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ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO PROFESSOR APOLINÁRIO ALVES

DOS SANTOS

ALICE PADILHA DO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO DE LITERATURA
“GUIMARÃES ROSA”

Caxias do Sul, RS
Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa nascido em Cordisburgo, Minas Gerais, no dia 27 de junho de


1908, foi um dos escritores mais importantes da terceira geração modernista, chamada de
“geração de 45”. Atuou também na carreira de diplomata e médico.

Rosa era um homem culto, sabia falar em 10 idiomas (francês, alemão, holandês, inglês,
espanhol, italiano, esperanto, russo, latim e grego). Cursou os estudos secundários num colégio
alemão em Belo Horizonte. Antes de entrar para a Universidade, em 1929, Guimarães já
anuncia sua maestria com as letras, onde começa a escrever seus primeiros contos.
Aos 22 anos em 1930, Guimarães Rosa formou-se na Faculdade de Medicina da
Universidade de Minas Gerais. Neste mesmo ano casa-se com Lígia Cabral Penna, de apenas
16 anos, com quem futuramente teve duas filhas, Vilma e Agnes. O casamento durou poucos
anos.
Inicia sua carreira de diplomata em 1934, quando ingressa como Médico Oficial do 9º
Batalhão de Infantaria, no Itamaraty. João também foi Patrono da cadeira nº 2 na Academia
Brasileira de Letras (ABL) tomando posse três dias antes de morrer.

Um fato curioso é que no seu discurso de posse, suas palavras destacam a morte:
“Mas - o que é um pormenor de ausência. Faz diferença? “Choras os que não devias
chorar. O homem desperto nem pelos mortos nem pelos vivos se enluta" - Krishna instrui
Arjuna, no Bhágavad Gita. A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula
lapidar. (...) Alegremo-nos, suspensas ingentes lâmpadas. E: “Sobe a luz sobre o justo e dá-se
ao teso coração alegria!” - desfere então o salmo. As pessoas não morrem, ficam encantadas.”

Vítima de infarto, Guimarães Rosa faleceu no dia 19 de novembro de 1967, com 59


anos, na cidade do Rio de Janeiro.

Guimarães Rosa foi novelista, autor de contos, e romances. Em suas obras destacam-se
os temas nacionais, ambientadas pelo sertão brasileiro, marcadas pelo regionalismo e mediadas,
criou sua própria linguagem com invenções linguísticas, arcaísmo, palavras populares e
neologismos.

Suas obras que receberam destaque foram:

• Sagarana (1946)
• Corpo de Baile (1956)
• Grandes Sertões: Veredas (1956)
• Primeiras Estórias (1962)
• Tutaméia - Terceiras Histórias (1967)
• Estas Estórias (1969) (Obra póstuma)
• Ave, Palavra (1970) (Obra póstuma)
• Magma (1997) (Obra póstuma)
• Noites do Sertão (1965)

“Grande Sertão: Veredas”

A obra de Guimarães Rosa de maior destaque, por ter sido a mais premiada é “Grande
Sertão: Veredas”, publicada em 1956 e posteriormente traduzida em diversas línguas se trata
de um romance. Onde utiliza uma linguagem coloquial, regionalista e original, a história do
romance acontece em Goiás e nos Sertões de Minas Gerais e Bahia. A obra retrata as aventuras
e peripécias do ex-jagunço Riobaldo e de seu grande amor: Diadorim.
A obra é extensa e possui mais de 600 páginas, dividida em dois volumes. Marcada pela
oralidade e uma linguagem repleta de neologismos, arcaísmos e brasileirismos, a obra possui
um enredo não-linear. Não segue uma sequência lógica dos fatos, sendo narrado em primeira
pessoa (narrador personagem), cujo narrador é Riobaldo, que faz reflexões sobre os
acontecimentos de sua vida. Por tanto, o tempo da narrativa é o psicológico, em posição do
tempo cronológico.
Os personagens que compõem a obra são:
• Riobaldo: protagonista da obra, Riobaldo é o narrador-personagem, um velho
fazendeiro, ex-jagunço.
• Diadorim: O grande amor de Riobaldo, representa o amor platônico, impossível.
• Nhorinhá: Uma prostituta, representa amor carnal de Riobaldo.
• Otacília: Outro amor de Riobaldo, representa a pureza do amor verdadeiro.
• Zé Bebelo: fazendeiro com pretensões políticas, pretende acabar com os jagunços do
sertão mineiro, sobretudo com o bando de Joca Ramiro.
• Joca Ramiro: pai de Diadorim, o maior chefe dos jagunços.
• Medeiro Vaz: outro chefe dos jagunços, que lidera a vingança contra Hermógenes e
Ricardão.
• Hermógenes e Ricardão: assassinos do chefe Joca Ramiro, Hermógenes representa o
líder dos jagunços inimigos.
• Só Candelário: outro chefe dos jagunços, torna-se líder do bando de Hermógenes.
• Compadre Quelemém de Góis: amigo confidente de Riobaldo.

O protagonista da obra é Riobaldo, quem narra relatos sobre sua vida, contendo suas
lutas, medos, amores, traições, entre outros. Na primeira parte da obra Riobaldo faz uma
autorreflexão sobre sua vida, trazendo um relato de diversos fatos e aparentemente desconexos
entre si, que mostram suas inquietações com temas como: a origem do homem, reflexões sobre
a vida, o bem e o mal, deus e o diabo. Porém, Riobaldo não consegue organizar suas ideias e
expressá-las de modo satisfatório, o que gera um relato bastante caótico. Até que em certo ponto
aparece Quelemén de Góis, que o ajuda em parte, e Riobaldo dá início à narrativa propriamente
dita.
Após a morte de sua mãe o protagonista passa a conviver com, Selorico Mendes, seu
padrinho, na fazenda São Gregório, posteriormente Riobaldo descobre que ele na verdade é seu
pai.
Selorico coloca-o para estudar e após um tempo Riobaldo começa a conversar com Zé
Bebelo, um fazendeiro da região. Pouco tempo depois, Zé Bebelo, que queria pôr fim a atuação
dos jagunços pela região, convida Riobaldo para fazer parte de seu bando, ele aceita. Assim
começa a história da primeira guerra narrada em “Grande Sertão: Veredas”.
O bando dos jagunços liderado por Hermógenes entra em guerra contra Zé Bebelo e os
soldados do governo, mas logo Hermógenes foge da batalha. Riobaldo resolve desertar do
bando de Zé Bebelo e encontra Reinaldo, que faz parte do bando de Joca Ramiro. Ele decide
então juntar-se ao grupo também.
A amizade entre Riobaldo e Reinaldo se fortalece com o passar do tempo e Reinaldo o
confidencia em segredo seu nome verdadeiro: Diadorim, seu grande amor.
Em suas divagações, Riobaldo foca sobretudo, no seu amor impossível, Diadorim, e na
existência de Deus e do Diabo.
Em determinado momento acontece a batalha entre o bando de Zé Bebelo e de Joca
Ramiro, onde Zé Bebelo é capturado. Então ele é julgado pelo tribunal composto pelos líderes
dos jagunços, no final Zé Bebelo é solto sob a condição de que ele vá para Goiás e não volte
até segunda ordem. Após o julgamento, Riobaldo e Reinaldo juntam-se ao bando de Titão
Passos, que também lutou ao lado de Hermógenes.
Após um longo período Riobaldo tem um caso amoroso com a prostituta Nhorinhá e,
posteriormente, com Otacília, por quem se apaixona. Diadorim fica com raiva e durante uma
discussão com Riobaldo ameaça-o com um punhal. Nesse ponto da narrativa descobrem que
Joca Ramiro foi morto pelos “judas”, Hermógenes e Ricardão. Os jagunços se reúnem para
combater eles, e assim se inicia a segunda guerra.
Em certo momento os dois bandos se unem para tentar fugir do cerco armado pelos
soldados do governo, mas o bando de Zé Bebelo foge na surdina do local e deixam Hermógenes
e seu bando lutando sozinhos contra os soldados. Riobaldo entrega a pedra de topázio a
Diadorim, o que simboliza a união entre os dois, mas ele se recusa dizendo que devem esperar
o fim da batalha.
Quando o grupo de Zé Bebelo chega às Veredas-Mortas, em dado momento Riobaldo
faz um pacto com o diabo para que possam vencer o bando de Hermógenes. Sob o nome Urutu-
Branco, ele assume a chefia do bando e Zé Bebelo deserta do grupo. Riobaldo pede para um
jagunço entregar a pedra de topázio à Otacília, o que firma o compromisso de casamento entre
os dois.
O bando liderado por Riobaldo segue procurando Hermógenes, em determinado
momento aprisionam sua esposa, nas terras baianas, não o encontrando retornam para Minas
Gerais. Por fim, encontram o grupo de Hermógenes no Paredão e há uma grande e sangrenta
batalha. Diadorim enfrenta Hermógenes em confronto direto e ambos morrem. Riobaldo
descobre, então, que Diadorim é na realidade a filha de Joca Ramiro, e se chama Maria
Deodorina da Fé Bittancourt Marins.
Em sua narrativa, Riobaldo destaca as paisagens por onde transitou no Sertão, no estado
de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Não obstante, o sertão de Rosa, ao mesmo tempo, é e não é
real.
A obra “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa recebeu o "Prêmio Machado de
Assis, Prêmio Carmen Dolores Barbosa e o Prêmio Paula Brito.
Referências:
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/guimaraes-rosa.htm
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/grande-sertao-veredas-resumo-da-obra-de-
guimaraes-rosa/

Guimarães Rosa

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