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ROTEIRO PRÁTICO 2

Síntese do Complexo Cloreto de Pentaminoclorocobalto(III) - [Co(NH3)5Cl]Cl2

Introdução
O desenvolvimento da química de coordenação está intimamente relacionado
com o estudo dos complexos de cobalto(III) com ligantes estáveis, como a molécula de
amônia. Werner, observou que o complexo CoCl3.5NH3, de geometria octaédrica,
poderia ser obtido a partir do complexo CoCl3.6NH3, pela perda de uma molécula de
amônia e simultânea coordenação de um íon cloreto ao íon central (BARROS, 1992;
LEE, 1999), conforme apresentado no Esquema 1.

Esquema 1. Síntese do complexo CoCl3.5NH3 a partir do complexo CoCl3.6NH3.

Atualmente, o complexo CoCl3.5NH3 é melhor representado como


[Co(NH3)5Cl]Cl2, onde pode-se destacar claramente a existência de dois tipos de átomos
de cloro: um que está ligado covalentemente ao íon Co3+ (espécie dentro do colchetes,
denominada ligante) e outros dois que são contra-íons, ou seja, íons cloretos que não
estão diretamente coordenados ao íon metálico e que podem ser facilmente
identificados e quantificados na presença de sal de prata através da técnica de
titulação por precipitação (LEE,1999).

Em solução, os íons metálicos livres são facilmente solvatados por moléculas de


água ou de outros ligantes/solventes. A espécie [Co(OH2)6]2+ é bastante estável em
água, em contrapartida, a espécie [Co(OH2)6]3+ é relativamente instável, conforme os
potenciais padrão de redução das reações, apresentados no Esquema 2. Este fato está
relacionado com a raridade de encontramos sais de Co3+ em meio aquoso.
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Contudo, complexos de Co3+ com outros ligantes são bem mais estáveis quando
comparados com complexos de Co2+ similares.

Esquema 2. Potencial padrão de redução para a reação entre o complexo [Co(OH2)6]3+e a água,
em solução aquosa, a 25°C (OLIVEIRA, 2010).

O complexo [Co(NH3)6]Cl3 tem um dos ligantes aminas mais reativo que os


demais, o que possibilita a realização de reações de substituição de ligantes, para gerar
distintos complexos pentamincobalto(III), na presença de excesso do ligante L
(Esquema 3).

Esquema 3. Reação de substituição de ligante no complexo [Co(NH3)6]Cl3.

A estabilidade relativa dos complexos de Co3+ está relacionada com a energia


de estabilização do seu campo cristalino. Este íon apresenta uma configuração
eletrônica, segundo a TCC, do tipo d6 e comumente são formados complexos
diamagnéticos, resultando em um íon metálico com a configuração eletrônica (t2g)6(eg)0
e, por consequência, em uma estabilização de campo cristalino muito grande. Por
outro lado, o íon Co2+ apresenta uma configuração eletrônica do tipo d7, que resulta
sempre na formação de complexos com propriedades paramagnéticas, independente
do desdobramento do campo ligante ser de spin baixo ou spin alto (LEE, 1999;
OLIVEIRA, 2010).
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Objetivos
Síntese do complexo cloreto de pentaminoclorocobalto(III) a partir do cloreto de
cobalto(II) hexa-hidratado.

Materiais de Uso Geral


Chapa aquecedora; Banho de gelo; Balança analítica; Bomba de vácuo ou
trompa de vácuo; Kitassato de 500 mL e conexões adequadas para filtração à pressão
reduzida; Béquer de 100 mL (2), 250 mL e 500 mL; Espátula (2); Cálice ou Proveta de
15 mL (3).

Materiais por Grupo


Béquer de 100 mL; Bastão de vidro; Proveta de 10 mL e de 15 mL (2); Vidro de
relógio; Pipeta de Pasteur em vidro com tetina; Termômetro; Funil de Büchner de
50 mL para filtração à pressão reduzida; Frasco apropriado para armazenar o produto
de síntese.

Reagentes e Solventes
Ácido clorídrico concentrado; Peróxido de hidrogênio a 30% em massa;
Amônia concentrada (Hidróxido de amônio concentrado); Cloreto de amônio; Cloreto
de cobalto(II) hexa-hidratado; Água destilada; Álcool etílico absoluto; Éter etílico.

Parte Experimental
 Procedimento 1 devem ser realizados pelo(a) professor(a) ou técnico(a) do
laboratório, antes da aula prática iniciar.
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1. Em um béquer de 500 mL, adicione 200 mL de água destilada e coloque-o em um


banho de gelo. A água gelada será usada no item 9 do procedimento e é suficiente
para quatro grupos.

 Alunos devem iniciar o plano de síntese a partir do procedimento 2.

 NOTA 01: Os procedimentos 2 a 6 devem ser feitos dentro da capela.

2. Em um béquer de 100 mL, meça 2,5 g de NH4Cl. Em seguida, adicione a esse béquer
15 mL de solução concentrada de NH3. Este procedimento, bem como os dos itens
3, 4 e 5, devem ser feitos dentro da capela.

3. Meça 5 g de CoCl2.6H2O e adicione-o, sob constante agitação e em pequenas


porções, à solução anterior.

4. Acrescente 8 mL de solução de H2O2 30% m/m, lentamente, em pequenas frações,


com auxílio de uma pipeta de Pasteur.

 NOTA 02: Atenção, esta etapa do procedimento é muito perigosa e o peróxido de


hidrogênio deve ser adicionado lentamente e com extremo cuidado.

5. Quando toda efervescência tiver cessado, acrescente, cuidadosamente, 15 mL de


HCl concentrado.

6. Aqueça a mistura até reduzir o volume da solução reacional à metade, agitando


com bastão de vidro para evitar que o sal cristalize nas bordas do béquer.

7. Deixe a mistura reacional em banho de gelo, até uma temperatura próxima de


0 °C.

8. Filtre o sólido obtido, sob pressão reduzida.

9. Lave o sólido com água gelada (3 x 5 mL), seguida de álcool etílico absoluto
(3 x 5 mL) e finalize com éter etílico (2 x 5 mL).

10. Armazene a substância obtida em frasco apropriado e etiquetado. Meça a massa


do sólido obtido em balança analítica e calcule o rendimento da reação.
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Referências
BARROS, H.L.C. Química Inorgânica: Uma Introdução. Belo Horizonte: Editora
UFMG; Ouro Preto: UFOP, 1992.

FARIAS, R.F. Práticas de Química Inorgânica. 3 ed. Campinas: Átomo, 2010.

LEE, J.D. Química Inorgânica Não Tão Concisa. Tradução: Henrique E. Toma, Koiti
Araki, Reginaldo C. Rocha. 5 ed. São Paulo: Blucher, 1999.

OLIVEIRA, M.R.L.; MAIA, J.R.S.; BRAATHEN, P.C. Práticas de Química Inorgânica:


Complexos [recurso eletrônico]. Viçosa: UFV/CEAD, 2010.

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