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1ª ATIVIDADE ASSINCRONA

Após leitura dos oito textos abaixo, elaborar uma resenha EM DUPLA
em forma de Podcast (de 3 a 8 minutos) de três desses textos, sendo
a resenha do texto 1 obrigatória.
Obs.: Gravar em arquivo de áudio (MP3, MP4 ou outro) e postar no
classroom.
Texto 1 – Acidente de Trabalho: Estabilidade, Indenização e
Benefícios no INSS
Waldemar Ramos 25/08/2020

Considera-se acidente de trabalho tanto o acidente propriamente dito


(ocorrido dentro do local de trabalho) quanto a doença ocupacional (por
exemplo: LER – Lesão por Esforço Repetitivo) e, ainda, o acidente sofrido
no percurso casa/trabalho.

Na legislação, o acidente de trabalho está regulamentado no artigo 19 da Lei


8.213/91, ao qual estabelece que acidente de trabalho é aquele que ocorre
pelo exercício do trabalho provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.

Existem algumas hipóteses em que algumas situações são equiparadas à


acidente de trabalho. A própria legislação traz essas situações no artigo 21
da Lei nº 8.213/91 ao qual estabelece que o acidente ligado ao trabalho,
embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para:
• morte do trabalhador;
• redução ou perda da sua capacidade para o trabalho;
• produzindo lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
• o acidente sofrido no local e no horário do trabalho em consequência
de ato de agressão, ato de imprudência, negligência ou imperícia,
desabamento, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de
força maior;
• a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade e o acidente sofrido, ainda que fora do
local e horário de trabalho, na realização de serviço sob a autoridade
da empresa.
Também considera-se acidente de trabalho por equiparação a prestação
espontânea de qualquer serviço para evitar prejuízo ou proporcionar
proveito à empresa; a viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo
quando financiada pela empresa para capacitação do trabalhador,
independentemente do meio de locomoção utilizado; o ocorrido no percurso
da residência para o local de trabalho (e seu retorno) e nos períodos
destinados a refeição ou descanso no local do trabalho ou durante este.

Em todos esses casos entende-se que o empregado está a serviço da empresa,


no exercício de seu labor.

O que ocorre se houver um acidente com o trabalhador em seu trajeto para


o local de trabalho?

O acidente de trajeto ou acidente in itinere, que é aquele que ocorre fora do


ambiente de trabalho, porém, ainda assim, é considerado acidente de
trabalho, visto que decorre do deslocamento do trabalhador entre o local de
trabalho e sua residência e vice-versa. (CASTRO; LAZZARI. Manual de
Direito Previdenciário, 22ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 561)

A Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), alterou o § 2º do artigo 58 da


CLT, excluindo, assim, o tempo dispendido pelo empregado no trajeto de
sua casa para o trabalho e vice-versa do período denominado de “jornada de
trabalho”, não sendo este um tempo à disposição do empregador. Vejamos:

Art. 58 – A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer


atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja
fixado expressamente outro limite.
(…)

§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a


efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando
ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo
empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser
tempo à disposição do empregador.

Aparentemente, pela literalidade do texto, chegaríamos à conclusão de que


com essa mudança no dispositivo não haveria mais a possibilidade de
acidente de trajeto, entretanto, a legislação previdenciária determina que os
acidentes ocorridos no percurso casa-trabalho integram o contrato de
trabalho.

O artigo 21, inciso IV, alínea d da Lei Previdenciária (Lei nº 8.213/91) prevê
como equiparação a acidente de trabalho aquele sofrido pelo trabalhador
ainda que fora do local e horário de trabalho no percurso da residência para
o local de trabalho e vice-versa, qualquer seja o meio de locomoção,
inclusive seu veículo próprio.

Esse dispositivo havia sido revogado pela Medida Provisória 905/2019.


Entretanto, essa MP 905/2019 vigorou somente entre 12 de novembro de
2019 e 20 de abril de 2020, quando voltaram a valer as regras do artigo 21,
inciso IV, alínea “d” da Lei Previdenciária (Lei nº 8.213/91).

Além disso, a própria Lei Trabalhista considera como serviço efetivo o


período em que o empregado esteja à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressa. É o
que dispõe o artigo 4º da CLT.

Algumas situações não são consideradas como temo a disposição da


empresa, conforme estabelece o § 2º do artigo 4º da CLT, vejamos essas
regras:

• I – práticas religiosas;
• II – descanso;
• III – lazer;
• IV – estudo;
• V – alimentação;
• VI – atividades de relacionamento social;
• VII – higiene pessoal e
• VIII – troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade
de realizar a troca na empresa. Não há aqui menção ao tempo de
deslocamento.
Não há também a necessidade de se exigir que o trabalhador tenha percorrido
o “caminho mais curto” entre a sua residência e o local de trabalho. Ainda
que o trabalhador realize um ligeiro desvio no percurso, ao parar em um
mercado ou farmácia, por exemplo, não se rompe o nexo de causalidade entre
o acidente e o retorno do trabalho para casa.

Somente descaracteriza o acidente de percurso se o desvio de rota for


relevante, como no caso em que o trabalhador passa horas em um bar ou
festa após o trabalho, antes de retornar à sua casa, fugindo do percurso usual.
(CASTRO; LAZZARI. Manual de Direito Previdenciário, 22ª edição. Rio de
Janeiro: Forense, 2019, p. 561)

Assim, presume-se que há acidente de trajeto quando realizado em horário


compatível com o de trabalho e ante a ausência de provas em sentido
contrário.

Em decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES)


constatou-se a inexistência de prova em sentido contrário, optando-se pela
concessão do benefício previdenciário, não havendo sequer indícios fáticos
capazes de quebrar o nexo de causalidade entre o acidente ocorrido e o
trabalho desempenhado pela trabalhadora, sendo, assim, reconhecida a
ocorrência de acidente de trabalho.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)


Equipamento de Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de
uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, de acordo com a
Norma Regulamentadora (NR) Nº 6 de 06/07/1978, alterada pela Portaria
SIT/DSST Nº 25 de 15/10/2001. Alguns exemplos de EPIs são: capacete,
óculos, protetor facial, máscara de solda, protetor auditivo, respirador, luva,
braçadeira, macacão, entre outros.

Os EPIs, sejam nacionais ou importados, só podem ser postos à venda ou


utilizados pelos trabalhadores com a indicação do Certificado de Aprovação
(CA), expedido pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho – SIT,
(vinculada à Secretaria de Trabalho), órgão nacional competente em matéria
de segurança e saúde no trabalho.

São atribuídas determinadas responsabilidades tanto para empregador


quanto para empregado sobre o uso dos EPIs na NR 6. Vejamos.

As atribuições que são de responsabilidade da empresa estão, dentre outras,


nas seguintes situações:

• adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade;


• exigir seu uso; fornecer ao trabalhador somente aquele equipamento
aprovado pela SIT (Subsecretaria de Inspeção do Trabalho);
• orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guardar e
conservar o EPI;
• substituir imediatamente, quando este for danificado ou extraviado;
• responsabilizar-se pela sua higienização e manutenção periódica;
• comunicar a Secretaria de Trabalho qualquer irregularidade
observada; e
• registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados
livros, fichas ou sistema eletrônico.
Já ao empregado, cabe usar o EPI apenas para a finalidade a que se destina;
responsabilizar-se pela sua guarda e conservação; comunicar ao empregador
qualquer alteração que torne o equipamento impróprio para uso e cumprir as
determinações do empregador sobre o uso adequado.

O não fornecimento de EPI adequado ao trabalhador, como por exemplo,


falta de equipamento com adequação técnica que acarrete acidente do
trabalho ou desencadeie doença ocupacional, gera a responsabilização do
empregador em indenizar o trabalhador quando o acidente ou doença
ocupacional ocorrerem por negligência, não fornecimento ou falta de
cumprimento das normas regulamentadoras no fornecimento do EPI.

Emissão de CAT e consequências pelo não fornecimento desse documento

Após a ocorrência de um acidente de trabalho, é necessária a emissão de um


documento chamado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que
comprova tal ocorrência, sendo exigido pela Previdência Social.

A empresa ou empregador que recusar a emissão do CAT estará sujeita a


aplicação de multa, de acordo com o que estabelece o artigo 22 da Lei
8.213/91.

Oportuno esclarecer que na hipótese da empresa não emitir o CAT, o


sindicato, o próprio trabalhador ou seus dependentes podem acessar o site da
Previdência Social e solicitar o documento, o que também ocorre de forma
presencial nas agências do INSS.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou caso de acidente de trabalho


em que não foi emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho,
caracterizando conduta omissiva e negligente da empresa:

“A teor do artigo 19, da Lei 8.213/91, o acidente de trabalho é o que ocorre


pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.
Para o Tribunal, devido à regra do artigo 22 da Lei 8.213/91, a empresa
deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social até o 1º
(primeiro) dia útil seguinte ao de sua ocorrência. Tal direito assegurado por
lei deve ser garantido e afirmado pelo Poder Judiciário. Restando
incontroverso o acidente de trabalho, a conduta da empresa, ao deixar de
emitir a CAT, caracteriza ato ilícito, em face da sua negligência e do não
cumprimento do dever legal de comunicar o acidente, no prazo de 24 horas,
à Previdência Social.

A decisão do TST destaca ainda que o próprio Tribunal já havia se


posicionado no sentido de que não se pode chancelar a conduta negligente
da empresa quanto à emissão da CAT, em total detrimento das balizas
ditadas pelo artigo 22, da Lei 8.213/91, pois se trata de documento
obrigatório, apto a amparar a proteção do empregado acidentado,
afigurando-se nítida a conduta ilícita ofensiva à dignidade do trabalhador,
ante o descumprimento de normas trabalhista e previdenciária que regem a
proteção a sua saúde, portanto, de caráter imperativo.

Assim, não tendo sido observadas as normas que visam à proteção do


trabalhador acidentado, tem a trabalhadora direito à percepção de
indenização por danos morais, decorrente da prática abusiva e ilícita do
empregador. Recurso de revista conhecido e provido (TST – RR:
3192320125060141, Relator: Claudio Armando Couce De Menezes, Data de
Julgamento: 16/09/2015, 2ª Turma, Data de Publicação: 25/09/2015).

Por fim, a falta de emissão do CAT não traz nenhum prejuízo ao trabalhador
para o reconhecimento do direito ao benefício previdenciário acidentário.
A natureza acidentária da incapacidade pode ser reconhecida pelo perito
médico do INSS ou por intermédio de ação judicial quando o trabalhador é
submetido à perícia médica judicial.

Possíveis consequências do acidente de trabalho: O limbo trabalhista-


previdenciário decorrente do acidente de trabalho

O pagamento de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez acarreta a


suspensão do contrato de trabalho, uma vez que o trabalhador, devido a
incapacidade, permanece afastado do trabalho recebendo o benefício por
incapacidade do INSS.
Quando o INSS cessa o benefício por incapacidade, seja o auxílio-doença,
seja a aposentadoria por invalidez, o contrato de trabalho volta a vigorar e a
empresa é responsável pela realocação do trabalhador com o pagamento da
remuneração devida, a contar desde a data da cessação do benefício pelo
INSS.

O limpo trabalhista-previdenciário ocorre quando o INSS considera o


trabalhador apto a retornar ao trabalho, mesmo que de fato esse não tenha
obtido uma recuperação de sua saúde e de sua capacidade laboral. Ao se
apresentar na empresa, o médico do trabalho considera esse trabalhador
inapto e determina que procure novamente o INSS que por sua vez volta a
negar o benefício por incapacidade. Assim, o trabalhador fica no chamado
ping-pong onde não recebe benefício do INSS, bem como não recebe salário
da empresa.

Essa situação ocorre quando empregado, empresa e INSS não estão de


acordo sobre a aptidão do trabalhador para voltar ao labor, após seu período
de afastamento por incapacidade.

Assim que o INSS cessa o benefício, o empregado deve se apresentar no dia


seguinte, a fim de não caracterizar abandono de emprego.

No momento em que o empregador não está de acordo com o retorno do


trabalhador e a Previdência interrompe o benefício por incapacidade, o
trabalhador encontra-se em uma situação de vulnerabilidade, sem sua fonte
de sustento, sem receber nem o auxílio e nem o seu salário. (BEZERRA
NETO. A responsabilidade do empregador nos casos de limbo Jurídico-
trabalhista decorrente de Acidente de Trabalho. UFCE. Fortaleza: 2014, p.
42-43).

A partir daí o trabalhador pode ingressar com uma ação no Poder Judiciário,
solicitando o reestabelecimento do benefício por incapacidade contra o
INSS, bem como, de forma concomitante pode ingressar com reclamação
trabalhista para cobrar uma indenização da empresa devido à redução da
capacidade laboral e o pagamento de salários desta a data em que o INSS
cessou o benefício por incapacidade.
Em relação à estabilidade no emprego, o artigo 118 da Lei Lei 8.213/91
estabelece que o trabalhador que sofreu acidente de trabalho tem garantida,
após o encerramento do auxílio-doença acidentário, pelo prazo mínimo de
doze meses, da manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, caso
contrário, o empregador deverá arcar com os custos da demissão antecipada.

O Princípio da Proteção ao Trabalhador, é fundamental para que medidas


sejam tomadas a fim de evitar essa situação do limbo jurídico-previdenciário,
garantindo-se o mínimo existencial para o trabalhador.

Considerando-se que os profissionais médicos peritos do INSS têm


autoridade para atestar a aptidão e capacidade para o trabalho do empregado,
e que a empresa deve arcar com os riscos da atividade econômica, a
jurisprudência majoritária entende que é obrigação do empregador realizar o
pagamento do salário do empregado que se encontra nessa situação.

Danos Morais, Materiais e Estéticos decorrentes de Acidente de Trabalho

A Constituição Federal, o Código Civil e a Consolidação da Leis do


Trabalho garantem ao trabalhador que sofreu acidente o direito de reparação
econômica proporcionada pelo empregador, para que possa restaurar a sua
situação anterior, na medida em que isto seja possível.

Comumente, na Justiça do Trabalho, fundamentando-se na Responsabilidade


Civil, as decisões judiciais costumam conceder indenizações por danos
morais, materiais e estéticos.
O dano moral decorrente do acidente de trabalho constitui-se em dano in re
ipsa, isto é, não precisa que se prove a dor ou constrangimento, pois são
inerentes à situação da vítima de acidente de trabalho. A prática do ato ilícito
pelo empregador consiste no descumprimento das normas de segurança do
trabalho, pelas quais tem responsabilidade.

Já o dano estético possui dois aspectos distintos: o do âmbito íntimo do


trabalhador acidentado e do âmbito externo a partir de alguma deficiência
como a perda de um membro, o desenvolvimento de doença degenerativa,
queimaduras, entre outros.

O dano material, por sua vez, concretiza-se na redução do patrimônio


econômico-financeiro do trabalhador lesionado. Nesse patrimônio, pode-se
incluir os gastos com tratamentos de saúde decorrentes do acidente e a
própria diminuição da capacidade laboral, tendo o trabalhador o Direito a
este tipo de indenização proporcional ao tempo da incapacidade e do
comprometimento da lesão.

Em síntese, o trabalhador que é vítima de acidente de trabalho ou doença


ocupacional, pode pleitear na Justiça do Trabalho o pagamento de
indenização pelo dano moral, estético e material sofrido, sem prejuízo de
pleitear, na mesma ação, outras verbas como horas extras, estabilidade no
emprego, dentre outros direitos.

Pensão vitalícia em reclamação trabalhista

Um problema que pode ser consequência do acidente de trabalho é a


incapacidade laboral permanente, tendo consequências na Responsabilidade
Civil e na percepção do benefício previdenciário.
No âmbito previdenciário, além do auxílio-doença e do auxílio-acidente, a
Previdência Social garante também a aposentadoria por invalidez, todos
relacionados à incapacidade laboral.

O benefício de auxílio-doença é previsto no artigo 59 da Lei 8.213/91. O


auxílio-doença será devido ao trabalhador, havendo cumprido o período de
carência exigido (quando for o caso), ficar incapacitado para o seu trabalho
ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Já o auxílio-acidente tem previsão no artigo 86 da Lei de Previdenciária e


será concedido, como indenização, ao trabalhador quando, após as lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

A aposentadoria por invalidez, segundo o artigo 42 da Lei 8.213/91,


somente será devida ao trabalhador quando este for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta
subsistência. Antes de obter este benefício, o trabalhador deverá, além de
preencher o requisito da carência de 12 contribuições mensais (quando for o
caso), apresentar incapacidade total e permanente para o trabalho.

Desde a inclusão do inciso VI no artigo 114 da Constituição Federal pela


Emenda Constitucional 45/04, é a Justiça do Trabalho que tem a competência
para decidir sobre indenização patrimonial ou moral decorrentes da relação
de trabalho.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

(…)

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da


relação de trabalho

Assim, ocorrido o acidente de trabalho e estando presentes os pressupostos


da Responsabilidade Civil, o empregador deverá indenizar o trabalhador por
danos morais, materiais e estéticos, como forma de reparar o dano.
Estabelece o artigo 950 do Código Civil que, se da ofensa resultar defeito
pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, caberá indenização pelas despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluindo
pensão correspondente à importância do trabalho para o qual se inabilitou,
ou da depreciação que ele sofreu.

Vejamos também recente julgado do TST relacionado à indenização por


danos materiais com pedido de pensão mensal vitalícia.

A controvérsia tratou do direito do autor à reparação por danos materiais, na


modalidade de pensionamento mensal, nos termos do artigo 950 do Código
Civil. Após o reconhecimento do direito à reparação por danos morais,
subsiste a indicação de culpa da reclamada.

Assim, a culpa do empregador no TRT (segundo grau) restou reconhecida,


não havendo menção no julgado no sentido da responsabilização objetiva da
empresa. A par disso, consta da decisão do TRT referência à sentença juntada
pelo reclamante reconhecendo a perda da capacidade laborativa para a
atividade que exercia anteriormente, além de ‘algumas outras’. Todavia,
firmou a Corte local a premissa de que as limitações são parciais, pois ‘só
não pode realizar tarefas que exijam sobrecarga de esforço físico’.

Dessa maneira, ficou demonstrada a efetiva redução da capacidade


laborativa do trabalhador, pressuposto objetivo para o reconhecimento da
reparação por danos materiais prevista no artigo 950 do Código Civil.

O Tribunal Superior decidiu que o fato de o empregado estar habilitado


para o exercício de outras funções e já se encontrar empregado não
exime o empregador de indenizar-lhe dos prejuízos decorrentes da
redução da capacidade laborativa. Assim, o trabalhador faz jus ao
pensionamento mensal, remanescendo apenas a discussão em relação à
quantia.

No caso em questão, o trabalhador exercia a função de “Operador de


Produção “, tendo assinalado o Tribunal Regional que “nada impede que o
reclamante opere outros equipamentos, desde que a atividade não envolva
sobrecarga de esforço físico”.
Em síntese, a decisão do Tribunal Trabalhista estabeleceu que, nos termos
da Súmula 126 do TST, revela-se prudente

o retorno dos autos à Corte local para que estabeleça o percentual da


redução da capacidade laboral do autor, com o consequente deferimento
da pensão mensal prevista no artigo 950 do CC, sopesando as
circunstâncias do caso concreto. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST – RR: 14499820115010019, Data de Julgamento: 30/10/2019, Data de
Publicação: DEJT 22/11/2019).

A pensão vitalícia é devida na hipótese de detecção de incapacidade laboral


total, porém, a indenização também é devida quando a incapacidade é
parcial, situação em que o trabalhador retorna às suas atividades laborais com
uma redução de sua capacidade laboral em decorrência do acidente do
trabalho ou doença ocupacional.

Para tanto, deverá ser comprovado que a invalidez decorrente da doença


ocupacional foi por culpa do empregador, por não adotar os equipamentos
de proteção individual (EPI) no ambiente de trabalho, ou em razão da falta
de medidas de segurança e saúde para evitar que o empregado viesse a sofrer
acidente de trabalho.
Texto 2 – Dez anos depois de resgate, “mineradores do Chile” se sentem

esquecidos

Em 2010, deslizamento de terra prendeu grupo de mineradores debaixo da terra


por quase dois meses
Por AFP
Publicado em: 31/07/2020 às 13h13Alterado em: 31/07/2020 às 13h20access_timeTempo de leitura: 4 min

Minerador chileno Mario Sepúlveda: ele é um dos "33 mineradores do Atacama", em sua casa de
Santiago no Chile (AFP/AFP)

Dez anos depois de ficarem presos no fundo da mina San José, no norte do
Chile, os “33 mineradores do Atacama”, sentem-se heróis caídos no
esquecimento e no abandono.

Na quinta-feira de 5 de agosto de 2010, um deslizamento de terra prendeu este


grupo de mineradores de entre 19 e 63 anos na antiga mina. No 17o dia,
confirmou-se que estavam vivos. Mais de dois meses depois, a 600 metros
abaixo da terra, foram resgatados e elogiados como heróis por sua tenaz
solidariedade diante do confinamento.
Uma vez fora da mina, foram convidados para programas de televisão, viajaram
pelo mundo, e um excêntrico empresário do setor de mineração deu US$ 10.000
a cada um deles. Cinco anos depois, Hollywood fez um filme sobre sua história
chamado “Os 33”, protagonizado por Antonio Banderas e com a participação
do ator brasileiro Rodrigo Santoro, como o então ministro da Mineração do
Chile, Laurence Golborne.

A fama não durou muito, porém. Hoje, quatro deles relatam seus diferentes
destinos à AFP, ainda afetados por traumas, pesadelos e doenças.

“Nunca vou me esquecer”

José Ojeda foi quem escreveu a famosa mensagem: “Estamos bem no refúgio,
os 33”, alertando o mundo de que estavam vivos quando muitos já haviam
perdido a esperança.

“As pessoas achavam que nós pagávamos pelas viagens. Acham que ficamos
com muito dinheiro, e esse não é o caso”, afirma este homem de 57 anos de
Copiapó, onde vive modestamente com a pensão que recebe do governo, de
aproximadamente 320 dólares.

Jimmy Sánchez era o mais jovem do grupo. Começou a trabalhar na mina aos
19 anos, sem terminar o Ensino Médio.

“É como se tivesse acontecido ontem. Acho que nunca vou me esquecer”, disse
ele, em Copiapó, a cerca de 800 quilômetros ao norte de Santiago, onde vive da
pensão recebida pelas sequelas do acidente.

Nunca mais conseguiu trabalhar na mineração novamente. “Uma vez fui


procurar emprego, mas souberam quem eu era e fecharam as portas. Não foi
minha culpa ficar preso”, lamenta, aos seus 29 anos.

Mario Sepúlveda, hoje com 49 anos, denuncia que foram tratados mal.

Com o dinheiro que ganhou na televisão, cerca de US$ 150.000, Sepúlveda


constrói hoje um centro de ajuda para crianças autistas e em risco de exclusão
social, com base na experiência que vive com um de seus seis filhos, que possui
um autismo severo.

Para Omar Reygadas, um dos mais experientes do grupo, “tudo o que vivemos
na mina e tudo o que vimos ainda é muito latente”.
Hoje, Reygadas trabalha como motorista.

Indenização

Após o deslizamento, esses mineradores que mal se conheciam tiveram de se


organizar para sobreviver, aprenderam disciplina e racionaram os poucos
alimentos que havia no abrigo de segurança da mina.

Mas, por que não conseguiram manter essa união fora da mina?

“As famílias provocaram toda essa desunião entre nós. Houve um antes, um
durante e um depois. E, depois que saímos, já se transformou em cada um por
si”, acrescenta.

Além disso, a venda dos direitos de sua história aprofundou a divisão.

Poucas semanas depois de serem resgatados, os mineradores assinaram um


acordo para transferir os direitos para um filme e um livro, com base em uma
complexa estrutura legal. Agora, muitos se sentem enganados e entraram com
uma ação na Justiça.

“A estratégia dos advogados era nos separar e conseguiram. Nos fizeram


brigar”, disse Sánchez.
O ex-minerador chileno Jimmy Sánchez, o mais jovem dos “33 mineradores do Atacama”

O ex-minerador chileno Jimmy Sánchez, o mais jovem dos “33 mineradores do Atacama” (AFP/AFP)

Oito anos depois, a Justiça condenou o Estado chileno a pagar uma indenização
de US$ 110.000 a cada um e isentou a mineradora San Esteban.
O Conselho de Defesa do Estado (CDE) recorreu da decisão, porém, alegando
que os mineradores já foram ressarcidos ao receberem pensões vitalícias (14
dos 33 por idade e patologias) e ajuda financeira privada. O recurso ainda não
foi resolvido pelo Tribunal de Apelações de Santiago.
Os mineradores também criticam o pouco acompanhamento recebido após o
resgate: “Nos abandonaram rapidinho; ficamos em terapia por apenas um ano”,
reclama Sepúlveda.

Uma década depois, os 33 mineradores não se reúnem, e apenas alguns mantêm


contato. Para o futuro, seus sonhos são modestos.

Jimmy Sánchez deseja ter sua casa própria. José Ojeda clama por ajuda para
pagar seu tratamento médico contra uma diabetes avançada, e Mario Sepúlveda
afirma que trocaria tudo o que viveu para voltar a trabalhar em uma mina.
Texto 3 – Funcionário de frigorífico morre ao cair dentro de
máquina de hambúrguer, em Mato Grosso do Sul

Alfredo Mergulhão
ter., 31 de agosto de 2021 2:41 PM
Um funcionário de um frigorífico morreu após cair em uma máquina de fazer
hambúrguer, em Dourados, em Mato Grosso do Sul. A vítima foi identificada
como Rodrigo Roa Alvares, de 37 anos. Ele era colaborador terceirizado da JBS
Seara Alimentos.
O acidente de trabalho ocorreu na noite de domingo. Profissional com mais de dez
anos de experiência no ramo, Alvares fazia manutenção da máquina quando caiu
e teve parte do corpo triturado. Ele morreu no local.
O coordenador de segurança do trabalho da Seara acionou a polícia. Um delegado
e uma equipe de peritos esteve na indústria para realizar as investigações. Um
inquérito foi instaurado pela Polícia Civil para investigar o que causou a morte.
De acordo com as primeiras apurações, um outro mecânico que estava no mesmo
ambiente relatou que Alvares estava trocando os rolamentos e embuxamentos da
máquina e voltou depois de ter terminado o serviço para fazer alguns ajustes.
A Polícia Civil informou ao GLOBO que esse outro mecânico relatou que estava
embaixo da máquina, fechando a tampa, quando ouviu um grito. Ele observou que
a misturadora de hambúrgueres estava sem trava de segurança e não soube
informar em qual momento foi retirado o cadeado.
A corporação tenta ainda ouvir uma outra testemunha do acidente. Segundo a
Polícia Civil, trata-se de um funcionário que fazia a higienização no mesmo
ambiente onde estava Alvares. Mas quando os investigadores chegaram ela já
havia se retirado, pois ficou em estado de choque.
Já a JBS confirmou a morte do colaborador e diz que acompanha a investigação
do acidente e presta assistência necessária à família da vítima.
Alvares era casado e deixou três filhos. Nas redes sociais, a víuva publicou uma
imagem de luto, com os dizeres: "A dor é grande, a saudade é eterna". A mãe da
vítima, Nélida Alvares, também escreveu uma mensagem: "descanse em paz meu
filho", diz o texto.
Texto 4 – White Martins: explosão em fábrica não afetará produção de
oxigênio

A White Martins garantiu que a explosão registrada neste sábado (24) em


uma fábrica de Fortaleza (CE) não afetará sua produção de oxigênio.

Em nota, a multinacional assegurou que as instalações da Avenida Francisco


de Sá, 2776, no bairro Carlito Pamplona, na capital cearense, são usadas
apenas para envasar o produto, que é fabricado e transportado da unidade
fabril do Complexo do Pecém, a cerca de 50 quilômetros.

“A produção de oxigênio líquido no estado não foi comprometida e a


empresa está buscando alternativas para o enchimento dos
cilindros”, informou a empresa.

As causas da explosão ainda estão sendo investigadas. De acordo com a


assessoria da multinacional, ao menos quatro das cinco pessoas que,
segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social,
sofreram ferimentos trabalhavam na fábrica.

Três dos feridos foram levados para o Instituto Doutor José Frota (IJF), onde
foram submetidos a exames para avaliação clínica. Mais cedo, o prefeito José
Sarto Nogueira já havia comentado, nas redes sociais, que os três
“pacientes”, cujos nomes não revelou, estavam “estáveis, acompanhados
pelas equipes multiprofissionais do hospital e realizando exames de
imagem”.

Pouco depois, a prefeitura divulgou uma nota em que Sarto tranquiliza a


população a respeito do fornecimento de oxigênio. “Nossos hospitais têm
tanques abastecidos pela sede da empresa situada no Pecém. Já as usinas e
os cilindros das nossas unidades de pronto atendimento [UPAs] foram
abastecidos esta semana. Portanto, não temos risco de desabastecimento em
virtude desta situação”, assegurou o prefeito, mencionando que
uma quinta pessoa também sofreu ferimentos leves que não exigiram que
fosse levada ao hospital.

A fábrica ocupa mais de meio quarteirão de uma área cercada por


residências, pequenos comércios, ao menos dois postos de combustível e
outros estabelecimentos. Vídeos gravados por moradores e pessoas que
passavam pelo local no momento da explosão e compartilhados nas redes
sociais mostram uma coluna de fumaça sobre a unidade fabril e alguns
imóveis próximos supostamente afetados pela força da explosão, com
vidraças quebradas e outros estragos.
A defesa civil municipal interditou a fábrica e técnicos estão vistoriando as
construções vizinhas afetadas pelo acidente. Algumas vias próximas à
empresa também foram temporariamente bloqueadas pela Autarquia
Municipal de Trânsito e Cidadania. Segundo a prefeitura, o bloqueio será
mantido até que o corpo de bombeiros ateste que a área pode ser liberada.
Segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social, o risco
de incêndio foi descartado.

No Twitter, o governador Camilo Santana lamentou o ocorrido e assegurou


que técnicos da prefeitura já estavam em contato com a White Martins a fim
de tratar da questão do fornecimento de oxigênio medicinal.
Texto 5 – PANDEMIA E A HIGIENE OCUPACIONAL (*)

Luiz Carlos de Miranda Júnior (**)


(*) Artigo originalmente publicado na Revista Proteção n.º 341, maio de
2020.
(**) Higienista Ocupacional Certificado, HOC 0014. Presidente da ABHO.

No início de março de 2020 chegou aos brasileiros a pandemia da COVID-


19.
Muitos de nós, que anteriormente não estávamos habituados ao termo,
aprendemos que pandemias são epidemias globais que se espalham
simultaneamente por diversas localidades, sendo as doenças a elas
associadas facilmente transmitidas de pessoa para pessoa.
De conhecimento de todos, a presente pandemia colocou o mundo em um
estado de tensão e angústia nunca imaginado. Se no século passado temíamos
a hecatombe nuclear, este teve início com grandes preocupações
com o aquecimento global e suas consequências. Esse parecia ser o problema
mais urgente a ser tratado. Estávamos enganados.
A par dos males acarretados pela doença em si, que já ceifou milhares de
vidas em todos os continentes e abateu quase “de morte” a economia
mundial, trouxe consequências que estarão conosco por um longo período
até que consigamos nos recuperar.
Trazendo o tema para nossa área de atuação, o Higienista Ocupacional –
H.O. tem grande responsabilidade neste grave momento, e com seu
conhecimento pode auxiliar empresas e a sociedade em geral a vencer os
desafios que se apresentam.
A presente ameaça origina-se de um vírus, NOVO CORONAVÍRUS, que,
portanto, enquadra-se no rol dos agentes biológicos estudados pelos H.O.
Assim é que a abordagem profissional deve se iniciar pela identificação dos
perigos e riscos associados a esse agente e para isso devem ser considerados,
entre outros, os seguintes aspectos: suscetibilidade do hospedeiro,
patogenicidade do agente, disponibilidade de intervenções terapêuticas,
vacinação etc. Por exemplo, a susceptibilidade de determinados grupos,
como idosos e pessoas acometidas por doenças preexistentes, imediatamente
os coloca em situação delicada que merece cuidados especiais quanto à
prevenção da infecção e, caso essa ocorra, em relação aos cuidados
necessários à sua recuperação, muito mais complexos e duradouros.
Ainda sobre a identificação do risco, a publicação da American Industrial
Hygiene Association – AIHA (“O papel do higienista ocupacional em uma
pandemia” – disponível para download no site da Associação Brasileira de
Higienistas Ocupacionais – ABHO) sugere classificar a pandemia da
COVID-19 no Grupo de Risco 4 em escala de 1 a 4. Ou seja, “os agentes
causadores conseguem provocar doenças graves ou letais para os seres
humanos e para os quais intervenções preventivas ou terapêuticas não estão
normalmente disponíveis (alto risco individual e para a comunidade)”.
Nesse trabalho de prevenção e combate à doença, é imprescindível ao H.O.
que se valha de conhecimentos específicos de profissionais especializados.
A abordagem necessariamente deve ser multidisciplinar. Nessa linha, em
parceria com infectologistas, poderão ser conhecidas detalhadamente as
formas de transmissão e, a partir delas, determinadas medidas a serem
adotadas, como o isolamento social, fortemente preconizado no caso da
pandemia que ora enfrentamos.
Medidas práticas que abranjam cuidados com o deslocamento dos
trabalhadores, mesmo antes do ingresso nas empresas, controle de ingresso
com medição da temperatura corporal, políticas de paralisação de atividades,
eliminação de viagens, adoção de “home office” também serão mais eficazes
quando tomadas por equipe multidisciplinar da qual faça parte o H.O.
Outros pontos de primordial importância são a educação, o treinamento e a
comunicação de forma geral. Educação e treinamento são fundamentais para
que os trabalhadores possam se apropriar de conhecimentos necessários a
novas formas de executar suas tarefas e, até mesmo, a novos
comportamentos que deverão passar a observar, tais como os relativos à
higienização dos locais de trabalho, ferramentas e demais dispositivos que
manipulem, higiene corporal (em especial das mãos), utilização de EPIs
(sobretudo vestimentas, luvas e respiradores) etc. Quanto à comunicação,
deve ser clara e objetiva, sempre buscando evitar ansiedade e pânico entre as
pessoas, pois isso em nada colabora para o controle da situação.
Há que se considerar ainda importante a contribuição dos H.O. na busca de
alternativas de engenharia em conjunto com as áreas de projetos das
organizações. Adequados meios para prover pressão positiva em ambientes
com risco de contaminação vinda de áreas externas, escolha criteriosa da
tecnologia de ventilação a ser adotada (natural, geral, localizada etc.),
definição de layout para estruturas temporárias são algumas das soluções
preconizadas. Além disso, elaboração de procedimentos para garantir a
segurança de pessoal de manutenção de equipamentos, muitos deles
imprescindíveis para demais ações de prevenção já tomadas e até para
garantir que as atividades da empresa não sejam interrompidas, são
igualmente relevantes. Mais uma vez, o H.O. deve integrar equipe formada
por diversos outros profissionais com conhecimentos que se complementem
visando à eficácia.
Embora não se constituindo em atividade corriqueira dos H.O., sua
participação na definição de planos de emergência é fundamental no caso de
cenários associados às pandemias. Suas ações englobam cuidados internos à
organização, buscando a proteção de trabalhadores e do público-alvo dos
serviços das empresas, como o caso de hospitais, e outras de proteção na
comunidade para evitar ou mitigar danos, como: auxiliar na comunicação
com base em dados técnicos e, ao mesmo tempo de fácil assimilação,
identificar, avaliar e controlar riscos em estruturas temporárias construídas
por entidades públicas, auxiliar na especificação e treinamento de EPIs etc.
Até mesmo na avaliação de maiores e mais severos impactos sobre o negócio
das organizações, a visão especializada dos H.O. é relevante e muito poderá
contribuir com ações mitigadoras. Ou seja, há uma vasta área na qual os H.O.
têm a oportunidade de colaborar em casos de pandemia, demonstrando ainda
mais sua competência e capacidade de buscar soluções que consigam
proteger trabalhadores, pessoas da comunidade e as próprias empresas em
que atuam.
Gostaria de finalizar o presente artigo com algumas reflexões de texto que li
recentemente. Nele, o professor Andrew Cunningham da Sociedade de
Zoologia de Londres, estudioso das “zoonotic spillover” (transmissões de
patogênicos de animais vertebrados para seres humanos) declara: “A causa
da transmissão de doenças a partir de morcegos ou outras espécies de
animais selvagens é, quase sempre, o comportamento humano que destrói
os habitats naturais dos animais”.
Ainda segundo o professor Cunningham e a Reitora da Universidade de
Ecologia e Biodiversidade de Londres, Kate Jones, a lição a ser aprendida é
que os danos ao nosso planeta podem também trazer danos às pessoas mais
rapidamente e de forma mais grave do que as mudanças climáticas com as
quais todos estamos preocupados.
Nas palavras da professora Jones: “Não se podem transformar florestas em
áreas para a agricultura sem entender os impactos sobre o clima, o aumento
de carbono na atmosfera, as doenças emergentes e os riscos de inundações.
Não podemos fazer tudo isso isoladamente, sem pensar nos impactos que
terão sobre os seres humanos”.
Como já disse o poeta Flávio Venturini em sua belíssima canção Sol de
Primavera: “A lição sabemos de cor; só nos resta aprender ...”
Foto: Freepik
Texto 6 - Abril Verde: mês dedicado à prevenção de
acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
Foto: Reprodução/Agência Brasil

O Brasil, por conta de sua área, tamanho da população, capacidade de sua economia (mesmo em
momentos de crise, como o que, infelizmente, ocorre agora), está dentre os destaques e líderes
mundiais em vários aspectos. Alguns destes aspectos são positivos. Outros, infelizmente, são
negativos e não deveriam orgulhar qualquer brasileiro. Mas como são números oficiais, de acordo
com dados fornecidos pelo Governo Federal, devem ser conhecidos e divulgados para todos, até
como forma de possibilitar a adoção de medidas efetivas para que situações reconhecidas como
irregulares não se repitam.

Em relação ao objeto deste artigo, o nosso país se situa dentre aqueles que mais mutilam, adoecem
e matam os seus trabalhadores, em números que se aproximam de estatísticas de guerra. Segundo
dados da Previdência Social, o Brasil registra, em média, mais de 700 mil acidentes de trabalho
por ano, desde, pelo menos, o ano de 2010. Como exemplo, citamos o ano de 2014, onde foram
registrados cerca de 704 mil acidentes de trabalho, tendo ocorrido 2.783 óbitos e 251 mil e
quinhentos afastamentos por período superior a quinze dias.

Os números, ainda mais quando se sabe que existe grande subnotificação dos acidentes de
trabalho, são absurdos e demonstram a necessidade de adoção de medidas para garantir meio-
ambientes de trabalho mais seguros e com respeito à higidez física e mental dos trabalhadores
brasileiros.

O Ministério Público do Trabalho atua, diariamente, e por suas centenas de Procuradores do


Trabalho, fiscalizando, cobrando e judicializando ações na Justiça do Trabalho para determinar
que as empresas descumpridoras das normas de saúde e segurança e que, com sua negligência e
omissão, aumentam as estatísticas oficiais de afastamentos e de obituários, adotem medidas para
adequar o seu meio ambiente do trabalho.

Esta atuação ocorre em todas as áreas e setores da economia, sendo importante destacar, aqui, e
considerando que estes temas correspondem às metas prioritárias de atuação do Ministério
Público do Trabalho, o trabalho nos setores da Construção Civil e dos Frigoríficos e a firme
atuação para que o amianto, substância cancerígena e banida de quase todos os países civilizados
do mundo, também possa ser banido de nosso país.
Mas a atuação ministerial não se limita às investigações, inquéritos e ações judicias. Por
determinação constitucional e considerando as alarmantes estatísticas oficiais, este ramo do
Ministério Público tem procurado participar, junto com todos os atores do sistema de proteção
trabalhista, dos movimentos realizados para a criação de uma cultura de respeito às normas de
segurança, saúde e higiene do trabalho.

Também objetiva o Ministério Público do Trabalho, em conjunto com outras instituições


parceiras, efetivar a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, instituída pela
Portaria 1.823, de 23 de agosto de 2012, do Ministério da Saúde.

Considerando que o dia 07 de abril é considerado o Dia Mundial da Saúde, este ano, e de acordo
com a OMS – Organização Mundial da Saúde, o foco das ações será a necessidade de cuidados
com a saúde mental dos trabalhadores. O dia 28 de abril foi consagrado pela Organização
Internacional do Trabalho como o dia Mundial em Memórias às Vítimas de Trabalho e de
Doenças Ocupacionais (esta mesma data é considerada o dia nacional deste tema, face os termos
da Lei nº 11.121/2005), iniciou-se, há alguns anos, um movimento de conscientização massiva,
em todos os dias do mês, da necessidade de termos ambientes de trabalho mais protegidos.

O Ministério Público do Trabalho apoia e participa ativamente deste movimento, tendo realizado,
ao longo dos últimos meses, articulações e ações com diversos parceiros e atores sociais para
massificar, durante todo o mês de abril, a mensagem da importância da prevenção dos acidentes
de trabalho.

Devemos evitar uma guerra. Por questões humanitárias, de economia e, principalmente, para não
chorarmos pela perda de vidas por situação tão estúpida e atrasada, mas ainda existente nos
tempos atuais. Pelos mesmos motivos, devemos cobrar a adoção de medidas necessárias para a
prevenção de acidentes de trabalho, apoiando o movimento do “Abril Verde”.

Devemos isto em memória de todos aqueles que, infelizmente, merecem ser lembrados neste 28
de abril, mas, em especial, para evitar que os milhões de trabalhadores brasileiros aumentem a já
triste e infeliz estatística oficial. Até porque não existe valor no mundo que possa reparar um
trabalhador falecido, mutilado, física ou mentalmente, por condições de trabalho que não
respeitaram as normas de saúde e segurança vigentes em nosso país.

Leonardo Osório Mendonça é procurador do Trabalho e coordenador nacional de Defesa do


Meio Ambiente do Trabalho do MPT
Texto 7 - Três pessoas morrem em espaço de preservação ambiental
em Caucaia
Atualizado em 20/10/2017, às 15h30min

(Foto: Leitor via WhatsApp)


Três pessoas morreram em acidente de trabalho no município de Caucaia, Região
Metropolitana de Fortaleza, na tarde desta quinta-feira, 19. De acordo com a Associação
de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), o acidente ocorreu nas
dependências do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos em Iparana. O espaço
é cedido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).

A ONG afirma em nota que o caso aconteceu em um procedimento de manutenção na


casa de filtros da organização. Três homens morreram no local. A Aquasis, que atua na
área de proteção de animais em extinção, "lamenta e enfrenta neste momento grande
pesar após o incidente".

Conforme O POVO Online apurou com membros da Aquasis, os irmãos Raimundo


Martins da Silva, 37 anos, Guilherme da Silva Martins, 24, e Marcelo da Silva Andrade,
27, morreram após inalar gás tóxico. A Perícia Forense do Estado do Ceará
(Pefoce) informou que as vítimas foram encaminhadas para a Coordenadoria de
Medicina Legal (Comel).

"Neste momento, estamos dando toda a atenção e suporte às famílias das vítimas, bem
como adotando todas as providências legais e necessárias para minimizar a dor desse
momento de perda, assim como as autoridades competentes", conclui a nota.

Em nota oficial, o Sesc afirma que o acidente ocorreu nas dependências da Aquasis e que
não há nenhum funcionário do Sesc envolvido. "Sendo toda a operacionalização do
espaço cedido de absoluta responsabilidade da Fundação, não é permitida ao Sesc
qualquer gestão, seja de pessoal, técnica ou relativa ao próprio funcionamento do
Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos", diz o texto.
"Informa ainda que as responsabilidades estão sendo apuradas pelas autoridades
competentes e disponibiliza todas as condições necessárias para o esclarecimento dos
fatos e para minimizar esse momento de pesar", conclui.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou, por meio de nota,
que equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) estiveram no local e
realizaram os primeiros trabalhos de apuração. O inquérito policial foi instaurado pela
DHPP e encaminhado para a Delegacia Metropolitana de Caucaia.

O Núcleo de Perícias em Engenharia Legal e Meio Ambiente, da Pefoce, também esteve


no local. "As informações iniciais apontam que as vítimas trabalhavam em um tanque
de tratamento de água quando ocorreu o fato", diz a nota. "Os laudos de exame do local
e das vítimas deverão ficar prontos em dez dias, podendo ser prorrogado caso
necessário, e serão encaminhadas para a delegacia responsável pelas investigações".

Redação O POVO Online


Texto 8 - Operário morre com queda de laje de obra de
hospital da Universidade Estadual do Ceará
Um funcionário relatou o g1 que o acidente aconteceu por
volta das 9h40.
Por g1 CE

13/04/2022 11h44 Atualizado há 7 horas

--:--/--:--

Operário morre em acidente na construção do hospital da Uece.

Um operário morreu nas obras do hospital da Universidade Estadual do Ceará


(Uece), no campus do Bairro Itaperi, em Fortaleza, na manhã desta quarta-feira (13), de
acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região
Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF).
Segundo relato de um funcionário da obra, por volta das 9h40, ele ouviu um barulho de
"cima para baixo" como se uma laje tivesse caído. "Por volta das 9h40, eu escutei um
barulho como se fosse um efeito dominó de cima para baixo. Imaginei que uma laje
tivesse caído e tivesse alguém embaixo. Tinha três no local, um escapou, um morreu e o
outro ficou ferido", disse.
• Laje desaba e operários caem de 5 metros de altura no Ceará
O funcionário disse que acionou a polícia, sindicato da categoria e Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, segundo ele, a equipe da ambulância
constatou a morte. O g1 aguarda informações da Uece sobre como ocorreu o
acidente.
Laje desabou durante trabalho de concretagem em um dos andares da obra do hospital
da Uece, em Fortaleza — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Em nota, o consórcio Saúde Ceará, responsável pela obra, lamentou a morte do


trabalhador. "Comunicamos que, desde o momento do ocorrido, foram tomadas todas as
providências necessárias de assistência imediata aos trabalhadores envolvidos, bem como
aos familiares prestando todo apoio essencial, e com os órgãos públicos responsáveis para
apuração dos fatos", diz um trecho da nota.
A governadora do Ceará, Izolda Cela, afirmou que determinou uma investigação para
apurar as causas do acidente. "Determinei apuração imediata por parte do Consórcio de
empresas responsável pela obra, da Superintendência de Obras Públicas e investigação
da Policia Civil, além de apoio às famílias das duas vítimas. Meus sentimentos de pesar
aos familiares e amigos."
Hospital Universitário do Ceará

Obra no Hospital Universitário do Ceará, no Bairro Itaperi. — Foto: Reprodução


O projeto do Hospital Universitário do Ceará é executado por meio da Superintendência
de Obras Públicas (SOP) e ocupará uma área de 78,2 mil metros quadrados, com 655
leitos, entre clínicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), distribuídos em três torres
principais: clínica, cirúrgica e materno-infantil.
As obras do equipamento têm cerca de um ano, chegaram a 42% execução em fevereiro
e podem ser entregues ainda neste ano, segundo estimativa do Governo do Estado.
A unidade será vinculada à estrutura de ensino e pesquisa da Uece, onde vão ser
realizadas parte das atividades dos cursos de graduação e pós-graduação do Centro de
Ciência da Saúde (CCS).

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