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Quarta-feira, 26 de Abril de 2023 I Série – N.

º 74

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
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SUMÁRIO condenados a penas privativas de liberdade, mediante a con-


cessão de autorização para o cumprimento, nos Estados de
Assembleia Nacional que são cidadãos, das penas que lhe forem impostas;
Resolução n.º 8/23: A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
Aprova, para ratificação, o Acordo sobre a Transferência de Pessoas nos termos da alínea k) do artigo 161.º e da alínea f) do n.º 2
Condenadas a Penas Privativas de Liberdade entre a República de
Angola e a República do Ruanda. do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de
Resolução n.º 9/23:
Angola, a seguinte Resolução:
Aprova, para ratificação, o Acordo de Extradição entre a República de 1.º — Aprovar, para ratificação, o Acordo sobre a Trans-
Angola e a República do Ruanda. ferência de Pessoas Condenadas a Penas Privativas de
Resolução n.º 10/23: Liberdade entre a República de Angola e a República do
Aprova, para ratificação, o Acordo de Auxílio Judiciário Mútuo em Ruanda, anexo à presente Resolução.
Matéria Penal entre a República de Angola e a República do Ruanda.
2.º — A presente Resolução entra em vigor à data da sua
Conselho Superior da Magistratura Judicial publicação.
Resolução n.º 2/23: Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
Delibera a jubilação de Manuel António Dias da Silva, Juiz Conselheiro
Presidente da Câmara do Cível, Administrativo, Fiscal e Aduaneiro.
aos 29 de Março de 2023.
Publique-se.
A Presidente da Assembleia Nacional, Carolina
ASSEMBLEIA NACIONAL Cerqueira.

Resolução n.º 8/23 ACORDO SOBRE A TRANSFERÊNCIA


de 26 de Abril DE PESSOAS CONDENADAS A PENAS
Considerando que o Governo da República de Angola e o PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Governo da República do Ruanda, no âmbito das relações de ENTRE A REPÚBLICA DE ANGOLA
cooperação, fundadas nos princípios da igualdade, da sobe- E A REPÚBLICA DO RUANDA
rania e da integridade territorial entre os Estados, assinaram,
Preâmbulo
no dia 15 de Abril de 2022, um Acordo de Transferência de
A República de Angola e a República do Ruanda, adiante
Pessoas Condenadas a Penas Privativas de Liberdades entre
designadas «Partes»;
a República de Angola e a República do Ruanda;
Considerando que a transferência de condenados consti- Guiados pelo espírito de amizade e pelas relações de
tui uma forma de cooperação internacional que permite criar cooperação existentes entre os dois Povos e Governos;
condições para que as pessoas condenadas a penas privati- Encorajados pelo desejo de ampliar os laços jurídicos na
vas de liberdade em país estrangeiro possam cumprir a pena base do respeito e observância dos princípios e normas do
de prisão que lhe foi imposta no Estado da sua nacionalidade Direito Internacional aplicáveis e universalmente aceites;
ou residência legal e permanente; Procurando facilitar o processo de reintegração social
Atendendo o interesse da República de Angola e da de indivíduos condenados a penas privativas de liberdade,
República do Ruanda em criarem condições jurídicas para mediante a concessão de autorização para o cumprimento
facilitar o processo de reintegração social dos indivíduos das penas impostas nos Estados de que são cidadãos.
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Acordam no seguinte: 2. A pessoa condenada à pena privativa de liberdade no


ARTIGO 1.º território de uma das Partes pode ser transferida para o terri-
(Definições) tório da outra Parte, a fim de cumprir o resto da Sentença no
Para efeitos do presente Acordo, os termos abaixo têm o território dessa Parte.
seguinte significado: 3. A transferência pode ser solicitada pela autori-
«Autoridade Competente» — significa: dade competente do Estado da condenação, do Estado de
a) Em relação à República de Angola, a Procuradoria Execução, pela pessoa condenada ou seu procurador.
Geral da República; ARTIGO 5.º
(Autoridades Competentes)
b) Em relação à República do Ruanda, o Ministério
1. As Autoridades Competentes das Partes responsáveis
do Interior.
pela execução do presente Acordo, são:
«Bastante Procurador» — significa a pessoa ou entidade
a) Pela República de Angola, Procuradoria Geral da
que, de acordo com a legislação do Estado da nacionali-
República;
dade do Condenado ou Acordo Internacional de que as
b) Pela República do Ruanda, o Ministério do Interior.
Partes sejam signatárias, está autorizado a agir em nome do
2. Caso haja substituição da Autoridade Competente de
Condenado;
uma das Partes, esta, sem demora, deve notificar o facto por
«Estado de Condenação» — significa o Estado no qual
via diplomática a outra Parte.
foi condenada a pessoa que pode ser ou já foi transferida;
3. Na implementação deste Acordo, as Autoridades
«Estado de Execução de Sentença» — significa o Estado
Competentes das Partes comunicar-se-ão diretamente ou por
para o qual o Condenado pode ser entregue ou foi entregue
meio dos canais diplomáticos.
para efeitos de continuação da execução de uma pena;
ARTIGO 6.º
«Sentença» — significa uma decisão judicial executó- (Concessão de informações ao Condenado)
ria que impõe uma pena prática por uma infração penal,
O Condenado, a quem são aplicáveis as disposições
incluindo uma decisão judicial executória cuja pena terá
do presente Acordo, deve ser informado pelo Estado de
uma duração determinada; Condenação sobre o conteúdo do presente Acordo.
«Condenado» — refere-se à pessoa que cumpre uma
ARTIGO 7.º
pena no Estado de condenação ou, após a transferência, con- (Pedido de transferência)
tinua a cumprir a pena no Estado de Execução;
1. O Condenado ou o seu procurador pode apresen-
«Nacional» — significa: tar ao Estado de Condenação ou ao Estado de Execução da
a) Em relação a República de Angola, é o cidadão Sentença o pedido de transferência, nos termos do presente
nacional, nos termos da Constituição e legisla- Acordo.
ção específica da República de Angola; 2. Se o pedido de transferência for apresentado pelo
b) Em relação à República do Ruanda, é o cidadão requerente ao Estado de Condenação, este deve notificar o
nacional, nos termos da Constituição e legisla- Estado de Execução da Sentença, no mais curto prazo, a par-
ção específica da República do Ruanda. tir da data em que a Sentença se tornou executória ou a partir
ARTIGO 2.º da data do pedido.
(Objectivo) 3. Para que seja tomada uma decisão sobre um pedido
As Partes obrigam-se, nos termos do presente Acordo, de transferência, o Estado de Condenação deve enviar ao
a transferir de uma Parte para outra, a pedido de uma das Estado de Execução as seguintes informações:
Partes, as pessoas condenadas a penas privativas de liber- a) Nome completo, data e local de nascimento do
dade por um Tribunal de uma das Partes, para a continuação Condenado;
b) Endereço do Condenado no Estado de Execução
do cumprimento da pena no território da outra Parte de que
da Sentença, se este for conhecido;
são cidadãos.
c) Breve descrição dos factos que motivaram a apli-
ARTIGO 3.º
cação da pena;
(Âmbito de aplicação)
d) Natureza, duração e a data do início da execução
O presente Acordo aplica-se aos pedidos de transferência da pena;
de cidadão nacional Condenado à pena privativa de liber- e) Texto das disposições legais aplicáveis;
dade, aplicada antes ou depois da sua entrada em vigor. f) Em caso de necessidade, dados médicos e sociais
ARTIGO 4.º do Condenado, informações sobre a forma que o
(Princípios gerais)
mesmo terá sido tratado no Estado de Condena-
1. As Partes comprometem-se a prestar a mais ampla ção e recomendações possíveis respeitantes ao
cooperação, no que respeita à transferência de condenados tratamento a ser-lhe dado no futuro pelo Estado
em conformidade com as disposições do presente Acordo. de Execução;
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g) Qualquer outra informação que o Estado de Exe- permite que um funcionário consular ou outro
cução possa especificar como necessária em representante oficial do Estado de Execução da
todos os casos que lhe permitam considerar a Sentença certifique que a anuência ou recusa do
possibilidade de transferência e que lhe permi- Condenado são voluntárias;
tam informar a pessoa condenada e o Estado e) Se as acções ou omissões que motivaram a apli-
de Condenação de todas as consequências da cação da Sentença constituírem infracções
transferência para o agressor segundo a sua penais em conformidade com a legislação do
legislação. Estado de Execução de Sentença ou puderem
4. Se o pedido de transferência for apresentado ao Estado ser qualificadas como tais quando praticadas no
de Execução da Sentença, o Estado de Condenação deve, a seu território, independentemente de possíveis
pedido do Estado de Execução da Sentença, conceder-lhe as diferenças na sua designação terminológica;
informações previstas no n.º 3 do presente artigo. f) Se não houverem obstáculos legais para a conti-
5. O Condenado deve ser informado, por escrito, sobre nuação do cumprimento da Sentença, incluindo
qualquer medida tomada pelo Estado de Condenação ou pelo a prescrição da pena;
Estado de Execução, nos termos do presente artigo, bem g) Se o Estado de Condenação e o Estado de Execução
como de qualquer decisão tomada sobre a sua transferência. da Sentença expressarem inequivocamente o seu
6. Os pedidos e candidaturas para transferência e suas
consentimento na transferência.
respostas devem ser feitas por escrito. 2. A transferência pode ser recusada nos seguintes casos:
7. O pedido de transferência, a respectiva resposta e
a) Se o Estado de Condenação considerar que a trans-
qualquer outra comunicação, ao abrigo do presente Acordo,
ferência do Condenado afecta a sua soberania, a
será realizado por meio de canais diplomáticos e deve ser
segurança, a ordem pública ou outros interesses
dirigido às Autoridades Competentes das Partes. Em caso
essenciais;
de urgência, as Autoridades Competentes podem usar canais
b) Se o Condenado não tiver cumprido quaisquer
directos, enquanto os documentos originais seguirem os
obrigações financeiras decorrentes da decisão
canais diplomáticos normais.
judicial;
8. A Parte requerida deve informar, no mais curto espaço
c) Se o Estado de Condenação considera que não
de tempo, à Parte requerente sobre a sua decisão de satisfa-
recebeu garantias bastantes do cumprimento das
zer ou recusar o pedido de transferência.
obrigações referidas na alínea b) do presente
ARTIGO 8.º
(Condições de entrega) artigo.
1. A transferência do Condenado realizar-se-á quando ARTIGO 9.º
(Pedidos e respostas)
cumpridas as seguintes condições:
a) Se o Condenado for cidadão do Estado de Execução 1. As solicitações de transferência e as respostas a
da Sentença; elas serão feitas por escrito e transmitidas à Autoridade
b) Se a Sentença se tiver tornado no Estado da Competente da outra Parte, de acordo com as disposições
Condenação e não se realizarem quaisquer pro- deste Acordo.
cedimentos judiciais relativamente ao caso em 2. A Parte Requerida informará à Parte Requerente, no
questão; menor prazo possível, sua decisão de atender ou rejeitar a
c) Se a duração da pena por cumprir pelo Condenado, solicitação de transferência.
à data de recepção do pedido de transferência, ARTIGO 10.º
(Documentos comprovativos)
não for inferior a 6 (seis) meses. Em casos
excepcionais, as Autoridades Competentes 1. O Estado de Execução da Sentença, a pedido do Estado
Centrais das Partes podem acordar quanto à de Condenação, encaminhará a este último o seguinte:
transferência, mesmo se a duração da pena por a) Documento ou declaração que confirme ser o Con-
cumprir for inferior ao período acima indicado; denado cidadão daquele Estado;
d) Se houver anuência do Condenado, formulada por b) Cópia autenticada das disposições legais do Estado
escrito, para a sua transferência a outra Parte ou de Execução da Sentença das quais conste que,
anuência formulada por escrito do seu Bastante em conformidade com a sua legislação, as
Procurador, caso uma das Partes o considerar acções ou omissões que motivaram a imposição
indispensável devido a idade ou ao estado de da pena constituem infracção penal ou possam
saúde física ou psíquica do Condenado. Em ser qualificadas como tal quando praticadas no
qualquer destes casos, o Estado de Condenação seu território;
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c) Informações sobre os possíveis efeitos jurídicos, ARTIGO 12.º


(Despesas)
para o Condenado, decorrentes da aplicação de
qualquer diploma legal sobre a continuação do 1. As despesas relacionadas com o transporte do
cumprimento da pena no Estado de Execução da Condenado, incluindo as efectuadas em trânsito, são supor-
tadas pelo Estado de Execução da Sentença.
Sentença, depois da transferência, em particular,
2. As despesas efectuadas antes da data de entrega
as consequências da aplicação do n.º 3 do
do Condenado serão suportadas pela Parte que as teria
artigo 16.º, em relação à execução da Sentença.
efectuado.
2. Quando o pedido estiver encaminhado, o Estado de
ARTIGO 13.º
Condenação deve apresentar ao Estado de Execução da (Entrega)
Sentença os documentos a seguir indicados, salvo se uma
As Partes acordarão, por via diplomática, o local, data,
das Partes tiver anunciado anteriormente a sua discordância
hora e procedimentos para a entrega do Condenado.
quanto a sua transferência:
ARTIGO 14.º
a) Cópias autenticadas da Sentença que se tornou (Efeitos da transferência para o Estado da Condenação)
executória, e do texto das disposições legais 1. A entrega da pessoa condenada à custódia do Estado
aplicáveis; de Execução deve ter lugar no território do Estado de
b) Informação sobre a duração da pena cumprida, Condenação.
assim como os dados sobre todas as formas da 2. O cumprimento da pena declarado pelo Estado de
privação de liberdade a outras circunstâncias Execução deve ter o efeito de suspender a execução da
Sentença no Estado de Condenação.
relativas à execução da Sentença;
3. O Estado de Condenação já não deve executar a con-
c) Declaração do Condenado ou do seu Bastante Pro- denação, se o Estado de Execução considerar que a execução
curador sobre a sua anuência em ser transferido, da Sentença tenha sido concluída.
prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 8.º do ARTIGO 15.º
presente Acordo; (Efeitos da transferência para o Estado de Execução)
d) Em caso de necessidade, dados médicos e sociais 1. O Estado de Execução deverá continuar a execução
do Condenado, informação sobre como os da Sentença imediatamente ou através de uma ordem judi-
mesmos teriam sido decididos no Estado de cial ou administrativa nas condições previstas no artigo 16.º
Condenação, e eventuais recomendações a dar 2. A execução da condenação rege-se pela lei do Estado
no futuro pelo Estado de Execução da Sentença. de Execução e somente esse Estado será competente para
3. Tanto o Estado de Condenação como o Estado de tomar todas as decisões apropriadas.
Execução da Sentença podem requerer a apresentação de 3. Quando uma das Partes, nos termos da sua legisla-
informações, dados ou documentos referidos nos n.os 1 ção, não puder aplicar a Sentença imposta pelo Estado de
e 2 deste artigo, antes do pedido de transferência ter sido Condenação, nos termos do n.º 1 do presente artigo, às
encaminhado ou antes de ter sido tomada a decisão sobre a pessoas que, por razões de doença mental, não forem consi-
deradas criminalmente responsáveis, deve informar a outra
anuência ou recusa da transferência.
Parte o procedimento que irá aplicar ao mesmo.
4. Salvo o disposto na alínea a) do n.º 2 do presente artigo,
4. O Estado de Execução não deve julgar o Condenado
os documentos originais enviados para o efeito, e em confor-
transferido pelos mesmos factos, em virtude dos quais lhe
midade com este Acordo, não precisam de ser certificados.
foi aplicada a pena no Estado de Condenação.
ARTIGO 11.º
(Consentimento e verificação) ARTIGO 16.º
(Continuação da Execução da Sentença)
1. O Estado de Condenação deve assegurar que a pessoa
1. Depois da transferência, o Condenado continuará
visada a manifestar o seu consentimento para transferên- a cumprir a pena que lhe tiver sido imposta no Estado de
cia, de acordo com alínea d) do n.º 1 do artigo 8.º, o faça Condenação em conformidade com as normas legais do
voluntariamente e por escrito com pleno conhecimento das Estado de Execução da Sentença.
consequências jurídicas da mesma. O procedimento para 2. Para o Estado de Execução da Sentença, o tipo e a
dar tal consentimento será regido pela lei do Estado da duração da pena são obrigatórios, na forma como foram
Condenação. determinados na Sentença.
2. O Estado de Condenação deve proporcionar condi- 3. Se o tipo ou duração da pena forem incompatíveis
ções para que o Estado de Execução possa verificar, através com a legislação do Estado de Execução da Sentença ou se
de um funcionário consular ou outro representante oficial a legislação deste Estado o exigir, este deve, mediante uma
do Estado de Execução da Sentença, que o consentimento é decisão judicial, adaptar a pena em questão a uma pena pre-
dado de acordo com as condições previstas no n.º 1 do pre- vista na sua legislação por prática de uma infracção penal
sente artigo. semelhante.
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4. A pena assim adaptada deve corresponder, na medida 2. A Parte que pretender efectuar o transporte em trân-
do possível, à pena imposta na Sentença a ser executada. sito deve informar, com antecedência, sobre os seus planos a
Todavia, a pena adaptada não pode aumentar a gravidade outra Parte, e deve apresentar os respectivos dados, incluindo
da pena prevista na Sentença do Estado de Condenação, as informações necessárias para a eventual tomada de deci-
nem exceder a duração máxima prevista pela legislação do são, em conformidade com o n.º 3 deste artigo.
Estado de Execução da Sentença pela prática de infracção 3. A Parte, pelo território da qual se pretende efectuar
penal semelhante. o transporte em trânsito, pode recusar a autorização do
5. O tempo já cumprido pelo Condenado no Estado de trânsito, se o Condenado for cidadão desta Parte, ou se a
Condenação conta-se na continuação da prisão ou na exe-
infracção penal que motivou a decisão condenatória não se
cução da pena.
qualificar como tal, em conformidade com a sua legislação.
6. A decisão sobre a execução de pena complementar só
4. A Parte que tiver recebido o pedido de transporte em
é aceite pelo Estado de Execução da Pena, se estiver prevista
na lei desse Estado, para o mesmo crime. trânsito pode manter o Condenado preso somente durante o
período que for necessário para o seu transporte em trânsito
ARTIGO 17.º
(Indulto, amnistia e comutação) pelo seu território.
5. Pode ser dispensada a solicitação de trânsito, quando
1. Cada uma das Partes pode indultar, amnistiar ou comu-
para o transporte do Condenado pelo território de uma das
tar a pena de harmonia com a sua Constituição ou outros
Partes forem utilizados meios de transporte aéreos, sem pre-
actos normativos.
visão de aterragem.
2. A audiência e a deliberação sobre os recursos e revisão
da Sentença são da competência exclusiva dos Tribunais do 6. A Parte sobre o território da qual se prevê efectuar tal
Estado de Condenação. trânsito deve ser devidamente notificada.
ARTIGO 22.º
ARTIGO 18.º
(Línguas)
(Non bis in idem)
Depois de transferido, o Condenado não pode ser jul- O pedido de transferência e quaisquer documentos que
gado ou condenado em virtude dos mesmos factos pelos o instruem transmitidos por uma das Partes, nos termos
quais foi punido no Estado de Condenação. deste Acordo, serão redigidos no idioma oficial da Parte
Requerente e deverão ser acompanhados de uma tradução
ARTIGO 19.º
(Cessação da execução da pena) para o idioma da Parte Requerida.
O Estado de Execução cessa a execução da pena aplicada ARTIGO 23.º
(Renúncia de legalização)
ao Condenado transferido, logo que seja informado pelo
Estado de Condenação sobre qualquer decisão em resultado Os documentos apresentados pelas Partes, nos termos
da qual a Sentença deixa de ser executória. deste Acordo, estarão isentos de legalização ou confirmação
ARTIGO 20.º
de sua autenticidade, observadas as disposições pertinen-
(Informações relativas ao cumprimento da pena) tes deste Acordo. A Carta de Apresentação enviada pelas
1. O Estado de Execução da Sentença notificará o Estado Autoridades Competentes serve como garantia da autentici-
de Condenação sobre: dade dos documentos transmitidos.
a) A decisão tomada ao abrigo do artigo 16.º do pre- ARTIGO 24.º
(Resolução de diferendos)
sente Acordo;
b) O cumprimento pelo Condenado da pena imposta; Os diferendos resultantes da interpretação e aplicação
c) A libertação do Condenado por concessão de do presente Acordo serão resolvidos por via de consultas e
indulto, amnistia ou liberdade condicional; negociações.
d) Fuga da prisão pelo Condenado; ARTIGO 25.º
(Emendas)
e) Morte do Condenado antes do cumprimento da
pena. 1. O presente Acordo pode ser emendado por iniciativa
2. O Estado de Execução da Sentença deve prestar, a de qualquer uma das Partes.
pedido do Estado de Condenação, informações sobre as con- 2. As emendas adoptadas entrarão em vigor, em con-
dições em que decorre o cumprimento da pena imposta. formidade com os procedimentos dispostos no n.º 1 do
ARTIGO 21.º artigo 26.º do presente Acordo.
(Trânsito) ARTIGO 26.º
1. Se uma das Partes chegar a acordo com um terceiro (Entrada em vigor, duração e denúncia)

Estado sobre a transferência de Condenados, a outra Parte 1. O presente Acordo entrará em vigor na data da recep-
deve colaborar no transporte em trânsito dos Condenados ção da última notificação escrita, pela via diplomática, a
através do seu território, com a vista a serem entregues, em informar sobre o cumprimento, pelas Partes, dos procedi-
conformidade com o acordo acima referido. mentos legais internos para o efeito.
2624 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. O presente Acordo mantém-se em vigor por um Reconhecendo os princípios de igualdade de soberania e


período de 5 (cinco) anos, renováveis por tácita recondução integridade territorial entre os Estados-Partes;
por iguais e sucessivos períodos, salvo se uma das Partes Desejando envidar esforços no sentido de combaterem
manifestar a outra Parte, por escrito e pela via diplomática, a os ilícitos criminais que ocorram no território de ambas as
sua intenção de o denunciar com uma antecedência mínima Partes;
de 12 (doze) meses. Observando os princípios do respeito pela soberania e
3. A cessação da validade do presente Acordo não impede não ingerência nos assuntos internos de cada uma, assim
a análise e tomada de decisão dos pedidos de transferência como o respeito pelas normas do Direito Internacional;
recebidos antes da data da cessação da sua vigência. Conscientes da necessidade de empreenderem a mais
Em testemunho de que, os representantes devidamente ampla cooperação para a extradição de criminosos fugidos
autorizados pelos respectivos Governos assinam o presente do exterior;
Acordo. Acordam o seguinte:
Assinado em Kigali, aos 15 de Abril de 2022, em 2 (dois)
ARTIGO 1.º
exemplares originais nas línguas portuguesa e inglesa, sendo (Objecto)
todos os textos igualmente autênticos.
Pela República de Angola, Francisco Manuel Monteiro O presente Acordo tem por objecto a cooperação mútua
de Queiroz — Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos. entre as Partes em matéria de extradição de criminosos fugi-
Pela República do Ruanda, Alfred Gasana — Ministro dos do exterior, para serem submetidos ao procedimento
do Interior. (23-2710-A-AN) penal ou, ao cumprimento de pena ou, medida de segurança
privativas de liberdade, por crimes cujo julgamento seja da
competência do Estado Requerente.
Resolução n.º 9/23
de 26 de Abril ARTIGO 2.º
(Obrigação de extraditar)
Considerando que o Governo da República de Angola e
As Partes obrigam-se, nos termos do presente Acordo,
o Governo da República do Ruanda, no âmbito das relações
e a pedido de uma delas, a extraditar pessoas que estejam
de cooperação, fundadas nos princípios da igualdade, da
a ser procuradas a pedido da outra Parte para responder ao
soberania e da integridade territorial entre os Estados, assi-
processo-crime, julgamento, ou cumprimento de uma sen-
naram no dia 15 de Abril de 2022 um Acordo de Extradição;
tença no Estado Requerente, por razão de um crime passível
Considerando que, para a prossecução dos objectivos
de extradição.
de justiça, é necessário desenvolver a cooperação entre as
Partes mediante a celebração de um Acordo de Extradição; ARTIGO 3.º
(Factos determinantes de Extradição)
Tendo em conta o dever dos Estados soberanos de
combater, de forma simplificada e eficaz, a criminalidade 1. Para efeitos do presente Acordo, a Extradição deve
transfronteiriça e promover uma boa administração da justiça; ter lugar se o facto que constitui crime, segundo as leis de
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, ambas as Partes for punível com prisão ou outra medida de
nos termos da alínea k) do artigo 161.º e da alínea f) do n.º 2 segurança privativa de liberdade por um período superior a
do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de dois anos.
Angola, a seguinte Resolução: 2. Para se determinar se um facto constitui crime para a
1.º — Aprovar, para ratificação, o Acordo de Extradição lei de ambos os Estados:
entre a República de Angola e a República do Ruanda, anexo a) Não é relevante a questão de as leis de ambos
à presente Resolução. punirem o facto que constitua crime dentro
2.º — A presente Resolução entra em vigor à data da sua da mesma categoria, ou o qualifiquem com a
publicação. mesma denominação;
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, b) A conduta alegadamente imputável à Pessoa
aos 29 de Março de 2023. Requerida deverá ser tida em consideração,
Publique-se. não sendo relevante o facto de, para as leis dos
Estados-Partes, o crime ser tipificado de forma
A Presidente da Assembleia Nacional, Carolina
diferente.
Cerqueira.
3. O pedido de Extradição que visa a aplicação de uma
sentença só será atendido se a duração da pena, ainda por
ACORDO DE EXTRADIÇÃO cumprir, não for inferior a seis meses.
ENTRE A REPÚBLICA DE ANGOLA 4. A Extradição terá lugar nos termos deste Acordo em
E A REPÚBLICA DO RUANDA relação a um crime desde que:
Preâmbulo a) Tenha constituído uma ofensa, no Estado Reque-
A República de Angola e a República do Ruanda, adiante rente, no momento em que se verificou o facto
designadas «Partes»; que constitui crime;
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b) A conduta em causa tenha ocorrido no Estado e) A Pessoa Reclamada tiver adquirido imunidade ao
Requerente na altura da solicitação de Extra- procedimento criminal, de acordo com as leis
dição, e constitua um crime contra as leis do do Estado Requerente, pelo decurso do tempo,
Estado Requerido. perdão ou amnistia;
5. Se o pedido de Extradição se referir a uma pena de pri- f) O pedido se refira a crime sujeito à Lei Militar e que
são e à multa, o Estado Requerente poderá pedir a Extradição não seja simultaneamente um crime previsto na
para a aplicação das duas penas. Lei Comum;
6. Se o pedido de Extradição se referir a crimes distin- g) A Pessoa Reclamada tenha finalmente sido
tos puníveis pela lei das duas Partes com uma pena privativa absolvida ou condenada ou ainda isenta de um
de liberdade e, alguns dos quais não reúnam os requisitos posterior procedimento criminal pela mesma
dos n.os 1 e 2 deste artigo, o Estado Requerido pode efectuar ofensa pela qual se pede a Extradição;
a extradição também por aqueles crimes, garantindo que a h) O pedido de Extradição seja feito pelo Estado
pessoa seja extraditada por, pelo menos, um crime passível Requerente na sequência de um julgamento feito
de extradição. in absentia, e que o Estado Requerente afirme
7. Se o delito for cometido fora do território da Parte não garantir ter o procedimento criminal pres-
Requerente, a Extradição será concedida quando a lei da crito depois da Extradição.
Parte Requerida preveja a punição de um delito cometido 2. Não constitui crime político ou de natureza política as
fora de seu território em condições semelhantes. seguintes circunstâncias:
8. Nos termos deste Acordo, um delito passível de a) Factos que constituam um crime previsto em
Extradição incluirá o crime de genocídio e outros crimes con- quaisquer Acordos multilaterais dos quais a
tra a humanidade, conforme estabelecido na Convenção de República de Angola e a República do Ruanda
1948, sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. sejam Partes, e obrigadas a extraditar a pessoa
9. O crime de terrorismo, conforme definido pelas ou a submeter o assunto às autoridades compe-
Convenções da ONU e da OUA sobre Prevenção e Combate tentes para julgamento;
ao Terrorismo, também será um crime passível de Extradição, b) O genocídio, os crimes contra a Humanidade, os
nos termos deste Acordo. crimes de guerra e infracções graves segundo as
ARTIGO 4.º Convenções de Genebra de 1949;
(Recusa do pedido de Extradição)
c) Estupro ou violação sexual;
1. A Extradição é recusada se: d) Ofensas corporais graves ou danos graves à pro-
a) A Pessoa Reclamada for nacional do Estado Reque- priedade;
rido. Se a Extradição for recusada apenas com e) Rapto, feitura de reféns ou extorsão, sequestro ou
base na nacionalidade da Pessoa Reclamada, o tráfico de seres humanos;
Estado Requerido deverá, a pedido do Estado f) Terrorismo e crimes contra a vida, a integridade
Requerente, submeter o caso às autoridades física ou a liberdade de pessoas que gozam de
competentes; protecção internacional, inclusive os agentes
b) O crime pelo qual é solicitada a Extradição for diplomáticos;
considerado pelo Estado Requerido como sendo g) Atentado contra pessoas ou bens mediante posse,
um crime político ou de natureza política; uso ou fabrico de explosivos, bombas incendiá-
c) Se pautar em motivos políticos ou em factos pas- rias, dispositivos ou substâncias que causem
síveis de condenação à pena de morte e sempre graves danos corporais ou à propriedade;
que se admita, com fundamento que o extradi- h) Tentativa ou conspiração, ajuda ou instigação
tado possa vir a ser sujeito à tortura, tratamento de outras pessoas a envolverem-se ou a serem
desumano, cruel ou de que resulte lesão irrever- utilizadas para propósitos especificados nas
sível da integridade física, segundo o direito do alíneas b), c), d), e), f) e g) deste artigo.
Estado Requerente; ARTIGO 5.º
d) O Estado Requerido tiver motivos para acreditar (Recusa discricionária da Extradição)
que o pedido se destina a processar ou punir A Extradição pode ser recusada:
pessoa em razão da sua raça, religião, nacio- a) Se o crime pelo qual se solicita a Extradição estiver
nalidade, origem étnica, opinião política, sexo, sujeito à jurisdição do Estado Requerido e a Pes-
estatuto ou que a posição dessa pessoa possa ser soa Reclamada esteja ou venha a ser processada
prejudicada por uma dessas razões; nesse Estado;
2626 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) Em casos excepcionais, se o Estado Requerido c) Declaração que descreva os factos imputados à


considerar que a Extradição é incompatível com Pessoa Reclamada, com indicação do local e
as condições indispensáveis à salvaguarda dos data do cometimento da infracção. Essa declara-
direitos humanos da Pessoa Reclamada, por ção deve ainda indicar:
causa da idade, saúde, ou contra circunstâncias i. Se o procedimento criminal ou a aplicação de
da mesma natureza; qualquer pena estão ou não impedidos por
c) Se ao crime corresponder a pena de morte na lei motivo de prescrição;
do Estado Requerente, a não ser que esse Estado ii. As disposições legais que estabeleçam a sua
garanta que não será aplicada pena de morte ou, jurisdição se o crime tiver ocorrido fora do
se aplicada, não será executada; seu território;
d) Se a Pessoa Reclamada for menor perante a lei do iii. Se as disposições legais referidas no pedido
Estado Requerido, na altura em que cometeu o estiverem em vigor tanto na altura da perpe-
crime e que a lei a ser aplicada a essa pessoa no tração do crime como no momento do pedido
Estado Requerente não esteja de acordo com os de extradição.
2. Se o pedido visar a Pessoa contra a qual corre proce-
princípios gerais de direito do Estado Requerido,
dimento criminal, além dos elementos previstos no número
aplicáveis a delinquentes menores;
anterior, dever-se-á ainda incluir:
e) Se a Pessoa Reclamada foi julgada num terceiro
a) Original ou cópia autenticada do Mandado de Pri-
Estado pelos factos que fundamentam o pedido
são, ou documento com igual valor, emitido pelo
de Extradição e absolvida, ou no caso de o con-
Estado Requerente;
denado ter cumprido totalmente a pena.
b) Cópia do texto referente à acusação ou outro
ARTIGO 6.º
(Apresentação do pedido) documento;
c) No caso de um pedido submetido por qualquer
1. Os pedidos de Extradição ou detenção provisória
das Partes, uma declaração contendo informa-
devem ser submetidos:
ções que exponham a evidência prime facie da
a) No caso da República de Angola, à Procuradoria
perpetração do crime em questão. A autoridade
Geral da República;
judicial deverá certificar se os factos contidos no
b) No caso da República do Ruanda, ao Ministério
pedido estão disponíveis para serem presentes
da Justiça.
no julgamento e se os considera suficientes de
2. O pedido de Extradição deve ser submetido por escrito
e comunicado através dos canais diplomáticos. acordo com as leis do Estado Requerente para
3. O pedido de detenção provisória deve ser comuni- justificar o procedimento criminal.
cado nos termos previstos para o pedido de extradição ou 3. Se o pedido visar a aplicação de uma sentença, além
através da Organização Internacional de Polícia Criminal — dos elementos previstos no n.º 1 do presente artigo, o mesmo
INTERPOL, ou ainda por recurso a outros canais acordados deve ainda conter:
pelas Partes. a) Declaração autêntica do Oficial de Justiça ou
4. Em caso de urgência e como acto prévio de um pedido Procurador que descreva a conduta pela qual a
formal de Extradição, pode solicitar-se a detenção provisó- Pessoa Reclamada foi indiciada, anexando uma
ria da pessoa a extraditar. cópia do documento que registe a condenação e,
5. O pedido indica a existência do mandado de detenção onde for aplicável, a sentença da pessoa;
ou decisão condenatória contra a pessoa reclamada, con- b) Declaração do Oficial de Justiça ou Procurador
tém um resumo dos factos constitutivos da infracção, com especificando a parte da sentença que resta cum-
indicação do momento e do lugar da sua prática, e, refere prir, se uma parte da pena tiver sido cumprida.
os preceitos legais aplicáveis e os dados sobre a identidade, 4. Os documentos submetidos em conformidade com
nacionalidade e localização da pessoa. este Acordo devem estar numa das línguas oficiais do Estado
ARTIGO 7.º Requerido ou acompanhados da devida tradução.
(Documentos a serem submetidos) ARTIGO 8.º
1. Em todos os casos, o Pedido de Extradição deve (Autenticação dos documentos de apoio)
incluir os seguintes elementos: Caso as Partes entendam ou se as leis do Estado Requerente
a) Identidade da Pessoa Reclamada, com menção assim o exigirem, os documentos são autenticados:
expressa da sua nacionalidade e do seu para- a) No caso da República de Angola, pela Autoridade
deiro, se conhecido; Competente para o efeito;
b) Cópia do texto com a sua qualificação legal especi- b) No caso da República do Ruanda, pela Autoridade
ficando o crime e a pena aplicável; Competente para o efeito.
I SÉRIE –– N.º 74 –– DE 26 DE ABRIL DE 2023 2627

ARTIGO 9.º 6. O Estado Requerido pode, de acordo com o seu direito


(Informação adicional)
interno, estender o período de recepção dos documentos
1. O Estado Requerido pode solicitar que lhe seja enca- acima mencionados.
minhada informação adicionai ao Pedido de Extradição, no 7. A moratória do período de 45 (quarenta e cinco) dias
prazo de 2 (dois) meses, sempre que considere que a infor- e, qualquer extensão, não impedem uma subsequente deten-
mação prestada é insuficiente para a decisão do pedido.
ção e Extradição se for recebido um pedido de Extradição
2. Se o Estado Requerente não submeter à informação
subsequente.
requerida dentro do prazo estabelecido, poder-se-á julgar
8. O Estado Requerido pode conceder fiança à pessoa
que renunciou a sua solicitação, mas isso não obsta a que o
extraditanda, a qualquer momento, se existirem condições
mesmo apresente novo Pedido de Extradição, pelo mesmo
crime. que garantam que a pessoa não abandone o País.
3. O prazo fixado no n.º 1 pode ser prorrogado para ARTIGO 12.º
(Pedidos concorrentes)
4 (quatro) meses, mediante razões atendíveis invocadas pelo
Estado Requerente. Se forem recebidos pedidos de dois ou mais Estados para
ARTIGO 10.º Extradição da mesma pessoa, seja pelo mesmo crime ou por
(Consentimento) crimes diferentes, deve o Estado Requerido determinar qual
1. A pessoa detida para efeitos de Extradição pode decla- das solicitações será atendida e notificar os demais Estados
rar no Estado Requerido que consente a sua entrega ao sobre a sua decisão.
Estado Requerente e que renuncia ao processo de Extradição, ARTIGO 13.º
depois de advertida de que tem direito a este processo. (Decisão e notificação)
2. A declaração é assinada pelo Extraditando e pelo seu 1. O Estado Requerido deve tratar o Pedido de Extradição,
defensor ou advogado constituído, seguindo-se os ulterio- de acordo com os procedimentos definidos nas suas leis, e
res termos processuais previstos no Ordenamento Jurídico notificar de imediato a sua decisão ao Estado Requerente.
das Partes.
2. Qualquer recusa completa ou parcial do pedido de
ARTIGO 11.º Extradição deverá ser fundamentada.
(Detenção provisória)
ARTIGO 14.º
1. Em caso de emergência, as autoridades competentes (Entrega)
do Estado Requerente podem, por escrito, solicitar a deten-
1. Sendo concedida a Extradição, devem as Partes acor-
ção provisória da Pessoa Reclamada.
dar sobre o prazo, local e outras questões relevantes em
2. O pedido de detenção provisória deve incluir:
relação à entrega da Pessoa Reclamada.
a) O nome da Autoridade Solicitante;
2. O Estado Requerente deve receber a Pessoa Reclamada
b) Informação sobre a Pessoa Reclamada, incluindo o
seu nome, sexo, nacionalidade, ocupação e loca- dentro do prazo acordado.
lização e qualquer outra informação que possa 3. Se a pessoa não for recebida pelo Estado Requerente
ajudar a identificar e encontrar a mesma; dentro desse período, o Estado Requerido deve imediata-
c) Declaração de que a solicitação para extradição mente libertar a Pessoa Reclamada.
será submetida a posterior; 4. As Partes deverão acordar sobre uma nova data da
d) Descrição da ofensa e da pena aplicável, com um entrega e será aplicado o disposto no n.º 2 deste artigo.
breve resumo dos factos, incluindo a data e o 5. Se circunstâncias alheias à vontade impedirem que
lugar da perpetração do crime; uma das Partes entregue ou receba a Pessoa Reclamada,
e) Declaração a atestar a existência de um Mandado deve notificar a outra Parte.
de Captura ou um procedimento criminal ao 6. No acto de entrega deve o Estado Requerido infor-
qual seja aplicado este Acordo, e o resumo dos mar o Estado Requerente sobre o período em que a pessoa
factos alegados; Reclamada ficou sob a sua guarda.
f) Qualquer outra informação que possa justificar a
ARTIGO 15.º
detenção provisória no Estado Requerido. (Entrega deferida ou condicional)
3. O Estado Requerido deverá imediatamente informar
1. Se estiver pendente o procedimento criminal ou exis-
ao Estado Requerente das medidas tomadas na sequência da
detenção provisória. tir sentença condenatória a ser cumprida contra a Pessoa
4. A execução de um pedido de detenção provisória será Reclamada no Estado Requerido por ofensa diferente daquela
feita de acordo com as leis do Estado Requerido. pela qual se solicita a Extradição, o Estado Requerido pode
5. A detenção provisória deve terminar e ser o extra- adiar a sua entrega até que se conclua o procedimento ou
ditando restituído imediatamente à liberdade, se o Estado o cumprimento da sentença seja completo ou parcialmente
Requerido não tiver recebido os documentos referidos no imposto.
artigo 7.º, na forma prescrita no artigo 6.º, no prazo de 45 2. O Estado Requerido deve informar o Estado Reque-
(quarenta e cinco) dias depois da detenção. rente do adiamento da entrega.
2628 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Sem prejuízo do seu direito interno, se a situação for 3. Se a acusação pela qual a pessoa foi extraditada for
passível de Extradição, o Estado Requerido pode deter tem- subsequentemente alterada, essa pessoa pode ser processada
porariamente a Pessoa Reclamada para a prática de actos ou julgada, contanto que a ofensa, de acordo com a sua des-
processuais no Estado Requerente, de acordo com as condi- crição revista for:
ções a serem determinadas entre as Partes. a) Baseada nos mesmos factos substanciais contidos
4. A Pessoa Reclamada será mantida sob custódia no na solicitação de extradição e nos respectivos
Estado Requerido e será entregue ao Estado Requerente, documentos;
depois da conclusão do processo contra si instruído. b) Punível pela pena máxima, ou pela pena imediata-
5. A Pessoa Reclamada que tiver sido absolvida no mente a seguir, com moldura penal semelhante à
Estado Requerido, na sequência de uma entrega temporária do crime pelo qual a pessoa foi extraditada;
será entregue ao Estado Requerente para cumprir a sentença c) Substancialmente punível na medida e em razão da
imposta de acordo com as cláusulas deste Acordo. natureza da infracção original.
ARTIGO 16.º ARTIGO 18.º
(Entrega de bens apreendidos) (Reextradição para um terceiro Estado)
1. O Estado Requerido deverá, de harmonia com o 1. Se a pessoa tiver sido entregue ao Estado Requerente,
estipulado no seu direito interno, e a pedido do Estado esse Estado não deve extraditá-la para um terceiro Estado por
Requerente, apreender os bens sob suspeita de terem sido um crime cometido antes da sua entrega, excepto quando:
usados na prática de um crime, ou, que se requer como prova a) O Estado Requerido o consentir;
do crime para o qual se solicita a Extradição da pessoa, e b) A pessoa, tendo tido oportunidade de abandonar
deverá entregá-los ao Estado Requerente na altura em que a o Estado Requerente não o tenha feito dentro
Extradição for concedida. de 30 (trinta) dias da absolvição. Porém este
2. Os bens mencionados no número anterior devem ser período não incluirá o tempo em que, por razões
entregues mesmo que a Extradição, tendo sido concedida, alheias à vontade, impediram a pessoa de deixar
não se efective devido à saúde, desaparecimento ou fuga da o território do Estado Requerente;
Pessoa Reclamada.
c) A pessoa ter voluntariamente retornado ao Estado
3. Quando se requerer a apreensão dos bens referidos
Requerente, depois de o ter abandonado.
nos números anteriores no Estado Requerido em consequên-
2. O Estado Requerido pode solicitar ao Estado
cia de processos criminais ou cíveis pendentes, o Estado
Requerente a autorização ou os documentos necessários e
Requerido pode temporariamente reter tais bens até à con-
a si concedidos pelo terceiro Estado em relação a qualquer
clusão, ou entregar com a condição de serem posteriormente
consentimento solicitado na sequência da alínea a) do n.º 1
devolvidos em caso de absolvição. deste artigo.
ARTIGO 17.º
ARTIGO 19.º
(Regra da especialidade)
(Trânsito)
1. A pessoa que for extraditada não é processada, julgada 1. O trânsito de uma pessoa Extraditada através do ter-
ou detida por qualquer crime cometido antes da entrega, ritório de uma das Partes deverá ser concedido a pedido
a não ser aquele pelo qual a pessoa foi extraditada, nem a escrito da outra Parte.
sua liberdade restringida por qualquer razão, excepto nos 2. A solicitação para o trânsito deve obedecer ao seguinte:
seguintes casos: a) Pode ser efectuada por quaisquer meios escritos;
a) Quando o Estado Requerido consentir; b) Deve conter a informação referida no n.º 2 do
b) Quando a pessoa, tendo tido uma oportunidade artigo 11.º, os beneficiários do trânsito e seu
de abandonar o Estado Requerente, não o tenha destino final.
feito dentro de 30 (trinta) dias após o julgamento, 3. Não será necessária autorização para trânsito quando
ou tenha voluntariamente retornado para aquele for utilizado meio aéreo e não estiver programada aterragem
Estado depois de o ter abandonado; no Estado de trânsito.
c) Quando a Pessoa Extraditada consentir perante 4. No caso de aterragem não programada, o Estado a ser
uma autoridade judicial competente no Estado transitado deve requerer a solicitação de trânsito referida no
Requerente. n.º 1 deste artigo.
2. A solicitação para o consentimento do Estado Reque- 5. O Estado a ser transitado detém a pessoa em trânsito
rido deve estar acompanhada dos documentos referidos até que receba a solicitação e o trânsito efectuado, desde que
no artigo 7.º e do registo de qualquer declaração feita pela a solicitação seja recebida no prazo de 24 (vinte e quatro)
Pessoa Extraditada em relação à ofensa em causa. horas depois da aterragem não programada.
I SÉRIE –– N.º 74 –– DE 26 DE ABRIL DE 2023 2629

ARTIGO 20.º 2. O presente Acordo aplica-se aos pedidos formulados


(Encargos)
após a sua entrada em vigor, ainda que as infracções cometi-
1. O Estado Requerido deve tomar todas as providências das ou as penas impostas tenham ocorrido antes dessa data,
e assumir os encargos derivados de qualquer processo resul- em conformidade com as disposições do artigo 4.º do pre-
tante de uma solicitação para a Extradição. sente Acordo.
2. O Estado Requerido deve arcar com todas as despe-
3. O presente Acordo será válido por um período de 5
sas no seu território na detenção da Pessoa Reclamada e na
(cinco) anos e poderá ser prorrogado automaticamente por
sua manutenção em custódia até a sua entrega ao Estado
períodos iguais e sucessivos.
Requerente e os encargos relacionados com a apreensão dos
4. As Partes podem, por meio de uma notificação escrita,
bens referidos no artigo 16.º
pela via diplomática, rescindir este Acordo em qualquer
3. O Estado Requerente deve assumir todos os encar-
gos derivados da transportação da Pessoa Extraditada, e momento.
de quaisquer bens apreendidos no Estado Requerido para o 5. A rescisão terá efeito 6 (seis) meses depois da data na
Estado Requerente. qual é notificada a outra Parte, mas não afecta os pedidos de
Extradição recebidos antes do seu termo.
ARTIGO 21.º
(Notificação dos resultados) Em testemunho de que, os plenipotenciários devida-
O Estado Requerente deve prontamente notificar o mente autorizados pelos seus respectivos Governos, assinam
Estado Requerido sobre os resultados do procedimento o presente Acordo.
criminal ou da aplicação de sentença contra a pessoa extra- Assinado em Kigali, aos 15 de Abril de 2022, em 2 (dois)
ditada ou sobre a Extradição dessa pessoa para um terceiro exemplares originais nas línguas portuguesa e inglesa, sendo
Estado. todos os textos igualmente autênticos.
ARTIGO 22.º Pela República de Angola, Francisco Manuel Monteiro
(Consultas) de Queiroz — Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.
As Autoridades Centrais designadas no artigo 6.º do Pela República do Ruanda, Emmanuel Ugirashebuja —
presente Acordo, ou as pessoas por elas indicadas podem Ministro da Justiça/Procurador Geral.
consultar-se mutuamente, directamente ou através das ins- (23-2710-B-AN)
talações da Interpol, em relação aos processos individuais e
para a implementação eficiente deste Acordo.
Resolução n.º 10/23
ARTIGO 23.º de 26 de Abril
(Resolução de diferendos)
Considerando que o Governo da República de Angola e
Qualquer diferendo decorrente da interpretação ou
o Governo da República do Ruanda, no âmbito das relações
aplicação do presente Acordo é resolvido de forma amigá-
de cooperação, fundadas nos princípios da igualdade, da
vel, através de consulta e negociação, por meio dos canais
soberania e da integridade territorial entre os Estados, assi-
diplomáticos.
naram no dia 15 de Abril de 2022, um Acordo sobre Auxílio
ARTIGO 24.º
(Emendas)
Judiciário Mútuo em Matéria Penal;
Considerando o interesse dos Governos em cooperar
1. O presente Acordo poderá ser emendado por iniciativa
no âmbito da assistência judiciária mútua, no sentido de
de qualquer uma das Partes.
promover o combate à criminalidade no plano nacional e
2. As emendas adoptadas entrarão era vigor em confor-
midade com os procedimentos estipulados no artigo 26.º do transacional;
presente Acordo. Havendo a necessidade de se estabelecer um mecanismo
de prestação de assistência nas investigações ou actos judi-
ARTIGO 25.º
(Compatibilidade com outros Acordos) ciais relacionados com infracções cuja repressão seja da
O presente Acordo não afecta qualquer direito adquirido competência das autoridades judiciais do Estado Requerente;
ou qualquer obrigação assumida pelas Partes por força de A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo,
outros Acordos. nos termos da alínea k) do artigo 161.º e da alínea f) do n.º 2
ARTIGO 26.º do artigo 166.º, ambos da Constituição da República de
(Disposições finais) Angola, a seguinte Resolução:
1. O presente Acordo entra em vigor na data da recep- 1.º  — Aprovar, para ratificação, o Acordo de Auxílio
ção da última notificação, por escrito, através dos canais Judiciário Mútuo em Matéria Penal entre a República
diplomáticos, a informar do cumprimento das formalidades de Angola e a República do Ruanda, anexo à presente
internas das Partes. Resolução.
2630 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2.º — A presente Resolução entra em vigor à data da sua f) A transferência temporária de detidos para a presta-
publicação. ção de testemunho ou produção de prova;
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, g) A execução de pedidos de revista, busca, apreen-
aos 29 de Março de 2023. sões, exames e perícias;
h) A identificação, pesquisa e diligências referentes
Publique-se.
à movimentação de bens e valores monetários,
A Presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira. incluindo a busca, apreensão, confisco e outras
medidas cautelares pertinentes;
ACORDO DE AUXÍLIO JUDICIÁRIO MÚTUO i) Qualquer acção para recuperar produtos de crimes;
EM MATÉRIA PENAL ENTRE A REPÚBLICA j) Troca de conhecimento e experiência sobre leis
DE ANGOLA E A REPÚBLICA DO RUANDA nacionais, sistema legal, julgamentos, técnicas e
estratégias para combater o crime;
Preâmbulo
k) Pesquisas, estudos, treinamentos ou projetos jurí-
A República de Angola e a República do Ruanda, adiante
dicos conjuntos;
designadas «Partes»;
l) Qualquer outra forma de auxílio não proibido pela
Reconhecendo a especial importância de combater o
lei do Estado Requerido.
crime transnacional, incluindo a lavagem de dinheiro, cor-
3. A assistência será prestada ainda que o facto sujeito à
rupção, tráfico ilícito de drogas, de armas de fogo, de investigação, inquérito ou acção penal seja punível apenas
munições, de explosivos e a criminalidade conexa ou quais- pela lei de um dos Estados.
quer outras actividades criminosas; 4. O presente Acordo não será aplicado nos casos de:
Reconhecendo o interesse comum e as vantagens recí- a) Busca, detenção ou prisão de uma pessoa com o
procas do estabelecimento da cooperação sobre Auxílio intuito de obter a sua Extradição;
Judiciário Mútuo em Matéria Penal; b) Transferência de pessoas condenadas a penas ou
Desejosos de promover a eficiência das autoridades res- medidas de segurança privativas de liberdade.
ponsáveis pelo cumprimento das leis de ambos os Países, ARTIGO 3.º
na prevenção, investigação, acção penal ou instrução de (Autoridades Centrais)

processos de natureza criminal por meio de cooperação e 1. As Autoridade Centrais, com competência para encami-
Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal. nhar e receber solicitações, com observância das disposições
Acordam o seguinte: previstas no presente Acordo, são:
a) No que respeita à República de Angola, a Procura-
ARTIGO 1.º
(Objecto)
doria Geral da República;
b) No que respeita à República do Ruanda, o Minis-
O presente Acordo tem como objecto a prestação pelas
tério da Justiça.
Partes de Auxílio Judiciário Mútuo em Matéria Penal. 2. Para as finalidades deste Acordo, as Autoridades
ARTIGO 2.º Centrais comunicam-se directamente ou pela via diplomática.
(Alcance da assistência)
ARTIGO 4.º
1. As Partes obrigam-se a prestar auxílio mútuo em (Motivos para recusa ou adiamento da execução do pedido)
matéria de prevenção, investigação, inquérito, acção penal 1. O Estado Requerido pode negar o auxílio se:
ou instrução de processos de natureza criminal e procedi- a) A solicitação referir-se a crime previsto na legis-
mentos judiciários relativos a crimes. lação militar, sem contudo, constituir um crime
2. O auxílio compreende: comum;
a) A citação, notificação ou intimação referentes a b) O Estado Requerido julgar que a execução do
actos processuais; pedido pode atentar contra a sua soberania,
b) A notificação e audição de suspeitos, arguidos, segurança, ordem pública ou outros interesses
essenciais do Estado, conforme estipulado pelas
testemunhas ou peritos;
suas autoridades competentes;
c) Prestação de informação constante de documentos
c) A pessoa visada já tiver sido absolvida ou con-
e sua apresentação, bem como disponibilização
denada, no Estado Requerido ou num terceiro
de registos e material probatório; Estado, pelos mesmos factos que fundamentam
d) O fornecimento de documentos e material proba- o pedido de auxílio;
tório, incluindo os de natureza administrativa, d) O pedido referir-se a infracções consideradas pelo
bancária, financeira e comercial; Estado Requerido como crimes políticos ou
e) A identificação e localização de pessoas e bens; conexos a crimes políticos;
I SÉRIE –– N.º 74 –– DE 26 DE ABRIL DE 2023 2631

e) Existirem motivos substanciais para acreditar que o 4. Quando necessário, a solicitação deve ainda conter:
pedido tenha sido apresentado com a intenção de a) Informação sobre a identidade, tais como o nome
investigar, submeter a processo, punir ou proce- completo, morada, local, data de nascimento,
der de qualquer outra forma contra uma pessoa nacionalidade, filiação e a localização da pessoa
a respeito de que se procura uma prova;
por razões ligadas à sua raça, religião, origem
b) Informação sobre a identidade, tais como o nome
étnica, sexo ou opiniões políticas, ou quando o
completo, local e a data de nascimento, a nacio-
seguimento do pedido possa prejudicar a pessoa
nalidade, a filiação e a localização da pessoa a
por qualquer um dos motivos mencionados; ser notificada ou intimada, o seu envolvimento
f) Existirem motivos substanciais para acreditar que o com o processo e a forma adequada de notifica-
procedimento penal, contra a pessoa submetida ção ou intimação;
a processo, não respeita as garantias estipuladas c) Informação sobre a identidade, tais como o nome
nos instrumentos internacionais de protecção completo, local e data de nascimento, naciona-
aos direitos humanos, ratificados pelas Partes; lidade, filiação e a localização de uma pessoa a
g) A solicitação não for feita em conformidade com o ser encontrada;
d) Descrição precisa do local ou pessoas a serem
presente Acordo.
revistadas e os elementos de prova a apreender;
2. O Estado Requerido pode adiar o cumprimento do
e) Descrição da forma sob a qual qualquer depoimento
pedido se a sua execução prejudicar investigação, inquérito,
ou declaração deve ser prestado e registado;
acção penal ou procedimento em curso no seu território.
f) Lista das perguntas a serem feitas à testemunha ou
3. A Autoridade Central do Estado Requerido deve infor- ao arguido;
mar por escrito à outra Parte sobre as razões que o levaram a g) Descrição de qualquer procedimento especial a ser
negar ou adiar o pedido de auxílio. seguido no cumprimento da solicitação;
ARTIGO 5.º h) Informações quanto às ajudas de custo e ao ressar-
(Forma e conteúdo das solicitações) cimento de despesas a que a pessoa tem direito
1. A solicitação de auxílio deve ser feita por escrito. quando convocada a comparecer perante o
2. A Autoridade Central do Estado Requerido pode, em Estado Requerente;
situações de urgência, dispensar a forma escrita da solicita- i) Qualquer outra informação que possa ser levada ao
ção. Nesse caso, deve a mesma ser confirmada, por escrito, conhecimento do Estado Requerido para facili-
no prazo de quinze dias. tar o cumprimento da solicitação.
3. A solicitação deve conter as seguintes informações: ARTIGO 6.º
(Cumprimento das solicitações)
a) O nome da autoridade que conduz a investigação,
1. A Autoridade Central do Estado Requerido compro-
inquérito, acção penal, processo ou procedi-
mete-se a atender de imediato a solicitação transmitindo-a à
mento de natureza criminal relacionado com a autoridade com competência para a executar.
solicitação; 2. Os Órgãos de Justiça do Estado Requerido devem
b) Descrição da matéria e da natureza da investiga- emitir as notificações ou intimações, os mandados de busca
ção, inquérito, acção penal, processo de natureza e apreensão e demais medidas necessárias ao cumprimento
criminal ou procedimento judiciário relativo ao da solicitação.
3. A Autoridade Central do Estado Requerido deve tomar
crime, incluindo, até onde for possível determi-
as medidas que assegurem necessárias à satisfação do pedido
nar o crime específico em questão;
de auxílio, nos termos do presente Acordo.
c) Descrição da prova, informações ou outro auxílio 4. As solicitações de auxílio são executadas de acordo
pretendido; com as leis do Estado Requerido, salvo nas situações em que
d) Declaração da finalidade para a qual a prova, as o presente Acordo disponha de outra forma e se tal não for
informações ou outro auxílio seja necessário; proibido pelas leis interna do Estado Requerido.
e) A razão principal pela qual as provas ou as informa- 5. Quando solicitado, o Estado Requerido empenhar-se-á
ao máximo no sentido de manter o carácter confidencial da
ções são requeridas, assim como uma descrição
solicitação e do seu conteúdo.
total dos factos (data, local e circunstâncias nas
6. Se a solicitação não puder ser atendida sem quebra
quais foi cometido o crime) que deram origem dessa confidencialidade, o Estado Requerido deve informar
às investigações no Estado Requerente; o facto à outra Parte, que então decidirá se ainda assim deve
f) Os textos da legislação aplicável. ou não a solicitação ser executada.
2632 DIÁRIO DA REPÚBLICA

7. As Autoridades Centrais prestarão uma a outra, quando 3. Quando solicitado, o Estado Requerido pode permi-
solicitadas, informações sobre os pedidos de auxílio. tir a presença de pessoas especificadas no requerimento,
8. Uma vez a solicitação atendida deve o Estado Reque- durante a prestação de depoimento ou produção da prova,
rido informar sem demora à outra Parte. e permitir que as mesmas apresentem às Autoridades do
Estado Requerente questões adicionais que surjam do depoi-
ARTIGO 7.º
(Legalização, autenticação e outras formalidades) mento fornecido.
4. Caso a pessoa mencionada no n.º l alegue imunidade,
1. Os documentos, depoimentos ou elementos de prova
incapacidade, privilégio ou prerrogativa ao abrigo das leis
tramitados pelas Partes, em cumprimento ao presente
do Estado Requerente, o depoimento-prova deve, não obs-
Acordo, estão dispensados de legalização, autenticação ou
tante, ser prestado e a alegação levada ao conhecimento da
outras formalidades. Autoridade Central do Estado Requerente, para decisão das
2. Os documentos, os autos, depoimentos e demais ele- autoridades daquele Estado.
mentos, tramitados pelo Estado Requerido são aceites
ARTIGO 11.º
como meios de prova sem outra formalidade ou atestado de (Registos públicos)
autenticidade. 1. O Estado Requerido deverá fornecer ao Estado
3. O ofício remetido pela Autoridade Central do Estado Requerente cópias de registos publicamente disponíveis,
Requerido garante a autenticidade dos documentos documentos, ou informações de qualquer natureza que se
transmitidos. encontrem na posse das suas autoridades.
ARTIGO 8.º 2. O Estado Requerido poderá fornecer, mesmo que não
(Custos) disponíveis ao público, cópias dos documentos acima men-
1. O Estado Requerido é responsável pelos gastos decor- cionados, que estejam sob a guarda de autoridades naquele
rentes da execução do pedido em seu território, excepto Estado, na mesma medida e nas mesmas condições em que
os abaixo mencionados, que estarão a cargo do Estado estariam disponíveis às suas próprias autoridades policiais
Requerente: ou judiciárias.
a) Honorários, despesas de viagem e estadia de peri- 3. O Estado Requerido pode, a seu critério, negar no todo
ou em parte, uma solicitação feita ao abrigo do disposto no
tos;
número anterior.
b) Custos de viagens e outras despesas relativas ao
ARTIGO 12.º
transporte de pessoas do território de um Estado (Depoimento no Estado Requerente)
para o outro.
1. Quando o Estado Requerente solicitar a presença de
2. Se a execução do pedido indicar custos excepcionais,
uma pessoa no seu território, deve o Estado Requerido con-
as Partes devem previamente consultar-se para determi-
vidar essa pessoa a comparecer e informar de imediato a
nar os termos e condições sobre as quais o auxílio deve ser
esse Estado a resposta da pessoa em causa.
efectuado.
2. A Autoridade Central do Estado Requerido pode, a seu
ARTIGO 9.º critério, determinar que a pessoa convidada a comparecer
(Restrições ao uso)
perante o Estado Requerente de acordo com o estabelecido
1. O Estado Requerente não pode, sem prévio consen- neste artigo, não está sujeita à intimação, detenção, ou qual-
timento da Autoridade Central do Estado Requerido, usar quer restrição de liberdade pessoal, resultante de quaisquer
as informações ou provas obtidas ao abrigo do presente actos ou condenações anteriores à sua partida do Estado
Acordo, em investigação, acção penal ou outros procedi- Requerido.
mentos que não aqueles descritos na solicitação. 3. A Autoridade Central do Estado Requerente informa
2. O Estado Requerido pode requerer que as informações sem demora à Autoridade Central do Estado Requerido se
ou provas produzidas ao abrigo do presente Acordo sejam tal garantia de salvo-conduto será concedida.
mantidas confidenciais ou usadas apenas sob os termos e 4. A garantia de salvo-conduto mencionada no número ante-
condições por ele especificados. rior cessará quando a pessoa livremente prorrogar a sua estadia
ARTIGO 10.º no território do Estado Requerente por mais de 15 dias, depois
(Depoimento ou produção de prova no Estado Requerido) da sua presença deixar de ser necessária nesse Estado, con-
1. A pedido do Estado Requerente, qualquer pessoa forme comunicado ao Estado Requerido.
que se encontre no Estado Requerido pode ser notificada ARTIGO 13.º
ou intimada a comparecer, de acordo com a lei do Estado (Transferência temporária de detidos ou presos)
Requerido, para testemunhar ou fornecer documentos, regis- 1. A pessoa detida ou presa no Estado Requerido, cuja
tos ou provas. presença seja solicitada no outro Estado para fins de auxílio,
2. Mediante solicitação, a Autoridade Central do Estado pode ser transferida temporariamente de um Estado para o
Requerente antecipa informações sobre data e local da apre- outro para aquele fim, desde que a pessoa consinta e que as
sentação para o depoimento ou produção de prova. Autoridades Centrais de ambos Estados concordem.
I SÉRIE –– N.º 74 –– DE 26 DE ABRIL DE 2023 2633

2. Para fins deste artigo: 2. O Estado Requerido pode solicitar que o Estado
a) O Estado Receptor tem competência e obrigação de Requerente aceite os termos e condições julgados necessá-
manter a pessoa transferida sob custódia, salvo rios à protecção de interesses de terceiros nos documentos,
autorização em contrário do Estado Remetente; registos, bens ou elementos de prova.
b) O Estado Receptor devolve a pessoa transferida ARTIGO 17.º
(Devolução de documentos, registos, bens ou elementos de prova)
sob custódia, ao Estado Remetente, tão logo as
circunstâncias permitam, ou conforme entendi- A Autoridade Central do Estado Requerido pode solici-
tar à Autoridade Central do Estado Requerente a devolução,
mento entre às Autoridades Centrais de ambos
com urgência possível, de quaisquer documentos, registos,
os Estados;
bens ou elementos de prova a ela entregues em decorrência
c) O Estado Receptor não pode requerer ao Estado do atendimento à solicitação.
Remetente a abertura de processo de Extradição
ARTIGO 18.º
para o regresso da pessoa transferida; (Produtos de crime)
d) O tempo em que a pessoa permanecer sob custódia 1. O Estado Requerido deve, mediante solicitação, empe-
no Estado Receptor será contado no cumpri- nhar-se para determinar se quaisquer produtos de crime
mento da sentença originalmente imposta no estão localizados sob a sua jurisdição e informar ao Estado
Estado Remetente; Requerente os resultados das suas investigações.
e) A pessoa transferida, qualquer que seja a sua 2. Ao fazer a solicitação referida no número anterior
nacionalidade, intimada a comparecer perante do presente artigo, o Estado Requerente deve notificar ao
às autoridades competentes no Estado Reque- Estado Requerido sobre os elementos que levaram à con-
rente, não pode ser submetida a investigação, clusão de que tais produtos possam estar localizados em seu
território.
inquérito, acção penal, detenção ou qualquer
3. Quando localizados os bens resultantes do crime, deve
outra restrição de sua liberdade individual por
o Estado Requerido tomar as medidas permitidas pela sua
factos ou condenações anteriores à sua partida
legislação, para imobilizar e confiscá-los, visando, particular-
do território do Estado Requerido e não visados mente, a sua transferência para o Estado Requerente.
pela intimação. 4. Na aplicação do presente artigo, os direitos do Estado
ARTIGO 14.º Requerente e de terceiros de boa-fé são respeitados, nos ter-
(Localização ou identificação de pessoas, bens e elementos de prova) mos das leis do Estado Requerido.
O Estado Requerido obriga-se a empreender os seus ARTIGO 19.º
melhores esforços para localizar ou identificar pessoas, bens (Restituição de bens e valores)

e outros elementos de prova, conforme discriminados na 1. Os bens e valores que constituem produtos de crime
solicitação. cometido e objecto de processo no Estado Requerente e,
ARTIGO 15.º que tenham sido apreendidos pelo Estado Requerido, assim
(Entrega de documentos) como os bens de substituição, cujo valor corresponda a
1. O Estado Requerido deve realizar as diligências esses produtos, podem também ser restituídos ao Estado
necessárias à entrega dos documentos referentes, no todo Requerente para fins de confisco, devendo ser salvaguarda-
dos os direitos invocados por terceiros de boa-fé sobre esses
ou em parte, a qualquer solicitação de auxílio pelo Estado
bens e valores.
Requerente, em conformidade com os dispositivos do pre-
2. A restituição ocorre, regra geral, com base em sentença
sente Acordo.
executória transitada em julgado do Estado Requerente, no
2. Qualquer documento que solicitar a presença de uma
entanto, o Estado Requerido terá a possibilidade de restituir
pessoa perante a Autoridade do Estado Requerente, deve ser
em estágio o mesmo procedimento.
emitido com razoável antecedência em relação à data pre-
ARTIGO 20.º
vista para a comparência. (Compatibilidade com outros Acordos)
3. O Estado Requerido comprova a entrega dos documen- As disposições do presente Acordo não impedem um
tos de acordo com a forma especificada na solicitação. auxílio jurídico e judiciário mais amplo que venha a ser
ARTIGO 16.º acordado entre as Partes noutros Acordos ou ajustes, que
(Revista, busca e apreensão)
entendam, caso a caso, mutuamente conceder-se.
1. O Estado Requerido executa mandados de revista, ARTIGO 21.º
busca e apreensão ou entrega de quaisquer documentos, (Consultas)
registos, bens ou elementos de prova, nos termos requeridos 1. As Autoridades Centrais das Partes podem realizar as
pelo Estado Requerente, desde que o pedido contenha infor- consultas necessárias, no sentido de promoverem uma apli-
mação que justifique tal acção, segundo as suas leis internas. cação mais eficaz do presente Acordo.
2634 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. As Autoridades Centrais podem ainda estabelecer 2. As emendas entram em vigor por meio de troca de
acordos quanto às medidas e práticas que se mostrem neces- notas, por escrito, por via diplomática, informando que
sárias, com vista a facilitar a implementação do presente as formalidades internas para sua entrada em vigor foram
Acordo. cumpridas.
ARTIGO 22.º Em testemunho de que, os representantes devidamente
(Limites de responsabilidades) autorizados pelos seus respectivos Governos assinam o pre-
1. A lei de cada Estado-Parte regula a responsabilidade sente Acordo.
por danos que advêm dos actos de suas autoridades no cum- Assinado em Kigali, aos 15 de Abril de 2022, em 2 (dois)
primento deste Acordo. exemplares originais, nas línguas portuguesa e inglesa,
2. As Partes não são responsáveis pelos danos que adve- sendo todos os textos igualmente autênticos.
Pela República de Angola, Francisco Manuel Monteiro
nham de actos praticados pelas autoridades da outra Parte
de Queiroz — Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.
na formulação ou cumprimento de um pedido, nos termos
Pela República do Ruanda, Emmanuel Ugirashebuja —
deste Acordo.
Ministro da Justiça/Procurador Geral.
ARTIGO 23.º
(23-2710-C-AN)
(Aplicação)

O presente Acordo será aplicado a qualquer solicitação


apresentada após a data da sua entrada em vigor, ainda que CONSELHO SUPERIOR
os actos ou omissões que constituam o crime tenham ocor-
DA MAGISTRATURA JUDICIAL
rido antes daquela data.
ARTIGO 24.º
(Resolução de diferendos) Resolução n.º 2/23
de 26 de Abril
Os diferendos resultantes da interpretação e aplicação do
presente Acordo são resolvidos por via de consultas e nego- O Plenário do Conselho Superior da Magistratura
ciações, através dos canais diplomáticos. Judicial, em Sessão Extraordinária, realizada aos 30 de
Março de 2023, nos termos do artigo 184.º da Constituição
ARTIGO 25.º
(Entrada em vigor, duração e denúncia) da República de Angola, e dos n.os 1 e 2 do artigo 27.º da Lei
n.º 14/11, de 18 de Março — Lei do Conselho Superior da
1. Este Acordo entrará em vigor na data do recebimento
Magistratura Judicial;
da última notificação escrita, e por via diplomática, infor-
Por ter atingido o limite de idade de 70 anos, conforme
mando sobre o cumprimento pelas Partes dos procedimentos
disposto no n.º 9 do artigo 179.º da Constituição da República
legais para este fim. de Angola, e a alínea a) do n.º 1 do artigo 56.º da Lei n.º 7/94,
2. Este Acordo vigorará por um período de 5 (cinco) anos, de 29 de Abril, que aprova o Estatuto dos Magistrados
renovável tacitamente por períodos iguais e sucessivos, Judiciais e do Ministério Público, deliberou atribuir o
salvo se uma das Partes manifestar à outra Parte, por escrito Estatuto de Jubilado ao Presidente da Câmara do Cível,
e por via diplomática, sua intenção de rescindir, com um Administrativo, Fiscal e Aduaneiro o Venerando Juiz
mínimo de aviso prévio de 6 (seis) meses. Conselheiro, Manuel António Dias da Silva.
ARTIGO 26.º Vista e aprovada pelo Plenário do Conselho Superior da
(Emendas) Magistratura Judicial, em Luanda, aos 30 de Março de 2023.
1. As Partes podem emendar o presente Acordo por con- O Juiz Conselheiro Presidente, Joel Leonardo.
sentimento mútuo. (23-2995-A-TS)

O. E. 0551 - 4/74 - 150 ex. - I.N.-E.P. - 2023

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