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Levantamento genético - Wagyu

Discente: Guilherme Andrade dos Santos


A raça Wagyu, de origem japonesa, é renomada por sua excepcional qualidade de
carne, com destaque para a marmorização e suculência que contribuem para sua
superioridade em sabor. Nesse cenário, o melhoramento genético assume um papel
crucial, visando aprimorar a eficiência produtiva da raça ao aumentar características
como eficiência alimentar, adaptabilidade e taxa de crescimento.
A raça Wagyu moderna é resultado da fusão de influências genéticas, que teve
início com o gado Hanwoo da Coreia, importado para o Japão por volta do século II.
Inicialmente usado para atividades agrícolas nas montanhas japonesas, o Hanwoo
deu espaço para influências ocidentais com a restauração Meiji no final do século
XIX. Esse período trouxe a introdução de raças europeias, como Pardo Suíço,
Devon, Shorthorn, Simmental e Angus, que foram cruzadas com o gado Wagyu
local, resultando na linhagem Black Wagyu, também conhecida como Japanese
Black ou Kuroge Wagyu.
Dentro da linhagem Black Wagyu, destacam-se diversas sublinhagens que foram
desenvolvidas de acordo com as prefeituras de origem, como Yasumi Doi, Kikuteru
Doi, Kikuyasu Doi e Shigekanenami, cada uma apresentando suas próprias
características de marmoreio e crescimento.
Adicionalmente, a linhagem Red Wagyu, conhecida como Akaushi, surgiu nas
prefeituras de Kumamoto e Kochi. Através de cruzamentos com Simental, Hanwoo e
Devon, essa linhagem apresenta uma carne firme de baixo teor de gordura.
No Brasil, a raça Wagyu foi introduzida cerca de 25 anos atrás pela empresa
japonesa Yakult. A seleção e manejo da raça no Brasil buscam atingir altos níveis
de marmoreio e qualidade da carne, seguindo padrões semelhantes aos do Japão,
adaptados às condições e recursos locais.
No Brasil, a criação de Wagyu segue uma abordagem intensiva, adaptada às
condições locais. A raça frequentemente é confinada, com dieta e ambiente
controlados para otimizar o marmoreio. O sistema intensivo busca acelerar o
crescimento e o desenvolvimento dos animais, visando maior eficiência na produção
de carne de alta qualidade, o que é especialmente relevante devido à preferência
dos consumidores por carnes mais marmorizadas e macias.

Um sistema de cruzamento tricross, que envolve Nelore, Angus e Wagyu, tem sido
adotado globalmente, inclusive no Brasil. Esse método inicia com o cruzamento
entre Nelore e Angus, gerando animais F1, que posteriormente cruzam com Wagyu.
Esse processo visa equilibrar rusticidade, habilidade materna e marmoreio
excepcional, buscando animais que combinem produção, eficiência e qualidade de
carne.
A genômica desempenha um papel crucial no moderno processo de melhoramento
genético. No Brasil, técnicas de sequenciamento genômico são aplicadas para
identificar marcadores genéticos associados à marmorização e outras
características de interesse, permitindo uma seleção mais precisa de animais
reprodutores.
Uma aplicação ampla da tecnologia genômica é a capacidade de calcular a
endogamia genômica, identificando regiões genômicas idênticas herdadas de
ambos os pais, que contribuem para a endogamia. Diferentemente das estimativas
teóricas baseadas em pedigrees, a endogamia genômica considera a recombinação
cromossômica nos gametas, proporcionando uma visão precisa do nível de
endogamia.

O material genético japonês e americano desempenha papéis fundamentais na


disseminação e aprimoramento da raça Wagyu ao redor do mundo. A exportação de
animais e sêmen do Japão para os Estados Unidos e outras nações permitiu a
introdução de linhagens puras e de alta qualidade. A genética japonesa é altamente
valorizada por sua autenticidade e pureza, resultando em carne Wagyu genuína.
Nos Estados Unidos, onde o cruzamento com raças locais é comum, a genética
americana combina as vantagens do Wagyu com a produção e adaptação local,
resultando em um Wagyu americano que atende às demandas do mercado global e
local.

A importância do melhoramento genético se torna evidente ao considerar a


demanda crescente por produtos de alta qualidade nos mercados globais. A busca
por eficiência produtiva, adaptabilidade e sustentabilidade está no cerne do
aprimoramento genético da raça Wagyu, permitindo a produção de carne premium
de maneira mais eficaz.
O Brasil, com sua própria jornada na criação de Wagyu, tem demonstrado sucesso
ao adotar técnicas modernas, como a genômica, para identificar marcadores
genéticos relacionados ao marmoreio e outras características desejáveis. Ao
mesmo tempo, o sistema intensivo de criação brasileiro, aliado a estratégias de
cruzamento tricross, reflete a busca pela combinação ideal de características para
atender às preferências do consumidor e excelência produtiva.

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