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LCQUI-Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)

Preparação de compostos hexacoordenados do cobalto (III)


Luiz Felipe Lobo de Oliveira (aluno), Mayk de Souza Rangel (aluno) e Fernando José Luna (Prof.)
Palavras Chave: Compostos de cobalto, compostos de coordenação, condutivimetria

Introdução
Os complexos de cobalto com aminas foram extensivamente estudados por Werner sendo muito
importantes para o desenvolvimento das primeiras teorias sobre complexos, onde o cobalto apresenta
estados de oxidação em +2 e +3. O cobalto tem diversas aplicações, estando presente na vitamina B12; na
indústria metalúrgica para produção de aços com características especiais de dureza e resistência; e na forma
de óxidos também atua como catalisador na indústria química. Apesar destas aplicações, compostos de
cobalto podem apresentar efeitos tóxicos e causar danos à saúde, dependendo de sua concentração.1,2

Resultados e Discussão
No procedimento para formação do composto 1 foram dissolvidos 4,0g de cloreto de amônio e 6,0 g
de cloreto de cobalto (II) hexahidratado em 8,5 mL de água fervendo. A solução foi resfriada em banho de
gelo até 10°C e em seguida, foi adicionado 13,5 mL de hidróxido de amônio concentrado. A solução foi
colocada em agitação e foi adicionado 11,7 mL de H 2O2. A solução foi retirada do banho de gelo e colocada
em banho de água com a temperatura em torno de 50-60ºC por uma hora e meia sob agitação. Por fim, foi
adicionado HCl concentrado e a solução foi resfriada em banho de gelo até a formação do sólido que foi
filtrado a vácuo, obtendo o complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2 apresetando coloração roxa. A reação que descreve
este processo é:

2 CoCl2.6H2O(s) + 2 NH4Cl + 8 NH3 + H2O2 → 2 [Co(NH3)5Cl]Cl2 (s) + 14 H2O(l)

Para formar o composto 2, foram dissolvidos 4,0 g de cloreto de amônio com 6,0g de cloreto de
cobalto (II) hexahidratado em 8,5 mL de água fervendo. Depois foi adicionado carvão ativo e a solução foi
colocada em banho de gelo. Então foi adicionado 13,5 mL de hidróxido de amônio concentrado e a solução
foi mantida a 10 °C. Foi realizado um borbulhamento e a temperatura foi aumentada para 50-60°C. Nesta
etapa, acredita-se que tenha ocorrido que o diâmetro da pipeta utilizada possuía um pequeno orifício de saída,
diminuindo o borbulhamento em contato com a reação, visto que não foi possível observar o desaparecimento
da coloração rosa na reação. Outra possibilidade está relacionada ao curto período de tempo em que a
solução foi submetida ao borbulhamento, impedindo a formação de peróxido e, assim, prejudicando a síntese.
Sendo assim, o complexo [Co(NH3)6]Cl3 foi adquirido com as alunas Tailine e Vanessa, apresentando uma
cor de amarelo-alaranjado. A reação que descreve este processo é:

2 CoCl2.6H2O(s) + 2 NH4Cl+ 10 NH3+ H2O2 → 2 [Co(NH3)6]Cl3 (s) + 14 H2O(l)

A última etapa, foi realizar os espectros através do UV-vis dos compostos 1 e 2 e as medidas de
condutividade destas soluções. A medida de condutividade composto 1 (roxo) foi de 273,27 µs/cm e do
composto 2 (amarelo-alaranjado) foi 433,53 µs/cm. A medida de condutividade auxilia na identificação dos
complexos, já que o complexo [Co(NH3)6]Cl3 apresenta uma proporção 1:3 e o complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2
apresenta proporção 1:2 entre os eletrólitos. Essa diferença influencia na medida de condutividade. Foi feita
a análise por espectroscopia do UV-vis, onde o composto 1 apresentou duas bandas com absorbâncias de
0,0450 e 0,0495 em 530 e 370 nm, respectivamente. O composto 2 apresentou duas bandas com
absorbâncias 0,0516 e 0,0436 em 470 e 335 nm, respectivamente. O composto 2 tem sua esfera de
coordenação constituida por seis ligantes de grupo amino (NH 3), enquanto o composto 1 apresenta cinco
ligantes NH3 e um cloro. Como o grupo NH3 é considerado um ligante forte, a absorbancia do composto ocorre
em comprimentos de onda menores, pois assim, sua energia será maior. Já a presença de um grupo cloro,
faz com que a absorbância ocorra em regiões de comprimento de onda maior, fazendo com que a energia
seja menor – o que é esperado quando um ligante fraco como o cloro está presente na esfera do complexo.
Portanto, essas constatações revelam que o composto 1 trata-se do complexo cloreto de hexaminocobalto
(III) [Co(NH3)6]Cl3 e o composto 2 trata-se do complexo cloreto de pentaaminoclorocobalto (III)
[Co(NH3)5Cl]Cl2.

Conclusões
Existem diversas formas de realizar a formação de complexos. Os dois procedimentos realizados
para formação dos compostos 1 e 2 utilizaram os mesmos reagentes, mas métodos de preparação diferentes,
dando origem a 2 compostos complexos distintos. As medidas de condutância e absorbância forneceram
resultados que permitiram concluir que o composto 1, de coloração roxa, trata-se do complexo [Co(NH3)6]Cl3
e o composto 2, de coloração amarelo-alaranjado, trata-se do complexo [Co(NH3)5Cl]Cl2.
1. ALVES, A. N. L.; ROSA, H. V. D. Exposição ocupacional ao cobalto: aspectos toxicológicos. Revista Brasileira de Ciências
Farmacêuticas, v. 39, n. 2, 2003,
2. MEDEIROS, M. A. Elemento químico: cobalto. Química Nova na Escola, v. 35, n. 3, p. 220, 2013.

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