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Resumo
O presente texto objetiva sugerir um trabalho educativo envolvendo matemática com pessoas
idosas. Atividades educativas de matemática com pessoas idosas podem incentivar o uso do
pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica na seleção de
procedimentos e verificação de sua adequação por meio de tentativas e erros, experimentações,
testes das hipóteses levantadas, defesa de ideias, dentre outros. Tarefas matemáticas podem
estimular as capacidades cognitivas por meio da: observação, comparação e avaliação,
classificação e ordenação, quantificação e mensuração. A educação pode ser um meio de
viabilizar a inserção social de idosos, podendo contribuir para que esses indivíduos aproveitem,
positivamente, essa fase da vida e, até mesmo, aprendam a superar desafios que lhes são impostos.
Estímulo cognitivo e a possibilidade de conhecer pessoas e de interagir com elas, são importantes
contribuições que podem derivar de uma ação envolvendo matemática e pessoas idosas.
1. Introdução
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Universidade Estadual de Goiás; e-mail: 7lucianolima@gmail.com
XIII Encontro Nacional de Educação Matemática ISSN 2178-034X
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meio da: observação, comparação e avaliação, classificação e ordenação, quantificação e
mensuração.
A apresentação das tarefas aos participantes idosos pode ser feita oralmente e/ou
por escrito. No convite para a realização das mesmas, é importante deixar claro o que se
quer, a fim de que todos compreendam, incluindo possíveis pessoas que não sejam
alfabetizadas. Muitas variáveis influenciam, de forma decisiva, no processo de
aprendizagem, a saber: desejos da pessoa, bagagem cultural, experiências anteriores,
relacionamentos com professores e colegas, além de elementos que servirão de
sustentação ao processo de aprendizagem. Por isso, ao convidar os senhores e as senhoras
para a realização de atividades matemáticas é importante apoiar a todos, fornecendo
recursos que lhes auxiliem na produção de conhecimentos com fichas, recursos visuais e
material manipulável, perguntando durante um possível trabalho em grupo, ou individual,
se compreendem o objetivo da tarefa, se precisam de auxílio, quais conclusões estão
levantando. Na sequência, evidencia-se o entendimento de um diálogo para favorecer um
trabalho educativo de matemática com pessoas idosas.
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2. Perspectiva de diálogo para um trabalho de matemática com pessoas idosas
Freire (2011) trata de uma situação de opressão em que pessoas estão sendo
coisificadas, desumanizadas. Com um sentido parecido, pode-se pensar em pessoas
idosas como indivíduos que, geralmente, são consideradas um peso para a sociedade,
frequentemente, percebidas como gente improdutiva e onerosa, coisas que atrapalham.
Em um sentido oposto, a valorização dos conhecimentos e das vivências de idosos, de
sua capacidade de reflexão e de produção de conhecimentos pode contribuir para recriar
e criar uma relação mais humana com essas pessoas.
Para que haja essa comunhão, viabilizando uma produção coletiva, é necessária
uma postura humilde de reconhecimento das próprias limitações. Sem essa atitude, “como
posso dialogar se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?”
(FREIRE, 2011, p. 111). O reconhecimento do sujeito como um ser inconcluso é um
incentivo em caminhar no processo de ser mais e é por meio dessa permanente procura
que o ser humano “aventura-se curiosamente no conhecimento de si mesmo e do mundo.”
(ZITKOSKI, 2010, p. 369).
O trabalho educativo com idosos difere daquele que envolve crianças, por
exemplo, pelo fato de que são pessoas mais experientes são sujeitos com uma longa
vivência que buscam, por vontade própria, integrar-se socialmente, manter suas
capacidades físicas e mentais para tomar decisões sobre a própria vida. Para isso, é
necessário um ambiente que possibilite refletir sobre a complexidade do mundo moderno,
por meio de atividades prazerosas, que viabilizem diálogos sobre o assunto estudado para
uma produção de conhecimentos junto a pessoas de outras gerações.
Por isso, nos planejamentos, precisa haver uma preocupação com o tempo de
resposta dos participantes, tanto na compreensão da atividade a ser realizada quanto em
seu desenvolvimento. O cérebro do idoso reage mais lentamente e leva mais tempo para
armazenar, para recuperar e para processar informações. Os idosos, por mais inteligentes
que sejam ou por mais intactas que estejam suas memórias, não se comparam aos jovens
em testes mentais que envolvem o processamento de informações desconhecidas. Mas a
precisão da memória e a fluência verbal não diminuem com a idade. Com tempo
suficiente, o cérebro velho saudável, em geral, recupera informações tão bem quanto os
cérebros jovens, apesar de não ser tão rápido (LIMA, 2001).
Segundo Freire (2011), essa construção e reconstrução ocorrem nas interações entre
professor e alunos, mediadas pelo diálogo, de modo que se promove o pensamento crítico.
“Sem ele, não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação.” (FREIRE, 2011,
p. 98). O diálogo potencializa que ocorram aprendizados mútuos e, por meio de uma
abordagem investigativa, pode-se contribuir para que não ocorra somente uma
reprodução e repetição de conceitos matemáticos.
Dias (2010) considera que situações que viabilizem interações sociais colaboram
para que pessoas, na terceira idade, sintam-se valorizadas, pois se sentem pertencentes a
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um grupo para o qual podem contribuir de maneira significativa por meio de suas
experiências e de seus conhecimentos. Nesse sentido, podem se sentir valorizadas ao
auxiliar os colegas no desenvolvimento das atividades. Frequentar espaços
socioeducativos, segundo Zanon (2010), evita a segregação de idosos, pois esses locais
permitem o contato com diferentes pessoas. As interações sociais, não raro, diminuem à
medida que se ingressa na velhice (Giglio, 2001). Por isso, concorda-se com Schenkel
(2009) ao considerar que a participação de idosos em atividades socioeducativas pode
diminuir a exclusão dos mais velhos.
Participar de ações desse tipo pode ser uma maneira de estimular o raciocínio, a
lembrança, a atenção dentre outras funções cognitivas. Yassuda et al. (2006) realizaram
um treino de memória com 69 idosos, considerados saudáveis, com informações sobre
memória e sobre envelhecimento, instrução e prática em organização de listas de
supermercado e grifo de ideias principais em textos. Essas pesquisadoras consideram que
os participantes do treino passaram a utilizar mais as estratégias aprendidas. Consideram
ainda que as quatro sessões do treino foram suficientes para que os envolvidos utilizassem
as estratégias, contudo não possibilitaram que estratégias automatizadas se convertessem
em melhor desempenho.
5. Considerações Finais
6. Referências
LIMA, L. F. Conversas sobre matemática com pessoas idosas viabilizadas por uma
ação extensionista. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Universidade Estadual
Paulista, Rio Claro/SP, 2015.