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Revista Gatilho, Juiz de Fora, v. 22, n. 1, p.

103-120, 2022

Subjetividade e causalidade: o uso de conectivos causais em textos


dissertativo-argumentativos

Bruna Luisa Pereira Alves1


Igor Amaral Vitral Hollerbach Athayde2
Lucas Gabriel Ferreira Tavares3
Pamella Pinheiro Barcelos4

RESUMO

Neste trabalho, perscrutamos os efeitos de sentido produzidos pelo uso dos conectivos
causais “portanto”, “por isso” e “consequentemente” em dissertações argumentativas
redigidas no contexto do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Ancorados em
estudos desenvolvidos por Ferrari (2015; 2019) sobre o uso de conectivos causais no
português brasileiro, examinamos a perspectivação conceptual construída nos
enunciados que compõem nosso corpus, procedendo a uma investigação da emergência
do fenômeno da subjetividade — a inserção que o autor faz de si mesmo na cena
enunciativa descrita — diante das relações de causalidade enunciadas. Dessa maneira,
foi possível compreender as diferenças nos níveis de subjetividade instanciados pelo uso
de cada um dos conectivos analisados. Com esses resultados, pretendemos construir
fundamentos para futuras reflexões sobre o ensino dos recursos coesivos na Educação
Básica. Ademais, esperamos que as reflexões que ora apresentamos forneçam subsídios
para um futuro planejamento de práticas pedagógicas capazes de formar leitores críticos
e falantes/autores conscientes dos efeitos de sentido produzidos por suas escolhas
lexicais.

PALAVRAS-CHAVE: Subjetividade. Conectivos causais. Gramática cognitiva.


Dissertação argumentativa. Ensino.

1
Graduanda em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e-mail:
blpalves@sga.pucminas.br.
2
Graduando em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e-mail:
igor.athayde@sga.pucminas.br.
3
Graduando em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e-mail:
lgftavares@sga.pucminas.br.
4
Graduanda em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e-mail:
pamella.barcelos@sga.pucminas.br.
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1. COESÃO TEXTUAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: ENSINANDO A


SEMÂNTICA DOS CONECTIVOS CAUSAIS

O Eixo da Análise Linguística — um dos eixos estruturantes do componente


curricular de Língua Portuguesa da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) —
envolve uma série de competências e habilidades relacionadas à análise e avaliação
consciente das formas de composição de textos orais e escritos. Sobre isso, o documento
esclarece que,

no que diz respeito à linguagem verbal oral e escrita, as formas de


composição dos textos dizem respeito à coesão, coerência e organização da
progressão temática dos textos, influenciadas pela organização típica (forma
de composição) do gênero em questão. (BRASIL, 2018, p. 76 - grifos
nossos)

Evidencia-se, no trecho destacado, que a BNCC atribui relevância ao tema da


coesão textual, que se mostra recorrente na seção dedicada ao componente curricular de
Língua Portuguesa. Esse tema, tão presente na formação dos jovens, ao longo de toda a
Educação Básica, também adquire relevância no exame que avalia o desempenho
escolar dos alunos, ao término dessa trajetória: o Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM).
A Matriz de Referência5 do ENEM concernente à prova de Linguagens, Códigos
e suas Tecnologias identifica, como um dos objetos de conhecimento avaliados, o

estudo dos aspectos linguísticos da língua portuguesa: usos da língua: norma


culta e variação linguística - uso dos recursos linguísticos em relação ao
contexto em que o texto é constituído: elementos de referência pessoal,
temporal, espacial, registro linguístico, grau de formalidade, seleção lexical,
tempos e modos verbais; uso dos recursos linguísticos em processo de
coesão textual: elementos de articulação das sequências dos textos ou à
construção da microestrutura do texto. (BRASIL, 2015. p. 15 - grifos nossos)

Mais uma vez, explicita-se a importância do tema da coesão textual,


especificamente dos mecanismos linguísticos que a promovem. Esse tema também se

5
Documento disponibilizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Disponível em: <portal.inep.gov.br/matriz-de-referencia> Acesso em: 28 de maio de 2021
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faz presente na prova de redação do ENEM, na qual, dentre as cinco competências


avaliadas, uma é dedicada a ele.

O portal do Ministério da Educação e Cultura (MEC) informa que a


Competência IV — referente ao “conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação” —avalia

itens relacionados à estruturação lógica e formal entre as partes da redação.


A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre
si uma relação que garanta uma sequência coerente do texto e a
interdependência entre as ideias. Preposições, conjunções, advérbios e
locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto porque
estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Cada
parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados. Cada
ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores. (Ministério da
Educação e Cultura, 2019. Acesso em: 28 de maio de 2021)

Diante do exposto, compreendemos que o notório reconhecimento institucional


da necessidade de se dedicar, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, ao estudo
dos elementos coesivos, procede do valor destes para o letramento e para a formação de
falantes/autores conscientes dos efeitos de sentido provocados pelas escolhas lexicais
em seus textos.
Nesse contexto, salta aos olhos a importância de se pensar as práticas
pedagógicas voltadas para o ensino dos recursos coesivos — uma porta que se abre para
trabalhos futuros, a partir das análises apresentadas neste artigo. Voltando o olhar da
academia para o contexto da Educação Básica, é possível encontrar caminhos e
possibilidades para uma formação de jovens críticos, conscientes de suas escolhas
lexicais e da leitura de mundo que antecede a leitura da palavra.
No entanto, apesar de todo o reconhecimento da relevância do tema,
consideramos que a abordagem do valor semântico dos conectivos — recursos
geradores de coesão textual — na Educação Básica é ainda insuficiente, pois, muitas
vezes, não considera as sutilezas que diferenciam os efeitos de sentido produzidos por
conectivos de um mesmo tipo – causais, aditivos, contrastivos, explicativos, dentre
muitos outros. Por outro lado, dentro dos muros das universidades, estudos de muita
seriedade e importância têm contribuído para uma compreensão cada vez mais ampla
desses elementos coesivos.

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Diante dessa disparidade, pretendemos, neste artigo, trazer ao contexto da


Educação Básica alguns estudos que vêm ganhando espaço nas universidades, mas que,
até o momento, não têm refletido em novas formas de se ensinar o uso dos conectivos.
Para isso, apresentamos a análise de um corpus constituído por redações produzidas no
contexto do ENEM, feita a partir de pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva, à
luz de estudos desenvolvidos por Lilian Ferrari (2015; 2019).
Nessas análises, buscamos mapear a presença dos conectivos causais “portanto”,
“por isso” e “consequentemente” como elementos coesivos nas redações que compõem
nosso corpus, investigando o valor argumentativo desses conectivos — como eles
direcionam a um determinado posicionamento nessas redações, como contribuem para a
construção do sentido do texto, para além do nível da frase (sentença). A partir disso, foi
possível identificar os processos cognitivos subjacentes ao uso desses conectivos para
compreender o nível de subjetividade com que o autor se inscreve em seu enunciado, a
partir da estruturação semântica da experiência corporificada desse autor, evidenciada
em processos de perspectivação conceptual.
Esta pesquisa justifica-se, portanto, pela importância — reconhecida
institucionalmente, inclusive — do estudo das sutilezas semânticas dos conectivos
causais, bem como pela necessidade de se fornecer subsídios teóricos para futuras
reflexões sobre o ensino desses conectivos. Dessa maneira, almejamos construir análises
que possam, futuramente, parametrizar a criação de novas práticas pedagógicas ou o
aprimoramento das já existentes no âmbito da Educação Básica.

2. CAUSALIDADE E EFEITOS DE SENTIDO: A CONTRIBUIÇÃO DA


LINGUÍSTICA COGNITIVA

Em um estudo embasado na Teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER,


2002) e nas noções de subjetividade e de objetividade (LANGACKER, 1990), Sanders
et al. (2009 apud FERRARI, 2015) analisam os processos cognitivos subjacentes ao uso
de conectivos causais do Holandês. Ancorada nessa proposta, Lilian Ferrari (2015;2019)
investiga os usos dos conectivos “portanto”, “por isso” e “consequentemente”. Para tal,
a autora descreve a construção de nexos causais, a partir da perspectivação conceptual
materializada em enunciados nos quais esses itens ocorrem. Em nossa pesquisa,
utilizaremos desse arcabouço teórico com vistas a compreender os efeitos de sentido
que emergem no uso desses elementos coesivos em textos dissertativo-argumentativos,
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assim como buscaremos compreender como o estudo desses conectores causais, numa
dimensão cognitiva, pode elucidar e contribuir para o planejamento de práticas
pedagógicas que se voltem para o ensino desses recursos gramaticais na construção dos
textos.

2.1 CONSTRUAL E COGNIÇÃO CORPORIFICADA

A concepção corporificada da mente humana tem ganhado destaque no campo


das ciências cognitivas. Muitos estudiosos têm compreendido a cognição como o
resultado da interação entre nossos corpos em movimento e o mundo que nos cerca
(JOHNSON, 1990). De acordo com Gonçalves-Segundo (2017, p.73), essa abordagem
integra as dimensões biológica, psicológica e sociocultural do ser humano, valorizando
o estudo da ação em contextos reais, de onde emerge a linguagem como uma atividade
humana simbólica e interacional. Assim sendo, segundo o autor, torna-se central a
noção de experiência, compreendida como a apreensão humana de algum aspecto do
mundo real. A experiência envolve:

a atividade dinâmica de funções corpóreas de caráter bioquímico,


neurológico e sensório-motor que emergem na interação do corpo vivo com
o mundo físico e material, social e cultural. Dessa complexa relação,
emergem padrões de ação corporeada que criam, mantêm e sustentam o
conhecimento e a capacidade de significação do ser humano.
(GONÇALVES-SEGUNDO, 2017, p.73)

A partir da experiência do sujeito que interage com seu interlocutor, em


atividades linguageiras situadas em um tempo/espaço, ocorre o processo cognitivo
dinâmico envolvido na produção de sentidos, ao qual Gonçalves-Segundo (2017, p.74)
chama conceptualização. Nos enunciados, que surgem em situações reais de
comunicação, organiza-se a experiência subjetiva do falante, que pode ser apreendida na
materialidade do texto. A operação de estruturação semântica da experiência, que pode
ser percebida nesses enunciados, é o que Gonçalves-Segundo (Ibid. p. 74) chama de
perspectivação conceptual (construal). Algumas características do processo de
conceptualização e da perspectivação conceptual podem ser elegantemente descritas a
partir da Teoria dos Espaços Mentais, recuperada por Sanders et al. (2009 apud
FERRARI, 2015) para analisar os nexos causais estabelecidos por conectivos do
Holandês.
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2.2 TEORIA DOS ESPAÇOS MENTAIS

A Teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER, 1984 apud FERRARI, 2011)


propõe que, à medida que o discurso se desenvolve, o falante/ouvinte cria espaços
mentais. Esses espaços são domínios conceptuais que abarcam representações de
elementos de cenários percebidos, imaginados ou lembrados. Ferrari (2011) explica que
a situação comunicativa imediata (os interlocutores situados em um determinado lugar e
em um determinado momento) compõe o espaço semiótico BASE — ou Ground,
conforme proposto por Langacker (1990, apud FERRARI, 2015) —, a partir do qual são
criados outros espaços “para alocar informações que extrapolam o contexto imediato:
falamos de passado e do futuro, de lugares distantes, de hipóteses, de arte e literatura e
também de cenários que só existem em nossa imaginação.” (FERRARI, 2011. p. 109).
Para analisar os processos subjacentes ao uso dos conectivos causais, Ferrari
(2015) retoma o trabalho de Sanders et al. (2009), que reestruturam o conceito de
Groundproposto por Langacker (1990). Os autores tratam da chamada Rede de Espaços
Comunicativos Básicos (Basic CommunicativeSpaces Network), que se subdivide em
Espaço de Ato de Fala, Espaço Epistêmico e Espaço de Conteúdo. O primeiro se refere
ao tipo de situação comunicativa em curso, o segundo aos estados mentais do falante e,
o último, por sua vez, refere-se aos conteúdos expressos pelo falante. O Espaço de
Conteúdo ainda se subdivide em dois outros, o Espaço de Conteúdo Volitivo e o Espaço
de Conteúdo Não-Volitivo. Ferrari (2015) explica:

Espaço de Ato de Fala – o espaço referente ao tipo de situação comunicativa


em curso e atos de fala associados (por ex. pedido, ordem, oferta, etc.).
Espaço Epistêmico – o espaço referente aos estados mentais do falante (por
ex. conclusões, resultados de raciocínio, etc.).
Espaço de Conteúdo – o espaço referente aos conteúdos expressos pelo
falante (aquilo de que se fala). (FERRARI, 2015. p. 113)

Ferrari (2015, p. 113-114) ainda define que o Espaço de Conteúdo Volitivo é


aquele em que se inscrevem “relações causais associadas a ações volitivas de um
participante de terceira pessoa”. Já o Espaço de Conteúdo Não-Volitivo expressa
“relações causais entre eventos do mundo”.
Ao construir relações de causalidade, o falante referencia elementos percebidos,
imaginados ou lembrados, instanciando-os em espaços mentais que se estabelecem e
que podem ser descritos conforme o modelo acima. Essas relações de causalidade,
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conforme percebidas pelo sujeito que enuncia, podem ou não possuir um Sujeito de
Consciência (SdC), que as protagoniza e define o grau de subjetividade do enunciado.
Aqui é importante ressaltar que o SdC é uma categoria relativa à perspectivação
conceptual manifesta nos enunciados, não se confundindo com o sujeito empírico que
enuncia. Não se pode ignorar que, para cada enunciado, há um sujeito que o produz,
sempre consciente - em certa medida - das relações nele expressas. Ao projetar a si
mesmo em seu enunciado, entretanto, o sujeito pode produzir, em maior ou menor grau,
uma aproximação ou distanciamento daquilo que é referenciado, processo que aqui
compreendemos a partir da categoria de SdC — um sujeito discursivamente projetado,
que se posiciona em relação ao dito. Esse posicionamento define um grau de
subjetividade que, embora não se possa mensurar com exatidão, pode ser apreendido
nos efeitos de sentidos produzidos pela estruturação semântica da experiência do
falante.
Assim sendo, articulando as noções de SdC e de Rede de Espaços
Comunicativos Básicos (FERRARI, 2015), é possível proceder a uma comparação do
grau de subjetividade expresso pelo uso de determinados conectivos.

2.3 SUBJETIVIDADE E CAUSALIDADE

De acordo com Ferrari (2015, p. 113), o conceito de subjetividade, em


Langacker (1990) baseia-se na operação de construal, pois trata da forma como o
falante constrói cognitivamente a cena descrita. A autora explica:

uma entidade é maximamente objetiva quando é perfilada ou, em uma


metáfora usada pelo autor [referindo-se a Langacker (1990)], se encontra
onstage; é o foco da atenção do conceptualizador. Proporcionalmente, uma
entidade é maximamente subjetiva quando não é perfilada e, portanto, se
encontra offstage, embora tenha um papel na experiência perceptual ou
conceptual, fazendo parte do Ground (que é constituído por falante, ouvinte,
local e momento em que a interação conversacional ocorre). Dessa forma,
tempos verbais refletem certo grau de subjetividade, pois o falante utiliza o
Ground (mais especificamente, o seu momento de fala) como base implícita
de referência para passado, futuro e outros deslocamentos promovidos pelos
tempos verbais. (FERRARI, 2015. p. 113)

Sanders et al. (2009 apud FERRARI, 2015) retomam essa noção de


subjetividade/objetividade para uma análise dos conectivos causais do Holandês. Os
autores mostram que é possível analisar o uso desses conectivos avaliando o grau de

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subjetividade, que aumenta conforme a proximidade entre o falante e o Sujeito de


Consciência (SdC) - protagonista da relação causal enunciada.

2.4 A ANÁLISE DOS CONECTIVOS PORTANTO, POR ISSO E


CONSEQUENTEMENTE

Para proceder a uma análise dos conectivos do português, Ferrari (2015) segue o
exemplo de Sanders et al. (2009), avaliando os nexos causais instanciados em uma Rede
de Espaços Comunicativos Básicos. A autora ilustra essa análise no seguinte diagrama:

Figura 1: Rede de Espaços Comunicativos Básicos


(Basic Communicative Spaces Network)

Fonte: (FERRARI, 2015. p. 114)

A parte inferior desse diagrama representa uma base de conhecimentos, a


“conceptualização geral do mundo por parte do falante” (FERRARI, 2015. p 114). A
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partir dessa base, são compreendidas as relações de causalidade entre dois elementos
quaisquer (representados no diagrama pelas letras P e Q). Essas relações, por sua vez,
são explicitadas a nível linguístico (representado na parte superior do diagrama). A
autora ressalta:

É importante notar que o diagrama distingue verticalmente as situações em


que há um Sujeito de Consciência (SdC) explícito (Espaço de Conteúdo) e
SdC implícito (Centro Dêitico de Comunicação, onde o falante está
presente). Quando uma relação causal criada por um conectivo é enunciada,
pode ser interpretada no Espaço de Ato de Fala, no Espaço Epistêmico ou no
Espaço de Conteúdo. (FERRARI, 2015. p. 114)

Ou seja, uma determinada relação de causalidade criada por um conectivo pode


ser representada no diagrama a partir da existência e do grau de explicitude do SdC
(protagonista dessa relação), bem como da proximidade entre esse SdC e o
falante/autor. Essa proximidade será maior quando a relação for instanciada em um
Espaço Epistêmico, inscrito no Centro Dêitico de Comunicação, e menor quando for
instanciada em um Espaço de Conteúdo, Volitivo ou Não-volitivo. Portanto, reiteramos
que, quanto maior essa proximidade for, maior será o grau de subjetividade do
enunciado.
Isso posto, a autora demonstra que os conectivos “portanto”, “por isso” e
“consequentemente” se distribuem ao longo de uma escala de subjetividade, sendo
“portanto” o mais subjetivo, uma vez que estabelece relações de causalidade em um
Espaço Epistêmico, em que o Sujeito de Consciência (SdC) coincide com o
falante/autor. Por sua vez, “consequentemente”, situado no polo menos subjetivo dessa
escala, instancia a relação de causalidade em um Espaço de Conteúdo Não Volitivo, em
que não há um SdC, representando uma relação que independe do sujeito e provocando
o distanciamento do falante/autor. Por fim, Ferrari evidencia que o conectivo “por isso”
apresenta grau intermediário de subjetividade, “construindo relações causais no Espaço
de Conteúdo Volitivo, sob a perspectiva de um participante de terceira pessoa”
(FERRARI, 2015. p. 124). Isso fica claro ao observarmos as frases a seguir:

a) As luzes dos vizinhos estão apagadas, PORTANTO eles não estão em casa
b) Foi um dia quente, POR ISSO Lucas foi nadar
c) O sol estava brilhando, CONSEQUENTEMENTE a temperatura subiu

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Aplicando esses pressupostos a suas análises de um corpus jornalístico escrito,


Ferrari (2015, p. 116) sustenta suas três hipóteses:

(i) portanto sinaliza prototipicamente uma conclusão do falante; (ii) por isso
evidencia a causa da ação volitiva de um participante da cena descrita; (iii)
consequentemente apresenta a relação causal como algo independente de
processos volitivos ou epistêmicos. (FERRARI, 2015, p. 116)

Ancorados nessas análises, utilizando o referencial que aqui expusemos,


investigaremos a ocorrência dos três conectivos (portanto, por isso e consequentemente)
em textos dissertativo-argumentativos escritos por participantes do ENEM, buscando
compreender os efeitos de sentido produzidos por eles.

3. METODOLOGIA

As análises apresentadas neste artigo são fruto de uma pesquisa de caráter


exploratório, que teve como principal finalidade a consolidação de conhecimentos a
respeito dos processos cognitivos subjacentes ao uso dos conectivos analisados. Além
disso, pretendemos, a partir de nossas análises, construir reflexões que permitam
encontrar novos caminhos para a elaboração de práticas pedagógicas voltadas para o
ensino de elementos coesivos. Em última análise, pretendemos fornecer subsídios para
futuros trabalhos que levem ao contexto da Educação Básica os estudos que vêm
ganhando cada vez mais espaço nas universidades, mas que, até o momento, não têm
refletido em novas formas de se ensinar os conectivos, possibilitando a formação de
leitores mais críticos e falantes/autores mais conscientes de seus usos.
Quanto aos procedimentos técnicos, este trabalho classifica-se como uma
pesquisa documental, uma vez que nele analisamos um corpus constituído de trinta e
quatro (34) redações produzidas por participantes do ENEM, nas edições dos anos de
2016 a 2019. Essas redaçõesforam coletadas nas Cartilhas do Participante —
disponibilizadas anualmente no site do Inep antes de cada edição — e nos Manuais dos
Corretores, também disponibilizados no site da instituição. Como esses materiais
apresentam redações de participantes das edições imediatamente anteriores, utilizamos
as cartilhas e manuais dos anos de 2017 a 2020. Selecionamos para nossa análise
aquelas redações contempladas com nota máxima (200) na Competência IV, que avalia
o conhecimento do participante sobre os mecanismos linguísticos necessários para a

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construção da argumentação, sobretudo o uso dos elementos coesivos. Com este recorte,
direcionamos nossa análise aos usos considerados adequados pela banca de avaliadores.
Dessa forma, excluem-se os casos em que se verificam usos inapropriados dos
conectivos “portanto”, “por isso” e consequentemente”, tendo em vista seu valor
semântico de causalidade.
Esses textos foram analisados à luz do referencial teórico supracitado, seguindo
o modelo da análise de textos jornalísticos feita em Ferrari (2015). A partir das análises
feitas, abrimos portas para futuras reflexões sobre o ensino dos recursos coesivos na
Educação Básica e sobre novas possibilidades no preparo de práticas pedagógicas,
contemplando as potencialidades do arcabouço teórico oferecido pela Linguística
Cognitiva na formação de professores.

4. ANÁLISES

Mapeada a ocorrência dos conectivos “portanto”, “por isso” e


“consequentemente” nos textos selecionados, verificamos uma clara predominância de
“portanto” (28 vezes), em contraste com o “consequentemente” (13 vezes) e em
detrimento do “por isso” (apenas 8 vezes). Além disso, o “por isso” foi muitas vezes
empregado em contextos usualmente ocupados pelos demais, produzindo sentidos
normalmente associados a “portanto” e a “consequentemente”. Embora esse uso não
constitua um desvio da norma-padrão, evidencia um desconhecimento dos efeitos
semânticos que esses conectivos costumam produzir.
Para entender como esses efeitos de sentido são construídos nos textos dos
participantes, procedemos a uma análise dos conectivos “portanto” e
“consequentemente”, representando os dois extremos em uma escala de subjetividade.

4.1. PORTANTO

Um dos usos que identificamos para o conectivo “portanto” exerce a função de


articular uma premissa dada pelo autor a um argumento que ele busca sustentar:

Nesse raciocínio, as notícias e acontecimentos que chegam a um indivíduo


exercem forte poder sobre tal, estimulando ou suprimindo sentimentos como
empatia, medo e insegurança. É factual, portanto, que a capacidade de
selecionar – via algoritmos – as reportagens e artigos que serão vistos por
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determinado público constitui uma ameaça à liberdade de pensamento


crítico. (Cartilha do participante, 2019 - grifos nossos)

No excerto acima, verifica-se uma relação de causalidade entre os elementos P e


Q, sendo P a premissa “as notícias e acontecimentos que chegam a um indivíduo
exercem forte poder sobre tal, estimulando ou suprimindo sentimentos como empatia,
medo e insegurança” e Q o argumento “a capacidade de selecionar – via algoritmos – as
reportagens e artigos que serão vistos por determinado público constitui uma ameaça à
liberdade de pensamento crítico.”
Essa relação instancia-se, na Rede de Espaços Comunicativos Básicos, em um
Espaço Epistêmico, estabelecido no centro dêitico de comunicação, em que o Sujeito de
Consciência é o próprio autor, que chega à conclusão Q a partir da premissa P.
Ressaltam-se os estados mentais do autor, que apresenta uma linha de raciocínio,
segundo a qual Q é uma consequência compreendida de P. Observamos que o conectivo
“portanto”, de acordo com Ferrari (2015), é responsável pela instância da causalidade
nesse espaço mental, apresentando um valor elevado de subjetividade.
Entretanto, um outro uso se mostrou mais frequente, quase majoritário. O
“portanto” utilizado para introduzir uma necessidade de intervenção diante de um ou
mais problemas mencionados pelo autor:

Assim, tornam-se progressivamente mais comuns episódios de violência


motivados pela religião, o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a
Constituição de 1988 garante a liberdade de crença das diferentes
manifestações culturais. Portanto, medidas que alterem essa situação devem
ser adotadas. (Cartilha do participante, 2017 - grifos nossos)

Nesse excerto, o conectivo “portanto” articula o problema indicado em P — os


índices crescentes de violência motivada pela intolerância religiosa, em contraste com
os direitos de liberdade de crença garantidos pela Constituição Federal — à necessidade
da adoção de “medidas que alterem essa situação” (Q). Nota-se que a relação de
causalidade entre P e Q é novamente o resultado do raciocínio do autor, que se insere
em seu discurso ao referenciar suas próprias conclusões. Mais uma vez, verificamos a
proximidade entre o autor e o Sujeito de Consciência, produzindo um alto nível de
subjetividade.
Tudo isso se evidencia pela constante ocorrência do conectivo “portanto” na
inserção de propostas de intervenção pelo autor, como é possível ver nos trechos a
seguir:
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“Portanto, para que ocorra a democratização do acesso ao cinema no Brasil, o


Governo, em parceria com ONG’s, deve diminuir [...]” (Manual do Corretor, 2020 -
grifos nossos)

“Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios para a capacitação


educacional dos surdos.” (Cartilha do participante, 2018 - grifos nossos)

“Torna-se evidente, portanto, a complexa situação que envolve a manipulação do


indivíduo com a seleção de dados na rede virtual.” (Cartilha do participante, 2019 -
grifos nossos)

4.2. CONSEQUENTEMENTE

O conectivo “consequentemente” é utilizado, nos textos analisados, sobretudo


para introduzir uma consequência (geralmente negativa) de um problema mencionado
logo anteriormente. Verifica-se isso no excerto abaixo:

Entretanto, no Brasil, há falhas na aplicação do princípio da isonomia no que


tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Consequentemente, a
formação educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise acerca
dos entraves que englobam esta problemática. (Cartilha do participante, 2018
- grifos nossos)

O autor aponta, a partir do problema P (“falhas na aplicação do princípio da


isonomia no que tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva”), a consequência
Q (“a formação educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise acerca dos
entraves que englobam esta problemática”). Fica claro que, na relação entre P e Q, não
há um Sujeito de Consciência, protagonista da causalidade expressa no enunciado. Essa
relação instancia-se, portanto, em um Espaço de Conteúdo Não-Volitivo.
Isso evidencia, como afirma Ferrari (2015), que o conectivo
“consequentemente” apresenta um menor grau de subjetividade, como é possível
confirmar nos dois outros exemplos seguintes:

Dessa maneira, por esse problema não ser visto com importância, as esferas
governamentais são omissas quanto à promoção de conhecimento sobre
coleta de dados e os riscos para conscientizar a população.
Consequentemente, pelo desconhecimento, os indivíduos têm uma falsa
sensação de escolha e autonomia ao utilizar a internet. (Manual do Corretor,
2019 - grifos nossos)

Tal fato somado ao alto valor de ingressos para o cinema faz com que a
lógica de Pierre Lévy de que toda tecnologia gera seus excluídos, seja
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seguida e, desse modo, camadas sociais em menor poder aquisitivo possuam


menor acesso a esse meio de lazer. Consequentemente, esses indivíduos
têm menos contato com um importante meio cultural e de conscientização.
(Manual do Corretor, 2020 - grifos nossos)

4.3 POR ISSO

Por fim, identificamos que o conectivo “por isso” não ocorre em nenhuma das
redações avaliadas com nota mil, disponibilizadas pelo Inep nas Cartilhas do
Participante, mas surge em algumas redações — também contempladas com nota 200
na Competência IV — utilizadas como exemplo nos Manuais do Corretor. Mesmo
assim, o “por isso” é preterido em relação a outros conectivos causais, sendo muito
pouco frequente, mesmo nos textos encontrados nos Manuais do Corretor. Essa
ausência justifica-se pela falta do conteúdo volitivo nos textos que compõem o corpus
analisado, nos quais predominam conteúdos instanciados em um Espaço Epistêmico ou
em um Espaço de Conteúdo Não-volitivo, sem um Sujeito de Consciência explícito. Por
outro lado, esse dado também pode significar uma preferência por parte dos autores, em
textos do gênero dissertativo-argumentativo, conforme exigido no ENEM, por outros
conectivos causais, menos associados à oralidade.
Por se tratar de um gênero artificial, realizado em condições de produção muito
específicas, a escolha lexical é influenciada, sobretudo, pela compreensão que os
autores constroem sobre o gênero ao longo de sua formação. Nesse sentido, o uso de
determinado conectivo pode ser inibido, mesmo nos contextos em que seria o mais
adequado. Por outro lado, a reflexão insuficiente sobre o valor semântico dos elementos
coesivos usados pode levar o autor a trocar conectivos que, em um uso espontâneo, não
tendem a ser intercambiáveis. Observamos isso no uso do conectivo “por isso”,
empregado em contextos normalmente ocupados pelo “consequentemente” ou pelo
“portanto”. Em nosso corpus, esse uso ocorre apenas em redações que não foram
avaliadas com nota mil e que apresentam, via de regra, outros problemas de escolha
lexical. Verificamos isso nos dois exemplos a seguir.

De acordo com os dados apresentados pelo site “meioeimagem.com”, apenas


17% da sociedade brasileira consegue acessar os cinemas. Por isso, é preciso
promover uma melhoria. (Manual do Corretor, 2020 - grifos nossos)

Nesse sentido, a naturalização das circunstâncias ruins impede que elas


sejam vistas como um problema e, por isso, dificulta a resolução de
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intempéries que afetam parte da população. (Manual do Corretor, 2020 -


grifos nossos).

No primeiro exemplo, o conectivo “por isso” é utilizado para relacionar um


problema — a não democratização do acesso aos cinemas no Brasil — à afirmação da
necessidade de uma intervenção. Por se tratar de uma conclusão do falante, Sujeito de
Consciência da relação de causalidade, seria de se esperar o uso do conectivo
“portanto”, anunciando uma causalidade instanciada em um Espaço Epistêmico.
Embora o “por isso” não seja o recurso coesivo esperado nesse contexto, seu uso não foi
considerado uma inadequação nos Manuais do Corretor, pois expressa um sentido de
causalidade, mesmo podendo provocar algum estranhamento.
No segundo exemplo, por sua vez, o conectivo “por isso” é usado para indicar
uma consequência de um problema — a banalização de certas circunstâncias. Por
introduzir um desdobramento da primeira premissa, a relação de causalidade indicada
pelo conectivo “por isso” não possui um Sujeito de Consciência, instanciando-se em um
Espaço de Conteúdo Não-volitivo. Portanto, o recurso coesivo esperado seria o
“consequentemente”, e não o “por isso”. Novamente, esse uso não foi compreendido
nos manuais como uma inadequação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, apresentamos uma análise do uso dos conectivos “portanto”, “por
isso” e “consequentemente” no contexto de redações produzidas para o ENEM,
tomando como embasamento teórico os estudos desenvolvidos por Lilian Ferrari (2015;
2019), no campo da Linguística Cognitiva, a partir da Teoria dos Espaços Mentais e das
noções de Perspectivação Conceptual (Construal) e de Rede de Espaços Comunicativos
Básicos.
A partir dos dados retirados do corpus analisado, observamos — além de um uso
predominante do “portanto” e do “consequentemente”, em detrimento do “por isso” —
um emprego deste último em contextos normalmente ocupados pelos demais,
instanciando relações de causalidade em um Espaço Epistêmico ou em um Espaço de
Conteúdo Não-volitivo. Apesar de não configurar um desvio da norma-padrão, esse uso
pode indicar um desconhecimento, por parte dos autores, dos efeitos de sentido
geralmente produzidos por esses conectivos, o que sustenta a importância do estudo dos

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processos cognitivos subjacentes ao uso desses conectivos para o planejamento de


práticas pedagógicas voltadas para o ensino dos mecanismos de coesão textual.
De maneira geral, aqui buscamos explorar os efeitos de sentido produzidos pelo
uso dos conectivos causais em redações do ENEM, com o intuito de consolidar um
conjunto de conhecimentos que subsidiem futuras aplicações do trabalho acadêmico no
contexto da Educação Básica. Desse modo, deixamos uma contribuição para o futuro
aprimoramento das práticas pedagógicas voltadas ao ensino e à aprendizagem dos
recursos coesivos, que permitam a formação de leitores/autores conscientes das
sutilezas semânticas das escolhas lexicais presentes nos textos lidos e produzidos por
eles.

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Subjectivity and causality: the use of causal connectives in dissertative-


argumentative texts

ABSTRACT:

In this work, we investigate the meaning effects produced by the use of causal
connectives “portanto”, “porisso” and “consequentemente” in argumentative
dissertations written in the context of the Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Anchored in studies developed by Ferrari (2015; 2019) on the use of causal connectives
in Brazilian Portuguese, we examine the construal built in the texts that compose our
corpus, proceeding to an investigation of the emergence of the phenomenon of
subjectivity - the insertion that the author makes of himself in the enunciative scene
described - in front of the uttered causality relations. In this way, it was possible to
understand the differences in the levels of subjectivity instantiated by the use of each of
the analyzed connectives. With these results, we intend to provide the foundations for
future reflections on the teaching of cohesive resources in basic education, aiming at
planning pedagogical practices capable of educating critical readers and
speakers/authors aware of their lexical choices.

KEYWORDS: Subjectivity. Causal connectives. Cognitive grammar.


Argumentativedissertation. Teaching.

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REFERÊNCIAS:

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