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Jornal de Pediatria
Copyright © 2004 by Sociedade Brasileira de Pediatria
ARTIGO DE REVISÃO

Hidrofluoralcano como propelente dos aerossóis


pressurizados de dose medida: histórico,
deposição pulmonar, farmacocinética, eficácia e segurança
Hydrofluoroalkane as a propellant for pressurized metered-dose inhalers:
history, pulmonary deposition, pharmacokinetics, efficacy and safety

Cássio C. Ibiapina1, Álvaro A. Cruz2, Paulo A. M. Camargos3

Resumo Abstract
Objetivo: Rever a literatura sobre o hidrofluoralcano como prope- Objective: To review the literature about hydrofluoroalkane as
lente dos inaladores de dose medida contendo medicamentos empre- a propellent of pressurized metered-dose inhalers containing anti-
gados na asma. asthma drugs.
Fontes dos dados: O levantamento bibliográfico foi realizado em Sources of data: Bibliographic search in electronic databases
bancos de dados eletrônicos – MEDLINE, MDConsult, HighWire, Medscape (MEDLINE, MDConsult, HighWire, Medscape and LILACS) and direct
e LILACS – e por pesquisa direta – referentes aos últimos 15 anos –, search referring to the past 15 years, using the key words
utilizando-se as seguintes palavras-chaves: hidrofluoralcano, asma e hydrofluoroalkane, asthma and childhood were carried out.
infância. Summary of the findings: 43 original articles on the replacement
Síntese dos dados: Foram selecionados 43 artigos originais of clorofluorcarbon by hydrofluoralkane were selected.
abordando a questão da substituição do clorofluorcarbono pelo hidro- Hydrofluoralkane showed to be a safe propellent, with pulmonary
fluoralcano. Este gás mostrou-se como uma alternativa de propelente deposition ranging from 50 to 60%, and to have significant efficacy,
segura, com deposição pulmonar de 50 a 60% e eficácia significativa when compared with placebo (p < 0.003) in controlled clinical trials.
quando comparado com placebo (p < 0,003) através de estudos clínicos Most works using hydrofluoralkane included beclomethasone
controlados. A maioria das pesquisas realizadas com o hidrofluoralcano diproprionate. Approximate annual cost of a treatment with
emprega o dipropionato de beclometasona. O custo anual aproximado beclomethasone diproprionate/hydrofluoralkane was lower than with
do tratamento com dipropionato de beclometasona/hidrofluoralcano foi beclomethasone diproprionate/clorofluorcarbon. Some studies
menor do que com dipropionato de beclometasona/clorofluorcarbono. assessed salbutamol, fluticasone, flunisolide and the association
Alguns estudos avaliaram o salbutamol, a fluticasona, a flunisolida e a fluticasone-salmeterol, with hydrofluoralkane as propellent in
associação fluticasona-salmeterol tendo o hidrofluoralcano como pro- pressurized metered-dose inhalers.
pelente em inaladores pressurizados de dose medida. Conclusions: Efficacy and safety of hydrofluoralkane as
Conclusões: Ficou evidenciada em adultos a eficácia e seguran- propellent of bronchodilators and inhaled corticosteroids in adults
ça do hidrofluoralcano como propelente de broncodilatadores e was evidenced, as well as, in general, there was a better pulmonary
glicocorticosteróides em aerossol, bem como a melhor deposição deposition of particles. However, literature data on the use of
pulmonar das partículas, de um modo geral. Todavia, são escassos hydrofluoralkane in the paediatric age group are still scarce and
os dados na literatura acerca do uso do hidrofluoralcano na faixa further studies with children and adolescents would be of great
etária pediátrica. Seria importante conduzir estudos adicionais em importance.
crianças e adolescentes.
J Pediatr (Rio J). 2004;80(6):441-6: Asma, hidrofluoralcano, J Pediatr (Rio J). 2004;80(6):441-6: Asthma, hydrofluoralkane,
tratamento, aerossol. treatment, aerosol.

Introdução
1. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Pediatria, Universidade A via inalatória, utilizada desde os primórdios da história
Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG. da medicina, tornou-se popular no final do século 19.
2. Coordenador do Centro de Enfermidades Respiratórias, Faculdade de
Naquela época, adicionavam-se medicamentos em água
Medicina, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA.
3. Professor titular, Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina e fervente para que os pacientes pudessem inalar seu vapor 1.
Chefe da Unidade de Pneumologia Pediátrica, Hospital das Clínicas, Na literatura especializada do século 20, os primeiros
UFMG, Belo Horizonte, MG.
relatos da moderna era da aerossolterapia em asma datam
Artigo submetido em 22.03.04, aceito em 31.03.04. da década de 50, quando foram apresentados os inaladores
pressurizados de dose medida (IPDM), que representaram
Como citar este artigo: Ibiapina CC, Cruz AA, Camargos PAM. Hidroflu-
inegável avanço no tratamento das doenças respiratórias.
oralcano como propelente dos aerossóis pressurizados de dose medida: Na atualidade, sabe-se que as prescrições de IPDM em todo
histórico, deposição pulmonar, farmacocinética, eficácia e segurança. J o mundo excedem 500 milhões de unidades por ano, e seu
Pediatr (Rio J). 2004;80:441-6.
uso vem aumentando a cada década2.

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É reconhecido que os corticóides inalatórios constituem foroso) foram reunidos em um único grupo. Com essa abor-
a terapia de primeira linha, recomendada em todos os dagem, os países têm a flexibilidade de escolher a percenta-
consensos, para o controle da asma persistente, e são gem de redução de cada gás para atingir o objetivo de
comumente administrados por intermédio dos IPDM. O diminuição total fixado no protocolo6.
clorofluorcarbono (CFC) é o propelente mais utilizado nos O HFA, juntamente com o hexafluorido sulforoso e os
IPDM; é de baixo custo, seguro e eficaz, mas teve seu uso perfluorcarbonos, são grandes geradores de calor. No entan-
restringido universalmente devido a seus efeitos deletérios to, como constituem apenas 1,8% dos gases do efeito estufa
na camada de ozônio 3 . emitidos nos Estados Unidos, contribuem pouco para o aque-
Nos anos 70, foram registradas as primeiras evidências de cimento global6,7.
que o CFC e outras substâncias contendo cloro contribuem
A aplicação do HFA em IPDM é uma opção de tratamento
para a depleção da camada de ozônio na estratosfera4. Com
médico de inegável valor para a saúde; por isso, todas as
isso, a radiação ultravioleta que alcança a superfície da Terra
nações devem assegurar sua disponibilização para a popula-
aumenta, produzindo efeitos adversos graves no homem,
ção. Nessa fase de transição do uso do CFC para o do HFA, este
como câncer de pele, catarata e diminuição da resistência
artigo de revisão tem como objetivo apresentar aspectos
imunológica. Exerce também influência sobre as aves, a vida
relacionados a características farmacocinéticas, de eficácia,
marinha, sobre os plásticos e outros materiais 5.
segurança, bem como as implicações dessa mudança na
A zona de depleção na camada de ozônio sobre a abordagem do paciente asmático.
Antártida, observada no início dos anos 80, vem aumentan-
do anualmente. Estudos recentes estimam seu tamanho
em 23 milhões de km 2 , o que equivale a quase três Deposição do dipropionato de beclometasona e
territórios brasileiros. IPDM contendo CFC e HFA
O acordo internacional de entidades ambientais – o O processo de transição do uso do propelente CFC para o
chamado Protocolo de Montreal5 –, que visa combater a HFA propiciou o desenvolvimento de tecnologia de produção
produção de substâncias que interferem na camada de ozô- de aerossol. Dipropionato de beclometasona (DPB), o corti-
nio, foi assinado em setembro de 1987. O acordo estabeleceu cóide inalatório mais antigo, vem sendo usado na terapêutica
uma diminuição da produção de CFC em 50% ao ano, até da asma há mais de duas décadas. A associação do DPB com
1998. Em 1990, com o aumento das evidências da relação HFA 134a resulta em aerossol dotado de partículas muito
entre o CFC e a camada de ozônio, uma emenda proibiu a menores do que as geradas pelos inaladores que usam o CFC.
fabricação de extintores de incêndio contendo CFC a partir Modelos matemáticos que relacionam o tamanho da partícula
2000. Em 1992, com a constatação da aceleração da depleção com o local de deposição no trato respiratório e estudos com
na camada de ozônio, a produção do CFC foi banida até o final modelos experimentais de vias aéreas superiores demons-
de"1995, sendo permitida apenas em medicamentos até tram que as partículas geradas com o HFA se depositam em
2005. Assim, os IPDM constituem a única exceção à produção maior quantidade nas pequenas vias aéreas, enquanto aque-
e comercialização do CFC, por terem sido considerados las geradas pelo CFC tendem a depositar-se mais proximal-
essenciais no tratamento da asma6. mente, inclusive na orofaringe9-13.
Em 1995, dois propelentes seguros e eficazes – hidroflu- Os IPDM com CFC e os inaladores de pó liberam a droga,
oralcano 134a (HFA 134 a) e hidrofluoralcano 227ea (HFA que se deposita, primariamente, na orofaringe, e secundari-
227ea) – foram reconhecidos pela União Européia 6. Em 1996, amente, nas grandes vias aéreas. Do DPB aplicado através de
a agência americana Food and Drug Administration (FDA) IPDM com CFC, mais de 90% da droga são depositados na
aprovou o uso de HFA 134a em inaladores7. orofaringe e menos de 10% nos pulmões. Se aplicado com
O HFA não afeta a camada de ozônio, porém tem efeito HFA, a taxa de deposição pulmonar pode chegar a 60%,
sobre o aquecimento global, sendo um dos seis gases do enquanto cerca de 30% se depositam na orofaringe 10. O
efeito estufa8. tamanho médio da partícula do HFA-DPB é 1,1 micra, e a do
Em 1997, foi realizada a Convenção das Nações Unidas CFC-DPB, 3,5 micra. A força manual necessária para acio-
sobre Mudanças Climáticas – o Protocolo de Kyoto –, que nar o spray de HFA-DPB é três vezes menor do que a
aprovou as resoluções da Convenção do Meio Ambiente de requerida para a formulação com CFC. A duração do spray
1992, realizada no Rio de Janeiro – a ECO 92. O Protocolo de HFA-DPB é mais longa (250 milissegundos) do que o CFC-
Kyoto ampliou aquelas resoluções, dando ênfase à emissão DPB (150 milissegundos). A temperatura do spray é maior
de gases do efeito estufa nos Estados Unidos. É importante no HFA-DPB (5 °C) do que no CFC-DPB (-20 ºC), o que reduz
salientar que, apesar de o Protocolo de Kyoto ter sido o indesejável efeito freon. As características físicas apre-
ratificado por 55 nações, incluindo países desenvolvidos, não sentadas pelo jato e pelas partículas do composto HFA-DPB
o foi pelos Estados Unidos e, por isso, não tem efeito de lei em são responsáveis pela maior deposição pulmonar e menor
seu território4,6. deposição na orofaringe 12 .

O Protocolo de Kyoto criou mecanismos para o combate às É interessante salientar que menos de 50% dos pacientes
alterações climáticas, visando, principalmente, à redução dos aplicam a técnica inalatória de maneira adequada, devido ao
gases que contribuem para o aquecimento global. Os seis acionamento do inalador antes do início da inspiração ou ao
gases do efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido início tardio do ciclo inspiratório. O tamanho da partícula
nítrico, hidrofluoralcano, perfluorcarbono e hexafluorido sul- menor e a duração do spray maior do HFA-DPB promovem
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melhor deposição nas vias aéreas mesmo naqueles pacientes eficazes em reduzir a PD20 (dose que causou queda de 20%
com problemas graves de coordenação10. no VEF1), mas somente a combinação fluticasona-salmeterol
Em estudo clínico de dose-resposta, Bogston et al. de- determinou melhora no VEF1, FEF25-75 e peak flow matinal,
monstraram que o HFA-DPB tem eficácia equivalente a uma concluindo que a combinação confere melhora na hiper-
dose 2,6 vezes maior de CFC-DPB quando avaliada pelo responsividade brônquica e no calibre das vias aéreas, en-
volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), e a quanto o corticóide isolado atua somente naquele primeiro
uma dose 3,2 vezes menor do HFA-DPB quando o parâmetro parâmetro. A combinação fluticasona-salmeterol pode resul-
estudado foi o valor máximo do fluxo expiratório médio tar em maior deposição periférica do corticóide no pulmão, o
(FEF25-75)14. que melhora a atividade antiinflamatória do mesmo nas
pequenas vias aéreas29.
HFA como propelente de outras drogas: Outra alternativa existente é a formulação HFA não-
salbutamol, fluticasona, flunisolida, fluticasona extrafina, que foi registrada com a denominação Modulite®.
associada com salmeterol e a apresentação não-
O Modulite® também apresenta como propelente o HFA 134a,
extrafina
mas neste caso foi adicionado um solvente não-volátil, o
Na literatura especializada, vários estudos demonstraram
glicerol, que gera partículas maiores, ou seja, com tamanho
que, em formulações com salbutamol, o tamanho da partícula
mais próximo ao das partículas de CFC. Além disso, alterou-
emitida pelo IPDM-CFC, pelo IPDM-HFA e pela formulação em
se o diâmetro do orifício de saída do jato, o que tornou a
pó foram equivalentes. Pode-se inferir que a percentagem de
nuvem de medicação mais semelhante à do CFC30,31. Atual-
deposição pulmonar e, portanto, os efeitos clínicos são se-
mente, encontra-se no mercado internacional a DPB-Moduli-
melhantes para as três formulações. Esses estudos demons-
te® e a budesonida-Modulite®. A vantagem da tecnologia
traram, ainda, não haver diferença significativa na melhora
Modulite® é a maior semelhança com os IPDM que utilizam o
do VEF114-23.
propelente CFC. Isso permite que a transição CFC/HFA seja
Dois estudos avaliaram a eficácia da fluticasona-HFA. mais fácil de planejar, já que não há necessidade de alterar
Fowler et al., em um estudo randomizado, duplo-cego, estu- as doses da medicação usada, pois a deposição pulmonar e a
dando 18 pacientes adultos durante 6 semanas, compararam absorção são semelhantes às dos IPDM com CFC porque o
a eficácia da fluticasona-HFA em relação à fluticasona-CFC. tamanho das partículas é semelhante32.
Um grupo composto de nove pacientes fez uso de 500 µg de
fluticasona-HFA, e o outro utilizou uma dose de 1.000 µg de
fluticasona-CFC, não sendo verificada diferença estaticamen- IPDM contendo CFC e HFA: diferenças
te significativa (p = 0,21) entre os grupos24. Langley et al. farmacocinéticas
publicaram um estudo onde apresentam dados demonstran- Gross et al.33 mostram que pacientes adultos com asma
do redução da hiper-responsividade da via aérea de forma moderada que permaneciam sintomáticos com baixas doses
equivalente quando se utiliza fluticasona-HFA e fluticasona de CFC-DPB (800 µg/dia do corticóide) podiam ser controla-
pelo sistema Diskhaler® em doses iguais25. dos com uma dose menor de HFA-DPB (400 µg/dia do
No Brasil, até o presente momento, o salbutamol e a corticóide). Essa dose de HFA também mostrou benefícios
fluticasona, ambos formulados isoladamente, e a associação significantes quando comparada com o placebo (p < 0,003).
fluticasona-salmeterol são as opções disponíveis no mercado. Os autores apontam algumas vantagens do HFA-DPB em
Entretanto, espera-se que apresentações de outras drogas relação ao CFC-DPB, tais como: uma provável redução no
em formulações com HFA sejam lançadas futuramente em custo do tratamento, pois se usa a metade da dose preconi-
nosso país, em virtude da iminente expiração do prazo de zada de CFC-DPB; menores efeitos colaterais locais (disfonia,
comercialização dos IPDM contendo CFC. candidíase) em decorrência da dose efetiva menor e da
Hauber et al. publicaram um ensaio clínico realizado em redução da deposição da droga na orofaringe; menores
12 asmáticos adultos onde demonstram a eficácia da fluniso- efeitos colaterais sistêmicos (supressão do eixo hipotálamo-
lida-HFA26. Os autores constataram supressão da inflamação hipófise-adrenal, púrpura, osteopenia); e maior deposição
eosinofílica em vias aéreas periféricas e centrais através da nas vias aéreas periféricas 33.
análise de biópsias trans- e endobrônquicas, antes e após o De forma complementar, Magnussen et al. avaliaram a
uso de flunisolida-HFA. Encontraram melhora significativa da hiper-responsividade brônquica à histamina como parâmetro
função pulmonar (p = 0,012), diminuição do número de adicional de monitorização do tratamento com corticosterói-
eosinófilos, com uma diminuição de 51,5±5 para 14,6±3,2 des inalatórios em pacientes asmáticos. Um estudo multicên-
células/mm2, interleucina-5 e eotaxina em vias centrais e trico, randomizado e duplo-cego acompanhou 164 pacientes
periféricas com uma redução de 37,3±6,2 para 16,7±3,2/mm2 adultos que receberam 1.000 µg de CFC-DPB no período run-
e 38,8±5,5 para 22,3±3,1/mm2, respectivamente. Nesse in de 4 semanas. Dos 150 indivíduos admitidos para a
estudo, os pesquisadores destacam o possível papel do menor segunda etapa, 72 foram mantidos com o mesmo tratamento
diâmetro das partículas de medicação obtidas com o HFA, e os 78 restantes passaram a receber 400 µg de DPB-HFA. Não
permitindo a chegada do corticóide às vias aéreas periféricas, se detectaram diferenças estatisticamente significativas en-
o que também foi demonstrado em outros estudos26-28. tre os dois grupos em relação aos sintomas, à função pulmo-
Currie et al., analisando 20 asmáticos adultos em um nar, a hiper-responsividade da via aérea e aos marcadores
estudo randomizado duplo-cego, observaram que a fluticaso- séricos de inflamação ao final do período run-in e ao final da
na-HFA e sua apresentação associada com salmeterol foram segunda fase34.
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Estudos recentes mostram que o processo inflamatório na de HFA-DPB 640 µg/dia produziu a mesma supressão da
asma ocorre tanto nas grandes quanto nas pequenas vias adrenal que a dose de 672 µg/dia de CFC-DPB, considerada
aéreas, além do remodelamento que acomete estas últi- intermediária 40.
mas9,35. Este remodelamento pode ser o responsável pelo A meta-análise conduzida por Lipworth envolvendo qua-
aumento da resistência das pequenas vias aéreas, mesmo em tro estudos que comparam HFA-DPB com CFC-DPB indica que
pacientes assintomáticos. O significado clínico do envolvi- não há supressão da adrenal clinicamente significante quan-
mento das pequenas vias aéreas na asma, sua contribuição do se usa HFA-DPB em doses menores do que a dose máxima
para um desfecho fatal ou para o rápido declínio da função recomendada por dia (640 µg/dia) 36.
pulmonar é ainda incerto, mas, se comprovado, implicaria O mesmo resultado foi obtido no estudo conduzido por
mais uma vantagem do HFA-DPB, pois essa preparação Pedersen et al., onde 300 crianças de 6 a 11 anos usaram HFA-
atinge mais facilmente as vias aéreas periféricas9,35. DPB e CFC-DPB durante 12 meses, e não foram registradas
diferenças significantes no que diz respeito a taxa de cresci-
mento (p = 0,796), freqüência de crises de asma (p = 0,517),
Eficácia, segurança e tolerabilidade dos fármacos
associados ao HFA infecções do trato respiratório superior (p = 0,335) ou
aumento nos sintomas de asma (p = 0,759) 38.
As características físicas do spray aerossol extrafino HFA-
DPB permitem que a medicação alcance igualmente as gran-
des, médias e pequenas vias aéreas. Essa distribuição da Custo do HFA
medicação possibilita a redução de sua dose nominal quando Um ensaio clínico randomizado multicêntrico realizado
comparada com o CFC-DPB por meio de aerossol pressuriza- com grupos de pacientes dos Estados Unidos, Reino Unido,
do, mantendo uma potência comparável à da fluticasona- Holanda e Bélgica evidenciaram, após 1 ano de estudo, que
CFC. Essa nuvem extrafina de aerossol apresenta, ainda, o custo em dólares do tratamento de manutenção inalatório
outra vantagem: não produz acúmulos tissulares ou séricos por paciente de asma crônica independe do tipo de propelente
quando administrada com intervalos de 12 horas entre as utilizado (CFC ou HFA), com um custo anual estimado de US$
doses. Além disso, mesmo acima da dose máxima diária 225,62 para o grupo HFA-DPB, que foi ligeiramente menor
recomendada (800 µg), parece não provocar efeitos colate- que o grupo CFC-DPB (US$ 321,07). O HFA-DPB apresentou
rais sistêmicos relevantes36. um uma porcentagem de dias sem sintomas maior (42,4%)
Um revisão publicada recentemente na literatura nacional em relação ao grupo CFC-DPB (20%), com um valor de p
acerca da inflamação nas pequenas vias aéreas em asmáti- estatisticamente significativo (p = 0,006). Ao avaliar o custo
cos, por Cruz & Ponte, salienta que a inflamação das pequenas médio de cada dia sem sintomas, o propelente HFA mostrou
vias aéreas pode trazer conseqüências clínicas importantes, ser mais econômico, com um gasto de US$ 1,36 comparado
como remodelamento e obstrução irreversível, sendo neces- a um custo de US$ 1,81 para o grupo CFC-DPB. Por isso, os
sário buscar estratégias para o tratamento da inflamação autores concluíram que o controle da asma crônica com HFA
nessa região do pulmão. O emprego de corticóide inalatório teria um custo menor 41.
por meio de IPDM tendo o HFA como propelente seria uma Também o grupo liderado por Gross, em trabalho multi-
alternativa para tal fim37. cêntrico, randomizado e cego com 347 asmáticos adultos,
A Tabela 1 reúne os principais estudos identificados na verificou que aqueles em tratamento com HFA-DPB, com a
revisão bibliográfica acerca da eficácia dos IPDM tendo como dose de 400 µg, foram controlados da mesma maneira que os
propelente o HFA, e nela são apresentados aspectos relevan- que usaram CFC-DPB a 800 µg, e concluiu, por conseguinte,
tes como autor e país, ano de publicação, droga estudada, que há redução de custos33.
delineamento do estudo, tamanho da amostra e faixa etária. É importante salientar que estudos de custo-efetividade
Os trabalhos relacionados na tabela apresentam elemen- do tratamento em asma são escassos e apresentam metodo-
tos acerca da eficácia dos fármacos associados ao HFA, e logias variadas, sendo que novos estudos devem ser realiza-
verifica-se que a maioria das pesquisas realizadas com o HFA dos, especialmente no Brasil.
emprega o DPB. Alguns estudos avaliam o salbutamol, a
fluticasona, a flunisolida e a associação fluticasona-salmete-
Período de substituição do CFC pelo HFA e
rol. Verifica-se, ainda, a existência de apenas dois estudos divulgação das informações
que avaliaram exclusivamente a faixa etária pediátrica.
Um fato relevante relacionado à necessidade de substitui-
O HFA-DPB foi exaustivamente testado para avaliar sua ção do CFC por HFA foi detectado por Donohoe et al. no Reino
segurança e sua tolerabilidade. Não eram esperados eventos Unido: a falta de informação sobre essa exigência tanto entre
adversos surpreendentes, pois o DPB já vem sendo utilizado pacientes usuários de IPDM quanto entre profissionais de
há mais de 30 anos. Algumas diferenças, no entanto, foram saúde. O estudo evidenciou que 60% dos pacientes entrevis-
observadas devido à menor deposição na orofaringe e maior tados não tinham conhecimento do fato, indicando a neces-
nos pulmões obtida com o HFA39. sidade de divulgação e esclarecimento em larga escala, uma
Sabe-se que os corticosteróides inalatórios, principal- vez que autoridades britânicas acreditam que a troca do
mente em altas doses, podem suprimir o eixo hipotálamo- propelente dos IPDM será a maior alteração na composição de
hipófise-adrenal. A porcentagem média de alterações na medicamentos ocorrida no Reino Unido e poderá resultar em
excreção do cortisol em urina de 24 horas de 43 pacientes instabilidade no controle da asma, que exigirá atenção espe-
asmáticos adultos mostra que a dose máxima recomendada cial dos profissionais de saúde42.
Hidrofluoralcano como propelente de aerossóis – Ibiapina CC et alii Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº6, 2004 445

Tabela 1 - Principais estudos da eficácia dos inaladores com hidrofluoralcano

Autor/País Droga estudada Delineamento Gravidade Tamanho Faixa Conclusão


da asma da amostra etária

Gross et al., Dipropionato de Ensaio clínico Leve e 347 18-65 Eficácia do DPB-HFA similar à do
EUA33 beclometasona controlado moderada DPB-CFC com metade da dose

Farmer et al., Dipropionato de Ensaio clínico Leve e 229 7-12 Eficácia do DPB-HFA
Reino Unido, beclometasona controlado moderada similar à do DPB-CFC
África do Sul, com metade da dose
Sérvia35

Leach et al., Dipropionato de Ensaio clínico Leve 9 18-55 Melhor deposição pulmonar
EUA12 beclometasona controlado do DPB-HFA em relação
ao FP-CFC e DPB-CFC

Fowler et al., Propionato de Ensaio clínico Leve e 18 16-70 Eficácia do FP-HFA similar à do
Reino Unido24 fluticasona controlado moderada FP-CFC com metade da dose

Langley et al., Propionato de Ensaio clínico Leve e 59 21-41 Eficácia da FP-HFA similar
Reino Unido25 fluticasona controlado moderada à da FP em dispositivo de pó

Bousquet & Dipropionato de Ensaio clínico Leve e 1.158 15-44 Doses equivalentes de
Cantini, beclometasona controlado moderada DPB-HFA e DPB-CFC
França32 facilitam a transição

Pedersen et al., Dipropionato de Ensaio clínico Leve 300 5-11 Eficácia do DPB-HFA similar à do
Dinamarca38 beclometasona controlado DPB-CFC com metade da dose

Hauber et al., Flunisolida Ensaio clínico Leve e 12 18-50 Supressão de eosinófilos em


Canadá26 controlado moderada vias centrais e periféricas com
melhora da função pulmonar

Currie et al., Fluticasona- Ensaio clínico Leve 14 32-40 Eficácia similar entre DPB-HFA
Reino Unido29 salmeterol controlado e FLU-HFA com doses iguais

Hartung et al. relatam os resultados de um inquérito no diária menor de corticosteróide. O HFA-DPB é eficaz, bem
qual 100 pacientes foram indagados sobre a mudança dos tolerado e não ocasiona supressão do eixo hipotálamo-
IPDM contendo CFC para inaladores contendo HFA ou para hipófise-adrenal clinicamente significativa nas doses reco-
inaladores de pó. Encontraram boa aceitabilidade dos pacien- mendadas.
tes (96 pacientes), mas alguns preferiram os inaladores de pó É importante aproveitar a transição do CFC para o HFA
(quatro pacientes), ainda que estes apresentem um custo como uma oportunidade para a reavaliação do paciente,
três vezes mais elevado. Finalmente, os autores salientam a levando em conta não só o controle da asma, mas também a
importância dos médicos aproveitarem o período de substitui- qualidade de vida do paciente e a correta utilização da técnica
ção para revisar o tratamento e a técnica inalatória dos inalatória, para aproveitamento ótimo da medicação.
pacientes43. A maioria das pesquisas realizadas com o HFA emprega o
DPB e foi realizada em adultos. Alguns estudos avaliam
Considerações finais
também o salbutamol, a fluticasona, a flunisolida e a associ-
Novas opções terapêuticas disponibilizadas nos últimos ação fluticasona-salmeterol. Torna-se importante a realiza-
anos revolucionaram o tratamento da asma em todas as ção de estudos adicionais avaliando a eficácia e a tolerabili-
idades. Essas novas opções têm em comum a administração dade dos IPDM-HFA em todas as idades e com os demais
pela via inalatória, que permite a otimização da relação fármacos que vinham sendo administrados em associação
eficácia/tolerabilidade no tratamento da asma. As alternati- com o CFC, tais como budesonida, formoterol, brometo de
vas mais empregadas na administração inalatória de fárma- ipratrópio e fenoterol. Os estudos com HFA-DPB podem ser
cos são os inaladores de pó e os IPDM. considerados suficientes para a avaliação da tolerabilidade do
A exigência da troca de propelentes dos IPDM impulsi- HFA como propelente, mas não se pode extrapolar com
onou a busca de novas terapias para a asma. Os IPDM segurança as informações obtidas nesses estudos com rela-
contendo CFC-DPB resultam em deposição da droga princi- ção às vantagens farmacocinéticas identificadas, posto que
palmente na orofaringe e levam, por conseguinte, a uma elas estão relacionadas especificamente com as característi-
indesejável absorção oral, mas não alcançam adequada- cas físicas das partículas obtidas nos aerossóis de HFA-DPB.
mente a inflamação das vias aéreas distais. O HFA-DPB No Brasil, as apresentações fluticasona-HFA e fluticasona-
promove maior deposição pulmonar, ainda que a técnica salmeterol-HFA já estão disponibilizadas no comércio. Toda-
inalatória não seja a ideal, o que permite o uso de uma dose via, é importante considerar a escassez de dados na literatura
446 Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº6, 2004 Hidrofluoralcano como propelente de aerossóis – Ibiapina CC et alii

acerca do uso do HFA na faixa etária pediátrica, sendo, pois, 23. Craig-McFeely PM, Wilton LV, Soriano JB, Maier WC, Shakir SAW.
Prospective observational cohort safety study to monitor the
desejável que fossem conduzidos estudos controlados adi- introduction of a non-CFC formulation of salbutamol with HFA 134a
cionais em crianças e adolescentes. in England. Int J Clin Pharmacolol Ther. 2003;41:67-76.
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25. Langley SJ, Holden J, Derham A, Hedgeland P, Sharma RK,
Os autores agradecem a Frederico G. Rocha, Gabriela A. Woodcock A. Fluticasone propionate via the diskhaler or
Costa e Paula C. A. Silva, estudantes da Faculdade de hydrofluoroalkane-134a metered-dose inhaler on methacoline-
induced airway yyperresponsiveness. Chest. 2002;122:806-11.
Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, pela sua
26. Hauber H, Gotfried M, Newman K, Danda R, Servi RJ,
contribuição na pesquisa bibliográfica que fundamentou a Christodoulopoulos P, et al. Effect of HFA-flunisolide on peripheral
redação deste artigo. lung inflammation in asthma. J Allergy Clin Immunol.
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controlled clinical trial vs the conventional CFC. Respir Med. Fone: (31) 3248.9772 - Fax: (31) 3248.9664
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