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FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA

EM NEUROPEDIATRIA
PROF. FERNANDA R. FERREIRA VILELA
PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA EM NEUROPEDIATRIA E PUERICULTURA
TURMA 3
ABRIL DE 2020
ROTEIRO
1. Introdução
2. Desenvolvimento do sistema respiratório
3. Fisiologia e particularidades do sistema respiratório da criança
4. Biomecânica respiratória
5. Semiologia respiratória e avaliação respiratória na criança
6. Principais patologias respiratórias agudas da infância
7. Principais patologias respiratórias crônicas da infância
8. Fisioterapia Respiratória
9. Recursos terapêuticos em fisioterapia respiratória pediátrica
10. Oxigenoterapia
11. Ventilação não invasiva em pediatria
12. A criança neuromuscular e suas particularidades
INTRODUÇÃO

O objetivo deste módulo, dentro da grade curricular da pós graduação em neuropediatria, é fornecer
ao aluno a capacidade de identificar, avaliar e intervir nos principais distúrbios respiratórios da infância,
sejam estes concomitantes a uma patologia neurológica, ou como evento intermitente da infância.

Tanto para crianças típicas, como para as criancas atípicas, a incidência de distúrbios respiratórios na
infância é maior que na populacão adulta. Tal afirmação pode ser justificada pelo desenvolvimento dos
sistemas respiratório e imunológico, assim como de características anatômicas do sistema respiratório das
crianças.

Mesmo para aqueles profissionais que atuam exclusivamente com a população neurpediátrica, saber
identificar, orientar e minimimente intervir em tais distúrbios é fundamental para a formação do
fisioterapeuta.
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

• O desenvolvimento do sistema respiratório (SR)


tem origem na vida intra-uterina e, já na fase
embrionar, é possível identificar as modificações
anatômicas do embrião que irão dar origem as
diversas estruturas do SR.
• A compreensão da genêse do SR é de
fundamental importância, uma vez que algumas
disfunções, mal formações e patologias da
infância, serão justificadas por eventos ocorridos
nesta fase.
DESENVOLVIMENTO PULMONAR

• Fase Embrionária (4/7


semanas)
• Fase Fetal (8 semanas até o
nascimento):
• Estágio Pseudoglandular
• Estágio Canalicular
• Estágio Sacular
• Estágio Alveolar
• Fase Pós-Natal (até os 8 anos
do idade)
DESENVOLVIMENTO PULMONAR
• Estágio Pseudoglandular (7-16 sem): formação de
toda via aérea condutora, vasos pequenos e
distantes do epitélio respiratório

• Estágio Canalicular (17-26 sem): proliferação de


vasos sangüíneos, nascimento da unidade
respiratória, aparecimento de pneumócitos tipo II e
líquido pulmonar

• Estágio Sacular (27-35 sem): expansão da porção de


troca gasosa, formação de sáculos alveolares,
adelgaçamento do epitélio e proliferação capilar,
início da excreção de surfactante

• Estágio Alveolar (36 sem-8 anos): aumento da


superfície e volume pulmonar, secreção de
surfactante
DESENVOLVIMENTO PULMONAR
FISIOLOGIA PULMONAR

• Volumes e Capacidades
Pulmonares

Espirometria -> adultos e crianças acima de 6 anos de idade


FISIOLOGIA PULMONAR

• A Capacidade Residual Funcional (CRF) é o


volume de ar que permanece nos pulmões
após uma expiração normal (VRE + VR)
• A CRF no adulto corresponde a 40% da CPT,
já no RN esse valor é de 15%
• CRF mais baixa está associada a alta
complacência da parede torácica

Em sinstese, quanto mais jovem é a criança, mais


propensa ela é as atelectasias!
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FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

• Mecânica Respiratória
• Registro contínuo das pressões, fluxos e volumes durante o ciclo respiratório,
promovendo relações entre tais variáveis
• Componentes importantes:
• Pulmão Características
• Parede torácica mecânicas distintas
• Variáveis importantes:
1. Pressão pleural (Ppl)
2. Pressão alveolar (PA)
3. Pressão transpulmonar (Pt)
FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

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FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA
• Propriedades Elásticas do Pulmão
e da Parede Torácica
• Propriedades elásticas do
pulmão
• Interdependência
pulmonar
• Poros de Köhn: intra-
alveolares
• Canais de Lambert:
bronquíolo-alveolares
• Canais de Martin: intra-
bronquiolares

• Tensão superficial
• O surfactante pulmonar 12
FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

• O Surfactante Pulmonar
• Composição:
• Complexo lipídeo-proteico:
• 90% lipídeos (fosfatildicolina saturada)
• 10% PTN
• Alguns hidratos de carbono
• Síntese:
• Retículo Endoplasmático dos Pneumócitos II
• Armazenado nos corpos lamelares
• Início de sua síntese:
• 26 semana-> surgimento do pneumócito tipo II
• 30 semana-> secreção do surfactante
ASPECTOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS DA CRIANÇA

• Aspectos Anatômicos
• Gradil Costal:
Indivíduo Proporção de Fibras Tipo I
• Costelas: são mais horizontalizadas e
RN prematuro Menos de 10%
menos mineralizadas ao nascimento
-> elevada complacência torácica, RN termo Cerca de 25%
Lactente de 3 meses Aproximadamente 40%
• Musculatura intercostal -> mais
hipotônica e suscetível à fadiga, Adulto Aproximadamente 55%

• Diafragma: apresenta alteração no


ângulo de justaposição e apresenta
menos fibras oxidativas
ASPECTOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS DA CRIANÇA

• Vias Aéreas:
• Menor diâmetro (traqueia
adulto x RN),
• R = 8n.l/πr4
• Menor suporte cartilaginoso,
• Língua maior com epiglote
mais elevada,
• Maior quantidade de glândulas
mucosas,
• Glândulas mucosas
hipertrofiadas
ASPECTOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS DA
CRIANÇA
IDADE C est (ml/cmH2O) R sr (cmH2O/L/s)
• Do ponto de vista da mecânica respiratória,
RNPT 1,5 80
podemos dizer que quanto mais jovem é a
criança: RNT 3a6 40
1 ano 15 15
1. Maior é a resistência de suas vias aéreas,
7 anos 50 10
2. Menor é sua quantidade de alvéolos,
Adulto 60 a 100 10
3. Menor é sua complacência pulmonar,
4. Menos eficiente é seu diafragma,

Mais suscetível esta criança é a insuficiência


respiratória aguda!
BIOMECÂNICA RESPIRATÓRIA

• Biomecânica: ramo da biologia que estuda as estruturas e funções


fisiológicas dos organismos na sua relação com as leis da mecânica.

• Principais aspectos das biomecânica ventilatória:


• Músculos inspiratórios e expiratórios
• Movimentos respiratórios
• Influencias fisiológicas, patologias e ambientais
BIOMECÂNICA RESPIRATÓRIA

• MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS:
• Geração de força fluxo aéreo Fibras tipo I Fibras tipo II
• Estabilização torácica
• Fibras estriadas esqueléticas, tipo I em sua
maioria
• Agem tanto em nível voluntário como
involuntário
• Trabalham vencendo cargas elásticas (retração
pulmonar e da caixa) e resistivas (VA)
FIBRAS MUSCULARES TIPO I E II
• Fibras Tipo I:
• Lentas, oxidativas ou vermelhas
• Altamente vascularizadas
• Ricas em mitocôndrias; metabolismo aeróbio
• Elevada capacidade de oxidar carboidratos
• Permitem exercícios duradouros
• Resistentes à fadiga
• Predomínio em músculos posturais e respiratórios

• Fibras Tipo II:


• Rápidas ou brancas
• Fibras de força ou velocidade
• Predomínio do metabolismo anaeróbico
• Fibras mais “fatigáveis”
• Predomínio em músculos dos membros
MÚSCULOS INSPIRATÓRIOS
• Diafragma
• Escalenos
• Intercostais
• ECOM
• Trapézio (superior e médio)
• Subclávio
• Peitorais
• Elevador da Escápula
• Rombóides
• Serrátil Anterior
• Grande Dorsal
DIAFRAGMA
• Formado por 2 partes: • Função: principal motor inspiratório
• Central ou tendínea • No adulto:
• Muscular ou periférica • 55% fibras vermelhas (tipo I)
• Porção vertebral -> pilares do • 45% fibras brancas (tipo II)
diafragma (L1-L2, L2-L3 à D, L2-L3 à E)
• Na criança pequena: relação inversa
• Porção costal -> face interna das
últimas costelas • No RN PMT: pouquíssimas fibras tipo I
• Porção esternal -> processo xifóide
• Inervação
• Vascularização
DIAFRAGMA
• Início da inspiração
• Movimento diafragmático
• Apoio abdominal: muscular
e visceral
• Área de justaposição
ESCALENOS

• Escaleno anterior ->


processos transversos
C3-C6 com inserção na
primeira costela
• Escaleno médio -> C3-C7 Função: elevação da região
e primeira costela superior do tórax na
inspiração media e
• Escaleno posterior -> C5- profunda
C7 e segunda costela
INTERCOSTAIS
• São os principais inspiratórios
torácicos
• Intercostais Externos -> do
bordo externo do sulco das
costelas até o bordo superior da A principal função dos
costela abaixo intercostais é gerar
estabilidade torácica
• Intercostais Médios e Internos -
durante o movimento do
> são oblíquos, de baixo para
gradil costal
cima, de trás para frente
FATORES QUE INFLUENCIAM A
BIOMECÂNICA RESPIRATÓRIA
• Fraqueza muscular
• Desenvolvimento do diafragma
Fundamental uma visão holística
• Alterações de tônus muscular do nosso paciente, identificando
não só incapacidades sensório-
• Anatomia torácica motoras e cognitivas, mas
também incapacidades ou
• Anatomia da coluna deficiências de ordem
respiratória e de
• Costelas menos calcificadas condicionamento pulmonar!

• Decúbito
SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA

• Avaliação dos sinais e sintomas respiratórios da criança:


1. Avaliação do estado geral
2. Frequência respiratória,
3. Frequência cardíaca,
4. Saturação de oxigênio no sangue,
5. Padrão respiratório,
6. Sinais de esforço respiratório,
7. Ausculta de ruídos adventícios,
SINAIS VITAIS Freqüência Respiratória irpm

Bebês 35-50
Freqüência cardíaca bpm Crianças até 1 ano 30
Crianças de 1 a 2 anos 25-30

Crianças de 2 a 8 anos 20-25


RNPT < 1.5 kg 125-170
Crianças de 8 a 12 anos 18-20

Crianças de 12 anos à vida 12-18


RNPT 1.5 – 2.5 kg 100-170
adulta

RN termo 100-160
PAM < 1kg 1 – 1,5 1.5 – 2.5 > 2.5 kg
kg kg
Crianças de 10 anos à 55-90
Nascim 33  16 40  18 43  20 49  20
vida adulta
ento

7 dias 41  15 47  18 50  20 60  20

14 dias 45  15 50  18 53  20 64  20

28 dias 47  15 53  18 56  20 68  20
SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO

• Taquipnéia e taquidispnéia,
• Batimento de asa de nariz,
• Retração de fúrcula esternal,
• Elevação da cintura escapular*
• Retração esternal,
• Tiragem intercostal e subdiafragmática,
• Distorção torácica
SINAIS DE ESFORÇO RESPIRATÓRIO

Escore ou Boletim de Silverman


Andersen
AUSCULTA PULMONAR

• Ruídos adventícios:
• Roncos,
• Onde auscultar -> nos quatro quadrantes do
• Sibilos inspiratórios,
tórax, anteriormente e posteriormente*
• Sibilos expiratórios,
• O que auscultar -> murmúrio vesicular
uniformemente audível em todos os quadrantes • Estertores crepitantes,
• O que mais se pode ouvir - > ruídos adventícios
• Sugestão de treinamento para ausculta ->
tutorial básico de sons da 3M

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