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ISSN 2177-3548
[1] Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) [2] Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) [3] Universidade Presbiteriana
Mackenzie (UPM) | Título abreviado: Análise do Comportamento, Seletividade Alimentar no TEA | Endereço para correspondência: Rua Bartira, 387, Perdizes, São
Paulo/ SP 05009-000 | Email: nathaliatferrer@gmail.com | doi: org/10.18761/pac18d4
cias que apoiassem as suposições comuns de que a com TEA, o objetivo é desenvolver repertórios de
seletividade pode estar relacionada a sintomas de habilidades sociais relevantes e reduzir repertórios
TEA; em vez disso, descobriram que as preferências considerados inadequados, servindo-se, para isso,
alimentares da família têm uma influência maior na de métodos baseados em princípios comportamen-
seleção de alimentos. tais. Assim, essa ciência é utilizada no tratamento
Porém, o comportamento repetitivo e o inte- para auxiliar nos processos comportamentais no
resse restrito podem ter relação com a seletividade repertório autista.
alimentar. Autistas têm maior resistência a novas Para Goulart e Assis (2002), a pesquisa compor-
experiências e, provavelmente, transferem esse tamental tem um importante papel a cumprir, seja
mesmo padrão de comportamento para a inclusão no sentido de elucidar que eventuais variações am-
de novos alimentos. Os distúrbios alimentares po- bientais podem vir a produzir um repertório autista,
dem compreender a aversão a certos alimentos, de- seja no sentido de desenvolver e avaliar procedimen-
vido à textura, à cor ou ao odor, ou a insistência em tos voltados a essa população. Faz-se, então, necessá-
comer somente uma pequena seleção de alimentos rio trazer à tona novas discussões sobre o compor-
e recusa para provar alimentos novos (Klin, 2006). tamento alimentar relacionados aos portadores do
Isto pode ser relacionado com a hipersensibilidade TEA para, assim, ser viável uma intervenção tera-
sensorial encontrada no TEA. pêutica eficaz para a melhoria na qualidade nutricio-
Independentemente do grau de desenvolvimen- nal e na convivência dos indivíduos no ato de comer.
to das crianças, a alimentação produzirá efeitos so- As intervenções voltadas para eliminar a recu-
bre o desenvolvimento/crescimento e o seu estado sa alimentar ocorrem em variadas situações, nas
nutricional (Bachmeyer, 2009). Por esse motivo, a quais são manipulados os estímulos antecedentes
seletividade alimentar é uma questão de relevância ao comer, suas consequências ou a combinação de
e requer destaque, pois resulta em deficiências nu- ambos. Os comportamentos-alvo incluem aumento
tricionais graves, prejudicando também o processo na aceitação de uma variedade mais ampla de ali-
de desenvolvimento de crianças com TEA. mentos e redução de comportamentos inadequados
Poucos estudos são publicados sobre a adequa- durante as refeições.
ção de consumo de nutrientes de indivíduos au-
tistas ou que compararam a ingestão com algum 1 Sigla da expressão original em inglês: Applied Behavior
Analysis.
O objetivo do presente estudo é caracterizar, estudos com teor científico, utilizando publicações
por meio de uma revisão de literatura, as pesqui- oficiais, artigos científicos e dissertações.
sas de analistas aplicados do comportamento sobre As fontes provêm de publicações em português
a seletividade alimentar de pessoas que se encon- e inglês, entre os anos de 2010 e 2022, de periódicos
tram dentro do espectro autista, os procedimentos indexados na base de dados da SciELO, escolhida
metodológicos, os principais resultados, a partir de por abranger uma coleção selecionada de periódi-
discussões teórico-conceituais. cos científicos brasileiros revisados por pares, com-
plementada pela análise de documentos legais dis-
poníveis, e de publicações no Google Acadêmico,
Método escolhido por ser uma ferramenta do Google que
possibilita a localização de teses, dissertações e ou-
A literatura em análise do comportamento tem ava- tras publicações úteis além de 31artigos. Ambos são
liado estratégias para tratar a seletividade alimentar plataformas com publicações em múltiplos idiomas
em crianças com desenvolvimento atípico, particu- e disponíveis gratuitamente.
Figuras e Tabelas
larmente com diagnóstico de TEA (Furine, 2014). As datas das buscas compreendem o período de
A busca sobre o tema evidencia a importância de janeiro 2010 a agosto de 2022. As palavras de busca
conhecer o que já foi publicado por outros pesqui- preestabelecidas para a seleção de pesquisas nas ba-
sadores e o estado atual de conhecimento sobre. ses de dados em português foram: “análise do com-
Figura 1
Realizou-se, portanto, uma revisão bibliográ- portamento” AND “seletividade alimentar”; e “seleti-
fica sobreProcesso
Fluxograma: crianças de
com dificuldades
Exclusão alimentares
e Inclusão e vidade alimentar” AND “autismo”. Em inglês, foram
dos Artigos
os seus comportamentos nesta área. Esta pesquisa utilizadas as palavras de busca (search terms): “beha-
exploratória de revisão foi elaborada por meio de vior analysis” AND “food selectivity” AND “autism”.
A fim de aumentar a precisão dos resultados, Todos os estudos são vinculados a universi-
eliminando-se artigos não relativos ao tema da pes- dades. Duas instituições aparecem em mais de
quisa nas buscas, especificou-se que os termos de- um estudo: quatro são da University of Nebraska
veriam estar presentes nos títulos e/ou nos resumos. Medical Center (Allison et al., 2012; Crowley, 2019;
Dessa maneira, foram delimitados como critérios de Crowley et al. 2020; Peterson et al., 2016); e outros
inclusão: (a) textos com acessibilidade gratuita para dois, da Pennsylvania State University (Seiverling,
leitura; (b) conterem as palavras de busca no título e/ Kokitus, et al., 2012; Seiverling, Williams, et al.,
ou resumo; (c) serem pesquisas empíricas; e (d) per- 2012). Os dois estudos da University of Nebraska
tencerem ao campo da análise do comportamento. Medical Center têm em comum o pesquisador
Os critérios de exclusão estabelecidos foram: textos Jaime G. Crowley e as pesquisadoras Cathleen
de revisão bibliográfica; publicações acessíveis após Piazza e Kathryn Peterson; e os da Pennsylvania
pagamento; não constarem no título ou no resumo State University, a autora Laura Seiverling.
alguma palavra de busca proposta; capítulos de li- A faixa etária dos participantes compreendeu
vros e pesquisas fora da área da psicologia. Esses cri- crianças entre 3 e 10 anos, em sua maioria. O es-
térios estão descritos na Figura 1. tudo de Garvey (2011) contou com a participação
de dois adolescentes de 16 anos e a pesquisa de
Seiverling,Williams, et al. (2012) envolveu, além
Resultados das três crianças, suas respectivas mães.
As intervenções realizadas e analisadas em sa-
A base da SciELO, com as palavras de busca “aná- las, clínicas ou laboratórios das universidades fo-
lise do comportamento” AND “seletividade alimen- ram: Allison et al. (2012); Crowley et al. (2020); Fu
tar”, retornou três resultados no período de 2010 et al. (2015); McHugh (2019); Peterson et al. (2016)
a 2022, porém todos fora dos critérios de inclusão. e Seiverling, Kokitus, et al. (2012).
Com as palavras de busca “seletividade alimentar” Em Crowley (2019); Furine (2014) e Seiverling,
AND “autismo”, também não atendeu ao critério Williams, et al. (2012), as intervenções foram apli-
de inclusão. Com as palavras de busca “behavior cadas nas casas dos próprios participantes. O estu-
analysis” AND “food selectivity” AND “autismo”, não do de Weber e Gutierrez, Jr. (2015) não cita onde
foram encontradas publicações. foi efetuada a intervenção/coleta. Najdowski et
As buscas no Google Acadêmico, no período de al. (2012) aplicaram tanto na casa do participante
2010 a 2022, retornaram 861 resultados para “beha- quanto na clínica. Em Lipe (2015), as sessões acon-
vior analysis” AND “food selectivity” AND “autismo”. teciam em vários momentos ao longo do dia, a de-
O buscador retornou ainda 229 resultados para “sele- pender da disponibilidade tanto do pesquisador
tividade alimentar” AND “autismo”. Para as palavras como do participante, e ocorriam na escola e na
de busca “análise do comportamento” AND “seletivi- clínica. Garvey (2011) realizou as intervenções na
dade alimentar”, surgiram 41 resultados. escola dos participantes.
Conforme demonstra a Tabela 1, 13 estudos fo- Os tipos de problemas de alimentação encon-
ram inseridos de acordo com os critérios de busca trados foram: (a) seletividade alimentar (Allison
e de inclusão, sendo um em português — Furine et al., 2012; Furine, 2014; Garvey, 2011; Seiverling,
(2014) — e 12 em língua inglesa. Esses textos fo- Kokitus, et al., 2012; Seiverling, Williams, et al,
ram analisados e lidos de acordo com os seguintes 2012); (b) preferências específicas ou dieta limita-
parâmetros: (a) autores e filiação institucional; (b) da (Crowley et al., 2020; Fu et al., 2015; Lipe, 2015;
tipos de problemas de alimentação estudados; (c) McHugh, 2019; Najdowski et al., 2012; Peterson et
características dos participantes; (d) contextos de al., 2016; Seiverling, Williams, et al., 2012; Weber
intervenção e delineamentos utilizados; (e) medi- & Gutierrez, Jr., 2015); e (c) resistência ou recusas
das comportamentais empregadas; (f) consequên- alimentares (Crowley, 2019).
cias empregadas; (g) resultados obtidos; e (h) pre- Quanto ao delineamento, a maior parte dos
sença de medida de programação e generalidade procedimentos utilizou o delineamento de sujeito
dos resultados. único e a observação direta foi preferida aos relatos
3 Jaime G. Crowley Decreasing resistance to change in the form of food University of Nebraska EUA
selectivity for children with autism Medical Center
4 Jaime G. Crowley Treating food selectivity as resistance to change in University of Nebraska EUA
Kathryn Peterson, children with autism spectrum disorder Medical Center
Wayne Fisher e
Cathleen Piazza
5 Janelle Allison, David A comparison of differential reinforcement and noncon- University of Nebraska EUA
Wilder, Ivy Chong, tingent reinforcement to treat food selectivity Medical Center
Ashley Lugo, Jessica
Pike e Nikki Rudy
6 Jessica Weber e Anibal A treatment package without escape extinction to Florida International EUA
Gutierrez Jr. address food selectivity University
7 Kathryn Peterson, A comparison of a modified sequential oral sensory University of Nebraska EUA
Cathleen Piazza e Valerie approach to an applied behavior-analytic approach in Medical Center
Volkert the treatment of food selectivity in children with autism
spectrum disorder
8 Laís Sassaki Furine Efeitos de instruções e de manipulação do formato de PUC-SP Brasil
frutas na redução da seletividade alimentar em crianças
com transtorno do espectro autista
9 Laura Seiverling, Keith Effects of behavioral skills training on parental treatment Pennsylvania State EUA
Williams, Peter Sturmey of children food selectivity University
e Sadie Hart
10 Laura Seiverling, Amy A clinical demonstration of a treatment package for Pennsylvania State EUA
Kokitus e food selectivity University
Keith Williams
11 Shannon C. Garvey A comparison of two interventions to treat food selec- Northeastern University EUA
tivity Boston
12 Sherrene B. Fu, Becky The effects of modeling contingencies in the treatment California State EUA
Penrod, Jonathan K. of food selectivity in children with autism University
Fernand, Coleen M.
Whelan, Kristin Griffith e
Shannon Medved
13 Star L. Lipe An evaluation of the efficacy of antecedent choice St. Cloud State EUA
for decreasing food selectivity in children with autism University
spectrum disorders
e às escalas. A linha de base múltipla foi utilizada (1996) compararam os efeitos da apresentação si-
em 12 estudos (Crowley, 2019; Crowley et al., 2020; multânea versus sequencial de alimentos no consu-
Fu et al., 2015; Garvey, 2011; Lipe, 2015; McHugh, mo alimentar de um menino de 7 anos com diag-
2019; Najdowski et al, 2012; Peterson et al., 2016; nostico de transtorno do desenvolvimento (Garvey,
Seiverling, Kokitus, et al., 2012; Seiverling,Williams, 2011). Garvey (2011) realizou sessões duas vezes ao
et al., 2012; Weber & Gutierrez, Jr., 2015). Na linha dia, aproximadamente duas horas antes do almoço
de base múltipla, mais de uma variável dependente (por exemplo, 10h00) e duas horas após o almo-
(VD) é mensurada e analisada ao longo de todas as ço (por exemplo, 14h00), com dois adolescentes.
fases da pesquisa e são estabelecidas mais de uma Estas geralmente duravam cerca de 10 minutos. Os
linha de base (condições-controle). As variáveis in- participantes não foram autorizados a ter acesso
dependentes (VIs) são introduzidas em momentos aos seus alimentos preferidos durante os dias das
distintos no tempo para cada uma delas. Assim, sessões. As variáveis dependentes foram a porcen-
pode-se observar a relação de dependência entre tagem de mordidas consumidas, comportamentos
VI e VD, quando há mudanças nos valores de VD, inadequados na hora das refeições e comportamen-
à medida em que são introduzidas a(s) VI(s) para tos disruptivos.
cada uma delas. O participante 1 apresentou aumento no consu-
O estudo de Allison et al. (2012), por outro mo imediatamente nas apresentações simultâneas
lado, utilizou o delineamento ABAB de reversão, e sequenciais. O participante 2 recusou o purê de
ou seja: A = condição-controle; e B = condição ex- batatas, que era utilizado na proposta, não devido
perimental. Esse tipo de delineamento consiste em aos métodos de apresentação, mas, segundo os au-
realizar sucessivas comparações entre condições- tores, possivelmente pelo sabor, cheiro, textura ou
-controle e condições experimentais, alternadas em temperatura que estavam aversivos. Então, um tra-
um mesmo experimento. O terapeuta utilizou cin- tamento adicional de intervenções foi avaliado para
co brinquedos preferidos identificados por meio da ele na apresentação simultânea, porque o consumo
avaliação de preferência como reforço diferencial não aumentou.
e não apresentou consequências diferenciais para A pesquisa de Allison et al. (2012), feita com
o comportamento qualificado como problemático, uma criança de 3 anos, comparou reforço diferen-
mas o bloqueou, se necessário. Finalmente, Furine cial mais extinção de fuga (EE) com reforço não
(2014) utilizou o delineamento intrassujeito. contingente (NCR) mais EE para tratar a seleti-
As medidas comportamentais empregadas, em vidade alimentar. O EE consiste em não permi-
sua maioria, consistiam na observação direta do con- tir que a criança termine a refeição sem que ela
sumo (Allison et al., 2012; Crowley, 2019; Crowley tenha consumido uma pré-determinada quantia
et al., 2020; Furine, 2014; Garvey, 2011; Lipe, 2015; de alimento servido (Sella & Ribeiro, 2018). Já o
McHugh, 2019; Najdowski et al., 2012; Peterson et NCR altera a motivação do indivíduo em se en-
al., 2016 e Seiverling, Kokitus, et al., 2012). Em Fu et gajar nesses comportamentos e os coloca em ex-
al. (2015); Seiverling, Williams, et al. (2012) e Weber tinção por meio da ruptura de uma relação fun-
e Gutierrez, Jr. (2015), os dados foram filmados para cional destes com determinados eventos (Sella &
posterior coleta de informações. Ribeiro, 2018). Foi conduzida uma avaliação de
O objetivo das pesquisas eram o aumento da preferência de estímulos pareados para identificar
aceitação e a mordida dos alimentos ou, ainda, cinco brinquedos altamente preferidos, que, foram
melhorar o consumo desses alimentos, com vários usados durante a análise funcional e avaliação do
procedimentos, descritos na tabela 2 em anexo, jun- tratamento. Foram de 5 a 10 sessões por dia, 2 a
tamente com os resultados, organizados de acordo 3 dias por semana. O terapeuta dizia “bom” em
com o ano de publicação. seguida da aceitação do alimento e, após a limpeza
O estudo de Garvey em 2011, replicou os pro- da boca, verificava se ela estava limpa com 30 se-
cedimentos de Kern e Marder (1996), utilizando gundos depois da mordida. Um aviso verbal para
apresentações simultâneas e sequenciais de ali- “engolir” era feito se o participante tivesse comida
mentos preferidos e não preferidos. Kern e Marder na boca na verificação de 30 segundos.
Tabela 2. Relação dos Procedimentos e Resultados em Ordem Crescente de Acordo com os Anos de
Publicações
rejeitadas pela criança antes da coleta de dados, a -alvo. Na modelagem e DR, o primeiro participante
pesquisadora entregou a cada família uma lista com consumiu 67% dos alimentos-alvo, e o segundo não
34 opções para marcação. Antes de cada sessão, consumiu todos. Quando adicionado o NRS, 100%
durante todo o estudo, a experimentadora brincou dos alimentos foram consumidos por ambos.
com as crianças por aproximadamente 10 minutos. Três crianças participaram da pesquisa de Lipe
E, durante as intervenções, além do elogio, caso a (2015), sendo duas de 10 anos e uma de 3 anos. A
criança seguisse todas as instruções, a pesquisado- pesquisa foi realizada na escola, na clínica, no refei-
ra brincava com ela por mais cinco minutos, ao fi- tório ou sala de aula. As sessões ocorreram em vá-
nal da sessão. Se os participantes não seguissem as rios horários ao longo do dia, dependendo da dis-
instruções, a pesquisadora permanecia em silêncio ponibilidade do pesquisador e do participante. Elas
e ao final da sessão não havia brincadeiras. Os dois aconteciam pelo menos uma hora após o partici-
participantes apresentaram inicialmente respos- pante ter feito uma refeição significativa, lanche ou
tas de recusa ativa, como vocalizações de negação bebida com alto teor calórico, para garantir que a
(“Não”) e apresentaram várias respostas de recusa satisfação não interferisse na aceitação do alimento.
corporais (empurrar o prato). A pesquisadora ig- Dez tentativas foram realizadas durante cada ses-
norou todas essas respostas, e, após 5 sessões, elas são; cada tentativa não durou mais de 30 segundos,
deixaram de ser apresentadas. por um máximo de 5 minutos por sessão.
Os resultados de Furine (2014) mostraram que, Durante as sessões de linha de base, o participan-
para ambos os participantes, o procedimento de se- te recebia uma porção de um alimento não preferido
quência de instruções (SI) foi acompanhado pelo em um pequeno prato de papel. O pesquisador dizia:
consumo das frutas previamente rejeitadas ocorres- “Dê uma mordida”. Um intervalo, entre tentativas de
se. Já o procedimento de manipulação de formato aproximadamente 10 segundos, seguiu cada mordi-
(MF) foi associado ao consumo somente para um da aceita ou não aceita. Não houve consequências
dos participantes. para aceitação, não aceitação ou comportamento
No trabalho de Fu et al. (2015), foram utiliza- problemático, exceto para retornar o participante à
dos a modelagem, o reforço diferencial e o NRS. O mesa se ele saísse. Depois que dez tentativas foram
reforçamento diferencial (DR) consistiu em forne- apresentadas, elogios breves, não relacionados à ali-
cer acesso a um estímulo de alta preferência (ve- mentação, foram fornecidos, como: “Obrigado por
rificado por meio de avaliações de preferências), sentar comigo, você foi ótimo”.
seguindo o comportamento-alvo. Na modelagem, Nas sessões de escolha, o participante recebia
o terapeuta apresentou três alimentos (um alimen- uma pequena porção de dois alimentos não prefe-
to por vez) em uma ordem sistemática e aleatória, ridos em um prato de papel e o pesquisador dizia
colocando dois pratos, com quatro pedaços de um “Escolha um e coma”.
único alimento (por exemplo, cenouras), na mesa Se o participante não aceitasse o alimento por
ao alcance do braço da criança, dizendo: “Vamos 30% ou mais tentativas em seis sessões de escolha
experimentar um pouco [comida]” ou “Que tal um consecutivas, a condição escolha e reforço diferen-
[outro alimento]”. Na modelagem e DR, o terapeuta cial de comportamento alternativo (DRA) eram
apresentou cada prato de comida dizendo “Vamos implementados.
experimentar um pouco [comida]. Se você termi- Durante as sessões de escolha e DRA, o parti-
nar toda a sua [comida], você pode escolher uma cipante foi apresentado a uma escolha de alimen-
de suas guloseimas favoritas e também pode brin- tos não preferidos como na sessão de escolha; no
car com [item preferido]”. Já na modelagem, DR e entanto, ele também foi informado: “Escolha um e
NRS o terapeuta acrescentou a afirmação: “Mas se coma, então você terá (nome da comida preferida)”.
você não comer sua [comida], terei que te ajudar”. (por exemplo, “Escolha um e coma, então você ga-
Durante a NRS, a terapeuta colocou a colher com nha biscoito.”).
comida perto dos lábios do participante. Os resultados mostraram que na escolha e esco-
Por meio da intervenção baseada em modela- lha + DRA, dois dos três participantes não fizeram
gem nenhum participante consumiu o alimento- escolha entre os dois alimentos não preferidos. Isto
é, mostraram que a intervenção antecedente não foi positivos, começando aos poucos e crescendo, ao
eficaz para aumentar o consumo de alimentos não mesmo tempo trabalhando para eliminar os com-
preferidos das três crianças. A aceitação de alimen- portamentos inadequados.
tos não preferidos foi de 0% na linha de base para A pesquisa de Crowley (2019) envolveu sete
todos os participantes e permaneceu em 0%, du- crianças, sendo: quatro de 4 anos; uma de dois; um
rante a escolha, entre dois alimentos não preferidos. de sete e outro de oito anos. Realizou-se uma ava-
Um componente de DRA foi adicionado à fase de liação de preferência de estímulos pareados para
escolha, mas a aceitação da mordida não preferida identificar o brinquedo ou ítem comestível prefe-
permaneceu em 0%. rido delas.
Weber e Gutierrez, Jr. (2015) utilizaram um pa- Foi colocado o alimento saudável contra o(s)
cote de tratamentos como modelagem, apresenta- alimento(s) resistente(s) à mudança dos partici-
ção sequencial e simultânea de alimentos-alvo. No pantes em um arranjo de escolha emparelhado es-
vídeo anexado na pesquisa, foi mostrado o uso de pecificamente. Isto foi feito para ensiná-los a não
brinquedos como reforçadores. Na apresentação se- apenas comer o alimento-alvo, mas, a escolher o
quencial e simultânea, o acesso a alimentos de alta alimento-alvo e comê-lo mesmo quando o alimen-
preferência foi fornecido, seguindo o consumo de to resistente à mudança estiver disponível simulta-
alimentos não preferidos. Os autores, porém, não neamente. Os terapeutas eram treinados na ABA
especificam quais alimentos utilizaram. Os resul- e, combinaram apresentações de mordidas com a
tados apresentados mostram que a técnica de mo- instrução verbal: “Dê uma mordida”. Se as crian-
delagem é capaz de aumentar a conformidade com ças colocassem uma mordida na boca dentro de 8
a aceitação dos alimentos. Os resultados também segundos da apresentação da porção, o terapeuta
mostram que o procedimento de apresentação elogiava. Se a comida do tamanho de um grão de
simultânea pode ser eficaz para aumentar a ade- arroz ou maior permanecesse na boca das crian-
são quando a técnica de modelagem não é eficaz. ças, o terapeuta as instruía: “Termine de engolir sua
Quando usados em conjunto, os procedimentos de mordida”. Também usaram reforçadores no início
modelagem e apresentação simultânea são eficazes de cada sessão: “Dê uma mordida”. “Se você der
para aumentar a adesão alimentar. uma mordida em (alimento-alvo saudável), você
Peterson et al. (2016) analisaram para crian- receberá (reforçador)”.
ças do sexo masculino de 4 a 6 anos as seguintes A seleção e consumo de alimentos-alvo aumen-
intervenções: modified sequential oral sensory ap- tou consistentemente para dois participantes e in-
proach (M-SOS) e ABA, ambos os grupos foram consistentemente para dois participantes, mesmo
compostos por três participantes. Os pesquisadores que os alimentos resistentes à mudança do partici-
do M-SOS faziam elogios com aceitação e limpeza pante estivessem disponíveis.
da boca ou elogios quando mordidas entravam na Na pesquisa de McHugh (2019), antes de cada
boca. O terapeuta chamou a atenção (por exemplo, sessão, o terapeuta fornecia instruções de que co-
repreensões, persuasão, contato visual, contato fí- locaria comida na frente da boca da criança e re-
sico, declarações descritivas) imediatamente após alizaria um elogio, caso a criança engolisse tudo.
o comportamento inadequado na hora da refeição. Para tanto, foi utilizada a apresentação simultânea
Na condição ABA, o terapeuta disse à criança: + non-removal of the spoon (NRS). O NRS, uma
“Vou colocar um pedaço de comida na sua frente forma de EE, é um modelo de procedimento que
e dizer: ‘dê uma mordida’. Se você der uma mordi- envolve o posicionamento da colher na frente dos
da, direi ‘bom trabalho’. Se você engolir sua mor- lábios da criança até a sua aceitação, evitando, as-
dida, direi, ‘bom trabalho.’ Se você não tomar sua sim, a fuga para não aceitação de alimentos não
mordida, vou ajudá-lo. Podemos falar e cantar o preferidos.
tempo todo.” O consumo de alimentos-alvo au- Em seguida, houve o esvanecimento e, depois,
mentou para crianças na condição ABA, mas não a apresentação sequencial + NRS + esvanecimento.
para crianças na condição M-SOS. Na ABA, prova- Na sequência, a apresentação da cadeia alimentar
velmente pelas recompensas nos comportamentos modificada, em que o terapeuta dava as instruções
para, depois, elogiar, oferecendo um pedaço do ali- forma contínua (não contingente), durante a refei-
mento preferido. No encadeamento de alimentos, ção. No texto, porém, os autores não mencionam
foram incluídas fotos de outras crianças felizes ao se a criança manteve a aceitação da mordida e a
comer, e o terapeuta interagia com os participantes redução dos comportamentos inadequados.
emitindo comentários sobre. Fu et al. (2015) também descrevem que o tera-
Como resultado na pesquisa de McHugh peuta ensinou aos pais a implementarem os trata-
(2019), foi observado um aumento imediato no mentos em casa, mas não citam se as medidas fo-
consumo na condição ABA utilizada na aplicação ram mantidas. E, Furine (2014), elaborou materiais
dos procedimentos apresentação simultânea e NRS. como cartazes e adesivos para uso dos pais, e a pes-
E, nenhum aumento no consumo na condição de quisadora constatou uma manutenção e melhoria
cadeia alimentar modificada. na alimentação, após o fim da intervenção.
O trabalho de Crowley et al. (2020) envolveu Najdowski et al. (2012) identificaram o inte-
crianças de 2 a 8 anos e usaram a lei da correspon- resse dos pais para manter os procedimentos em
dência, onde o pesquisador deu ao participante casa, mas observaram que os resultados não foram
uma escolha entre um alimento para o qual havia mantidos. Houve, porém, melhora na mastigação.
resistência à mudança e um alternativo durante as Os referidos pesquisadores destacam que a ausên-
condições de escolha livre e assimétrica. cia de dados sobre a generalização se constitui uma
O consumo de alimentos alternativos aumen- limitação para esse estudo.
tou para 2 participantes durante a escolha assi- Crowley (2019); Crowley et al. (2020); Garvey
métrica, quando o alimentador forneceu um item (2011); Seiverling, Kokitus et al. (2012) e Seiverling,
preferido para consumir o alimento alternativo e Williams et al. (2012) relataram aumentos e a
nenhuma consequência programada para consumir manutenção dos ganhos, após as intervenções.
o alimento resistente à mudança. Já o consumo de Peterson et al. (2016) observaram generalização
alimentos alternativos aumentou para os outros 5 para duas das três crianças participantes. Lipe
participantes, depois que o alimentador expôs pelo (2015); McHugh, (2019) e Weber e Gutierrez (2015)
menos 1 alimento a uma única escolha, quando porém, não avaliaram generalização.
o alimentador orientou o participante a colocar a
mordida do alimento alternativo em sua boca. Os
participantes consumiram alimentos alternativos Discussão
mesmo quando os alimentos para os quais havia
resistência à mudança estavam presentes, o que é A base de dados SciELO possui um grande acervo
semelhante a contextos típicos de refeições em que de pesquisas, porém, não apresentou nenhum re-
as crianças têm escolhas entre os alimentos. sultado dentro dos critérios de inclusão da presen-
As medidas e a programação de generalização te revisão. Já o Google Acadêmico direciona para
têm, como objetivo, modificar sequencialmente as uma ampla variedade de trabalhos, mas, muitos
contingências ambientais para promover a genera- com acesso pago para leitura. Vale destacar que o
lização. Nos estudos analisados, os pesquisadores buscador altera os resultados de busca de acordo
selecionaram como alvos do treino: (a) respostas com a data em que são realizados.
com possibilidade de produzir reforçadores natu- Não foram pontuados na maioria dos estudos
rais no ambiente para os quais os participantes re- se a faixa etária dos participantes foi um fator de-
tornarão; e (b) respostas similares suficientes para terminante para as respostas. Mas Crowley (2019)
promover generalização e para generalizar, refor- cita que existem muitas explicações alternativas
çando a generalização como uma classe operante. para os diferentes resultados entre os participan-
Allison et al. (2012) aplicaram um questioná- tes, já que em seu estudo, dois que estavam entre
rio para entender se os pais inseririam os procedi- os mais velhos (ou seja, com 7 e 8 anos), tinham
mentos em casa. A mãe do participante relatou que os maiores repertórios verbais e exibiam mais ha-
utilizou o reforçamento não contingente (NCR) ou bilidades adaptativas (por exemplo, ir ao banheiro,
seja forneceu estímulos preferidos (brinquedos) de vestir-se) do que os outros participantes. Já dois
participantes, que eram gêmeos, apresentaram re- sempenho qualificado como correto dos participan-
sultados diferentes. Furine (2014) explica que as tes ou o consumo total dos alimentos. O reforçamen-
idades podem ter sido responsáveis pela diferença to é uma das formas de selecionar comportamentos,
de resultados entre os participantes da sua pesqui- isto é, de fortalecê-los, de aumentar a variedade e va-
sa. Mas seria uma hipótese a ser investigada. riabilidade comportamentais (Matos, 1989). Sendo
A maioria dos estudos foram realizados em então uma condição fundamental nos processos.
clínicas, com a orientação de que as crianças esti- O reforçamento com aprovação ou alimentos
vessem com um tempo pré-determinado sem con- preferidos esteve presente também em grande par-
sumo de alimentos, assim, auxiliando na aceitação te das intervenções onde avaliações de preferência
durante os processos. foram aplicadas antes das sessões, a fim de nortear
No cômputo final, Allison et al. (2012); Crowley os experimentadores.
et al. (2020); Garvey, (2011); Najdowski et al. As avaliações de preferência permitem a identi-
(2012); Seiverling, Kokitus, et al. (2012); Seiverling, ficação de reforçadores em potencial dentre muitos
Williams, et al. (2012) e Weber e Gutierrez, Jr., itens. A importância de se descobrir as preferências
(2015) demonstraram efetividade na aplicação da das pessoas reside no fato de que o sucesso de inter-
análise no comportamento na melhoria da sele- venções com indivíduos com TEA requer a utiliza-
tividade alimentar. Estes estudos valeram-se de ção de reforçadores efetivos onde o terapeuta possa
apresentações simultâneas e sequenciais ou extin- controlar e estimular o processo (Sella & Ribeiro,
ção de fuga (EE), ambos combinados com outros 2018). Porém é preciso atenção se o item preferi-
procedimentos. Fu et al. (2015), conseguiu somente do está sempre disponível e que as preferencias são
obter 100% de efetividade com uso de modelagem transitórias.
+ NRS. Isto demonstra que em conjunto, as inter- Os estudos de Fu et al (2015) e McHugh (2019)
venções tiveram êxito. fizeram uso de eventos aversivos (como o EE), a
A ABA se mostrou a melhor alternativa em fim de aumentar a tolerância a determinadas ati-
McHugh (2019) e Peterson et al. (2016). Em alguns vidades e sabores. Foram descritos, no início das
estudos como em Crowley (2019), os aplicadores intervenções, respostas reflexas de músculos faciais
também eram treinados na ABA. E, seus resulta- e/ou de postura, conhecidas como respostas emo-
dos se deram por ensinar um novo comportamento cionais. Skinner, faz a ressalva de que em situações
substituindo o comportamento problemático. Vale extremas, como em casos de crianças autistas que
destacar que os tratamentos com base na ABA in- se engajam em comportamentos auto lesivos, o uso
cluem reforçamento diferencial, extinção de fuga de um estímulo aversivo apresentado de forma con-
(EE), esvanecimento de estímulos, sequências de tingente à resposta inadequada poderia ser justifi-
instruções de alta probabilidade e exposições repe- cado (Martins & Neto Mayer, 2013). Ou seja, esse
tidas, entre outras (Sella & Ribeiro, 2018). Ou seja, uso somente seria aceitável em situações em que o
procedimentos combinados. comportamento apresenta alto risco à integridade
O único estudo publicado em português física do indivíduo e caso não haja uma alternativa
(Furine, 2014), demonstrou eficácia com métodos disponível no momento.
SI e MF; mas, evidenciou a necessidade de mais Kodak e Piazza (2008) apontam que EE é um dos
pesquisas e de relatos voltados para a dinâmica da componentes mais eficazes nos tratamentos de recu-
população brasileira. Destaca-se, portanto, a pre- sa de alimentos ou seletividade, mas também salien-
valência desse tipo de pesquisa na literatura norte- tam sobre possíveis efeitos colaterais como a crian-
-americana. ça responder de forma emocional (choro, agredir).
As pesquisas que apresentaram resultados se va- Foi utilizado nos trabalhos de Allison et al. (2012);
leram de consequências que, aparentemente, exer- Najdowski et al. (2012) e Seiverling, Kokitus, et al.
ciam função reforçadoras positivas para os partici- (2012), apresentando resultados satisfatórios.
pantes. O intuito era aumentar a probabilidade de Na seletividade alimentar, o estímulo aversivo
voltar a ocorrer o comportamento que as produziu. é o alimento não preferido. Nesse caso, no método
Os terapeutas elogiavam entusiasmados, após o de- de apresentação simultânea, também usado, o ali-
mento preferido pode atuar como uma operação público, assim como para a compreensão das abor-
de estabelecimento, reduzindo a aversividade do dagens mais adequadas.
alimento não preferido. Doze textos compreenderam pesquisas dos
O esvanecimento de estímulos pode ser aplica-Estados Unidos da América e somente um em
do na área dos distúrbios de alimentação infantil.língua portuguesa (publicado em 2014), que res-
É um procedimento que envolve a transferência do saltou a manutenção e a eficiência das abordagens
controle de um estímulo preferido ou familiar paranas duas crianças. Nos estudos norte-americanos
um outro estímulo (novo ou previamente recusa- destacam-se produções nas mesmas universidades
do) (Sella & Ribeiro, 2018). Estes procedimentos e com autores em comum. Devido à pandemia de
apresentaram eficiência nas pesquisas de McHugh, covid-19, o último trabalho encontrado com os cri-
(2019) e Najdowski et al. (2012). térios de inclusão, incluído nas datas determinadas
Trabalhos como os de Fu et al. (2015); Furinepara a busca, era de 2020.
(2014) e Najdowski et al. (2012) forneceram ins- Pontua-se, então, a necessidade de mais estudos
truções específicas para os cuidadores seguirem nae publicações dentro da literatura em português,
manutenção dos procedimentos em casa. uma vez que a maioria das crianças analisadas con-
As intervenções planejadas individualmen- viviam com hábitos alimentares norte-americanos,
te, são capazes de reduzir a seletividade alimentar
como: lanche no almoço, o café da manhã altamen-
em crianças com TEA. Seiverling, Williams, et al.te calórico (ovos, bacon, salsicha) e alto consumo
(2012) treinaram as mães para as intervenções em de fast food e congelados. É possível que a faixa
casa com os filhos. O pesquisador solicitou que osetária dos participantes seja um fator que interfira
jantares fossem gravados para que, após assistidos,
nos resultados e isto pode ser descrito em futuros
pudessem fornecer as orientações necessárias e trabalhos.
ajustes. A participação de pais, familiares ou cuida-Considera-se que os procedimentos de apresen-
dores, seja durante ou após os manejos, permite a tação sequencial e simultânea, ou modelagem, ou
continuidade nos ganhos dos repertórios e melho- extinção de fuga (EE) e o uso de reforço diferen-
ria dos hábitos alimentares. Estes materiais devemcial, em conjunto, foram eficazes em suas propos-
ser elaborados de forma clara, fácil e as instruções
tas; isto é, em aumentar a aceitação e a mordida dos
objetivas e precisas, para engajar os aplicadores.alimentos ou, ainda, melhorar o consumo alimen-
A mudança comportamental obtida em uma tar. Pesquisas utilizaram o non-removal of the spoon
pesquisa aplicada requer [a] a extensão para outros
(NRS), que, a despeito de ser um procedimento que
ambientes; [b] a sua manutenção ao longo do tem- evidencia um início aversivo, apresentou efetivida-
po; e [c] a sua influência para outros comportamen-
de na aceitação dos alimentos.
tos relacionados ao alvo da intervenção (Malavazzi A condição ABA, avaliada em duas pesquisas,
et al., 2011); portanto, há que se programar a gene-
também se mostrou a melhor alternativa para o
ralização e não apenas esperá-la. objetivo proposto. O uso de reforçadores positivos
Lipe (2015); McHugh, (2019) e Weber e (elogios, acesso aos brinquedos ou alimentos de pre-
Gutierrez (2015) porém, não avaliaram a ocorrênciaferência) foi satisfatório nos trabalhos selecionados.
dessas medidas. A ausência de dados de generaliza- Por meio dos dados registrados, evidenciou-se
ção é uma limitação para a validação das aplicações.
a generalização dos resultados em algumas pesqui-
sas, mas ela também se revelou limitante. Em situ-
ações em que as famílias eram treinadas e orienta-
Conclusão das, foi possível verificar a manutenção dos ganhos,
mas houve falta de levantamentos posteriores. Com
É necessário entender como as intervenções com- isso, torna-se importante programar a generaliza-
portamentais podem vir a produzir novos reper- ção em pesquisas futuras.
tórios de crianças com diagnóstico de TEA, sendo
essas informações de relevância para a melhoria e
para a manutenção dos hábitos alimentares deste