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Questões AV1
1.No cargo de Secretário Particular de D. João V (Rei de Portugal de 1706 até 1750) e diante da tarefa
central de negociar com o Império espanhol os termos do Tratado de Madri (1750), Alexandre de
Gusmão (Santos, 1695 – Lisboa, 31 de dezembro de 1753) formulou dois princípios estratégicos
extremamente importantes para fundamentar este compromisso ou Acordo: o uti possidetis e o das
fronteiras naturais. Com base na pesquisa de Synesio Sampaio Goes Filho no capítulo 9, “O Tratado de
Madri e Alexandre Gusmão” (GOES FILHO, Synesio Sampaio. Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas:
um ensaio sobre a formação das fronteiras do Brasil, SP, Martins Fontes, 1999) explique o modo como
Alexandre de Gusmão articulou estes dois princípios no processo de negociação do Tratado de Madri
para obter a extensão das fronteiras do Império português na América do Sul muito além da linha de
Tordesilhas que foi incorporada posteriormente ao território do Brasil.
2. José Bonifácio de Andrada e Silva foi nomeado pelo príncipe regente D. Pedro em janeiro de 1922,
ministro dos Negócios do Reino e dos Estrangeiros, reunindo as funções de primeiro ministro e chefe do
governo. Neste cargo foi responsável por conduzir a primeira fase de negociações diplomáticas
internacionais para o reconhecimento da independência do Brasil. Com base no estudo de Rubens
Ricupero, “Brasil no Mundo”, Parte 3, in: RICUPERO, Rubens. SCHWARCZ, Lilia Moritz (Dir.)
História do Brasil Nação: 1808-2010, Coedição Madrid, Fundación Mapfre e, RJ, Ed. Objetiva, vol. 1,
Crise Colonial e Independência 1808-1830, COSTA E SILVA, Alberto da (Coord.), 2011, pp. 115-195 e,
também, na “Introdução” de Jorge Caldeira in: CALDEIRA, Jorge. José Bonifácio de Andrada e Silva.
Org./introd. Jorge Caldeira, SP, Ed.34, 2002, analise o pensamento e a linha de atuação
político-diplomática de José Bonifácio durante os 18 meses iniciais a partir de 1922 em que esteve a
frente do processo do reconhecimento da independência do Brasil.
● O Congresso do Panamá foi a iniciativa mais ousada de integração interamericana do século XIX.
● Símom Bolívar e seus esforços políticos foram os principais responsáveis pela realização no
congresso, apesar da sua ideia inicial incluir apenas os países de colonização espanhola.
● A escolha do Panamá era estratégica por ser o território das grandes organizações nativas da
antiguidade - associação com o iluminismo que tenta recuperar esses valores.
● Assim que eleito como presidente da Grã-colômbia, Bolívar enviou representantes aos demais
países americanos - desejava formar as bases de uma futura confederação.
● Bolívar procurou avançar seus projetos assinando tratados com o Peru (1882), com o México
(18823), o Chile (1823) e com a República Centro-Americana (1825). Apenas as Províncias do
Prata não se interessaram na iniciativa bolivariana.
● A ameaça da união das antigas colônias na América despertou alarde e resistência por parte dos
países europeus.
● A conferência foi adiada devido a conflitos internos e externos enfrentados pelo governo
bolivariano (incidente de Chiquitos, disputa territorial no Mato Grosso). - Bolívar temia que um
conflito local na região poderia dar um motivo de intervenção à Santa Aliança contra as suas
perspectivas integracionistas. O conflito teve fim com a retirada das tropas do governo do Mato
Grosso do território ocupado devido à desaprovação do império.
● Por causa de Chiquitos, os diálogos entre Bolívar e o império brasileiro se intensificaram, levando
o Brasil a ser convidado para participar do Congresso. Para representar o imperador no Congresso
do Panamá foi escolhido Teodoro José Biancardi, mas ele nunca chegou à conferência pois
receber ordens de retornar. O Império justificou a ausência por motivos pessoais, sendo que o
governo não confiava que o encontro não teria uma motivação republicana e contra-brasileira,
além das dificuldades de se chegar ao Panamá do Rio de Janeiro. Alguns teóricos (como
Seckinger) dizem que nunca houve uma real intenção de enviar um representante ao Congresso e
tudo não passou de um gesto simbólico de cooperação.
● O Congresso do Panamá aconteceu em 1826. Compareceram representantes da Grã-Colômbia, da
América Central, do Peru e do México e a Grã-Bretanha e Holanda enviar representantes que
assistiram como observadores. Chile e Províncias Unidas nem enviaram representantes.
● Houveram tentativas de fazer do encontro algo periódico, porém falharam e a iniciativa foi
abandonada em 1828.
● A não participação do Brasil do Congresso do Panamá evitou uma outra discussão, além do seu
governo ainda monárquico regido por um rei português RAZÃO ESTRUTURAL, a questão da
escravidão. A abolição do tráfico e da escravidão eram instruções de Bolívar para a participação
na conferência, considerando o comércio de escravos pirataria. Apesar do Império já ter um
comprometimento com a Inglaterra de cessar o comércio e aquisição de escravos, a realidade
passava longe desse cenário, não sendo de interesse nacional criar mais uma fonte de pressão
nesse assunto.
● As demais causas do Congresso também não despertavam o interesse do Império. O Brasil via
maior ameaça nos seus vizinhos republicanos do que na Europa, com que o Império tentava se
aproximar.
● O conflito com as Províncias Unidas sobre a região da Cisplatina era outro motivo para recear
participar do Congresso. Temia-se a possibilidade de Buenos Aires aproveitar a ocasião do
Congresso para propor uma aliança anti-brasileira. Porém, com a confirmação da ausência do
governo adversário no congresso esse medo se discipou. RAZÃO CIRCUNSTANCIAL.
4. Avalie por intermédio de exemplos e argumentos do próprio Alberto Costa e Silva nos capítulos “As
relações entre o Brasil e a África Negra, de 1822 à Primeira Guerra Mundial” e “O Brasil, a África e o
Atlântico no século XIX” (in: SILVA, Alberto da Costa e. Um Rio Chamado Atlântico: a África no Brasil
e o Brasil na África. RJ, Nova Fronteira, 2011), a interpretação do autor de que a política do Reino
Unido de combate ao tráfico de escravos no Atlântico durante o século XIX foi um instrumento de
construção de um império colonial na África. Como observou A. Costa e Silva, o Oitocentos foi também,
“o século em que o Reino Unido procurou fazer do Atlântico um mar britânico; o século em que se
destruiu o comércio triangular entre a Europa, a América e a África e em que foram desfeitas as ligações
bilaterais entre os dois últimos continentes”. (Costa e Silva, 2011, p. 53).
5. As causas da Guerra do Paraguai (1864-1870) estiveram na conjuntura política interna dos países da
bacia platina e em suas vinculações exteriores, segundo Francisco Doriatioto em seu capítulo, “A
Guerra do Paraguai” (DORATIOTO, Francisco. “Guerra do Paraguai” in: MAGNOLI, Demétrio
(Org.). História das Guerras, SP, Contexto, 2006) assim como, na obra mais completa “Maldita Guerra”
(DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai. SP, Companhia das
Letras, 2002). Portanto, foram disputas no âmbito das políticas regionais que levaram o Império
brasileiro, a Argentina e o Uruguai a formalizarem uma coalizão político-militar contra o Paraguai por
intermédio do Tratado da Tríplice Aliança, assinado no primeiro dia de maio de 1865. Com base na
pesquisa de Doriatioto referendada, explique este quadro de rivalidades, internas e externas, nas
políticas dos países da bacia do prata envolvidos na Guerra do Paraguai que esteve nas origens deste
conflito internacional considerado o mais mortífero da América do Sul no Século XIX.
● A Guerra do Paraguai foi possivelmente a mais violenta e de maior duração da América Latina,
sendo resultado de conflitos ideológicos entre os governos envolvidos.
● Durante a década de 60 e 70 surgiram teorias que culpabilização a aspirações imperialistas
britânicas pelo conflito, sob a prerrogativa de que tal governo teria usado o Brasil e a Argentina
para atacar o Paraguai e impedir a sua tentativa de desenvolvimento autônomo. Essa teoria,
porém, não se sustentou, pois na sua tentativa de desenvolvimento, o Paraguai utilizava mais
tecnologia e mão de obra inglesa e européia do que os seus vizinhos.
● Todos os países envolvidos no conflito tiveram motivações internas para corroborar com a guerra:
1) A Argentina passava por um processo de centralização do poder depois de muitos anos de
guerra civil. O governo central, burguesia mercantil de Buenos Aires, enfrentava o ataque dos
federalistas que desejavam manter suas autonomias regionais. Nesse contexto, a rivalidade com o
governo paraguaio começou com o apoio de Solano López aos federalistas argentinos; 2) O
governo uruguaio, recentemente feito independente, enfrentava dilemas políticos nacionais
(blancos vs. colorados)e se via ameaçado pelo Império do Brasil e pela Argentina, tento conflitos
territoriais com ambos. Buscou apoio em López; 3) O Brasil vivia um império fragilizado e,
devido ao seu regime político, era relativamente isolado de seus vizinhos americanos, porém
enfrentava ameaças na região do Rio Grande do Sul que tinha uma forte tendência
segregacionista; 4) o Paraguai foi excluído no momento em que seus vizinhos adotaram governos
liberais e ele continuou com a ditadura conservadora, o que fez com que López de sentisse
ameaçado. Além das pretensões expansionistas do governo.
● O governo brasileiro vinha procurando um pretexto para invadir o território uruguaio e em 1864 o
fez sob a prerrogativa de defender brasileiros que lá residiam das agressões do governo local.
Nesse sentido, o governo uruguaio já tinha cuidado de convencer Solano López de que uma
investida ao Uruguai pelos brasileiros e argentinos intentaria contra a sua independência,
desejando dividir seu território entre eles, e o Paraguai seria o próximo da lista. Solano López já
tinha avisado que retalharia qualquer investida contra o Uruguai, porém o governo brasileiro não
esperava que fosse levar suas palavras à ações.
● López colocou 22 mil homens em marcha para enfrentar as tropas brasileiras no Uruguai (possuía
no total muito mais homens do que o exército brasileiro e argentino somados).
● Argentina e Brasil entraram em acordo sobre o Uruguai, a proximidade ideológica entre eles
facilitou a paz. Do lado brasileiro considerava-se importante manter aliança com as elites gaúchas
no Uruguai e do lado argentino Mitre precisava neutralizar eventuais apoios aos seus adversários
federalistas, que mantinham fortes relações comerciais com o governo uruguaio.
● Antes que os paraguaios pudessem chegar no local de conflito, a novo presidente uruguaio,
cedendo a pressão dos comerciantes sobre o ônus comercial da guerra, fez um acordo de paz com
Brasil e Argentina. Nesse momento, formou-se a Tríplice Aliança contra o Paraguai, mais
especificamente contra o governo de Solano López.
● A partir desse momento a situação mudou de figura. Além dessa mudança de conjuntura da
rendição dos blancos em Montevidéu, parte da culpa da derrota paraguaia recai sobre seus
comandantes, que, desobedecendo ordens, invadiram cidades do sul e deram tempo para serem
cercados.
● Ao final, com as tropas paraguaias reduzidas, a guerra tornou-se uma caçada ao ditador Solano
López, que resistiu com uma pequena armada por mais algum tempo depois do esgotamento da
força expedicionária brasileira e argentina, sendo morto apenas em 1870.
● A Guerra do Paraguai impactou os quatro países envolvidos. 1) No Brasil, apesar do poder
monárquico ter atingido seu ápice no poderia nacional (militar, financeiro e diplomaticamente), o
esforço para a guerra drenou os investimentos e a mão de obra necessárias para o projeto de
modernização e crescimento interno, levando à ascensão do republicanismo e à crise no sistema
escravocrata. 2) Na Argentina, o conflito contribuiu para a centralização definitiva do poder. 3)
No Uruguai, mais dois anos de lutas internas se seguiram para consolidar um governo nacional. 4)
O Paraguai perdeu território para o Brasil e Argentina (regiões de disputa territorial a muitos
anos), além das enormes perdas populacionais e a perda da autonomia política pelos próximos
anos, sendo tutelado pelo governo brasileiro. Além disso, o Paraguai e o Uruguai serviram de
estados-tampões entre Argentina e Brasil no contexto dos conflitos territoriais na bacia do Prata.
6. O historiador inglês Leslie Bethell atribuiu maior atenção as relações econômico-comerciais entre a
Grã Bretanha e o Brasil desde o reconhecimento da independência até o final da década de 1880 em seu
estudo sobre a política exterior do Império. (“O Brasil no Mundo” BETHELL, in: SCHWARCZ, Lilia
Moritz (Dir.) História do Brasil Nação 1808-2010, Coedição Madrid, Fundación Mapfre e RJ, Ed.
Objetiva, vol. 2, A Construção Nacional 1830-1889, CARVALHO, José Murilo (Coord.), 2012.). Com
base neste estudo, caracterize a influência comercial e financeira da Grã Bretanha sobre o Brasil no
decorrer do século XIX, bem como, o ambiente de crescente insatisfação, ou mesmo de revolta no Brasil
em relação à permanência de privilégios e interesses de ingleses na economia e no mercado doméstico.
Conclua a sua resposta com uma avaliação sobre as relações de aproximação do Império com os
Estados Unidos nas últimas décadas do século XIX.