Você está na página 1de 2

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/284693739

Coping e adaptação no contexto da paralisia cerebral pediátrica: Uma


perspetiva pais-filhos [Coping and adaptation in the context of pediatric
cerebral palsy: A parent-child perspe...

Poster · November 2015


DOI: 10.13140/RG.2.1.3807.8803

CITATIONS READS

0 197

4 authors:

Carlos Carona Neuza Silva


University of Coimbra University Medical Center Hamburg - Eppendorf
100 PUBLICATIONS   1,542 CITATIONS    102 PUBLICATIONS   872 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Helena Moreira Maria Cristina Canavarro


University of Coimbra University of Coimbra
157 PUBLICATIONS   1,858 CITATIONS    461 PUBLICATIONS   5,565 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Transition to parenthood at advanced maternal age: Individual, marital and parental adaptation View project

QoLISSY - Quality of Life In Short Stature Youth View project

All content following this page was uploaded by Neuza Silva on 25 November 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Tabela 2. Matriz de correlações entre a utilização de estratégias de coping e resultados de QV.
 A variabilidade observada no ajustamento individual e familiar às condições crónicas de
saúde, nomeadamente no contexto da paralisia cerebral (PC) pediátrica, enfatiza a Resultados de QV
importância do estudo de mecanismos e processos associados à facilitação da adaptação Crianças/Adolescentes Pais
positiva. Idade da criança/adolescente -.19 -.25*
Estratégias de coping

 As respostas de coping podem ser definidas como esforços conscientes Crianças/adolescentes [Kidcope] Pais
[Brief-COPE]
e intencionais de regulação emocional, cognitiva e comportamental, em .01
Distração Apoio emocional .02
face de situações indutoras de stress (Lazarus & Folkman, 1984). Nos
Isolamento social Religião -.07 -.10
contextos pediátricos, a forma como as crianças e adolescentes lidam
Reestruturação cognitiva Reinterpretação positiva .22 .28**
com a sua condição de saúde, influencia o desenvolvimento, a maturação
Autocriticismo Expressão emocional -24* -.13
e os resultados de adaptação (Moos, 2002). Numa perspetiva diádica, as
Culpabilização dos outros Negação -.04 -.26*
estratégias de coping utilizadas pelos pais destas crianças/adolescentes
Resolução de problemas Uso de substâncias .07 -.40**
podem interferir, positiva ou negativamente, nos resultados de adaptação
Regulação emocional Humor .02 -.01
familiar (Lin, 2000). (externalizante)
Regulação emocional Confronto ativo .16 .32**
 A adoção de um “coping focado na emoção” (e.g., negação, pensamento (internalizante)
Pensamento desiderativo Desinvestimento -.09 -.43**
desiderativo, evitamento) tem sido associada a piores resultados de
Apoio social Autoculpabilização .10 -.12
adaptação nos pais (Judge, 1998) e nas crianças/ adolescentes com
-.01
condições crónicas de saúde. Contudo, a investigação é escassa relativamente às Resignação

especificidades da PC pediátrica e ao estudo de estratégias de coping específicas, que * p ≤ .05, ** p ≤ .01,  p ≤ .10
 Nota: por apresentarem alfas de Cronbach inferiores a .60, as subescalas de Apoio Instrumental, Planificação, Aceitação e
permitiriam uma maior precisão na delineação de implicações clínicas, para além das noções
Distração, não integraram as análises do presente estudo.
gerais de “estilos de coping”.

 O presente estudo teve como objetivo analisar o efeito direto das estratégias de coping nos Idade
B(SE) = -.77 (.38); t = -2.01*
resultados de qualidade de vida (QV) e qualidade de vida relacionada com a saúde (QVrS) –
aqui tomados como indicadores globais da adaptação – dos pais (cuidadores primários) e dos Idade Negação
B(SE) = -3.39 (1.40); t = -2.43*
B(SE) = -.92 (.55); t = -1.67
seus filhos com PC.
QVrS QV
Uso de
substâncias B(SE) = -9.24(2.24);t = -4.13**
Autocriticismo
B(SE) = 8.51 (3.92); t = 2.17* r2 = .12 r2 = .45
F(3,71) = 3.10* Confronto ativo F(6,93) = 11.61*
B(SE) = 4.55 (1.53); t = 2.97**

Reestruturação Reinterpretação
cognitiva positiva

Desinvestimento

Figura 1. Diagrama da regressão linear Figura 2. Diagrama da regressão linear


na amostra de crianças/adolescentes na amostra de pais (estratégias de coping
com PC (estratégias de coping como como preditoras da QV).
preditoras da QVrS). * p ≤ .05, ** p ≤ .01
* p ≤ .05, ** p ≤ .01

Participantes
A amostra de conveniência para este estudo incluiu 105 pais (cuidadores primários) e,
quando possível, os seus filhos (n = 77) com idades compreendidas entre os 8 e os 18 anos,
diagnóstico clínico de PC, e QI ≥ 70. Esta amostra foi recolhida em dez Associações
portuguesas entre março de 2009 e julho de 2011.

Tabela 1. Características sociodemográficas da amostra.

Pais Crianças/Adolescentes com PC


(n = 105) (n = 77)

Idade (anos), M (SD) 42.42 (7.20) 12.82 (2.82)


Sexo, n (%) feminino 57 (87.7%) 34 (44.2%) Síntese dos resultados
Nível socioeconómico, n (%) Baixo 69 (65.7%)
Médio/alto 36 (34.3%) Os resultados deste estudo são um contributo de evidência empírica sobre a importância dos
processos de coping na adaptação de pais e dos seus filhos com PC. Especificamente, um
coping baseado no autocriticismo associou-se negativamente com a QVrS de
crianças/adolescentes com PC, explicando 12% da variância observada nos seus resultados de
Instrumentos adaptação. Complementarmente, o recurso a estratégias de coping baseadas na negação e
 Kidcope (Carona et al., 2014) abuso de substâncias, por um lado, e no confronto ativo, por outro,
 DISABKIDS – Módulo Genérico (Carona et al., 2013; α = .89) associaram-se de forma negativa e positiva (respetivamente), com os
 Brief-COPE (Pais-Ribeiro & Rodrigues, 2004) resultados de adaptação dos pais de crianças/adolescentes com PC,
 EUROHIS-QoL-8 Index (Pereira et al., 2011; α = .81) explicando 45% da variância observada nos seus indicadores de QV.

Análise estatística Implicações para a prática clínica


A avaliação do coping baseada na utilização de estratégias
Todas as análises estatísticas foram realizadas com o programa SPSS - Statistical Package for
específicas (i.e., comportamentos de coping que podem ser treinados
the Social Sciences (SPSS, v. 20; Chicago, IL, USA). Foram calculados os coeficientes de
e modificados) tem sido recomendada para os contextos de
correlação de Pearson para medida da associação entre as variáveis, sendo a força dessa investigação e intervenção em psicologia pediátrica (Blount, 2008).
correlação classificada de acordo com as seguintes orientações: ±.10 a ±.29 (fraca); ±.30 a
±.49 (moderada); e ±.50 a ±1.0 (forte). Posteriormente foram realizadas análises de Os resultados deste estudo sugerem que intervenções baseadas no
regressão linear, com a idade das crianças/adolescentes introduzida no 1.º bloco da desenvolvimento de atributos/competências compassivas dirigidas ao self, nomeadamente as
regressão, dada a sua correlação com os resultados de QV, e as estratégias de coping decorrentes da terapia focada na compaixão (Gilbert, 2009), poderão ser úteis na promoção da
correlacionadas com as variáveis critério (QV e QVrS) introduzidas no 2.º bloco da regressão. QVrS de crianças/adolescentes com PC, através da modificação de respostas de coping
A magnitude destes efeitos principais foi baseada nos valores de R2, sendo centão classificada baseadas no autocriticismo. Por outro lado, intervenções psicoterapêuticas baseadas na ativação
como pequena (R2 ≥ .02), média (R2 ≥ .13) e grande (R2≥ .26). Todas as análises foram comportamental e no mindfulness (Carona et al., 2015) poderão contribuir para a melhoria da
realizadas para um intervalo de confiança de 95%. QV dos pais destas crianças, através da facilitação de comportamentos de coping positivos (e.g.,
confronto ativo) e da redução de comportamentos de coping maladaptativos (e.g., negação).

Referências Judge, S. L. (1998). Parental coping strategies and strengths in families of young children with disabilities. Family Relations, 47(3), 263-268.
Blount, R. L., Simons, L. E., Devine, K. A., Jaaniste, T., Cohen, L. L., Chambers, C. T., & Hayutin, L. G. (2008). Evidence-based assessment of coping Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1984). Stress, appraisal, and coping. New York: Springer.
and stress in pediatric psychology. Journal of Pediatric Psychology, 33(9), 1021-1045. Lin, S. L. (2000). Coping and adaptation in families of children with cerebral palsy. Exceptional Children, 66(2), 201-218.
Carona, C., Crespo, C., Silva, N., Lopes, A. F., Canavarro, M. C., & Bullinger, M. (2013). Examining a developmental approach to health-related quality of Moos, R. H. (2002). Life stressors, social resources, and coping skills in youth: Applications to adolescents with chronic disorders. Journal of
life assessment: Psychometric analysis of DISABKIDS generic module in a Portuguese sample. Vulnerable Children & Youth Studies, 8(3), 243-257. Adolescent Health, 30(S4), 22-29.
Carona, C., Moreira, H., Silva, N. (2015). Therapeutic applications of mindfulness in pediatric settings. BJPsych Advances, 20. Pais-Ribeiro, J. L., & Rodrigues, A. P. (2004). Questões acerca do coping: A propósito do estudo de adaptação do Brief Cope. Psicologia, Saúde &
Carona, C., Silva, N., Moreira, H., Canavarro, M. C., & Barros, L. (2014). Pediatric health-related stress, coping and quality of life. Paediatrics Today, Doenças, 5(1), 3-15.
10(2), 112-128. Pereira, M., Melo, C., Gameiro, S., & Canavarro, M. C. (2011). Estudos psicométricos da versão em Português Europeu do índice de qualidade de
Gilbert, P. (2009). Introducing compassion-focused therapy. BJPsych Advances, 15(3), 199-208. vida EUROHIS-QOL-8. Laboratório de Psicologia, 9(2), 109-123.

1Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra


2Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (CINEICC)

3Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral

E-mail: ccarona@fpce.uc.pt Projecto Estratégico PEst-OE/PSI/UI0730/2014

View publication stats

Você também pode gostar