A S VO LTAS D O M U N D O
Filipa Rendo
JO R N A L I S TA E COORDENADORA EDITORIAL
E DI TO RIAL@ DECO.PROTESTE.PT
POR COMBUSTÍVEIS
SEM REMENDOS
DE REMENDO EM REMENDO, vai
o Governo adiando. Adiando uma
solução permanente e estrutural
para o conhecido problema da tributação
dos produtos petrolíferos. O autovoucher
e a inalteração da taxa do carbono são
disso exemplo. Ainda que positivas, estas
medidas não substituem a tão necessária
revisão da carga fiscal sobre o preço
do gasóleo e da gasolina.
Já em resposta à inflação galopante
e ao aumento do custo da energia, foi
prolongado até dezembro o desconto
nos impostos dos combustíveis.
Permitirá que o IVA sobre os produtos
petrolíferos continue artificialmente
nos 13%, em vez de nos habituais
23 por cento. Mas isso não basta.
São precisas medidas estruturais,
e não sucessivos remendos, para tornar
a fatura energética mais sustentável.
Por isso, e sem nunca esquecer a desejada
transição energética, vamos fazer chegar
as nossas propostas ao Governo e aos
partidos com assento parlamentar.
É fulcral garantir a neutralidade fiscal
sobre o preço de venda dos combustíveis:
por exemplo, implementando um
mecanismo que impeça as receitas
PROTESTE 449
projetadas no Orçamento do Estado
de flutuarem ao sabor do preço dos
combustíveis. Assim, em caso de subida
dos preços, a receita fiscal extraordinária
é "devolvida" aos consumidores
através de uma proporcional redução
no imposto (ISP).
A aplicação do imposto sobre os
combustíveis também não pode ser
cega. A parcela de biocombustível
integrada no gasóleo e na gasolina
é penalizada, ao ser taxada como se
de um combustível fóssil se tratasse.
Isentar a parte correspondente ao
biocombustível permitiria reduzir em
cinco cêntimos o preço de cada litro.
Por fim, há que garantir que a lei
é cumprida quanto à contribuição
para o serviço rodoviário. Destinado
a financiar a rede rodoviária nacional,
este imposto não pode agravar o preço
de venda dos combustíveis, sem que
haja o respetivo corte no ISP. Em 2015,
por exemplo, desrespeitar a lei valeu ao
Estado mais dois cêntimos... pagos pelos
consumidores. Serão compensados por
uma prática agora considerada ilegal?
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www.energiasemremendos.pt.
6 OUTUBRO 2022