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Endocardite
Prof. Gilvano Amorim
Grandes Temas em Medicina Interna
Departamento de Clínica Médica
Faculdade de Medicina
Objetivos da aula
• Compreender a regulação clínica da temperatura;
• Compreender a fisiopatologia básica da febre;
• Significar “febre” clinicamente.
• Compreender o organismo humano como ambiente asséptico com
espaços colonizados;
• Compreender o evento “bacteremia” e seus significados;
• Compreender endocardite fisiopatológica e clinicamente.
Aspectos da Termorregulação
• Homeotermia x pecilotermia;
• O ser humano é homeotérmico.
• A temperatura de nosso corpo deve ser mantida constante
independentemente das condições ambientais.
• O corpo humano regula a temperatura corporal por meio de um
processo conhecido como termorregulação.
• A termorregulação envolve a interação de diversos mecanismos
fisiológicos e neurais.
• Dentre estes mecanismos temos a produção e dissipação de calor, o
controle da sudorese e o ajuste da circulação sanguínea.
Aspectos da Termorregulação
• A termorregulação é mantida por um centro de controle localizado no
hipotálamo;
• Este centro de controle recebe informações de termorreceptores
localizados na pele, no cérebro e nos órgãos internos.
• Se a temperatura corporal aumenta, o hipotálamo aciona mecanismos para
dissipar o calor, como a vasodilatação periférica (que aumenta o fluxo
sanguíneo para a pele) e a sudorese (que libera calor pela evaporação da
água).
• Se a temperatura corporal diminui, o hipotálamo aciona mecanismos para
produzir e reter calor, como a vasoconstrição periférica (que reduz o fluxo
sanguíneo para a pele) e a contração muscular (que gera calor por meio do
trabalho mecânico).
Temperatura como marco semiológico
• Temperatura do “axis corporis”;
• Formas de medida;
• Significado clínico: insulto hipotalâmico com perda do referencial de
temperatura normal (habitualmente eleva);
Febre
• Resposta fisiológica do organismo a diversos estímulos, incluindo
infecções, inflamações, doenças autoimunes, neoplasias e trauma.
• A fisiopatologia da febre envolve a interação de diversos mecanismos,
incluindo:
➢Liberação de mediadores inflamatórios;
➢Ativação de células imunes;
➢Aumento da produção de calor pelo organismo.
Febre – aspectos fisiopatológicos
• Produção de mediadores inflamatórios;
• Tal produção pode se dar por infecção por bactérias, vírus ou outros
agentes infecciosos ou outros insultos não infecciosos;
• Dentre tais mediadores inflamatórios temos interleucinas, o fator de
necrose tumoral alfa (TNF-α) e a prostaglandina E2 (PGE2);
• Esses mediadores são produzidos por células imunes, como os
macrófagos e as células dendríticas, e têm como principal função
estimular a resposta inflamatória.
Febre – aspectos fisiopatológicos
• A PGE2, em particular, tem um papel central na fisiopatologia da
febre.
• A produção de prostaglandina E (PGE) no núcleo pré-óptico anterior
(POA) está associada à febre.
• O POA é uma região do hipotálamo que atua como um centro
regulador da temperatura corporal.
• Na inflamação haverá produção de citocinas.
• As citocinas atuam no POA e estimulam a produção de PGE.
Febre – aspectos fisiopatológicos
• A PGE age no POA aumentando o "set-point" da temperatura
corporal, ou seja, o ponto de referência para o qual o corpo deve se
esforçar para manter sua temperatura.
• Isso resulta em uma elevação da temperatura corporal, resultando
em febre.
• Essa estimulação leva a uma diminuição do ponto de ajuste térmico
no POA, ou seja, o hipotálamo passa a considerar que a temperatura
corporal normal é mais alta do que o valor anteriormente
estabelecido. Com isso, o organismo passa a produzir e reter mais
calor, levando a uma elevação da temperatura corporal.
Febre – aspectos fisiopatológicos
• Febre aumenta gasto metabólico;
• Febre pode ser lesiva a órgãos nobres como o cérebro;
• No entanto, é uma resposta adaptativa que ajuda a combater
infecções, pois muitos microrganismos não conseguem sobreviver em
temperaturas elevadas.
• A febre estimula a produção de leucócitos e aumenta a resposta do
sistema imunológico.
Semiologia Clínica da Febre
• Febre é um estado decorrente da desregulação do termostato
hipotalâmico que se manifesta por manobras de conservação da
temperatura associadas a sua elevação.
• Temperatura corporal acima da faixa de: 37,5°C no sítio axilar; 37,8°C
no sítio oral e 38°C no sítio retal.
• Distinguível de hipertermia.
Febre X Hipertermia
• Pericárdio: Pericardite.
• Miocárdio: Miocardite.
• Endocárdio: Endocardite.
Endocardite: conceito
Dosler=Dor
Manchas de Janeway
Já nem sinto! = não dor
Manchas ungueais de Spintler
Manchas de Roth
Agentes
Associações comuns
• Endocardite em usuário de drogas IV (pp. em valva tricúspide):
Staphylococcus aureus;
Pseudomonas aeruginosa;
Candida;
• Endocardite por Enterococos: Relação com manipulação do trato geniturinário;
• Endocardite por
Streptococcus bovis:
Relação com malignidade do trato gastrointestinal e pólipos colônicos (indicada
colonoscopia);
• Endocardite com hemoculturas negativas: Grupo HACEK (
Haemophylus, Actinobacillus, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens,
Kingella kingae). Podem demorar
de 14-21 dias para crescer em meio de cultura.
Diagnóstico
• Suspeição
• Lesão cardíaca
• Padrão de comportamento
• Bacteremia
• Fenômeno embólico
• Hemocultura e/ou cultura +
Critérios de DUKE
Critérios de DUKE
Diagnóstico
• Hemograma;
• Hemocultura (2 amostras com intervalo de 30 minutos ou coleta de
10 ml de sangue, em sítios diferentes; caso não haja crescimento
bacteriano, nova amostra deverá ser coletada após 24 horas);
• VHS, proteína C reativa;
• ECG;
• Ecocardiograma transtorácico (sensibilidade para detecção de
vegetações entre 60 e 70%);
• Ecocardiograma trans-esofágico (sensibilidade para detecção de
vegetações entre 75 e 95% com especificidade entre 85 e 98%).
Diagnóstico Diferencial
• Mixoma atrial
• Febre reumática aguda
• Lúpus eritematoso sistêmico / doenças do colágeno
• Endocardite marântica
• Síndrome antifosfolipídio
• Síndrome do carcinóide
• Carcinoma de célula renal
• Púrpura trombótica trombocitopênica
Candidatos a profilaxia
• Pacientes com próteses valvares (mecânicas, biológicas ou homoenxertos);
• Pacientes com antecedente de endocardite infecciosa (mesmo sem
diagnóstico de cardiopatia);
• Pacientes com cardiopatia congênita (exceto CIA ostium secundum
isolado);
• Pacientes com valvopatia reumática (mesmo após correção cirúrgica);
• Pacientes com valvopatias adquiridas (doenças degenerativas, p. ex.);
• Pacientes com prolapso de valva mitral associado a regurgitação mitral;
• Pacientes com miocardiopatia hipertrófica.
Procedimentos & profilaxia
• Tratamento e procedimentos dentários nos quais se espera
sangramento da mucosa ou gengiva;
• Cirurgia que envolve mucosas respiratórias ou intestinal,
tonsilectomia e/ou adenoidectomia, cirurgia de próstata, de vias
biliares ou histerectomia vaginal;
• Escleroterapia de varizes esofagianas;
• Dilatação do esôfago;
• Dilatação uretral;
• Parto vaginal na presença de infecção;
• Incisão e drenagem de tecido infectado.
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Aula VII: Febre, Bacteremia &
Endocardite
Prof. Gilvano Amorim
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