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TEOLOGIA BÍBLICA
TEOLOGIA BÍBLICA:
ANTIGO TESTAMENTO
ANTIGO TESTAMENTO
EMENTA
▸ Apresenta um panorama teológico da história da redenção
no Antigo Testamento. Inclui investigações acerca do
método, relevância e história da disciplina, com ênfase nos
pactos bíblicos, pela perspectiva reformada.
OBJETIVO
▸ Apresentar um panorama teológico da história da
redenção no Antigo Testamento. Inclui investigações
acerca do método, relevância e história da disciplina, com
ênfase nos pactos bíblicos, pela perspectiva reformada.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
▸ Unidade 1 - Breve história da teologia bíblica
▸ (HOUSE E MERRILL)
▸ (GEERHARDUS VOS 1 )
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
▸ Unidade 6 - A aliança na criação (PALMER ROBERTSON 5)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
▸ Unidade 11 - A aliança com Davi (PALMER ROBERTSON 11)
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ANTIGO TESTAMENTO
UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
(3) Aquele que deixa a Bíblia falar por si mesma em cada estágio
de seu desenvolvimento, tanto do ponto de vista canônico como
histórico.
Não obstante, a leitura atenta desses textos revela que eles estão longe de não ter
vida e de serem estáticos. Eles não podem, pela própria natureza de sua condição
de textos revelados, ser expand dos nem diminuídos — nesse sentido, eles são
in exíveis — mas eles, do início ao m, transmitem um uxo histórico dinâmico.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
”Existe realmente uma teologia bíblica, de origem histórica, que transmite o que os
escritores santos sentiam em relação aos assuntos divinos;
Existe, por sua vez, uma teologia dogmática, de origem didática, que ensina o que cada
teólogo losofa racionalmente a respeito das coisas divinas, depe dendo de sua
habilidade ou de sua época, idade, nacionalidade, facção, escola e outros fatores similares.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
O Iluminismo estava bem estabelecido na época em que ele lançou seu ensaio; e ele, na verdade, demonstra
estar ciente da nova forma de pensamento por meio de várias alusões a alguns porta-vozes do Iluminismo.
A principal premissa do Iluminismo era que as instituições, as tradições e as cosmovisões assimiladas não
deviam ser consideradas sacrossantas apenas por que eram comumente abraçadas.
E a epistemologia subjacente, a que poderia desa ar o antigo e abraçar o novo, era o racionalismo, a noção
de que só se pode acreditar no que é crível.
A observação atenta da citação de Gabler apresentada acima mostra que ela re ete esse espírito racionalista
em seu ataque frontal a formas consagradas pelo tempo de desenvolver teologia e de pensá-la.
No mu do pré-Iluminismo, reinava a teologia dogmática; agora, com a liberdade a quirida por meio da
inquirição racional, o dogmatismo foi destronado e substituído pelas novas formas de fazer teologia, estas
não estavam fundament das na tradição eclesiástica.
Uma dessas formas era a teologia bíblica. Ironic mente, a exata abordagem que poderia explorar e
esclarecer as riquezas da revelação de Deus, de formas dantes nunca imaginadas, torna-se um subproduto
de um ceticismo racional que incluía em seu programa uma diminuição do método teológico tradicional
(dogmático).
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Gabler, continua do seu elogio de Morus, dessa vez por sua renúncia à exegese
alegórica e excess vamente gurativa que era comum no século XV11I, fala dele
como “um homem extraordinário cuja reputação é seu monumento”.
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(1) deve haver uma clara distinção entre a Escritura divina e a humana;
(3) “nossa loso a” (isto é, teologia dogmática) deve ser construída sobre a fundação da
religião (ou seja, teologia bíblica).
“O falecido professor Zachariae tornou isso possível”, disse ele, “mas não prec so lembrá-lo do
fato de que ele deixou algumas coisas para os outros consertarem, de nirem mais
corretamente e expandirem.”15 Gabler, no restante de seu e saio, fez exatamente isso,
embora ele mesmo nunca tenha escrito uma teologia completa.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
G. L. Bauer (1755-1806) traçou uma clara linha demarcatória entre a teologia bíblica
e a história da religião de Israel, uma i portante percepção conforme se con rmou
depois. Bauer, como aluno do f moso crítico do Antigo Testamento, J. G. Eichhorn,
integrou sua teologia na emergente análise do Antigo Testamento hoje conhecida
como método crítico- histórico.
Esse método, quando aplicado com rigor, rearranja os materiais bíbl cos de acordo
com a suposta autoria e com a ordem cronológica, tornando, desse modo, o Antigo
Testamento um livro bem diferente daquele da tradição antiga.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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Essa percepção deu novo ímpeto ao estudo teológico do Antigo Testamento, foi um
empurrão no mov mento que corria o risco de car paralisado.
MERRILL,Eugene. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:SHED, 2009. pgs. 11-72
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
J. K. W. VATKE (1806-1882)
Apoderando-se da interpretação de Hegel da história, em especial da
história de Israel, J. K. W. Vatke (1806-1882), estudioso com quem
Wellhausen, co forme este a rmou posteriormente, aprendeu mais e
melhor, desenvolveu sua própria posição teológica, que promovia três
idéias-chave:
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
J. K. W. VATKE (1806-1882)
Essa forma evolucionária de ver o desenvolvimento da religião de Israel era
compatível com as abordagens modernas do estudo do Antigo Testamento,
como crítica da fonte e da redação.
O resultado disso para a teologia foi ela ser forçada a se amoldar ao molde
prescrito pelo modelo evolucionário e, assim, não poder mais re etir a
abordagem que fora objeto de grande simpatia por Hegel.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
J. K. W. VATKE (1806-1882)
Essas formas radicais de entender o Antigo Testamento não
podiam car sem contestação e, por volta do meio do século XIX,
diversos paladinos da ort doxia começaram a dar voz a sua
oposição.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
J. C. F. STEUDEL (1779-1837)
J. C. F. Steudel (1779-1837), por sua vez, adotou o método teológico bíblico de Gabler,
mas sem as pressuposições negativas defendidas pela maioria dos teólogos da época.24
Steudel, primeiro, lidou geneticamente com o Antigo Testamento (isto é, como uma
revelação progressiva) e, depois, sistematicamente, um método seguido desde essa época
pela maioria dos estudiosos conservadores.
Para Steudel e seus seguidores, a revelação progressiva era e tendida como essencial para
a interpretação apropriada da Escritura. H. A. C. Hãvernick também rejeitou as mais altas
hipóteses críticas e seu subjetivismo e, em uma importante obra, publicada em 1848,
argumentou que o objetivismo instruído pela compreensão espiritual e pelo princípio
orgânico (o “genético” de Steudel) do desenvolvimento religioso do Antigo Testamento
levaria à teologia bíblica apropriada.
Ele entendia que havia necessidade de tratar a teologia do Antigo Testamento em termos
de seu contexto histórico.
MERRILL,Eugene. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:SHED, 2009. pgs. 11-72
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G. F. OEHLER (1812-1872)
G. F. Oehler (1812-1872), aluno de Steudel, produziu o que muitos est diosos
(conservadores) consideram ser a mais extraordinária teologia do Antigo Testamento do
século XIX.
A principal obra dele (Theologie des Alten Testa- ments [Teobgia do Antigo Testamento]-,
de 1873) insiste no princípio do cresc mento orgânico da revelação do Antigo Testamento,
princípio esse que ele admitiu ter emprestado de Hegel e dos lósofos da escola da
história da religião, mas que ele “organizou” a m de evitar os aspectos humanistas da
cosmovisão hegeliana.
Para Oehler, a essência da verdade bíblica em torno da qual tudo o mais é ornamentado e
ampliado é o Espírito divino quando, por m, é cumpr do em Cristo no Novo Testamento.
Essa idéia (isto é, o Espírito) tem de ser descoberta (embora seja um dado objeto de
revelação especial) por meio da aplicação do método histórico-gramatical.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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Eichrodt, como princípio central ou organizador, propôs que o Antigo Testamento gira
em torno da idéia de aliança, e a rubrica desta é a existência de um Deus nacional que
revelou a si mesmo como o Deus do mundo e dos indivíduos.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
POR VOLTA DO FIM DO SÉCULO XIX…OWALTHER EICHRODT (1890-1978)
Outros dois importantes teólogos do período entre as duas Guerras Mun-
diais foram Ernst Sellin (1867-1945) e Ludwig Köhler (1880-1956).
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL…OTTO PROKSCH (1874-1947)
Otto Proksch (1874-1947) escreveu que a teologia do Antigo
Testamento deve ser uma “teologia da história” que encontra seu
cumprimento em Cristo — “toda teologia é cristologia”.
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Para von Rad, a preocupação da teologia não é o que realmente aconteceu na história, mas a
compreensão, interpretação e proclamação de Israel do que aconteceu.
No cerne do pensamento de von Rad está a idéia de que o hexateuco (o Pentateuco mais o livro de
Josué), na verdade, é uma con ssão cultual que pode ser reduzida a breves asserções de credo de
que Deus, por meio de uma série de atos salvadores, libertou seu povo e concedeu-lhes uma terra.
Vários temas de aliança (como a revelação do monte Sinai), de promessas patriarcais e de histórias
primevas (Gn 1— 11) foram acrescentadas mais tarde a m de su tentar o credo no cerne da
tradição hexateuca.
Uma avaliação justa de sua obra é que von Rad produziu na atualidade uma história de tradições,
em vez de uma teologia no sentido usual, e que ele é extremamente cético em relação à história
sobre a qual se fundamenta a tradição.
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Vos leva a sério a interpretação da história feita pelo Antigo Testamento e, como Oehler
antes dele, a vê como o veículo por meio do qual a mensagem salvadora pode ser levada
adiante, da criação à escatologia.
Por m, seria útil examinar rapidamente alguns teólogos contemporâneos, não só para
poder avaliar a contribuição deles, mas para fornecer um pano de fundo por meio do
qual julgar a necessidade desta obra.
Infelizmente, a revisão aqui deve ser muitíssimo seletiva tanto por causa de espaço para
as considerações como pelo excesso de literatura teológica que foi produzida nos
últimos vinte e cinco anos ou por volta disso.
MERRILL,Eugene. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:SHED, 2009. pgs. 11-72
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Walter C. Kaiser Jr., rastreia seus temas ao longo das épocas bíblicas, dos
períodos pré-patriarcal ao pós-exílico.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Suas duas principais obras, Old Testament Theology in a Canonical Context [Teologia do
Antigo Testamento em um contexto canôn co e Biblical Theology o f the Old and New
Testaments [Teologia bíblica do Antigo e do Novo Testamentos], argumentam em favor de uma
teologia dia- crônica que tira sua matéria-prima do cânon hebraico, e só de lá, da forma que
saiu das mãos dos redatores nais do texto sagrado.
Childs, conforme é possível perceber pelo título do segundo volume, está convencido de que
a teologia bíblica só pode ser desenvolvida com a inclusão do Antigo e Novo Testame tos.
Ao descrever essa tarefa, ele diz que a teologia bíblica deve “explorar a relação entre esses
dois testemunhos [o Antigo Testamento e o Novo Testamento], ao passo que a tarefa da
teologia do Antigo Testamento é re etir teologicamente a respeito apenas de uma porção do
cânon cristão, mas como Escritura cristã”.
Essa distinção útil fundamentará, em grande extensão, nosso próprio esforço em desenvolver
uma teologia apenas do Antigo Testamento.
MERRILL,Eugene. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:SHED, 2009. pgs. 11-72
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Bruegg mann institui um modelo forense no qual Iavé, em certo sentido, está em julgamento, e
o Antigo Testamento é a transcrição dos procedimentos da corte.
Estes começam com o testemunho central de Israel no qual Iavé é descrito por seus vários
atributos e características. A seguir, segue-se um contra-testemunho que parece diminuir alguns
desses aspectos positivos ou, pelo menos, questioná-los.
Brueggemann conclui sua teologia adequadamente delineando os meios pelos quais Iavé
testemunha por si mesmo — por meio da Torá, da monarquia, dos profetas, do culto e dos sábios.
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Isso dá causa a uma questão razoável, a saber, como se pode justi car uma nova obra nessa
área?
O que uma nova publicação pode acrescentar a uma já esmagadora produção de literatura
teológica que, de um lado, não seja uma mera repetição do que já foi escrito e, de outro
lado, faça uma contribuição relevante?
Algumas produções podem ser feitas no início da vida ou da carreira da pessoa; outras
requerem muita experiência e muitos anos de re exão antes que o autor (artista ou
compositor) tenha habilidade e temeridade su cientes para livrar-se do que quer que tenha
ocupado seus pensamentos ao longo dos anos.
MERRILL,Eugene. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:SHED, 2009. pgs. 11-72
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Acre cente-se a isso uma sensibilidade para as qualidades literárias da Palavra escrita e habilidades
exegética e hermenêutica necessárias para compreender e expor a me sagem bíblica. Isso sem
falar da necessidade de ter um domínio básico do estudo do Novo Testamento e de, acima de
tudo, reconhecer a importância da dependê cia do Espírito de Deus, que, a nal, inspirou o texto
sagrado.
Portanto, depois de três décadas de leitura profunda de literatura relevante e de ensinar a matéria
da teologia do Antigo Testamento na graduação, parece o momento certo de oferecer esta obra
como outra tentativa de se engal nhar com a importante e reconhecidamente ardilosa matéria
tratada neste livro.
Além dessa apologia, talvez a seguinte análise lógica também possa esclarecer o ímpeto e a
motivação do autor.
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Desde essa época, Kaiser e inúmeros outros evangélicos têm feito a rmações de
peso nesse campo, mas, mesmo assim, em número comparativamente menor.
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Algumas dessas obras defendem suas grades como derivadas do texto, mas a
análise atenta delas sugere que estão perigosamente próximas de um alicerce
procustiano no qual os materiais bíblicos são forçados a se encaixar em um
molde no qual nunca se pretendeu que se encaixassem.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Ou seja, elas não p dem dar conta de todas as linhas diversi cadas e multifárias da
revelação bíblica sem trazer essas linhas, contra a vontade delas, a uma
conformidade forçada.
Ou, ainda pior, elas simplesmente deixam grandes partes do cânon fora da dis-
cussão exatamente porque eles (os centros) não podem acomodá-las.
Alguns, reconhecendo o dilema, optaram por não ter nenhum centro, uma opção
que, embora honesta, parece promover a noção de que a narrativa do Antigo Test
mento não tem enredo e, por isso, não tem linha de pensamento nem objetivo que
a una e forneça a linha central da narrativa. Esperamos mostrar como isso é
improvável e inexeqüível (veja a seção “A rmação dos pressupostos” abaixo).
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Esse comentário não pretende ser uma critica, pois existe todo
tipo de limitações em empreender um projeto desse tipo.
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Sem dúvida, esta obra será acusada de seguir essa mesma tendência, ou
pré-compromisso, e algo parecido.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
PAUL R. HÜUSE
Também é possível iniciar com a descrição do tratamento dado pelo NT ao AT. Esta
abordagem também é válida, pois os escritores do NT fazem amplo uso do AT. A nal,
era a Bíblia que possuíam. Começar por aqui é, no entanto, pôr os carros à frente dos
bois. Os autores do NT conheciam as Escrituras hebraicas em profundidade e
esperavam que seus leitores estivessem igualmente familiarizados com elas.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
O problema com essa abord gem é que nenhum desses indivíduos jamais
produziu um volume sequer especi camente dedicado à teologia do AT. Suas
idéias têm de ser colhidas em meio a literalmente dúzias de sermões,
comentários e outras obras. E bora essa seja uma tarefa enriquecedora, aqui
também um volume inteiro ou uma série de volumes seria necessário para
completar a tarefa.
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Apesar disso ela enfrenta as mesmas limitações de quando se tenta reunir os vários
comentários produzidos ao longo da história da igreja. Dentro da tradição rabínica
acerca das Escrituras hebraicas como um todo, há um pequeno número de obras
condensadas.
Mas o judaísmo e o cristianismo discordam quanto ao valor de uma Bíblia com dois
Testamentos e quanto à natureza e obra de Jesus Cristo. Desse modo, pode-se e
deve-se tratar de questões comuns às duas religiões, mas sem passar por cima de
diferenças concretas.
HOUSE,Paul R. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo:VIDA, 2005. pgs. 11-72
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Escreveu que "existe de fato uma teologia bíblica, com origens históricas,
descrevendo o que os escritores sagrados sentiam a respeito de assuntos
espirituais; por outro lado, existe uma teologia dogmática, de origem didática,
ensinando o que cada teólogo racionalmente losofa sobre as coisas
espirituais, de acordo com a medida de sua capacidade ou com o período, a
época, o local, a con ssão religiosa, a escola e outros fatores semelhantes.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Primeiro, os intérpretes devem reunir dados sobre “cada um dos períodos do AT e NT. cada
um dos autores, e cada uma das maneiras de falar que cada um dos autores empregou
como re exo do tempo e do lugar”.1
Segundo, tendo ajuntado esse material histórico, os teólogos devem empreender “uma
comparação cuidadosa e ponderada das várias partes atribuídas a cada Testamento”.14
Deve-se comparar as idéias dos autores bíblicos até que “ que claramente visível em que
os autores co cordam sem quaisquer problemas ou em que discordam entre si”.15
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Primeiro, sua insi tência no racionalismo e a conseqüente recusa em tratar do que está além dos
sentidos humanos elimina da séria consideração teológica boa parte das Escrituras. Não sobra nenhum
dos milagres da Bíblia e muito pouco da inspiração dos autores, restando apenas um número limitado
de a mações dos apóstolos. E de admirar como Gabler consiga falar do salvador ou de salvação22 e
defender suas convicções. A nal, a salvação di cilmente parece ser uma categoria orientada pelos
sentidos. Fica claro que Gabler possuía uma ideologia que controlava suas idéias, exatamente como
aco tecia com os que ele criticava.
Segundo, apesar de seu programa de inco poração das teologias bíblica e sistemática, as teorias de
Gabler abrem a porta para uma separação negativa das teologias do AT e do NT. Presum velmente
quase nada do AT teria princípios atemporais, de modo que seria considerado bem insigni cante para a
teologia bíblica. Este fato leva à conclusão de que pode ser proveitoso fazer um estudo histórico da
teologia do AT, mas que ela não é excepcionalmente pertinente à igreja. Conforme será debatido mais
tarde, muitos estudiosos adotaram essa postura após a época de Gabler.
Terceiro, cria-se uma divisão entre o estudo acadêmico de teologia e o ensino de doutrina pela igreja. A
idéia que surge é que “verdade” é aprendida na biblioteca e apresentada na sala de aula, mas a igreja
ensina seus mesmos preconceitos de uma geração a outra. Esta divisão entre igr ja e mundo
acadêmico ocorre demasiadas vezes.
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
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UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA
Visto que ele foi o primeiro a escrever uma teologia especí ca do AT, é interessante
assinalar o formato que Bauer usou para apresentar sua obra. Embora ele tivesse
decidido romper com a dogmática, ainda assim esc lheu dividir sua obra nas três
categorias dogmáticas tradicionais: teologia, antropologia e cristologia.26 E possível
que ele esperasse in uenciar a te logia dogmática mais facilmente mediante a adoção
de categorias comuns. Quaisquer que tenham sido suas razões, o modo como Bauer
apresenta seu estudo introduziu para os teólogos do AT um dilema que perdura até
hoje: como alguém incorpora todos os dados bíblicos em categorias func onais que se
encaixam no propósito que o autor tem para sua obra? No caso de Bauer essas
categorias eram apropriadas porque queria coletar idéias universais que se aplicassem
aos cristãos onde quer que estivessem.
1.Gabler e Bauer essencialmente criaram a disciplina teologia do AT. Eles sustentaram que o AT e o NT
merecem ser ouvidos pelo que são, antes que suas idéias sejam incorporadas à teologia dogmática.
2. Tanto Gabler quanto Bauer acreditavam que a teologia do AT deve possuir um forte componente histórico.
Infelizmente esse comp nente histórico baseia-se num racionalismo que não deixa pratic mente nenhum
espaço para o sobrenatural. Também põe em dúv da uma grande quantidade de material da qual apenas
racionalistas extremos suspeitam.
3. Gabler e Bauer sustentam que o AT ensina algumas verdades un versais aplicáveis a cristãos de todas as
eras. No entanto, com o objetivo de encontrar esses conceitos, ambos eliminam boa parte do AT, atribuindo-a
à “engenhosidade pessoal” dos autores.27 Essa abordagem questiona o valor geral do AT e deixa-o quase sem
nada a dizer além do que o NT repete.
4. Gabler nunca escreveu uma teologia do AT, mas em sua obra Bauer dividiu o material bíblico em estudo de
Deus, da humanidade e de Cristo. Certamente estes são tópicos de interesse para qualquer te logo, mas só de
um modo imperfeito eles se ajustam ao AT como um todo, conforme o próprio Bauer sem dúvida alguma
sabia.
Embora essas noções tenham mais de duzentos anos, continuam a ser debatidas até hoje.
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