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Aula 10/08/2021; Cárie II

HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS SALIVARES

-As glândulas salivares são estruturas localizadas na mucosa bucal ou


ao redor desta, que têm por finalidade a produção da saliva. Como outras
glândulas do organismo, as salivares são formadas por células epiteliais
firmemente unidas por junções intercelulares. Anatomicamente são
divididas em glândulas maiores e menores. As glândulas maiores são
bilaterais sendo denominadas de parótida, submandibular e sublingual.
Estas glândulas são envolvidas por tecido conjuntivo que penetra por
entre grupos de células epiteliais formando pequenos lóbulos.

 GLÂNDULAS MAIORES:
-As glândulas parótidas são as maiores e estão localizadas na região
posterior da mandíbula e maxila. A saliva produzida por estas glândulas
é coletada por um sistema de ductos que vão se anastomosando para
formar ducto único que desemboca na cavidade bucal na região do
segundo molar superior, na papila parotídea. A glândula parótida é
atravessada pelo nervo facial, responsável pela musculatura da mímica.
Desta maneira, processos inflamatórios e neoplásicos (tumores) desta
glândula podem se manifestar como paralisia facial e um dano como
esse pode ser decorrente da extração parcial ou total da mesma, sendo
difícil a preservação do nervo facial.
-As glândulas submandibulares – localizada no trígono
submandibular - (maior) e sublinguais – repousa-se sobre as fibras
do músculo milohioide (menor) ficam abaixo da língua. A saliva
produzida por estas glândulas é coletada por um sistema de ductos que
se anastomosam para formar ductos únicos, que desembocam na
cavidade bucal na região da carúncula sublingual (submandibular) e nas
pregas sublinguais (sublingual)

 LÓBULOS
-As glândulas salivares maiores são organizadas em lóbulos.
-A organização e suporte do parênquima glandular epitelial ( porção
constituída pelas células secretoras e dutos) é feita por tecido conjuntivo
fibroso, formado principalmente por fibrilas de colágeno tipos I e III.
Assim como os lóbulos, os ductos que servem as glândulas são também
envolvidos pela malha conjuntiva. Abaixo da cápsula fibrosa fica uma fina
camada de matriz extracelular, a lâmina basal. Esta camada é formada
por proteínas adesivas, que ligam as células epiteliais à matriz fibrosa.

-Os ácinos glandulares são formados por aglomerados de células


epiteliais (células acinares). Os ácinos são abundantemente
vascularizados, pois a saliva é basicamente um filtrado do plasma
sanguíneo. O fluxo salivar pode ser modulado por estímulos nervosos.
Os axônios dos feixes nervosos se ramificam para inervar as células
acinares.

-Então, os ácinos glandulares são formados por uma organização


chamada de ácinos composto por células epiteliais.
-As células epiteliais dos ácinos e ductos mais finos são abraçadas por
células mioepiteliais, que têm função contrátil.

-O parênquima glandular é formado por células epiteliais, que se


organizam em ácinos (produção de saliva) e ductos (condução e
transformação da saliva).

-Em cortes histológicos pode-se notar que os ácinos são de 3 tipos


(serosos, mucosos e mistos - serosos + mucosos-) dependendo da
ultraestrutura das células que os compõem:
Os ácinos serosos são ovalados ou esféricos, as células têm núcleo
esférico e possuem vesículas citoplasmáticas que se coram bem com
hematoxilina e eosina.
Os ácinos mucosos são geralmente alongados, as células têm núcleo
achatado e possuem vesículas citoplasmáticas claras quando coradas
com hematoxilina e eosina.
Nos ácinos mistos as células serosas estão localizadas na porção mais
distal. As vesículas citoplasmáticas contém a saliva que é despejada em
cavidade central, o lumem ou luz dos ácinos

Observe na figura abaixo que o tecido conjuntivo fibroso envolve ácinos e


ductos.

 Célula Serosa:
-A saliva serosa é fluida e contém sais minerais e proteínas, com
destaque para as enzimas digestivas como a amilase e lisozima, além de
anticorpos (IgA).

 Célula Mucosa:
A saliva mucosa é viscosa, devido a grande quantidade de cadeias
longas de carboidratos (70%) associadas as proteínas.

Os carboidratos são moléculas polares e possuem carga negativa devido


a presença de ácido siálico, e açucares sulfatados. Desta maneira
interações de carga e pontes de hidrogênio dificultam o movimento da
moléculas causando aumento da resistência ao escoamento
(viscosidade)
A viscosidade da saliva mucosa é importante na lubrificação da mucosa
bucal, assim como na aglutinação dos alimentos para formação o bolo
alimentar
 FORMAÇÃO E LIBERAÇÃO DE SALIVA NO LÚMEN.
-As vesículas contendo saliva são formadas no complexo de Golgi e são
liberadas no lúmen acinar pela fusão com membrana apical da célula. A
secreção da saliva é principalmente mediada por estimulação do sistema
nervoso autônomo sobre as células acinares. Um impulso elétrico
culmina a liberação de Ca++ armazenado no retículo endoplasmático
livre. O Ca++ liberado no citoplasma se liga à proteínas transportadoras
de Cl- na membrana apical das células secretoras. A saída de Cl- é sinal
para que as vesículas de saliva se fusionem com a membrana apical e
liberem seu conteúdo no lúmen acinar que é a saída. Por afinidade de
carga elétrica o efluxo de Cl- atrai Na+ para o lúmen, resultando em
concentrações elevadas destes íons na saliva secretada lúmen acinar. O
processo de secreção da saliva ocorre com gasto de energia, que é
fornecido pela conversão de ATP em ADP.

-A secreção de saliva é dependente de estímulos do sistema nervoso


autônomo. A interrupção do estímulo nervoso, particularmente de
estímulos parassimpáticos causa grande diminuição do fluxo salivar.
Estímulos parassimpáticos estão associados com aumento da secreção
salivar. Este aumento é devido a maior velocidade de fusão das
vesículas de secreção com membrana citoplasmática voltada para o
lúmem e ao aumento da produção de saliva pelas células acinares.
Estímulos parassimpáticos (acetil colina) atuam nas células acinares
estimulando a produção e secreção de calicreina, que converte o
cininogênio em bradicinina, um potente vasodilatador.
A vasodilatação aumenta a disponibilização de água e sais minerais para
as células acinares. O aumento do volume secretado é acompanhado
por diminuição da concentração proteica da saliva.
A figura ao lado mostra
célula salivar mucosa
Contendo vesículas em
seu interior. Note a
presença de vaso
sanguíneo e terminação
nervosa parassimpática
associada a porção basal
da célula. Repare na
ausência de inervação
parassimpática no vaso.

. Observe aumento do
número de vesículas de
secreção no citoplasma da
célula. Além de aumentar
a secreção das vesículas
o estímulo parassimpático
provoca, por mecanismo
indireto, a vasodilatação
das arteríolas com
consequente aumento da
oferta de água, sais e
nutrientes para a célula
acinar.

A ação fisiológica basal do sistema simpático estimula as células do


parênquima glandular sem ativação significativa de fibras vaso
constritoras. No entanto, a estimulação simpática (descarga de
adrenalina) estimula a secreção das vesículas préexistentes, seguido de
diminuição do fluxo salivar de saliva. A diminuição do fluxo é decorrente
principalmente da diminuição do influxo sanguíneo causado pela
vasoconstrição das arteríolas, o que diminui a disponibilização de água e
sais minerais para as células acinares. Desta maneira, a estimulação
simpática causa aumento transitório, seguido de diminuição do fluxo
salivar, que permanece baixo enquanto durar o estímulo. Isto explica a
sensação de boca seca quando estamos sob tensão nervosa (ex: falar
em público). A diminuição do fluxo pela ação do sistema nervoso
simpático é acompanhada de aumento da concentração proteica da
saliva.

A figura ao lado mostra


célula salivar serosa
contendo vesículas de
saliva em seu interior.
Note a presença de vaso
sanguíneo e terminação
nervosa simpática
associada a porção basal
da célula. Repare que
vaso e célula salivar são
inervados por terminações
simpáticas

Observe diminuição do
número de vesículas de
secreção no citoplasma da
célula. A liberação de
noradrenalina na sinapse
simpática causa
vasoconstrição das
arteríolas com
consequente diminuição
da oferta de água para a
célula acinar. O que
resulta em diminuição do
fluxo salivar.

Nas glândulas salivares maiores, a saliva é conduzida para a cavidade


bucal por um sistema de ductos. Os ductos são classificados em 3 tipos:
Intercalar, estriado e excretor.
O ducto intercalar é formado por epitélio cubóide com poucas organelas.
Suas células possuem pequenas vesículas que contribuem com a
composição da saliva secretando proteínas como a lisozima (que
degrada o peptídeo glicano da parece celular das bactérias) e lactoferrina
(capacidade de neutralizar ácidos ou bases produzidos por bactérias e
possui atividade antibacteriana, antifúngica e viral), que têm propriedades
antibacterianas. Sua FUNÇÃO é conectar um ácino a um ducto estriado
e o diâmetro dele é menor do que um ácino! Os ductos intercalados
estão em continuidade com a unidade secretora terminal. Eles conectam
as unidades secretoras terminais ao ducto estriado. A luz ou lúmen da
unidade secretora terminal é contínua com a do ducto intercalado.
As células epiteliais dos ductos estriados têm como característica
invaginações na porção basal que abrigam numerosas mitocôndrias. As
mitocôndrias produzem energia para troca de íons que ocorre quando a
saliva percorre os ductos estriados. As células estriadas contem em seu
citoplasma pequena quantidade de vesículas que adicionam seu
conteúdo à saliva. As estrias são provenientes de mitocôndrias
alongadas, alinhadas verticalmente, que ficam compartimentalizadas por
invaginações da membrana plasmática.
Os ductos excretores têm como função conduzir a saliva, já pronta, para
o meio exterior (cavidade bucal). Estes ductos possuem diâmetro maior
que os ductos estriados, de onde recebem a saliva. Na sua porção inicial
os ductos excretores possuem epitélio simples que progressivamente se
torna pseudoestratificado e estratificado conforme ductos excretores dos
diferentes lobos se conectam e se tornam mais calibrosos ao se
aproximarem da cavidade bucal. Além de conduzir a saliva da unidade
secretora terminal até a cavidade oral, os ductos estriados e excretores
modificam a saliva primária produzida pelas unidades secretoras
terminais e os ductos intercalados. Essa modificação ocorre
principalmente pela reabsorção e secreção de eletrólitros. Na membrana
basolateral das células dos ductos, ocorre a reabsorção de Na+ e Cl-,
tornando a SALIVA FINAL HIPOTÔNICA.
Devido ao efluxo de Cl- e Na+ no lúmen acinar durante a secreção, ao
chegar nos ductos estriados a saliva possui concentrações elevadas
destes íons. Durante a passagem pelos ductos estriados Cl- e Na+ são
reabsorvidos, ao mesmo tempo que bicarbonato (bc) e K+ são
adicionados a saliva.
-As salivas produzidas pelas 3 glândulas maiores diferem em suas
características. Esta variação ocorre em função da proporção dos tipos
de células secretoras.

 Quantidade de produção de saliva pelas glândulas maiores e


menores em %:
 G. Parótidas.
-As glândulas parótidas são formadas exclusivamente por ácinos
serosos. A saliva produzida por estas glândulas é líquida e rica em
enzimas digestivas. O aumento do volume da saliva estimulada durante a
gustação ou mastigação se deve principalmente ao aumento de
produção de saliva pelas glândulas parótidas (65%). As células serosas
possuem maior número de receptores muscarínicos (SNPS) do que as
células mucosas. Desta maneira, as células serosas têm maior
capacidade de processar e secretar saliva durante a gustação ou
mastigação.

 G. Submandibular:
As glândulas submandibulares são formadas predominantemente por
ácinos serosos, contendo pequena quantidade de ácinos mistos.
A saliva produzida por estas glândulas é predominantemente serosa.
Em condições de não estimulação a maior parte do volume salivar
(~60%) vem das glândulas submandibulares. Os ductos intercalares
são menores e os ductos estriados são mais longos do que os da
glândula parótida.

 G. Sublinguais (única glândula que possui ácinos


muscosos)
As glândulas sublinguais são formadas predominantemente por
ácinos mucosos e mistos. A saliva produzida por estas glândulas é
predominantemente mucosa e tem consistência viscosa.

 Salivares menores
-As glândulas salivares menores estão espalhadas por toda a cavidade
bucal formando pequenos lóbulos na região da submucosa e por entre as
fibras musculares. O ducto que se abre diretamente na mucosa oral. As
glândulas salivares menores não possuem cápsula fibrosa evidente.
Estas glândulas só não estão presentes na gengiva, e porção anterior do
palato. Em sua maioria as glândulas menores contém somente células
mucosas. Os ductos estriados não possuem invaginações basais,
indicando que a saliva produzida pelas células acinares é pouco
modificada. A secreção mucosa desempenha importante função de
umidificação e lubrificação do epitélio oral. As glândulas menores do
lábio podem ser sentidas comprimindo e movimentando a língua sobre a
porção interna dos lábios.
As únicas glândulas salivares menores com secreção serosa são as
glândulas de von Ebner (não precisa decorar ), localizadas no fundo
do sulco das papilas valadas. A secreção fluida rica em enzimas tem
como função remover rápida e eficazmente restos alimentares que
penetram na vala, preparando os botões gustativas para novo
estímulo.

 Células mioepiteliais
As células mioepiteliais são células contrateis de origem epitelial que
envolvem ácinos e ductos intercalares. Elas se assemelham as
células musculares lisas, e contem em seu citoplasma actina e
miosina. A contração das células mioepiteliais colabora na expulsão
da saliva. Estas células parecem também desempenhar outras
funções, como orientar a polarização das células acinares. A
contração da célula mioepitelial pode ocorrer tanto por estimulação
simpática ou parassimpática

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