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Revisão VS Copidesque: Entenda a Diferença!

Revisão VS copidesque: entenda a diferença!


Você certamente já ouviu falar em revisão de textos, mas talvez o copidesque seja um
desconhecido que, no primeiro momento, só lhe faz pensar que seu nome rima com o
ultrapassado disquete.

Será que ele também já ficou no passado? Com certeza, não.

É bem verdade, porém, que as diferenças entre as competências e responsabilidades


dessas duas etapas no fluxo editorial também podem estar obscuras, e você deve já deve
estar se perguntando qual a razão de querermos tanto que nossos leitores as conheçam.

A razão é simples: são duas etapas da produção editorial incríveis, que além de trazer
exatidão ao texto, também podem otimizar seu conteúdo para os leitores e mecanismos de
buscas.

Copidesque e mão na massa

O copidesque é uma etapa da produção editorial que já foi muito comum em redações
jornalísticas. A palavra é emprestada do inglês “copy desk”, que quase saiu de circulação
depois que os jornais brasileiros, ainda no século XX, foram dispensando esse trabalho
especializado e agregando suas tarefas às responsabilidades do redator.

Na redação web, o trabalho de copidesque reaparece com força total. Se é seu objetivo
ser um bom copidesque, saiba que você vai atuar para que os textos estejam adequados à
estratégia de marketing de conteúdo, além dos cuidados com a linguagem, propriamente.

O trabalho de copidesque inclui as preocupações de um revisor com gramática, mas é


mais amplo. Sendo um copidesque, você tem permissão para reescrever boa parte do
texto, se necessário. Muito além da ortografia, o copidesque atua adicionando conteúdo
relevante à redação, ajustando a estrutura, adequando a linguagem à persona, além de
otimizar o texto para SEO.

Embora você também deva se preocupar com a finalização do material, isto é,


acabamentos, formatação, gramática etc., seu foco é a reescrita, principalmente
considerando aspectos como coesão, coerência e a estrutura textual proposta pelo
marketing de conteúdo: abertura, texto com intertítulos e CTA (call to action).

É como se o copidesque se preocupasse com a experiência da leitura, e no mundo que


vivemos a economia da atenção, isso pode ser determinante para que o conteúdo atraia
ou espante o leitor.
Opa, interessante não é mesmo? Mas vamos entender melhor essa “experiência de
leitura” e a “economia da atenção” com algumas dicas para um bom copidesque.

As 3 melhores práticas de copidesque

Para que o leitor tenha prazer na leitura e perceba o valor do seu conteúdo, a dinâmica do
texto deve prender sua atenção, e o copidesque, alinhado com as estratégias de redação
web, tem recursos super interessantes.

1. Desenvolver constantemente suas habilidades e conhecimentos

O profissional que executará a etapa de copidesque precisa ter, além de habilidades de


escrita apuradas, cultura geral bem desenvolvida e conhecimento para otimizar o texto,
como tornar sua leitura mais escaneável por meio de intertítulos certos ou usar técnicas
como o storytelling.

Não existe uma formação específica para o copidesque, e sim um perfil que se encaixa
melhor a ele, pois, uma de suas premissas é aperfeiçoar textos, o que exige que o
profissional esteja sempre fazendo cursos relacionados.

Ainda assim, para que ele possa fazer intervenções no conteúdo, é importante que tenha
conhecimento, e em alguns casos, até domínio do tema.

2. Zelar pela experiência de leitura

Chegamos ao ponto da economia da atenção. A oferta de conteúdos e estímulos ao leitor


crescem a cada dia, e com toda essa variedade, o copidesque deve atuar no conteúdo
fazendo com que seja irresistível lê-lo.

O storytelling, por exemplo, é uma técnica que utiliza a contação de uma história para que
o conteúdo se aproxime da persona. Ela poderá se identificar com os dilemas do
personagem, com o contexto que ele vive e assim, sentir-se atraído pelo texto enquanto o
escritor, ou empresa, passa seu recado.

Quer ver um exemplo legal? Então lá vai: Pode ser Pepsi?

Quantas pessoas já pediram uma Coca-cola por aí e escutaram na sequencia essa


pergunta, não é mesmo? Quando a campanha foi lançada, o objetivo era tirar a imagem
negativa que essa contraproposta tinha, e por retratar uma situação que a maioria dos
consumidores de refrigerante já viveu, houve uma conexão e receptividade enorme.
É provável que muitos consumidores ainda prefiram Coca-cola, mas ao ouvir o garçom
oferecer a Pepsi, não enxergam mais a situação como a troca por um produto de segunda
linha. Para falar a verdade, eles até dão um sorrisinho quando respondem: “Pode ser.”

Frases curtas, sem cacofonia e vícios de linguagem também tornam a leitura mais
agradável e são artifícios para tornar a experiência com o conteúdo irresistível a ponto de
roubar toda a atenção do leitor.

3. Conhecer bem quem são as personas

Para chegar à linguagem mais adequada e densidade do conteúdo, o copidesque deve


conhecer muito bem os leitores-alvo, ou melhor, as personas.

Isso porque, ainda que o texto original tenha sido escrito pelo melhor especialista em
termodinâmica, se as personas forem cidadãos incomodados com o asfalto que está
recorrentemente despedaçando, os termos e explicações devem ser traduzidos conforme
um grau de entendimento aceitável.

Se o copidesque se preocupa com a experiência, podemos dizer que o revisor é mais


focado nas correções da língua, na eficiência do uso das palavras. Sentiu uma forte
pegada de preciosismo?

Revisão de textos

O revisor de textos tem um perfil profissional mais detalhista do que o copidesque. Se esta
é a etapa em que você pretende atuar, saiba que seu trabalho ficará no fim do fluxo
editorial.

Assim, um revisor tradicional pode, por exemplo, revisar um texto que já foi verificado por
um copidesque e até mesmo diagramado, pois em alguns casos, nessa última etapa
podem ocorrer translineação, erros de hifenização e recuos incorretos.

Portanto, esse profissional deve se preocupar menos com questões de conteúdo. Seu
objetivo, na verdade, é fazer corretamente as verificações ortográficas, sintáticas,
gramaticais de toda ordem.

Isso não significa, porém, que ele não precisa ter conhecimento sobre o conteúdo que ele
está lendo. Você sabe que nossa língua mãe prega peças com seus pontos, vírgulas e
Cia. Ltda.
É muito provável, aliás, que esse seja o fator pelo qual temos uma relação de amor e ódio
com a língua portuguesa. Ao mesmo tempo em que ela nos dá tantos recursos, também
pede que saibamos usar sabiamente, ou, tenhamos um revisor fantástico para nos salvar.

Aliás, se me permite uma intervenção de copidesque, aqui vai um storytelling sobre o


poder da vírgula.

Alguns livros de história relatam que a czarina russa Maria Fyodorovna certa vez mudou a
sentença de morte emitida por seu marido, pois não concordava com a pena tão rigorosa.

Então, na frase original de seu marido “Perdão impossível, enviar para Sibéria”, ela
ordenou que a vírgula fosse reposicionada, ficando:

“Perdão, impossível enviar para Sibéria”

Seria Sra. Fyodoroyna a padroeira dos revisores? Deste feliz prisioneiro, com certeza.

Mas, voltando aos dias atuais, basicamente, o revisor torna o texto livre de erros de
linguagem, e em sua rotina, acaba desenvolvendo sua habilidade de descobrir referências
e formulações gramaticais difíceis de serem notadas.

É claro que aspectos da formatação ou elementos como coesão e coerência não devem
passar batidos pelo revisor. No entanto, este é um profissional que prima pela correção,
isto é, por dar ao texto uma composição adequada aos melhores padrões da língua
portuguesa. Nesta etapa, você filtra ainda mais o que porventura tenha passado pelas
lentes do copidesque.

Então segue algumas dicas básicas para o revisor:

As 3 melhores práticas do revisor

Revisor que é um bom revisor tem bem mais que 3 melhores práticas, mas a ideia é
também auxiliar no comparativo com o copidesque, então vamos lá.

1. Keep walking, revisor

Calma! Algumas publicações atribuem a Ernest Hemingway a orientação “Write drunk, edit
sober”. Ainda que ele realmente tenha dito isso, a ideia seria escrever sob efeito do álcool,
mas revisar sóbrio.
E é isso mesmo. Para trabalhar com o nível de detalhe necessário, o revisor precisa de
uma boa dose (opa? De novo?) de atenção, e claro, estar constantemente atualizado com
as normas da língua, padronização de texto e demais formatações protocolares.

Sendo assim, além de praticar regularmente, o revisor precisa estar sempre se


atualizando, buscando novos recursos e materiais de apoio.

2. Não confie nos corretores automáticos

Lógico que eles ajudam, mas, infelizmente, também atrapalham! Talvez minha parcela
revisora quisesse deletar essa frase, mas a copidesque que me habita diria que ela
transmite perfeitamente a ideia! Então, seguimos.

Os corretores automáticos funcionam com um vasto banco de dados, então, aquilo que
está fora das regras que ele compreende é sinalizado no arquivo. O problema está quando
duas ou mais condições entram em conflito em seu banco de dados, ou ele faz uma
análise por blocos errada.

Então, em uma frase como “Esposa, possso ir no jogo com os amigos?”, o corretor
sinalizaria que a grafia da palavra continha um “s” a mais e que a preposição “em+o = no”
é incorreta nesse caso.

Na resposta da esposa, porém, poderia deixar passar batido outro erro, como: “Bem que a
vaca tussa”, quando em vez de “B”, o correto seria “N” na palavra inicial. Isso porque
“bem” é uma palavra certa, mas não no contexto da frase.

3. Leia em voz alta

Imagine você em uma agência de publicidade ou redação de um jornal lendo seus artigos
em voz alta. E se, melhor ainda, todos estivessem fazendo isso ao mesmo tempo?

Seria, no mínimo, engraçado, mas ao mesmo tempo, muito eficaz. Isso porque a leitura em
voz alta combina a técnica de escrita com a sonoridade das frases e palavras. Aquilo que
soa estranho, no contexto ou individualmente em cada letra usada será muito mais
facilmente identificado.

Essa é uma técnica, aliás, que não fará de um revisor freelancer um ser esquisito, porque
afinal de contas, ele estará trabalhando no conforto de seu lar, não é mesmo?
Com essas e outras tantas dicas, o revisor pode perceber sua forma de trabalhar e criar
seu método único de revisão, mas sempre atuando em sua frente mais relevante, a
compatibilidade do texto com a norma formal de escrita.

Então, revisor é mais comprometido com a gramática e com aspectos formais do que o
copidesque, mas não se preocupe: não é preciso decorar tudinho de ortografia ou
regência. Os livros de referência e de consulta estão aí para ajudar. Quer ver?

Do dicionário ao planejador de palavras-chave

Tanto o revisor tradicional quanto o profissional de copidesque atuam de maneira discreta,


sempre pensando no melhor texto que podem oferecer ao leitor. A escrita para web, por
exemplo, em muitos casos utiliza o método de ghost writing, tornando irrelevante ao
público quem redigiu ou revisou o texto.

Paralelamente, em textos jornalísticos o revisor precisa tomar cuidado para não interferir
na construção do conteúdo. Portanto, se você for atuar como copidesque ou como revisor,
saiba que vai trabalhar com muito mais do que sua memória, sendo constante o uso de
ferramentas específicas.

No caso do copidesque, é comum o uso de recursos como um dicionário de sinônimos,


ideal para corrigir repetições. Além disso, também são utilizados mecanismos de pesquisa
de referências e palavras-chave.

Desses, além da busca de motores como Google e Bing, também são válidas ferramentas
como o SEMRush ou Keyword Planner. Também é normal que profissionais de
copidesque visitem páginas com dicas de redação para web .

Revisores, em contrapartida, costumam usar dicionários de significados e manuais de


redação, além do vocabulário de sinônimos.

Em ambos os casos é fundamental ser um bom pesquisador, conhecer e usar materiais


diversos, como dicionários, enciclopédias, manuais de regência, vocabulários etc.

Ademais, é essencial ter espírito de equipe, pois revisores, redatores, tradutores,


copidesques e demais profissionais de produção de conteúdo trabalham juntos em prol do
leitor, das personas para as quais escrevem e das empresas que solicitam os textos.
Embora seja normal que um interfira no trabalho do outro, esta é uma forma de oposição
criativa, que agrega valor ao produto.
DIFERENTES FUNÇÕES, MESMA PROFISSÃO: OS TIPOS DE
REVISOR DE TEXTO

COPIDESQUE (COPYDESK)

1 revisão de texto a ser publicado, tendo em vista a correção ortográfica e gramatical, a


clareza, a adequação às normas editoriais, os cortes para se obter a extensão devida
etc.; copy
2 Derivação: por extensão de sentido.
setor de jornal, editora, firma de publicidade etc. onde se executa esse trabalho
substantivo de dois gêneros
3 Derivação: por extensão de sentido.
profissional com essa especialidade; copy editor
Fonte: Houaiss, 2009.

Segundo o Houaiss, o copidesque seria uma espécie de faz tudo na editoração, ou seja,
faria o papel que normalmente se atribui ao revisor, ao preparador e também ao editor.
Na prática, os copidesques fazem a limpeza inicial do texto. Buscam, além dos problemas
de grafia, falhas de coesão e coerência, problemas no encadeamento de ideias, problemas
de estrutura. Um copidesque geralmente tem mais liberdade para mexer no texto que um
revisor.

A herança do copidesque vem das antigas redações de jornais, onde havia um profissional
que “arredondava” os textos dos outros jornalistas, adequando-os à linha editorial da
publicação.

PREPARADOR DE ORIGINAIS

Não há critérios que separem o copidesque do preparador de originais. As editoras não


têm um consenso sobre quem faz o quê. Como bem sabemos, também não temos
nenhum tipo de regulamentação sobre nossas atividades, então cada empresa adota o
nome que bem entende. Sendo assim, eu diria que preparador e copy podem ser a mesma
pessoa e ter a mesma função.
Ainda dentro do ofício de melhorar os textos para publicação, incluo aqui o cotejo com
original (quando a obra é traduzida), que consiste em verificar, frase a frase, a existência
de saltos de tradução, erros, inconsistências com o original etc.
REVISOR DE TEXTO (OU REVISOR DE PROVAS)

É muito importante saber que o preparador não tem de fazer o papel de revisor e o revisor
não tem de fazer o papel de preparador. São duas atividades distintas realizadas em
etapas diferentes da editoração.

O revisor verifica se o sumário está de acordo com o “miolo”, capas, quebras de texto, a
conformidade de todos os padrões, enfim, tudo o que se refere ao texto do material já
diagramado. É ele quem faz a leitura do final do trabalho para certificar-se de que nenhum
“pastel” foi deixado para trás.

Ao revisor de texto cabem os ajustes finos do livro, no material já diagramado e


geralmente impresso ou em PDF, ou seja, não é ele o responsável por problemas de
coesão e coerência do texto, por exemplo.

LEITOR CRÍTICO.

Tratando-se de literatura, o leitor crítico fica encarregado de avaliar a qualidade da obra


não só do ponto de vista da qualidade da escrita como também da qualidade narrativa.
Ele aponta inconsistências no enredo, pontos fracos da trama, pontos fortes que podem
ser mais bem explorados, apelo comercial da história e por aí vai. O leitor crítico é uma
espécie de anjo da guarda do escritor que sugere o momento certo para uma possível
edição da obra.

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