da psicologia estruturalista de Wundt e
Titchener, epistemologicamente entendido, era constituído pelo processo da consciência (Brennan,
2014).
O método para análise dos conteúdos mentais era a introspecção. No entanto, a
introspecção tal como entendida por Wundt e Titchener pouco tinha a ver com concepções metafísicas
ou existenciais como agora se poderia conjecturar. A introspecção enquanto método estava apenas ao
alcance de observadores treinados, seguindo instruções prévias. Tentava-se evitar o denominado “erro
de estímulo (stimulus error)” que consistia em descrever as características do objecto externo da
experiência em vez das sensações no processo da consciência causadas por este (Brennan, 2014).
O pensamento mais não era para Titchener do que um conjunto de sensações
cinestésicas e de imagens e a própria vontade seria composta por um conjunto de imagens que
guiavam previamente a acção. Presa entre o empirismo britânico e o idealismo alemão, a psicologia
estrutural de Titchener estava limitada a ter que confrontar-se com os elementos da sensação, por um
lado, e a fenomenologia da apercepção, ao nível da consciência, por outro. A conflitualidade entre
duas dimensões filosóficas, segundo Brennan (2014), não deixou espaço para a continuação da
psicologia estrutural, de Wundt e Titchener, ficando, não obstante, o método experimental e o
lançamento das bases da psicologia científica como principal legado dos autores.
O legado de Titchener foi, entretanto, recuperado e redescrito em termos mais
favoráveis. Beenfeldt (2013) relaciona a tradição empírica britânica e os seus principais teóricos com
a obra de Titchener e conclui pela importância da análise, em detrimento do tão propalado
introspeccionismo, que, juntamente com a corrente empírica fazem de Titchener, segundo Beenfeldt
(2013), e contrariamente ao que deixaram escrito os seus comentadores, um associacionista com valor
acrescentado na moderna psicologia.
Leituras Recomendadas (Psicologia
Estrutural / Estruturalismo, de
Wundt)
(Beenfeldt, 2013; Brennan, 2014)

Beenfeldt, C. (2013). The Philosophical Background and Scientific Legacy of E. B. Titchener’s


Psychology - Understanding Introspectionism. Heidelberg / New York / Dordrecht / London:
Springer.

Brennan, J. F. (2014). History and Systems of Psychology (6 ed.). England: Pearson Education
Limited.
Questões Propostas
Questões Propostas
Psicologia da Configuração ou da
Forma (Gestalt)....
Psicologia da Configuração ou da Forma (Gestalt). Crítica ao Estruturalismo de
Wundt eRETOMAR NA AULA DE 29 DE NOVEMBRO DE 2022 Titchener

Relembrar o facto de o estruturalismo enquanto corrente seguida e aplicada pela escola


de Wundt e Titchener assentar no denominado atomismo associacionista que explica a formação das
ideias enquanto resultado da composição de elementos comuns pertencentes às percepções e às
sensações elementares provindas da experiência (empirismo). O associacionismo, de Stuart Mill,
explicaria através das leis da associação, contraste, semelhança, proximidade, entre outras, o modo
através do qual a complexidade dos fenómenos, a nível mental, resultaria a partir dos seus elementos
componentes (Pereira, 1975).
A psicologia da gestalt aparece como a grande reformulação das suposições
estruturalistas e foi representada por Wertheimer (1923/1938), Koffka (1922) e Kohler (1947/1992).
Para estes psicólogos, a realidade percebida seria determinada essencialmente pela estrutura do
sistema nervoso humano.

Figura - A estrutura cerebral induz-nos


a ver duas rectas (com igual comprimento)
de tamanho desigual

A percepção, contrariamente àquilo em que acreditavam os estruturalistas como Wundt


e Titchener, é estruturada pelo sistema nervoso do organismo e não pela experiência, é, portanto,
prévia à experiência.
A psicologia da gestalt parte do pressuposto de que o todo é sempre mais do que a soma
das partes. Segundo Pereira (1975), o que se capta é a melodia e não a sucessão de sons musicais
soltos, o livro e não a côr enquanto mancha limitada por arestas num plano rectangular.
Os gestaltistas admitem a existência de leis fundamentais que explicam a as formas
captadas pela percepção:

A relação entre a figura e o fundo:


As relações entre fundo indefinido e ilimitado e figura definida e com contornos levam
a uma alternância que a percepção regista como aparente movimento entre os dois (Ver figura).

Figura - Figura e fundo: Vaso ou duplo perfil?

A estrutura da figura:
A figura, em termos de estruturação psicológica, não é fixa. Pode mudar de perspectiva
consoante a parte a partir da qual é abordada (ver figura).
Figura - Figuras geométricas de relevo ambíguo. Conforme a aresta seja vista
como estando na frente ou atrás da figura, assim muda o seu aspecto

A unidade do grupo não corresponde a um ideal perfeito e estável:


A adição e novas partes à figura modifica a percepção que se tem da relação entre todos
os seus componentes (Ver figura).

Lei da Boa Forma:


Caracterizada como sendo a melhor forma possível que o sistema nervoso consegue
produzir. A boa forma é considerada, nesta perspectiva, uma forma privilegiada, normal ou
fortemente organizada (ver a figura).

De um modo geral, Pereira (1975), baseando-se em Wertheimer (1923/1938), resume a 7 os


factores inerentes à percepção, entendidos, segundo os psicólogos da gestalt, como “reflexo da
estrutura neurológica do organismo” (Pereira, 1975):

“1 — Proximidade.
2 — Similaridade.
3 — Destino comum — Se as coisas se movem conjuntamente, ao mesmo tempo e na mesma
direcção, agrupamo-las como uma unidade.
4—Atitude (Einstellung ou set) — Um observador que viu um conjunto de coisas de
determinada maneira tenderá a continuar a vê-las desse modo, até que haja mudanças tão grandes que
não se coadunem com o agrupamento original.
5 — Direcção — Se um padrão continua na mesma direcção que outro, os dois padrões serão
agrupados (como, por exemplo, quando duas linhas se intersectam para formar quatro segmentos).
6 — Encerramento — As coisas tendem a ser agrupadas conjuntamente, se isto produz uma
«boa» figura, fechada, estável, balançada e simétrica.
7 — Hábito. As coisas serão agrupadas, se é usual encontrá-las agrupadas” (Pereira, 1975).
Leituras Recomendadas (Psicologia
da Configuração ou da Forma)
(Mill, 1851)

Mill, J. S. (1851). Of the laws of mind. In J. S. Mill (Ed.), A System of Logic, Ratiocinative and
Inductive, Being a Connected View of the Principles of Evidence, and the Methods of
Scientific Investigation (3 ed., Vol. 1-2, pp. 826-836). London: John Parker, West Strand.
Questões Propostas
Questões Propostas
O Funcionalismo, de William James, e
os...
O Funcionalismo, de William James, e os «Princípios de Psicologia»

Interessado em fisiologia e, simultaneamente, no funcionamento mental, e fortemente


influenciado pela obra de C. Darwin, W. James (1842-1910) cedo colocou a questão sobre como se dá
a relação entre os nossos pensamentos e acções e o meio ao qual tenta adaptar-se o organismo
humano? O funcionalismo, em psicologia, tal como James o entende, passa pelo estudo do propósito
e função do comportamento e da experiência consciente (Krause et al., 2012). A futura psicologia
evolucionária irá ter aqui um dos seus principais ímpetos. Ainda hoje muitas das investigações
psicológicas colocam a questão sobre as eventuais funções que os comportamentos analisados servem
(Krause et al., 2012).
Leituras Recomendadas (O
Funcionalismo, de William James)
Questões Propostas
Questões Propostas
O Comportamentalismo /
Behaviorismo
O Comportamentalismo / Behaviorismo

[ TutGee.com ] Udemy - Behavioral Psychology - Understanding Human Behavior


Condicionamento Clássico, em Pavlov
O Comportamentalismo / Behaviorismo

O comportamentalismo constitui um paradigma centrado exclusivamente na análise do


comportamento observável, descartando qualquer referência a possíveis interferências no mesmo
relacionadas com eventos mentais ou instintos (Krause et al., 2012).

Condicionamento Clássico, em Pavlov


Pavlov (1849-1936) começou por proceder ao estudo dos reflexos condicionados através
da salivação em cães. Fazendo o cão experimental ouvir uma campainha imediatamente antes de lhe
dar a respectiva comida, Pavlov conseguiu assim transferir a resposta salivar à comida (estímulo
incondicionado) para o som da campaínha (estímulo condicionado). O cão de Pavlov aprendeu (foi
condicionado ou ensinado), portanto, a salivar a um estímulo não natural (o som da campaínha).
A descrição da experimentação de Pavlov, por Abrunhosa and Leitão (1979), é bastante
pedagógica:

“Descrevamos uma das suas muitas experiências, decompondo-a nos seus passos
fundamentais:
1 - Deu a um cão um pedaço de carne, cujo contacto com as papilas gustativas provocou,
como é natural, uma resposta salivar. 2 - Apresentou ao mesmo cão outro pedaço de carne,
cuja visão bastou para que as glândulas salivares entrassem em actividade.
Repetiu várias vezes a experiência, mas complicando-a, fazendo com que, à vista da carne, o
cão ouvisse o som de uma campainha. Como resposta a esta nova situação, o cão continuava a
salivar. 3 - Por último tocou apenas a campainha, e o cão (que associara os estímulos carne e
som) respondeu salivando.
Que conclusão tiramos daqui?
Que o cão reagiu ao estímulo som com uma resposta que seria adequada ao excitante carne”
(Abrunhosa & Leitão, 1979).

Segundo Pereira (1975), o condicionamento clássico, pavloviano, é caracterizado pelo


facto de “a associação de um estimulo incondicional (E. I.) com um estímulo condicional (E. C.)
[levar] a que a apresentação separada deste origine uma resposta condicional (R. C.) igual ou, pelo
menos, semelhante à resposta incondicional (R. I.)” (Pereira, 1975).

Figura - Reflexo condicionado (caso do cão de Pavlov)

A tecnologia do condicionamento clássico pavloviano prevê (Pereira, 1975), na sua aplicação,


diferentes caminhos percorridos pelos estímulos e pelas repostas nas suas inter-relações:

1) Reforço
Acontece quando dois estímulos EI e EC são repetidos em simultâneo, associados um
ao outro, levando assim a uma resposta forte;

2) Extinção
Se não houver repetição, se apenas se passar a apresentar apenas o estímulo
condicionado (EC) sem associação com o incondicionado (EI), a resposta
condicionada entretanto aprendida desaparece, i.e., extingue-se;

3) Inibição Activa
A extinção não implica necessariamente o desaparecimento do reflexo condicionado.
Após a apresentação, repetida algumas vezes, do EC pode acontecer um
reaparecimento da resposta condicionada. Este fenómeno ficou conhecido por
remissão espontânea.
4) Generalização
Obtenção de uma resposta condicional (RC1), no seguimento de um estímulo
condicional (EC1), quando é apresentado outro estímulo condicional (E2) com a
mesma modalidade sensorial e de intensidade próxima de EC1.

Pavlov foi, deste modo, responsável pela chamada de atenção relativamente à importância dos
princípios da aprendizagem. Faltava agora saber até que ponto os mesmos poderiam ser aplicados e
desenvolvidos em contexto humano. Caberá a John Watson, para começar, tal passo.
Leituras Recomendadas
(Condicionamento Clássico, em
Pavlov)
(Ivan P. Pavlov, 1927; I. P. Pavlov, 1930; Ivan Petrovitch Pavlov, 1934/1979, 1979; J.
P. Pavlov, 1902)

Pavlov, I. P. (1927). Conditioned Reflexes. An investigation of the physiological activity of the


cerebral cortex.

Pavlov, I. P. (1930). A brief outline of the higher nervous activity (Chapter 11). In Aavv (Ed.),
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Pavlov, I. P. (1934/1979). O reflexo condicionado. In F. Fernandes (Ed.), Pavlov - psicologia (pp. 39-
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Pavlov, I. P. (1979). Pavlov - Psicologia. São Paulo: Atica.

Pavlov, J. P. (1902). The Work of the Digestive Glands (W. H. Thompson, Trans.). London: Charles
Griffin & Company, Limited.
Questões Propostas
Questões Propostas
John B. Watson (1878-1958)
John B. Watson (1878-1958)

Foi Watson quem sustentou com firmeza a crença de que todo o comportamento poderia
ser condicionado. Sublinhou, ainda, enquanto premissa fundamental do comportamentalismo, que
apenas o comportamento observável seria eleito como objecto de estudo preferencial. Neste sentido, a
metodologia introspeccionista, de Wundt, seria afastada das investigações psicológicas.
Autores como O. P. Pereira (1975), entre outros, consideram o nascimento da psicologia
científica como plenamente conseguido, pela primeira vez, apenas com J. Watson. Teria sido a partir
do dos enunciados programáticos tal como explanados no artigo de Watson, de 1923, «Psychology as
the behaviorist views it» (James B. Watson, 1913) que tal ficaria plenamente definido. Os 5 pontos
abaixo reproduzidos constituem uma tradução de O. G. Pereira (1975) a partir de uma parte do
referido artigo de Watson:

“1 — a Psicologia é um ramo das ciências naturais (e não da Filosofia);


2 — o seu objetivo é a previsão e controlo do comportamento (esta definição é muito
mais precisa e descritiva que a que afirma somente que a Psicologia é o estudo do
comportamento);
3 — o método introspetivo deixa de ser considerado essencial (a introspeção —
observação do que ocorre na consciência — era o método «oficial» da Psicologia, já
dita científica);
4 — a interpretação em termos de consciência deixa de ser relevante;
5 — apaga-se a barreira entre animal racional e animal irracional e aponta-se, como
meta teórica da psicologia condutista, estabelecer «um esquema unitário da resposta
animal»” (James B. Watson, 1913).

Watson (1913) teria criado, a partir deste momento, uma psicologia científica, com um
novo objecto (previsão e controlo do comportamento), um novo método (método das ciências
naturais) e, no fim de contas, teria concebido epistemologicamente as bases de uma nova ciência
(Pereira, 1975).
Leituras Recomendadas (John B.
Watson [1878-1958])
(James B. Watson, 1913; John B. Watson, 1919)

Watson, J. B. (1913). Psychology as a behaviorist views it. Psychological Review, 20, 158–177.

Watson, J. B. (1919). Psychology from the Standpoint of a Behaviorist. Philadelphia and London: J.
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Questões Propostas
Questões Propostas

BIBLIOGRAPHIC REFERENCES

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Gall, F. J. (1822b). Sur les Fonctions du Cerveau - et sur celles de chacune de ses parties, sur
l'origine des qualités morales et des facultés intellectuelles de l'homme, et sur les
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