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INTITUTO TEOLÓGICO BELÉM

Direção: Apóstolo Jonas

CURSO AVANÇADO DE TEOLOGIA

DISCIPLINA: EPISCOPOLOGIA

PROFESSOR
Francisco de Assis Irineu do Nascimento

Parnamirim
Agosto/2023
PLANO DE ESTUDO DA DISCIPLINA
INSTITUTO DE TEOLOGIA BELÉM
DIRETOR: Ap. Jonas
CURSO: Teologia
DISCIPLINA: Episcopologia
PROF.: Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Bel. em Direito, Bel. em Teologia, Pós-
Graduado em Ciências da Religião, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas
1 EMENTA
ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO ANTIGO TESTAMENTO; A ORGANIZAÇÃO
RELIGIOSA NO NOVO TESTAMENTO; A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NA
ERA PÓS-APOSTÓLICA; ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NOS TEMPOS ATUAIS
2OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL: Fornecer ao discente noção básica da organização religiosa da igreja,
com resquícios do Antigo Testamento e conforme o modelo do Novo Testamento, a fim de se
observar a função da liderança, sobretudo do bispado
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Conhecer como se organizava a religião judaica no Antigo Testamento concernente à
estrutura de comando e de funções;
• Visualizar os modelos do Novo Testamento, com relação à organização eclesiástica, as
funções e os ministérios;
• Entender como passou a se organizar a igreja em sua estrutura de liderança depois do
período apostólico e como está, em linhas gerais, essa organização nos tempos atuais.
3 METODOLOGIA
Exposição; uso multimídia de recursos audiovisuais; discussão em sala de aula.
4 AVALIAÇÃO
A avaliação será feita mediante atividade escrita a ser produzida pelos alunos;
5 CONTEÚDO
I – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO ANTIGO TESTAMENTO
1. O SISTEMA SACERDOTAL
2. O SISTEMA PROFÉTICO
3. O SISTEMA PRESBITERIANO
4. O SISTEMA ESCRITURÍSTICO
5. O SISTEMA URBANO
II – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO NOVO TESTAMENTO
1. A ORGANIZAÇÃO DO COLÉGIO APOSTÓLICO
2. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ EM ATOS DOS APÓSTOLOS
3. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS PAULINAS
4. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS GERAIS
III – A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NA ERA PÓS-APOSTÓLICA
IV – ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NOS TEMPOS ATUAIS
1. SISTEMA DEMOCRÁTICO
2. SISTEMA EPISCOPAL
3. SISTEMA PRESBITERIANO
4. SISTEMAS MISTOS
EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Sumário

INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………… 2
I – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO ANTIGO TESTAMENTO………………………. 2
1. O SISTEMA SACERDOTAL ………………………………………………………………. 2
2. O SISTEMA PROFÉTICO………………………………………………………………….. 4
3. O SISTEMA PRESBITERIANO……………………………………………………………. 7
4. O SISTEMA ESCRITURÍSTICO…………………………………………………………… 7
5. O SISTEMA URBANO……………………………………………………………………… 8
II – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO NOVO TESTAMENTO………………………… 8
1. A ORGANIZAÇÃO DO COLÉGIO APOSTÓLICO……………………………………….. 8
2. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ EM ATOS DOS APÓSTOLOS……………… 9
3. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS PAULINAS……………...10
4. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS GERAIS…………………11
III – A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NA ERA PÓS-APOSTÓLICA…………..20
IV – ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NOS TEMPOS ATUAIS……………………………...21
1. SISTEMA DEMOCRÁTICO………………………………………………………………...21
2. SISTEMA EPISCOPAL……………………………………………………………………...21
3. SISTEMA PRESBITERIANO……………………………………………………………….21
4. SISTEMAS MISTOS………………………………………………………………………...21
CONCLUSÃO…………………………………………………………………………………..22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………………23

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 1


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

INTRODUÇÃO

A igreja do Senhor Jesus Cristo, ao longo da história, tem se organizado para


cumprir a missão que lhe foi designada. Assim ela se estruturou com um sistema
hierárquico altamente equilibrado e competente, bem como com o exercício de vários
ministérios, tendo como eixo os seus credos, os quais evidenciavam suas doutrinas. Esse
sistema, que a princípio tinha uma organização simples nas congregações locais, evoluiu
para o sistema episcopal em face de diversas razões.
Isto posto, faremos um estudo abrangendo o episcopado e as demais funções
adjacentes, analisando os dois testamentos, considerando a sua importância com relação
ao exercício do pastorado da igreja cristã e de sua organização, para que o povo de Deus
possa trabalhar em prol do reino de Deus.

I – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO ANTIGO TESTAMENTO

1. O SISTEMA SACERDOTAL

O sacerdote, no Antigo Testamento, tinha a função de ser um mediador entre as


pessoas e Deus. Para tanto ele era consagrado e instruído para realizar sacrifícios, gerir o
sistema de culto e seguir os preceitos que regulariam as práticas religiosas, inclusive
questões relativas ao sistema judicial e à vida civil do povo.
Antes da implantação do sacerdócio levítico, na era dos Patriarcas, de Abraão até
o Êxodo de Israel do Egito (2000-1446 a. C.), o serviço sacerdotal tinha aspecto tribal e
era exercido pelo patriarca. Abraão, Isaque, Jacó e Jó ofereceram eles próprios sacrifícios
em prol de si próprios, de suas famílias e de outras pessoas de fora do clã (Gn 12, 13, 15,
22, 25, 26, 35; Jó 1, 42). Não havia um estatuto regulamentando, mas a prática era feita
pela experiência recebida dos antepassados.
Em paralelo, observa-se que outras nações tinha seus sistemas religiosos com os
seus sacerdotes. Em Canaã, na cidade de Salém, destacou-se Melquisedeque, o rei da
cidade, que também era sacerdote do Deus Altíssimo (Gn 14). Os midianitas, por sua vez,
tinham Jetro como sacerdote, o qual reconheceu que o SENHOR, Deus de Israel, era
Todo-Poderoso (Ex 2, 18).
Após o êxodo de Israel da terra do Egito (Gn 12), quando o SENHOR realizou o
pacto com o seu povo no Sinai (Ex 19-24), foi instituído o sistema sacerdotal levítico,
separando-se Arão e seus filhos para o exercício do sacerdócio (Ex 28-30; LV 9, 10),
sendo que posteriormente os levitas também foram inclusos para o serviço do culto (Nm
3, 4).

1.1 Sumo sacerdote (Ex 28, 29; LV 6; 8-10)

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

O sumo sacerdote (kohen hagadol), era a maior autoridade religiosa no sistema


cultual e litúrgico do Antigo Testamento. Deveria ser escolhido dentre os descendentes de
Arão, que pertencia ao clã de Coate, da tribo de Levi, o terceiro dentre os doze filhos de
Israel. A ele cabia o comando-geral de todo o serviço religioso do templo e,
privativamente, a apresentação dos sacrifícios especiais do dia do perdão, denominado
yom kippur.
Havia uma indumentária toda especial para o sumo sacerdote. Nos serviços do
templo, ele tinha que estar vestido conforme o rito a ser realizado. Também deveria
conhecer a Lei do Senhor, a torah, praticá-la e seguir os ritos conforme os estatutos, pois
o conhecimento da Palavra de Deus deveria ser buscado dos seus lábios, haja vista ser
ele o mensageiro do Senhor (Ml 2.7; Hb 5.1-3).
O sumo sacerdote era escolhido dentre os sacerdotes. Passava por toda a
educação formal, especialmente dos 20 aos 30 anos (Nm 4.23).

1.2 Sacerdote

Os sacerdotes eram descendentes de Arão, do clã de Coate, da Tribo de Levi.


Assim como o sumo sacerdote, tinham uma indumentária especial, deveriam ser
profundos conhecedores da torah, e administrar os diversos ritos de sacrifícios no templo
oferecidos no altar de bronze, as ofertas apresentadas no santuário (Êx 29.44; Nm 18.1-
5), como também proceder ao exame das questões de purificações do povo de Israel (LV
13-15).
Todos os sacerdotes deveriam ser submetidos a um grande rigor físico e
espiritual. Havia diversos defeitos que poderiam impedir um descendente de Arão de
exercer o sacerdócio, e a desobediência aos preceitos legais e morais da lei poderia levá-
los também à exclusão (LV 21-22).

1.3 Levita

O levita era um ministro que poderia servir no templo ou em alguma das cidades
de Israel ocupando diferentes ofícios, quer religiosos, quer jurídicos. Descendiam dos três
clãs da Tribo de Levi: Gérson, Coate e Merari. Durante as peregrinações no deserto,
depois do êxodo de Israel, ao longo de 40 anos, carregavam o Tabernáculo e seus
utensílios (Nm 4). Eram os responsáveis pelo recolhimento dos dízimos de Israel (Nm
18.24), que lhes eram dados para sua subsistência.
A partir do reinado de Davi, os levitas foram designados para diversos ofícios.
Tocadores, cantores, tesoureiros do templo, porteiros, oficiais e juízes (1Cr 25-27).
Posteriormente, inclusive, exerceram o ofício de mestres, ensinando a Lei de Deus ao
povo nas suas cidades, sobretudo durante o governo de Josafá (2Cr 17.7-10). Também
figuraram como mestres, intérpretes e tradutores nos dias de Neemias, quando Esdras
promoveu a leitura pública da Lei (Ne 8.8, 9).

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

A princípio, os levitas deveriam servir no templo dos 30 aos 50 anos (Nm 4.43,
47). Mas já começavam o treinamento aos 25 anos de idade, conforme se deduz de Nm
8.24.
a) Juízes

No livro de Juízes, há menção de pelo menos 13 (treze) líderes. Eles não eram
levitas e não tinham formação jurídica na Lei do Senhor, mas eram levantados por Deus
para liderar algumas tribos do povo de Israel e promover livramento quando a nação
estivesse sob opressão dos seus inimigos.
Posteriormente, a partir do reinado de Davi (1Cr 26.29), foram constituídos juízes
e oficiais dentre os levitas para julgarem as causas nas cidades, o que também foi feito no
reinado de Josafá (2Cr 19.8).

b) Oficiais
A partir do reinado de Davi (1Cr 26.29), foram constituídos juízes e oficiais dentre
os levitas para julgarem as causas nas cidades, o que também foi feito no reinado de
Josafá (2Cr 19.8).

c) Porteiros

Davi instituiu os levitas na função de porteiros do templo futuro, sendo que, até lá,
eles exerciam esses ofícios nas duas tendas onde eram realizados os serviços litúrgicos,
tanto em Jerusalém como em Gibeão (1Cr 26.1-19).

d) Tesoureiros

Os tesoureiros, também levitas, foram organizados por Davi (1Cr 26.20-26).

e) Cantores e tocadores

Também foram organizados vários grupos de corais para cantar no período de


Davi, sob a liderança de Asafe, Hemã e Jedutum (1Cr 25). Há um coral de 288
integrantes. Esse grupo estava organizado entre os que cantavam e os que tocavam
diversos tipos de instrumentos musicais.

2. O SISTEMA PROFÉTICO

Alguns personagens da Bíblia eram considerados profetas em razão da


comunhão com Deus e da revelação divina que recebiam, sem contudo exercerem o
ofício de profeta, ou seja, de proclamador da Palavra de Deus. Assim se vê Abraão, que
foi chamado de profeta quando Deus em sonho se revelou a Abimeleque, rei de Gerar
(Gn 20.7).

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Moisés era o profeta maior do Antigo Testamento. De modo distinto em relação


aos futuros profetas, ele falava face a face com Deus (Nm 12.7, 8). Anunciou que um dia
Deus levantaria outro profeta como ele, que deveria ser ouvido em tudo (Dt 18.15), que,
na interpretação do apóstolo Pedro, era o Senhor Jesus Cristo (At 3.22).
Débora, no tempo dos juízes, era uma profetisa e a única juíza mencionada na
Bíblia (Jz 4.4, 5), a qual profetizou a vitória de Israel sobre os exércitos inimigos de Jabim,
rei de Canaã, cuja liderança caberia ao juiz Baraque. Durante o período dos juízes,
surgiram outros profetas orais (Jz 6.8; 1 Sm 2.7).

2.1 Profetas orais

Os profetas eram mensageiros de Deus que proclamavam a Palavra do


SENHOR. Eles tinham conhecimento da Torah e da história de Israel, e recebiam
revelação e inspiração do Espírito de Deus para profetizar. Eram denominados por três
termos: hozeh – vidente; ro’eh, o que vê; navi’ - profeta. Seja por sonho, por visão ou pela
Palavra do SENHOR, recebiam alguma comunicação divina para falar ao povo a alguém
em particular, revelando coisas do passado, do presente e do futuro, bem como
exortando, advertindo ou consolando.

a) Escola de Profetas

Havendo Samuel sido confirmado como profeta (1Sm 3.20), bem como juiz (1Sm
7.15-17), inclusive com atividades sacerdotais (1Sm 7.17), estabeleceu em Israel uma
organização de profetas. A primeira delas a ser mencionada ficava em Betel, em um lugar
denominado outeiro de Deus (1Sm 10.3-5), certamente o monte Tabor, e a segunda ficava
em Naiote, distrito localizado em Ramá (1Sm 19.18-24). Nos dias de Elias havia escolas
também em Gilgal e em Jericó, sendo aquele profeta o grande líder, sucedido
posteriormente Eliseu (2Rs 2.1-18). Nessas escolas havia um grupo de aprendizes,
denominados filhos dos profetas (2Rs 4). Eles estudavam a Palavra de Deus sob a gestão
de um profeta consagrado, adoravam, oravam e proclamavam a Palavra profética (2Rs
9.1-4).
Essas escolas perduraram durante o período monárquico da história de Israel.
Amós, tendo recebido uma chamada direta da parte de Deus, revelou que não tinha
estudado em uma dessas instituições, contudo tinha certeza da vocação que recebera do
SENHOR (Am 9.14, 15).

b) Profeta Mestre

Era o profeta que dirigia a escola de profetas. Samuel, Elias e Eliseu são
destacados como profetas que lideraram várias escolas e formaram muitos profetas
anônimos que não aparecem na Bíblia.

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

c) Profetas Discípulos

Também chamados de filhos dos profetas, da expressão hebraica bᵉnê ha-nᵉ


bhî’im. Era comum o mestre se dirigir aos discípulos tratando-os como filhos (PV 2.1; 3.1,
2; 4.1, 2; 5.1, 2). Esses eram os alunos das escolas dos profetas, que na posição de
discípulos dedicavam-se em tempo integral.

2.2 Profetas escritores

Foram profetas que além do seu ministério de proclamação da Palavra de Deus


também escreveram parte de suas profecias sob a inspiração do Espírito Santo. Tal foi o
grau da inspiração, que seus escritos foram isentos de erros ou de falhas e se tornaram
Escrituras Sagradas.

a) Profetas Maiores

É grupo dos livros proféticos composto por Isaías, Jeremias, Lamentações,


Ezequiel e Daniel. O livro de Lamentações não é de natureza profética, mas poética. É
um cântico de tristeza, mas foi agrupado junto com os demais em razão de sua autoria
ser atribuída ao profeta Jeremias.
Isaías foi profeta do reino do Sul durante os séculos VIII e VII a. C. Jeremias
profetizou durante os séculos VII e VI a. C., e foi testemunha ocular do exílio babilônico e
da destruição da cidade de Jerusalém e do templo.
Ezequiel, levado para o cativeiro babilônico, profetizou durante o século VI a. C.
Era contemporâneo de Jeremias e durante o seu ministério ocorreu a queda de
Jerusalém. Enquanto isso, no mesmo século, Daniel estava no palácio da Babilônia como
estadista e recebendo revelações divinas de natureza apocalíptica.

b) Profetas Menores

Os profetas Oséias, Joel, Amós, Jonas e Miquéias pertenciam ao reino do Norte e


profetizaram antes da queda de Samaria, em 722 a. C. Habacuque, Naum e Sofonias
profetizaram antes da queda de Jerusalém, ao passo que Obadias profetizou logo após a
destruição do templo. Os outros profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias pertencem ao
período pós-exílico, quando parte dos judeus havia retornado e se estabelecido em Israel.

c) Profetas de outros livros

Grande parte dos profetas escreveram escrituras que não levaram os seus
nomes, mas que passaram a compor parte das Escrituras Sagradas. Asafe e Hemã eram
levitas profetas que escreveram salmos. Davi era um rei profeta que escreveu quase
metade dos salmos. Samuel, Gade e Natã deixaram registros que foram usados pelos

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

escritores dos livros de Samuel, Reis e Crônicas (1Cr 29.30). E assim diversos outros
foram escritos.

3. O SISTEMA PRESBITERIANO

3.1 Os anciãos das cidades

As cidades israelitas eram organizadas de tal modo que um corpo de anciãos


lideravam o povo. Eles podiam resolver questões de negócios oficiais, sentados às portas
da cidade (Rt 4.1-13); poderiam julgar questões do tribunal (Jó 29) e julgar pessoas (Mt
26.3).

3.2 Os anciãos nas sinagogas

Geralmente, quando uma comunidade conseguia reunir mais de 10 homens,


formavam uma sinagoga, quer sejam nas vilas, quer nas cidades. As sinagogas foram
fundadas durante o exílio babilônico e tinha como finalidade o estudo das Escrituras e as
orações, uma vez que os judeus ficaram sem templo. Cada sinagoga tinha um chefe (Mt
9.18; Mc 5.22). Aos sábados era costume haver reuniões na sinagoga para exposição da
Palavra de Deus (At 15.21).

4. O SISTEMA ESCRITURÍSTICO

4.1 Escrivães das Crônicas

Quando o rei Davi se estabeleceu no seu reino, organizou a administração da


corte para atuação em todo o Israel. Assim, dentre os cargos principais, estava o de
cronista, responsável pior registrar os fatos históricos que ocorriam na época, bem como
registros antigos, a fim de que fosse mantido um sistema de informação a respeito das
coisas que aconteciam no reino e nos arredores. O cronista de Davi era chamado
Jeosafá, filho de Ailude (1Cr 18.15). No reino da Pérsia, a leitura das Crônicas identificou
o herói Mardoqueu que salvara a vida do rei Assuero e o projetou para que se tornasse o
conselheiro mais importante (Et 6.1-3).
Os profetas atuaram como cronistas durante os reinos e o registro de vários
eventos históricos serviu de base para a composição de vários livros da Bíblia (1Rs 11.41;
15.23; 2Rs 1.18; 13.18; 1Cr 29.29; 2Cr 9.29; 12.15; 13.20).

4.2 Escrivães dos Reinos

Além do cronista, que registrava os eventos que ocorriam no reinado, haviam os


escrivães oficiais, encarregados de registrar diversos movimentos administrativos. O
Escrivão tinha o status de ministro do reino, assim como o cronista. Davi nomeou Savsa

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

como seu escrivão (1Cr 18.17). Durante o governo do império medo-persa, escrivães com
especialidade em idiomas diferentes eram convocados a escrever os decretos a fim de
serem enviados aos diferentes povos que integravam o império (Et 1.22; 3.12; 8.9).

5. O SISTEMA URBANO

5.1 Líderes Tribais

Israel, desde a sua entrada na terra de Canaã, estava organizado como tribo.
Havia os líderes tribais (Nm 1.4-15). Eles eram chamados de príncipes, o que não
indicava serem da realeza, mas da nobreza, os notáveis, representantes de cada tribo
(Nm 27.2).

5.2 Líderes das Cidades

Cada cidade era administrada por um grupo de anciãos, cujo conselho se


chamava gerúsia. Eram os mais idosos, experientes e idôneos. Dentre as suas
atribuições, ele testemunhavam em conselho de transações referentes ao direito e aos
costumes (Rt 4.1-12). Josué, antes de sua morte, convocou diversas autoridades para
dar-lhes suas últimas recomendações, e dentre esses grupos estavam os dos anciões (Js
23.2).
Havia também pessoas designadas para administrar a cidade. Algumas vezes
eram chamados de maiores da cidade (Jz 9.30; Ne 7.2).

II – A ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NO NOVO TESTAMENTO

1. A ORGANIZAÇÃO DO COLÉGIO APOSTÓLICO

1.1 O Mestre

O Senhor Jesus era chamado por seus apóstolos e por seus discípulos de Senhor
(gr. kurios), e de Mestre (didáskalos, rabi e epistates). Sua autoridade ultrapassava a dos
mestres comuns e nivelava com os grandes rabinos, tais quais Shammai, Hillel e
Gamaliel, pois ensinava com autoridade, e não como os escribas (Mt 7.29). Sua doutrina,
na verdade, era oriunda diretamente do Pai (Jo 7.16, 17). Em sua volta reuniu os
discípulos, os ensinou e os preparou para formarem a igreja e proclamarem o evangelho
ao mundo todo (Mc 16.15, 16).

1.2 Os Apóstolos

Do gr. apostolos, significa aquele que é enviado. Os apóstolos foram um grupo de


líderes especiais treinados por Cristo, capacitados e enviados por Ele para proclamarem o

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

evangelho. Como guardiães da mensagem do Reino de Deus, eles lançavam os


fundamentos doutrinários da igreja, sua organização e sua expansão. Primeiramente
havia os doze, que eram testemunhas oculares dos feitos do Senhor e da sua
ressurreição (At 1.21, 22). Posteriormente, vieram alguns outros pós-ressurreição, como
Paulo e Barnabé (At 13.1, 2).

1.3 Os Discípulos

A palavra discípulo vem do gr. mathetes. Do verbo manthano, eu aprendo, dá a


ideia de aprendizagem. Os discípulos não eram meros alunos, como vemos hoje. A
tradição judaica dizia que o discípulo era aquele que levava a poeira do mestre,
significando que vivia em uma proximidade grande com o seu mestre, aprendendo não
apenas o que ele ensinava oralmente, mas sobretudo o seu estilo de vida. O discípulo era
moldado conforme o caráter do seu mestre, e os de Cristo assim foram transformados
pelo maravilhoso Filho de Deus.

2. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ EM ATOS DOS APÓSTOLOS

2.1 A Igreja em Jerusalém


Fundada no Dia de Pentecostes, a Igreja em Jerusalém estava, a princípio, sob a
liderança dos 12 apóstolos, com o destaque para Pedro. Mais adiante, percebeu-se a
necessidade de se instituir um serviço social que alcançasse as viúvas dos cristãos
judeus helenistas, e foram escolhidos sete homens cheios do Espírito Santo para a
diaconia (At 6). No cap. 15 de Atos, percebe-se que a igreja tem um pastor presidente ou
bispo, o qual é Tiago, irmão de Jesus, e um corpo de presbíteros que deliberaram no
Primeiro Concílio da História da Igreja, junto com os apóstolos.
De Jerusalém também saiu o primeiro dos evangelistas, Felipe, um dos sete
diáconos, o qual fundou a igreja em Samaria, e espalhou o evangelho também por Azoto
até Cesareia. Nessa cidade o apóstolo Pedro fez a primeira pregação para um grupo de
gentios piedosos, que estavam sob a liderança de Cornélio, os quais foram batizados com
o Espírito Santo e nas águas.

2.2 A Igreja em Antioquia

A Igreja em Antioquia se destacou por ter um quadro de profetas e mestres, detre


os quais se destacaram os apóstolos Barnabé e Paulo, os primeiros missionários a serem
enviados por uma igreja além de Jerusalém. Era uma igreja que mantinha um excelente
programa de discipulado, bem como o projeto missionário de maior destaque no livro de
Atos.
2.3 As Igrejas da Missão Paulina

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Por onde o apóstolo Paulo passava, nas cidades em que conseguia agregar um
número razoável de fiéis, ele estabelecia presbíteros para que desse continuidade ao
ensino e aos cultos na igreja local (At 14.23). Havia consentimento comum, de maneira
que essa escolha era conjunta, feita pelos missionários e pela igreja local.

3. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS PAULINAS

3.1 Presbíteros

Do gr. presbyteros, os presbíteros eram pessoas maduras que poderiam atuar no


conselho administrativo da igreja, tomando deliberações, bem como no ensino e na
pregação da Palavra de Deus. Esse modelo vinha do mundo judaico e se assemelha ao
sistema presbiteriano, que vota e escolhe os seus componentes. O presbítero estava na
mesma posição do bispo, podendo os dois cargos estarem fundidos num só. Nesse
entendimento, Lima (2014, p. 130-131) leciona:

A palavra presbítero, em sua origem significa “Forma comparativa” de presbys


(gr.), que tem o significado de “mais velho, como substantivo, uma pessoa mais
velha; especialmente um membro do Sinédrio israelita (também figurado, membro
do conselho celestial) ou um” presbítero” cristão – ancião, mais velho, “um título de
dignidade” “Anciãos de igrejas cristãs, presbíteros, encarregados da administração
e governo das igrejas individuais”. Equivale a “episkopos, supervisor, bispo.
Também didaskolos, professor; poimén, pastor”.
Nos primórdios da igreja, o presbítero era “o pastor” local, fazendo parte de um
grupo de obreiros, responsáveis pelo cuidado das novas igrejas que surgiram em
decorrência da evangelização intensiva. O apóstolo Paulo, que também era pastor
e presbítero, teve o cuidado de organizar a administração das igrejas por ele
abertas em suas viagens missionárias. Escrevendo a Tito, seu discípulo, orientou-
o quanto ao estabelecimento de presbíteros, nos diversos lugares, onde havia
igrejas, indicando que eles seriam de fato os responsáveis pela liderança das
novas igrejas.

3.1.1 Qualificações

Paulo alista as qualificações que os presbíteros deveriam ter (Tt 1.5-9):


a) Irrepreensível (caráter);
b) casado (monogâmico);
c) filhos fiéis (educador);
d) despenseiro (administrador) da casa de Deus;
e) não soberbo;
f) não iracundo;
g) não dado ao vinho;
h) não espancador;
i) não cobiçoso de torpe ganância;

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EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

j) hospitaleiro;
k) amigo do bem;
l) moderado;
m) justo;
n) santo;
o) temperante;
p) retentor firme da Palavra.

3.1.2 Atribuições

A autoridade do presbítero e a do bispo eram idênticas, inclusive em várias


funções. No entanto, em razão de esse cargo ter origem na política judaica, pode-se
elencar várias funções:

a) Integrante do Conselho de Presbíteros (Atos 15.4, 23; 20.17);


b) Membros do Concílio Geral da Igreja (At 15.6);
c) Bispos (superintendentes, supervisores, pastores) da igreja (20.28);
d) Socorro aos enfermos (20.35; Tg 5.14, 15);
e) Apascentar o rebanho de Deus (1Pe 5.1-4);
f) Aptidão para ensinar (1TM 3.2; Tt 1.9);
g) Obreiro aprovado, que não tem de que se envergonhar e que maneja bem a
Palavra da Verdade (2Tm 2.15);
h) Persistência na leitura, na exortação e no ensino (1Tm 4.13; Rm 12.7);
i) Ser guardião da doutrina (2 Tm 1.13 ; Tt 1.9).

3.2 Bispos

Do gr. epískopos, o bispo era o supervisor, o superintendente. Assim, é a posição


do pastor da igreja. O termo é de origem grega e sua posição, bem como suas
atribuições, eram semelhantes às dos presbíteros. No entanto, o seu destaque estava no
fato de ser o supervisor. No tocante sua chamada, o ilustre pastor Elinaldo Renovato de
Lima (2015, pp. 44-45) traz a seguinte exposição:

“Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”
(1 Tm 3.1). A expressão “uma palavra fiel’ sem dúvida alguma é uma declaração
positiva em relação à aspiração que alguém possa ter, desejando assumir tão
grandes e sérias responsabilidades, no ministério ordenado, na igreja cristã. Em
sua missiva a Timóteo, Paulo assevera que almejar o “episcopado” ou o pastorado
é desejar uma obra excelente. O episcopado é o conjunto de funções ou
atividades dos bispos ou presbíteros. Gordon Fee afirma que “o cargo de
presbítero (episcopado) é questão sobremodo significativa, uma “excelente obra”,
que deveria ser, na verdade, o tipo de tarefa à qual uma pessoa possa aspirar”.
Imaginemos o que significava ser um líder da comunidade cristã, nos primeiros
séculos de sua história. Tudo era novo, desafiador, relevante e às vezes

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 11


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

impactante. Numa sociedade em que havia pouquíssimas classes sociais, ser líder
de uma comunidade era posição por demais honrosa e de grande
responsabilidade e significância. Por isso, não houve exagero nas palavras de
Paulo em considerar o episcopado excelente aspiração.

Do exposto, depreende-se que o bispo era o pastor da igreja. A palavra pastor, do


gr. poimen, só ocorre uma vez no Novo Testamento com relação ao ministério específico
(Ef 4.11). O líder que exercia essa função era o bispo, que poderia ser um dos presbíteros
que formavam o conselho local da igreja. Havia igrejas, como as dos efésios, cuja
diretoria era formada pelos bispos e diáconos (Ef 1.1, 2). Nesse caso havia várias
congregações que eram dirigidas por bispos com os diáconos como seus auxiliares.
O bispo era o guardião da doutrina. Por isso deveria se apresentar diante de Deus
aprovado, como obreiro que não tinha de que se envergonhar e que manejava bem a
Palavra da Verdade (2Tm 2.15). Por conseguinte, o bispo precisa ser um obreiro
preparado. Destacamos aqui três processos formativos na sua carreira:
a) Formação Pessoal – Trata-se da experiência de vida, que é adquirida no
percurso da sua carreira cristã. Há atualmente muita gente separada para o ministerial
episcopal (pastoral) ainda muito novo, sem maturidade cristã e com quase nenhuma
experiência para a função do bispado. Sobre esse tema, Mendes (1988, pp. 41, 42) diz:

O Espírito Santo disse, através de Paulo, que o ministro “não seja neófito, para
não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do Diabo” (1 Tm 3.6).
Originalmente, “neófito” significa recém-plantado, novo convertido, inexperiente.
A Bíblia Viva assim traduz primeira Timóteo 3.6: “O pastor não deve ser um cristão
novato, pois poderia ficar orgulhoso de ser sido escolhido tão depressa, e o
orgulho vem da queda (a queda de Satanás é um exemplo)”.
A experiência não se aprende na escola teológica ou secular. Aprende-se na
escola da vida.

Concluindo, a experiência pessoal leva o servo de Deus a se conhecer, conhecer
os homens e conhecer o seu Senhor (Jr 17.5; Pv 28.26; Sl 20.7; 1 Cr 28.9).
O ministério é coisa muito séria, por isso a primeira condição para exercê-lo é que
o candidato não seja um neófito ou inexperiente.
A inexperiência tem conduzido muitos à soberba (1 Tm 6.4) e à presunção (Pv
3.17; Rm 12.16; 1 Co 8.2).

b) Formação Teológica – Como guardião da doutrina, o bispo precisa conhecer o


que a Bíblia Sagrada ensina, saber manejá-la bem, ser um estudioso da Escrituras, um
leitor assíduo e constante, um bom intérprete e um ótimo expositor. A importância de ter
domínio teológico é muito grande para que seja de fato um obreiro aprovado e possa
ensinar corretamente ao rebanho de Deus. O referido autor, José Deneval Mendes (id.,
pp. 43, 44), leciona que “A formação teológica deve incluir, além da Teologia Sistemática,
conhecimento de hermenêutica e de exegese, história e geografia bíblica, homilética,
ética cristã, etc. Tem sido considerada adequada a formação de boas escolas e

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 12


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

seminários teológicos ligados ao nosso movimento, obedecendo à orientação de


ministérios ou convenções.”
c) Formação cultural – Além do mandato evangelístico que o Senhor Jesus deu
para todos os crentes, Deus, o Pai, outorgou a Adão e a Eva, e isso inclui a todos nós de
todos os tempos, o mandato cultural (Gn 1.27, 28). Cada um de nós precisa buscar ter
conhecimento amplo, pois o termo “cultura” consiste em um conceito de variedade muito
grande. A wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura) traz a seguinte definição:

Cultura (do latim cultura)[1] é um conceito de várias acepções, sendo a mais


corrente, especialmente na antropologia, a definição genérica formulada por
Edward B. Tylor segundo a qual cultura é "todo aquele complexo que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros
hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade".
[2][3] A definição de Tylor tem sido problematizada e reformulada constantemente,
tornando a palavra "cultura" um conceito extremamente complexo e impossível de
ser fixado de modo único. Na Roma antiga, seu antepassado etimológico tinha o
sentido de "agricultura" (do latim culturae, que significa “ação de tratar”, “cultivar” e
"cultivar conhecimentos", o qual originou-se de outro termo latino, colere, que quer
dizer “cultivar as plantas”), significado que a palavra mantém ainda hoje em
determinados contextos, como empregado por Varrão, por exemplo. [4] A cultura é
também comumente associada às formas de manifestação artística e/ou técnica
da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão "Kultur" –
"cultura" – se aproxima mais desta definição).[5] Definições de "cultura" foram
realizadas por Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski
e outros cientistas sociais. Em um estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde
Kluckhohn encontraram, pelo menos, 167 definições diferentes para o termo
"cultura".[6] Clifford Geertz, discutia negativamente a quantidade gigantesca de
definições de cultura, considerando um progresso de grande valor o
desenvolvimento de um conceito que fosse coerente internamente e que tivesse
um argumento definido.[7] Assim, definiu cultura como sendo um "padrão de
significados transmitidos historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de
concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os
homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas
atividades em relação a vida.

No sentido de se relacionar com conhecimentos gerais, o obreiro do Senhor


precisa buscar se torna uma pessoa culta, ainda que não necessariamente seja um
erudito propriamente. Mas há a necessidade de crescer em conhecimento. O citado autor
(ib. p. 44) afirma:

Portanto, o ministro do Senhor Jesus Cristo não deve ser uma pessoa
culturalmente atrasada. A comunicação eficiente da Palavra de Deus exige bons
conhecimentos da língua pátria e da atualidade.
Criar objeções contra a cultura, citando textos tais como: primeira Coríntios 1.19-
21; 2.6-8; Colossenses 2.8; primeira Timóteo 6.20, é desconhecer o verdadeiro
sentido dessas passagens, pois elas não condenam o valor da ciência, mas a sua
má aplicação e o antagonismo criado contra Deus e sua Palavra.

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 13


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

A formação cultural não depende da conquista de um título de advogado,


economista, sociólogo, etc. Muitas pessoas com um ou mais títulos de
bacharelado são culturalmente retrógradas e pouco versáteis.
É interessante que o ministro tenha algum conhecimento geral e noções de
ciências sociais, como sociologia, antropologia, psicologia social, etc., pois,
embora não seja isso essencial, pode ajudá-lo. Entretanto, é bom ressaltar que a
cultura secular apenas o ajudará na comunicação da Palavra e do diálogo.

Como, então, o obreiro deverá agir para que possa agregar conhecimentos
teológicos e seculares? Seguem algumas dicas, fornecidas pelo referido autor (id, ib.):

1 – Tenha o seu gabinete para oração, estudo e meditação, por mais modesto que
seja esse lugar; o importante é que seja um local silencioso e livre das constantes
interrupções do telefone e das visitas.
2 – Organize sua biblioteca própria com bons e selecionados livros de estudo e
leitura.
3 – E o que é mais importante: crie o hábito de ter seu tempo separado para
oração, estudo e meditação.
Alguns obreiros gastam seu tempo todo no atendimento das inúmeras atividades
pastorais e administrativas, e não conseguem ter um tempo separado para oração,
estudo e meditação, e até se dão por satisfeitos, porém esquecem do que diz o
Senhor: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; entrará e sairá e
achará pastagens” (Jo 10.9). Precisamos “entrair e sair” constantemente na
presença do Senhor.

3.2.1 Qualificações

As qualificações para o bispo eram semelhantes às dos presbíteros. Paulo traz a


relação em 1Tm 3.2-7:

a) Irrepreensível;
b) casado (monogâmico);
c) vigilante;
d) sóbrio;
e) honesto;
f) hospitaleiro;
g) apto para ensinar;
h) não dado ao vinho;
i) não espancador;
j) não cobiçoso;
k) moderado;
l) não contencioso;
m) não avarento;
n) bom governante da sua casa;
o) filhos em sujeição;

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 14


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

p) não neófito;
q) bom testemunho.

3.1.2 Atribuições

A autoridade e a função do presbítero e do bispo eram muitas vezes idênticas,


inclusive em várias funções. Todavia, o cargo do bispo é derivado do mundo grego. Com
supervisor, cabe, de forma especial, a gestão da igreja. O bispo de fato é o pastor da
igreja.
Em sendo assim, as atribuições parecem bastante, como segue:
a) superintendentes, supervisores, pastores da igreja (20.28);
b) Socorro aos enfermos (20.35; Tg 5.14, 15);
c) Apascentar o rebanho de Deus (1Pe 5.1-4);
d) Aptidão para ensinar (1TM 3.2; Tt 1.9);
e) Obreiro aprovado, que não tem de que se envergonhar e que maneja bem a
Palavra da Verdade (2Tm 2.15);
f) Persistência na leitura, na exortação e no ensino (1Tm 4.13; Rm 12.7);
g) Ser guardião da doutrina (2 Tm 1.13, 14 ; Tt 1.9);
h) pregar a palavra a tempo e fora de tempo (2Tm 4.2);
i) fazer a obra de um evangelista (2Tm 4.5)

3.3 Diáconos

Do gr. diákonos, este oficial tinha o encargo de servir à igreja. Seus serviços
eram vastos, visto que incluía a distribuição de alimento às pessoas necessitadas (At 6),
mas também as visitas e assistência em geral. Tão grande era, e ainda é, a sua
relevância, que suas qualificações são semelhantes às dos bispos e presbíteros. Paulo
alista seus atributos em 1Tm 3.8-10, destacando as mulheres no versículo 11, o que
pressupõe as qualificações para as diaconisas. Vejamos:

3.3.1 Qualificações

a) Honestos;
b) não de língua dobre;
c) não dados a muito vinho;
d) não cobiçosos;
e) guardadores do mistério da fé;
f) provados irrepreensíveis;
g) maridos de uma só mulher;
h) bons governantes de suas casas e de seus filhos.

3.3.2 Atribuições

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 15


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Aos diáconos competem os serviços diversos da igreja, incluindo tesouraria,


administração, visitas, evangelização, ensino, assistência nos cultos etc. São os auxiliares
dos presbíteros e dos bispos (Ef 1.1, 2). Nesse diapasão, Lima (2014, p. 144) ensina que

Em sua origem, os diáconos foram instituídos para cuidar da assistência social aos
irmãos carentes, especialmente das viúvas (At 6.1). Com as qualificações já
vistas, os diáconos poderão realizar diversas tarefas, na Casa do Senhor, com
dignidade, cuidado e zelo, “de todo o coração, como ao Senhor, e não aos
homens” (Cl 3.23). A função principal dos diáconos, atualmente, é auxiliar o pastor
u ao dirigente da congregação, nas atividades espirituais, ligadas ao culto ou não,
bem como nas atividades sociais e materiais da igreja, para as quais for
designado.

3.4 Dons Ministeriais

Esses dons ministeriais tratam dos ministérios específicos de certos líderes


escolhidos para funções especiais. Paulo os alista em Ef 4.11:

3.4.1 Apóstolos. Esta palavra deriva do verbo apostelo, no grego, que tem o
sentido de enviar. Os apóstolos são os ministros especiais, enviados por Cristo para
proclamar o seu evangelho e dar testemunho dele. Como tais, suas características são:

a) Apóstolos da ressurreição. Essa categoria exclusiva diz respeito apenas ao


colégio apostólico dos doze. Com a perdição de Judas, Matias foi designado como
substituto. Sobre esse tópico, Lima (op. cit., pp. 72, 73) discorre:

Entende-se por “Colégio apostólico” o grupo dos 12 primeiros discípulos de Jesus,


que foram convidados por Ele para dar início ao seu ministério terreno.
Primeiramente, Ele os fez discípulos ou seguidores . Jesus foi o Apóstolo Líder do
Grupo dos Doze. Ele foi enviado pelo Pai (Jo 20.21). Foram três anos
aproximadamente, em que eles aprenderam as verdades de Deus com o maior
Mestre da História. Após o seu discipulado, aos pés de Cristo, e o recebimento do
batismo com o Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.8), aqueles 12 foram enviados para
proclamar o evangelho, ou as Boas-Novas de salvação (Lc 6.13). Eles
constituíram a base ministerial para o crescimento, o desenvolvimento e a
expansão do Reino de Deus e da Igreja de Cristo, por todo o mundo.

Eis os requisitos para ser um dos 12 apóstolos, conforme At 1.21-22:

• Terem convivido com Cristo desde o batismo de João até a sua ascensão;
• Ser testemunha da sua ressurreição (ter visto a Cristo ressurreto);
• Operarem sinais e maravilhas (Mc 16.17-20).

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 16


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

b) Apóstolos pós-ressurreição. Foram apóstolos selecionados para serem


testemunhas de Jesus, lançarem os fundamentos da doutrina cristã. Dentre estes se
destacam Paulo e Barnabé (1Co 9.6). Lima (id., p. 78) destaca:

Já ressaltamos o envio dos “setenta” discípulos, que, sendo enviados de dois em


dois, cumpriram o papel de apóstolos. Mas, além deles, o Novo Testamento
também cita outros exemplos de apóstolos, como Paulo, que se considerou a si
mesmo “o menor dos apóstolos”, por ter perseguido “a igreja de Deus” (1 Co 15.9;
Rm 1.1; 2 Co 1.1); ele viu a Jesus Cristo (1 Co 9.1). Barnabé também foi
reconhecido como apóstolo(At 14.14). Havia “outros apóstolos”, a que Paulo se
referia em sua carta aos romanos (Rm 16.7) e em outras epístolas (Gl 1.19; 1 Ts
2.6, 7).

c) Atribuições.

• Testemunhar de Jesus Cristo (At 1.7,8);


• Lançar os fundamentos da fé (Ef 2.20);
• Preparar os santos para a obra do ministério e edificar a igreja de Cristo (Ef 4.13).

3.4.2 Profetas.

Os profetas eram porta-vozes de Deus. No Antigo Testamento eles proclamavam


ao povo aquilo que haviam recebido de Deus através de sonhos, visões ou da
manifestação da Palavra do Senhor (Nm 12.6, 7; 1Sm 3.21). Eles exortavam o povo a
obedecer às leis de Deus, a se arrependerem dos seus pecados e a se voltarem para o
SENHOR ( Zc 1.1-6). Também os encorajavam em tempos de aflição a confiarem no
SENHOR e anunciavam mensagem a respeito do futuro (Is 55).
No Novo Testamento não ocorre o exercício profético como nos dias apostólicos.
João Batista foi reconhecido como o último dos profetas da Antiga Aliança, o maior dos
que nasceram de mulher por ser precursor do Messias (Mt 11.9-11). Em Atos se destaca
Ágabo, cujas profecias são registradas em duas ocasiões distintas (Atos 11.28-30; 21.10,
11). Outros que também se destacam são os cinco de Antioquia: Simeão, Lúcio, Menaém,
Saulo e Barnabé (At 13.1), bem como Judas e Silas (At 15.32), de Jerusalém. Lima (ib., p.
87) traz a seguinte explanação:

Na lista de Paulo aos efésios, vemos escrito: “E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11, 12). Quando o escritor diz
“uns" e “outros’ fica bem claro que tais dons não etão à disposição de todos os
crentes. Diz a Bíblia de Estudo Pentecostal: “Como dom de ministério, a profecia é
concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros
profetas” (grifo nosso).

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 17


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Os profetas no Novo Testamento também eram edificadores do corpo de Cristo e


tinham por missão preparar os membros para o exercício do ministério (Ef 4.13, 14). Eles
também, como os apóstolos, lançaram os fundamentos da igreja (Ef 2.21). A função no
NT era tríplice (1Co 14.3):

• consolação;
• encorajamento (exortação);
• edificação.

3.4.3 Evangelistas.

O mandato evangelístico compete a todos os crentes (Mc 16.15, 16). No entanto,


aqueles que têm o dom de evangelista fazem parte dos cinco ministérios especiais que
preparam os crentes para a obra do ministério e edifica o corpo de Cristo, uma vez que o
evangelista, através de sua habilidade de comunicar o evangelho em particular e em
massas se torna um ganhador de almas e implanta igrejas. A respeito do dom ministerial,
ensina o ilustre mestre Elinaldo Renovato de Lima (ib., p. 101):

É um dom de Deus, concedido através da capacitação espiritual e ministerial para


a propagação do evangelho de Cristo a todas as pessoas que estiverem ao
alcance da mensagem do obreiro que tem a chamada para cuidar da
evangelização, como prioridade de sua missão. Enquanto o pastor tem a missão
de cuidar do ensino e do discipulado, diretamente ou auxiliado por pessoas que
amam cuidar dos novos decididos, o evangelista esmera-se em buscar de Deus
mensagens inspiradas e cheias de unção para tocarem os corações dos
pecadores.
O evangelista é por excelência o pregador das Boas-Novas de salvação. O
salmista viu o trabalho dos evangelistas, em mensagem profética: “O Senhor deu
a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas-novas”( Sl 68.11).
Nos dias presentes, há muitos evangelistas, espalhados pelo Brasil e pelo mundo
afora, difundindo a pregação do evangelho de salvação em Cristo Jesus. Seu
corações ardem de amor pela almas perdidas, e elaboram mensagens,com
oração, jejum e estudo da Palavra, para que, na hora do sermão, sejam
instrumentos nas mãos de Deus para alcançar a mente e o coração dos que
precisam de Cristo.

O maior exemplo no livro de Atos é Filipe, escolhido como um dos sete que
auxiliavam na igreja de Jerusalém, fundou a igreja em Samaria através da proclamação
do evangelho acompanhada por sinais e maravilhas, levando um grande número de
pessoas à fé (At 8.5-8; 12-13). Ele evangelizou o ministro de finanças da Etiópia (At 8.35-
38), diversas outras cidades a partir de Azoto e se estabeleceu em Cesareia (At 21.8),
onde passou a viver com sua família e tinha quatro filhas profetisas (At 21.9).
Timóteo foi exortado a fazer a obra de um evangelista (2Tm 4.5), sendo ele o
Bispo Geral da cidade de Éfeso. Assim é possível elencar algumas das atribuições do
evangelista:

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 18


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

• Pregar o evangelho para as massas (2Tm 4.2);


• Evangelizar pessoalmente (Mc 16.15, 16; At 8.34-38);
• Fundar igrejas (At 8.5-8, 12).

3.4.4 Pastores Mestres.

A palavra pastor, do gr. poimen, só ocorre, com relação ao exercício do ministério


por um servo de Deus, uma vez no Novo Testamento (Ef 4.11). Esse termo vem
associado ao de mestre (gr. didaskalos), dando a entender que o pastor deve atuar na
igreja como mestre. Ele é o guardião da doutrina (2tm 1.13), defensor da verdade, obreiro
aprovado, que sabe manusear bem a Palavra da Verdade (2Tm 2.15). Por isso deve ser
apto para ensinar (1Tm 3.2) e conservar o hábito de estudos (2Tm 4.13).
Será que é fácil ser pastor, visto que muitos anelam essa função? O ilustre
comentarista, escritor e pastor Elinaldo Renovato de Lima (op. cit., p. 105) afirma que

De todos os dons ministeriais, certamente o dom de pastor é mais difícil de ser


exercitado. Ao mesmo tempo, é o mais desejado por aquele que almejam o
ministério, na igreja do Senhor Jesus. Em todos os tempos, a função pastoral foi
complexa e alvo das forças contrárias ao rebanho espiritual, constituído dos
santos por Cristo. Sem dúvida alguma, nos dias presentes, em pleno século XXI,
ser pastor não é missão fácil, não obstante os recursos existentes, em termos
humanos, técnicos e financeiros.
Os primeiros pastores, no Novo Testamento, em geral, pagaram com a vida pelo
fato de representarem a Igreja de Jesus. As forças infernais, usando os sistemas
religiosos, políticos, econômicos e sociais, investiram pesadamente contra os que
foram levantados como líderes,nos primórdios da Igreja. Tiago, “irmão de João”, foi
morto por Herodes, para satisfazer a sede de sangue dos judeus fanáticos, que
não entenderam a missão de Cristo e de seus seguidores. Pedro foi preso com o
mesmo destino, para ser morto, num espetáculo macabro, que agradaria aos
inimigos do evangelho de Cristo. Mas foi poderosamente liberto do cárcere, por
intervenção direta de Deus, que enviou seu anjo para salvá-lo da morte
programada e continua sua missão (At 12.11).

As características do pastor devem ser as mesmas já vistas para os bispos e


presbíteros. Dentre as principais atribuições, se destacam:

• apascentar o rebanho de Deus (1Pe 5.1-4);


• ensinar (2Tm 4.13);
• pregar (2 Tm 4.2).

4. A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NAS EPÍSTOLAS GERAIS

4.1 Presbíteros

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 19


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

Os demais apóstolos também discorreram sobre os presbíteros. Tiago os apontou


como os obreiros que deveriam ser chamados a orar e a ungir os doentes (Tg 5.14). Pedr
se considerava também presbítero e os exortava a apascentar o rebanho de Deus do
seguinte modo (1Pe 5.2, 3):
a) não por força;
b) voluntariamente;
c) não por torpe ganância;
d) de ânimo pronto;
e) não como tendo domínio sobre ele;
f) servindo de exemplo ao rebanho.
O apóstolo João também se chamava a si mesmo de presbítero (3Jo 1.1).
Expressava a autoridade de recomendar como receber os obreiros itinerantes (3Jo 1.8).

4.2 Mestres Itinerantes

Os mestres tinham profundo conhecimento bíblico e foram constituídos por Deus


para a edificação da igreja (Ef 4.11-13), assim como os apóstolos, profetas, evangelistas e
pastores. Mas havia aqueles que não se ocupavam de pastorear uma igreja específica,
porém vagavam pelas igrejas levando o ensino qualitativo da Palavra de Deus. Esses
deveram ser bem recebidos nas igrejas (3Jo 1.7, 8).
Um mestre de grande destaque no Novo Testamento foi Apolo (At 18, 19). Ele
realizou um importante trabalho nas cidades de Éfeso e de Corinto (1Co 3.6). Ao lado
dele, em Creta, estava Zenas, doutor da lei (Tt 3.13). Em Antioquia, além de Paulo e
Barnabé, havia Simeão, Lúcio e Manaém (At 13.1).

III – A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ NA ERA PÓS-APOSTÓLICA

4.1 Diaconia

Nos tempos subsequentes à era apostólica, o serviço de diaconia permaneceu


em grande uso e com grande relevância na igreja. Todas as igrejas adotaram o modelo de
diaconia, imprescindível para o bom desempenho das diversas atividades cristãs.

4.2 Presbitério

No século II, o bispo ascendeu acima da posição dos presbíteros. Esses se


tornaram pastores locais, de congregações, mantendo o encargo que tinham na era
apostólica. Posteriormente foram chamados de sacerdotes na igreja de Roma.

4.3 Bispado

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 20


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

No século II florescia divisões e heresias. A fim de preservar a doutrina cristã, que


havia sido confiada aos ministros do evangelhos, os bispos ascenderam em posição
tornando-se os guardiões da mensagem da cruz, bem como passaram a assumir a gestão
por grandes áreas de igrejas. Eles tinham as Escrituras do Antigo Testamento e grande
parte do Novo Testamento e de tempos em tempos se reuniam, a partir do século IV, em
Concílios, para deliberarem sobre as doutrinas cristãs, fazendo frente às heresias que
surgiram. Tal organização episcopal permitiu que houvesse grande unidade da igreja, a
despeito das muitas rebeliões que houve devido a heresias e a outras questões.

IV – ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA NOS TEMPOS ATUAIS

1. SISTEMA DEMOCRÁTICO

Fundamentado em Atos 6, quando a própria igreja de Jerusalém elegeu os seus


diáconos, esse modelo tem sido muito comum nas igrejas caracterizadas pelo
congressionalismo, principalmente batistas e congregacionais. É um bom modelo de
governo, no qual os cristãos, como membros da comunidade, exercem o ministério da
igreja de forma consciente e simples, votam e escolhem os seus líderes para as funções
importantes.
A desvantagem desse sistema é que cada igreja fica muito independente, no
máximo com uma tutela convencional. Geralmente o crescimento se dá de forma muito
paulatina. Mas tem em grande vantagem a liberdade exercida entre os membros e a
autoridade da congregação para resolver seus problemas na própria assembleia, sem
depender de interferência externa.

2. SISTEMA EPISCOPAL

Este modelo também tem base bíblica, sobretudo nas cartas de Timóteo (cap. 3)
e Tito (cap. 1), os quais, como superintendentes gerais (bispos) de Éfeso e de Creta,
podiam eles mesmo ordenar os bispos e presbíteros e consagrar os diáconos para a obra
do ministério local. Como representantes apostólicos, todos os obreiros estavam sob a
liderança deles, não precisando a congregação deliberar. Outrossim, no exercício do
apostolado, Paulo poderia enviar os seus auxiliares para cumprirem missões em diversas
igrejas, como comumente fazia, tendo enviado mensageiros seus a Corinto, a Tessalônica
e a várias igrejas da Ásia.

3. SISTEMA PRESBITERIANO

Esse modelo é de origem judaica, pois desde os tempos do Antigo Testamento


havia um conselho de anciãos chamado gerousia. No hebraico ancião é zaqen, e no
grego presbyteros. Esse conselho agia administrativamente, sendo que dentre eles havia
os que ensinavam e pregavam nas sinagogas. Importado o modelo para as igrejas cristãs,

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 21


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

os presbíteros poderiam liderar as igrejas e trabalhar na exposição da palavra, na


administração da congregação e na administração de sacramentos, como unção, batismo
e ceia (Tg 5.14, 15; 1Pe 5.1-3).

4. SISTEMAS MISTOS

Atualmente tem havido variedade nesses três sistemas. Embora um dos modelos
seja predominante, às vezes há uma mistura nos modelos. Exemplo disso tem ocorrido na
Igreja Evangélica Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte, cujo modelo é
convencional, conforme se organiza em todo o Brasil, mas na prática é episcopal. Muitos
obreiros juram de pé junto e protestam por diversos meios alegando que a Assembléia de
Deus tem um modelo congregacional, ou seja, democrático. Mas é estranho tal afirmação.
O fato é que os membros, em assembleia geral, elegeram o Pastor Presidente da Igreja
no Estado, que automaticamente se torna o Presidente da Convenção dos Ministros do
Evangelho. Essa assembleia, realizada em 2013, contou com cerca de 2000 membros
presentes que elegeram o atual pastor presidente, e este escolheu a equipe que iria
compor a Diretoria. Seu mandato é vitalicio. Antes dessa assembleia, que foi ratificadora,
tinha havido uma eleição só com os ministros do evangelho, Pastores e Evangelistas
integrantes da Convenção Estadual, os quais o tinham elegido para o cargo.
Ora, a Assembléia de Deus é uma igreja que só no Estado tem mais de 100 mil
membros e mais de 800 templos. Um sistema democrático teria programado votações
com chapas, urnas e fiscais. Mas não é assim que funciona e alguns assembleianos
insistem que o sistema é democrático.
Entretanto, o modelo é episcopal. É simples. Basta admitir. E tem base bíblica e é
um bom modelo. Aliás, todos os três modelos acima apresentados são encontrados na
Bíblia, pelo que, apesar de que nada é perfeito na terra, são todos legítimos.

CONCLUSÃO

O estudo da episcopologia abrange o ministério de liderança da igreja que


compete aos que exercem a função episcopal, hoje denominada de pastoral. São os
pastores das igrejas, quer estejam na função de bispos principais, ou seja, aqueles que
têm a gestão geral, ou exerçam o pastorado local ou departamental. Os princípios
oriundos do Novo Testamento, bem como do Antigo, fornecem base para os modelos
atuais, que embora imperfeitos procuram de alguma forma se adequar e dar continuidade
à obra do ministério da igreja. É importante que os obreiros sejam pessoas vocacionadas
por Deus, capacitadas e dedicadas em servir ao Senhor, à igreja e à comunidade em que
vive.

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 22


EPISCOPOLOGIA – DOUTRINA DO EPISCOPADO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RENOVATO, Elinaldo. DONS ESPIRITUAIS e MINISTERIAIS – Servindo a Deus e aos


homens com poder extraordinário. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

LIMA, Elinaldo Renovato de. AS ORDENANÇAS DE CRISTO NAS CARTAS


PASTORAIS. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

MENDES, José Deneval. TEOLOGIA PASTORAL – A postura do obreiro é


indispensável para o êxito no ministério cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

DRESCHER, John M. Se Eu Começasse Meu Ministério de Novo… 1ed. Trad. Rubens


Castilho. Campinas-SP: Editora Cultura Cristã: 1997.

Francisco de Assis Irineu do Nascimento, Prof. 23

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