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Teoria

Bioecológica do
Desenvolvimento
Humano
Urie Bronfenbrenner

Mayara dos Santos Baldin


Urie Bronfenbrenner
▪ Nascido em Moscou.
▪ Época de profundas
mudanças na ordem
mundial.
▪ Crise política, social e
econômica – mudança
para os EUA.
▪ Infância em Letchworth
Village. Urie Bronfenbrenner 1917 -
2005
“Este foi o mundo da minha infância. Meu pai
me levava em inúmeras caminhadas, de seu
laboratório às enfermarias, oficinas e fazenda
– onde ele preferia ver e conversar com os
seus pacientes - e ainda mais frequentemente
além da cerca de arame, através dos bosques
e colinas que começavam na porta da nossa
casa. Onde quer que estivéssemos, ele
alertaria meus olhos pouco observadores para
o funcionamento da natureza, apontando a
interdependência funcional entre os
organismos vivos e seu ambiente.”

(Bronfenbrenner, 1996).
“A psicologia infantil tornou-se a ciência do comportamento
estranho da criança, em um lugar estranho, com pessoas
estranhas, pelo menor período de tempo possível”

(Bronfenbrenner, 1974).
Desenvolvimento humano

"o conjunto de processos através dos quais as


particularidades da pessoa e do ambiente interagem
para produzir constância e mudança nas características
da pessoa no curso de sua vida"

(Bronfenbrenner, 1989)
Fatores ambientais

Processos psicológicos
Fatores biológicos
Desenvolvimento humano
“Entendemos por desenvolvimento, o processo que envolve
estabilizações e mudanças das características
biopsicológicas de um ser humano, não apenas ao longo
do ciclo da vida mas também, através de gerações”

(Bronfenbrenner, 2005)
Diagrama de Bronfenbrenner
Modelo PPTC

Pessoa

Processo

Contexto

Tempo
PROCESSO
Processos Proximais
▪ Mecanismos primários no desenvolvimento humano
▪ Interação entre a pessoa e o contexto
▪ Operam sobre um período de tempo e de forma regular
▪ Nível de complexidade crescente
▪ Interação deve ser recíproca
“Formas particulares de interação entre organismo e
ambiente, que operam ao longo do tempo e
compreendem os primeiros mecanismos que produzem o
desenvolvimento humano”
(Bronfenbrenner & Morris, 1998)
PROFESSORA
IRMÃO

AVÓ

AMIGO

MÃE

PAI

TIOS
PESSOA
Biológico e psicológico
Gênero
Cor da pele
Convicções Interação com o ambiente
Metas
Motivações
Etc..

Fruto da
interação
•Geradoras
•Curiosidade, alta auto-eficácia, responsividade

•Disruptivas
•Impulsividade, distração, baixa auto-eficácia

•Recursos
•Competência
•Conhecimento, habilidades, experiências

•Disfunções
•Defeitos genéticos, condições perinatais desfavoráveis, malformações

•Demandas
•Positivas
•Aparência física favorável, gênero idade, etnia

•Negativas
•Aparência física desfavorável, gênero idade, etnia
CONTEXTO
▪ Ambiente imediato ou remoto que o indivíduo está
inserido

•Macrossistema
•Exossistema
•Mesossistema
•Microssistema
MICROSSISTEMA
▪ Atividades, papéis e relações interpessocais vivenciadas
em um ambiente
MESOSSISTEMA
▪ Inter-relações entre dois ou mais microssistemas nas
quais a pessoa atue ativamente
EXOSSISTEMA
▪ Ambientes que não envolvam a pessoa, mas interfiram
em seu desenvolvimento

Ex.: o trabalho dos pais, a rede de apoio social e a


comunidade em que a família está inserida.
MACROSSISTEMA
▪ Contexto cultural que engloba os sistemas anteriores.
TEMPO (CRONOSSISTEMA)

•Macrotempo
•Mesotempo
•Microtempo
MICROTEMPO
▪ Temporalidade envolvida nas interações da pessoa em
desenvolvimento.
▪ Período de tempo transcorrido durante uma interação e
reflete as continuidades e descontinuidades dos
Processos Proximais.

Irregularidade e imprevisibilidade - prejuízos no


desenvolvimento
Regularidade e estabilidade - desenvolvimento saudável

(Koller, 2004).
MESOTEMPO
▪ Periodicidade dos eventos no curso do desenvolvimento.
▪ Medido em escala de dias, semanas, meses, anos.
▪ Criação de rotinas, percepção de normas.

(Koller, 2004).
MACROTEMPO
▪ Eventos maiores que definem a história que
atua no desenvolvimento.
▪ Duas dimensões:
▪ Momento do ciclo vital em que a pessoa se encontra
(aos 08 e aos 30 anos, por ex.)
▪ Tempo histórico e social (diferenças entre os períodos
históricos)

(Koller, 2004).
Ecossistema
familiar
ESTUDO DE CASO
Contexto
▪ Criança de 11 anos
▪ Triagem: serviço de atendimento psicológico familiar em
um Hospital referência em Porto Alegre-RS.
▪ Ordem judicial pela Promotoria da Infância e Juventude
sob denúncia da escola ao Conselho Tutelar por
apresentar conduta agressiva com colegas e professores.
▪ Família composta pela mãe, pai e dois filhos.
▪ Relacionamento dos pais com histórico conturbado
▪ Mãe e pai relatam terem vivido em contexto violento na
infância
▪ Pais vendiam produtos ilícitos e tinham condição de vida
favorável.
▪ Irmão era usuário de drogas – roubava em casa e
praticava assaltos na rua.
Materiais e Métodos
▪ Entrevista semidirigida com Pai, Mãe e criança
– individual e em grupo
▪ Teste do Sistema Familiar - FAST - (Gehring,
1993)
▪ avalia a coesão e a hierarquia do sistema familiar em
três situações diferentes, típica, ideal e em situações
de conflito

▪ Entrevista com professores, parecer jurídico e


dos técnicos do Conselho Tutelar.
Pessoa
▪ Baixa auto-estima
▪ Auto-imagem enfraquecida
▪ Submissão no ambiente doméstico
▪ Auto-afirmação em outros ambientes através da violência
Tempo
▪ Histórico marcado pelo ciclo de violência
▪ Tanto no período atual, quanto pelas gerações
passadas.
▪ Pai tem uma visão retrógrada acerca do que é necessário
para o desenvolvimento dos filhos.
Processo
MICROSSISTEMA
• Uso da violência para auto-afirmação
• Uso de condutas coercitivas
• Ausência de demonstrações de afeto
• Casal ter tido filhos na adolescência

MESOSSISTEMA
• Moradia, Igreja, Trabalho dos Pais e Escola
• Sem vínculos externos
• Relação conturbada com a escola

MACROSSISTEMA
• Aceitação cultural da punição física
• Influência da mídia
• Crença na impunidade
• Machismo
• Desvalorização do ensino formal.
Conclusão do Caso

▪ Visão do fenômeno da violência nessa família.


▪ Como profissionais que atuam na prevenção e
intervenção com famílias violentas podem identificar
aspectos relevantes em uma análise sistêmica no
fenômeno da violência.
▪ A partir dessas análises pode-se pensar em um
planejamento estratégico com intervenções
possíveis, tanto em nível de um atendimento psicossocial
dos indivíduos e do grupo familiar, como na articulação da
rede de serviços.
▪ Família interrompeu o processo terapêutico.
Conclusão
▪ Trabalho coletivo de partes interdependentes mas
independentes para alcançar um objetivo comum

▪ Cada elemento está interrelacionado e se afetam mutamente. A


mudança nos elementos leva a mudanças e adaptações para
todas as partes do ecossistema familiar. Não deve-se analisar a
pessoa, mas as condições que a cerca.

▪ Pela maneira como as famílias escolhem sustentar e socializar


os membros, elas ajudam a definir o ambiente e, por sua vez, o
ambiente aumenta ou limita os potenciais para o
desenvolvimento humano.

▪ Dessa descrição de família e ecossistema, podemos ver que


entender o comportamento e o desenvolvimento das família é
uma tarefa complexa. Já não podemos recorrer a causas
simplistas e unidirecionais para explicar como funcionam as
famílias.
Podemos ver que múltiplos ambientes impactam famílias e
as famílias impactam múltiplos ambientes. As
necessidades e forças da família devem ser considerados
no contexto da sociedade e do ecossistema.
Devemos ser aptos a interpretar essas interações se quiser
prover às famílias o apoio que elas precisam.
Bibliografia
▪ Antoni, C., Koller, S. H. (2010). Uma família fisicamente violenta: uma visão pela
teoria bioecológica do desenvolvimento humano. Temas em Psicologia, 18(1),
17-30.

▪ Bronfenbrenner, U. 1974. Two worlds of childhood. London: Penguin.

▪ Bronfenbrenner, U. (1989). Ecological system theory. Annals of Child


Development, 6, 187-249.

▪ Bronfenbrenner, V. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos


naturais e planejados. Porto Alegre: Artes médicas.

▪ Bronfenbrenner, U., Morris, P. (1998). The ecology of developmental processes.


Em W. Damon (Org.), Handbook of child psychology (Vol. 1, pp. 993-1027). New
York, NY: John Wiley & Sons.

▪ Bronfenbrenner, U. (2005). Making Human Beings Human: Bioecological


Perspectives on Human Development (The SAGE Program on Applied
Developmental Science). Thousand Oaks: SAGE Publications .

▪ Koller, S. H. (org.) (2004). Ecologia do desenvolvimento humano: pesquisa e


intervenção no Brasil. São Paulo: Casa do Psicólogo.
OBRIGADA!
mayarabaldin@usp.br

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