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resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou ter uma noção do impacto desta doença sobre a população
gases nocivos1. brasileira, onde o número de internações (SUS) de
A obstrução das vias aéreas dificulta a entrada e indivíduos com mais de 40 anos em 2004 foi de 191.681
saída de ar dos pulmões, prejudicando a ventilação pacientes, onde 34.857 evoluíram a óbito e gerando um
pulmonar, promovendo a retenção de ar nos bronquíolos gasto com as internações (SUS) de 86 milhões de reais.
diagnóstico da doença. Ela se deve, primeiramente, a quando as exposições são suficientemente intensas ou
obstrução fixa das vias aéreas e ao conseqüente aumento prolongadas, as poeiras e produtos químicos ocupacionais
na resistência das mesmas. A destruição de conexões podem causar a DPOC independentemente do tabagismo
alveolares, que inibe a habilidade das pequenas vias e aumentar o risco da doença na presença simultânea do
aéreas de se manterem desobstruídas, desempenha um mesmo. A exposição às matérias minúsculas, irritantes,
papel de menor importância1. poeiras orgânicas e agentes sensibilizadores podem
Na DPOC avançada, a obstrução das vias aéreas, causar um aumento na hiperresponsividade das vias
a destruição parenquimatosa e as anomalias vasculares aéreas, especialmente nas já acometidas por outras
pulmonares reduzem a capacidade do pulmão de realizar exposições ocupacionais, fumaça de cigarro ou asma.
trocas gasosas, produzindo hipoxemia e, mais tarde, - Poluição do ar intra/extra domiciliar: o papel
hipercapnia. A hipertensão pulmonar, que se desenvolve da poluição do ar extra -domiciliar e o aparecimento da
tardiamente no curso da DPOC (estádio III: DPOC DPOC é obscuro, mas parece ser pequeno quando
grave), é a principal complicação cardiovascular da comparado ao tabagismo. A poluição do ar intra-
DPOC e está associada ao desenvolvimento de cor domiciliar proveniente do combustível de biomassa,
pulmonale e a um prognóstico ruim. A prevalência e a utilizado para cozinhar e aquecer residências pouco
historia natural de cor pulmonale na DPOC ainda não arejadas tem sido considerado um fator de risco para o
estão claras1. desenvolvimento da DPOC.
Os fatores de risco da DPOC incluem tanto os - Infecções: uma história de infecção respiratória
fatores do hospedeiro quanto as exposições ambientais grave na infância tem sido associada à função pulmonar
e a doença geralmente surge da interação entre esses reduzida e a sintomas respiratórios aumentados na fase
dois tipos de fatores. O fator do hospedeiro melhor adulta.
documentado é a deficiência hereditária de alfa-1- - Status sócio-econômico: há evidências de que
antitripsina, já citado anteriormente, entretanto, a o risco de desenvolvimento é inversamente proporcional
hiperresponsividade das vias aéreas, que é distúrbio ao status socioeconômico, não estando claro se este
complexo relacionado ao número de fatores genéticos e padrão reflete exposições a poluentes do ar intra e extra-
ambientais e o crescimento pulmonar, este relacionado domiciliar, a aglomerações, a má nutrição ou a outros
aos processos que ocorrem durante a gestação, ao peso fatores1.
ao nascimento e às exposições durante a infância, O estereótipo do portador de DPOC é aquele
também é documentada. Os principais fatores ambientais individuo com idade superior a 40 anos e tabagista por
são a fumaça do tabaco, como descrito previamente, a longa data, que apresenta os seguintes sintomas
exposição excessiva às poeiras e produtos químicos respiratórios5:
ocupacionais, a poluição do ar intra/extra domiciliar, - Tosse: geralmente produtiva, com expectoração
infecções e o status socioeconômico1. mucóide, eventualmente purulenta, de pequena a
Dentre as exposições citadas acima, descrevemos: moderada quantidade, de duração prolongada de dias a
- Fumaça do tabaco: os fumantes de cigarro meses, e apresentando-se com intensidade variada ao
possuem uma maior prevalência de anomalias longo do tempo.
relacionadas à função pulmonar e de sintomas - Dispnéia: apresenta-se inicialmente aos grandes
respiratórios, uma maior taxa anual de declínio em VEF1 esforços, podendo progredir com o evoluir da doença, ao
e taxas mais elevadas de morte por DPOC do que os longo de anos, até aos mínimos esforços.
não fumantes. Os fumantes de cachimbo e de charuto - Sibilância: é relatada em intensidade variável,
possuem taxas mais elevada de morbidade e mortalidade pode estar ausente em alguns pacientes.
por DPOC do que os não fumantes, embora suas taxas O diagnóstico da DPOC deve ser levado em
sejam mais baixas quando comparadas àquelas de consideração em qualquer paciente que apresente
fumantes de cigarro1,5,10. A exposição passiva a fumaça sintomas de tosse, produção de expectoração ou dispnéia
de cigarro também pode contribuir para sintomas e/ou uma história de exposição aos fatores de risco da
respiratórios e para a DPOC, mediante o aumento do doença, onde a confirmação se dá pelo exame da
impacto total de partículas e gases inalados pelos espirometria1. A espirometria nos permite assegurar a
pulmões. O tabagismo durante a gravidez também pode existência de limitação ao fluxo aéreo, fator considerado
apresentar risco ao feto, prejudicando o crescimento como indispensável na definição de DPOC, mediante
pulmonar e desenvolvimento no útero e possivelmente o análise dos volumes pulmonares. Ela auxilia ainda na
amadurecimento do sistema imunológico. condução dos pacientes ao permitir estadiá-los de acordo
- Poeiras e produtos químicos ocupacionais: com a gravidade da obstrução, e seguir condutas