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TEORIA UNIFICADA

DO
DESENVOLVIMENTO

Professora: Drª Ana Cristina Barros

INFÂNCIA - IPB da Cunha


Monitora: Beatriz Virginio
                  
TEORIA UNIFICADA DO
DESENVOLVIMENTO

https://www.fmcsv.org.br/biblioteca/nota-10--
-primeira-infancia---episodio-5---2-temporada/
Teoria Unificada do Desenvolvimento
▶ Perspectiva sistêmica de
compreensão do desenvolvimento =
qualquer organismo vivo é parte
ativa e intencional do ambiente em
que interage (Bronfenbrenner,
1996);

➢ mediadores entre o indivíduo e a sociedade = grupo familiar se

insere num sistema ecológico social mais abrangente influenciado

pelas mudanças existentes na comunidade e na sociedade

➢ esta relação de sistemas permite uma ampla compreensão e

interdependência de diversos fatores, o que influencia

decisivamente o desenvolvimento da criança.


ARNOLD SAMEROFF
https://lsa.umich.edu/psych/people/emeriti-faculty/sameroff.html

▶Universidade de Michigan, Departamento de


Psicologia
▶“Center for Human Growth and Development”

➢Sameroff, A. J. (Ed.) (2009). The Transactional Model of


Development: How Children and Contexts Shape Each
Other. Washington, DC: American Psychological
Association.

▶Interesses:
▶ Saúde mental e a psicopatologia;
▶ Estudos longitudinais com bebês, crianças e adolescentes:
1.influências ao desenvolvimento: pais, família, comunidade,
▶ Modelo Transacional do Desenvolvimento (Sameroff &
Chandler, 1975) = um dos 20 estudos que revolucionaram a
Psicologia da Criança (Dixon, 2002);

▶ Críticas às pesquisas sobre a influência do risco biológico ou


ambiental, considerados isoladamente;

▶ Estudo de fatores étnicos, socioeconômicas, contextuais


(vizinhança) biológicos (regulação fisiológica) e psicossociais
(problemas emocionais da criança- agressão, e condições de
desvantagens- pais com histórico psiquiátrico);
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▶DESENVOLVIMENTO = processo
dinâmico que se constrói por
meio de TRANSAÇÕES a partir
de mudanças ocorridas ao longo
do tempo entre as interações da
criança e seu ambiente;
(...) produto de interações dinâmicas e contínuas entre a
criança e a
experiência fornecida pela família e pelo contexto social
(Sameroff & Fiese, 1990, p.122)

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Pressupostos principais
“a criança e os pais, mas também neurônios e vizinhos,
sinapses e escolas, proteínas e pares, genes e
governantes” (Sameroff, 2010, p. 7)

▪ Determinantes do comportamento do indivíduo se situam nos genes;

▪ Importância das experiências do indivíduo nos seus contextos de


vida diária;

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Pressupostos principais
A criança modifica o seu ambiente e é, por sua vez,

modificada pelo ambiente que ajudou a criar (SAMEROFF e

CHANDLER, 1975).

▶ Relações transacionais entre as características da criança, práticas

de cuidado e sistemas de crenças dos pais;

▶ Mãe e filho, por exemplo, passam por mudanças resultantes das

trocas entre ambos, ou seja, uma determinada característica da

criança pode desencadear uma reação na mãe, que por sua vez,

poderá influenciar o comportamento da criança em outro momento;


Pressupostos principais
Modificações de comportamento ocorrem ao longo do tempo e são

resultado de uma série de intercâmbios entre indivíduos envolvidos

num sistema partilhado, por meio de princípios reguladores

(Sameroff & Chandler, 1975);

▶ Fatores de risco (biológico ou social), suscetíveis de afetar o

desenvolvimento precoce, podem ser atenuados ou potencializados

pelas condições (favoráveis ou desfavoráveis) do meio;

▶ Deve-se considerar os efeitos do meio social e familiar da criança na

trajetória desenvolvimental, que podem promover ou inibir o

percurso do desenvolvimento;
Pressupostos principais
▶ Considera-se três variáveis importantes que afetam o

desenvolvimento:
Pressupostos principais
▶ Segundo Sameroff (1995), o modelo transacional está inserido em um

SISTEMA REGULADOR, característico de todo o processo

desenvolvimental;

▶ Compreende 3 níveis reguladores:

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Pressupostos principais
Em cada momento, o comportamento da criança resulta das
transações entre o fenótipo, o genótipoe o mesótipo.

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Pressupostos principais
▶ No MESOTIPO, vários sub sistemas estabelecem um conjunto
de transações recíprocas com a criança e entre si (Sameroff,
1995), com base em:

▶ Códigos culturais- conjunto de costumes e regras relativas à


educação das crianças numa determinada sociedade;

▶ Códigos familiares - códigos que permitem que o indivíduo


forme uma identidade coletiva distinta do conjunto da
sociedade e que se estende através das gerações;

▶ Código individual dos pais- interpretação individual que


cada figura paterna faz dos códigos sociais e familiares.

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A Teoria Unificada do Desenvolvimento integra 4 modelos para
propor o Modelo Transacional do Desenvolvimento (Sameroff,
2009, 2010) ;

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1. Modelo contextual - Teoria Ecológica do
Desenvolvimento Humano

CONTEXTO = meio ambiente global em


que o indivíduo está inserido e onde se
desenrolam os processos
desenvolvimentais;

▶ Variam em níveis, desde ambientes mais


imediatos (MICROSSISTEMA) até níveis
mais remotos ou distantes em que a
pessoa nunca esteve, mas que se
relacionam e têm o poder de influenciar
o curso do desenvolvimento humano
(MICRO, MESO, EXO E MACROSSISTEMAS).

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1. Modelo contextual
▶Envolve teorias sistêmicas sobre a influência do contexto sobre
o desenvolvimento:

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1. Modelo contextual - Teoria Ecológica do
Desenvolvimento Humano
▶Formulado a partir das proposições de U. Bronfenbrenner, com ênfase:
▪ No envolvimento progressivo da criança nos diferentes contextos e
sistemas, desde os mais primários aos mais complexos;
▪ Nas experiências contextuais diferenciadas que têm impacto direto
ou indireto no desenvolvimento;

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1. Modelo contextual – Conceitos da Teoria
Ecológica

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4
1. Modelo contextual – Conceitos da Teoria
Ecológica - TEMPO
1. Modelo contextual – Conceitos da Teoria
Ecológica - PROCESSO

▶ Para se desenvolver, o ser humano necessita:

▶participação ativa,
▶interações progressivamente mais complexas e recíprocas,
▶com pessoas, objetos e símbolos,
▶no ambiente imediato;

▶ Para ser efetiva, a interação tem que:

▶ocorrer em uma base bastante regular;


▶em períodos estendidos de tempo. 25
1. Modelo contextual – Conceitos da Teoria
Ecológica - PROCESSO

São dois os tipos de processos:

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1. Modelo contextual – Conceitos da Teoria
Ecológica - PROCESSO
Tipo de efeitos dos processos proximais:

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1. Modelo contextual –Teoria dos Fatores de Risco
X Proteção
(Risk-Protective Factor Theory)
(Sameroff et al., 1987; Garmezy, 1983; Kirby & Fraser, 1997).

FAMÍLIA = primeiro microssistema no qual a criança interage, constituindo


dimensão importante da vida de todos os indivíduos:
❖ É a primeira rede de apoio da criança, iniciada muito cedo com as
primeiras relações de apego;

❖ Sistema que pode apresentar:


❖ FATORES DE PROTEÇÃO e FATORES DE RISCO
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1. Modelo contextual – Teoria dos Fatores de Risco
Estudo longitudinal (Sameroff
X Proteçãoet al., 1987)

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1. Modelo contextual –Teoria do Caos –
Influências ao desenvolvimento

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1. Modelo contextual –Teoria do Caos –
Abordagem do Caos no desenvolvimento
(Wachs & Evans, 2010)
▶ Níveis excessivamente altos de estimulação:
▶alto nível de ruído,
▶habitação superlotada,
▶instabilidade e falta de estrutura física e
temporal;

▶ Caos X Nível socioeconômico;

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1. Modelo contextual – Teoria do Caos –
Hipótese da Estimulação ótima (Uzgiris, 1977)
Ponto ideal de estimulação irá depender de características individuais e culturais;

Nível ótimo de estímulo


Desenvolvimento

Nível de estimulação
32 and its influence on
Wachs, T. D., & Evans, G. W. (2010). Chaos in context. In G.W. Evans & T. D. Wachs (Eds.), Chaos
children’s development: An ecological perspective (pp.1-14). Washington: American Psychological Association.
1. Modelo contextual – Teoria do Caos
Dimensões (Wachs & Evans, 2010)

▶ Outras dimensões:
▶ Instabilidade: ▶ desajustamento dos pais,
▶interna = mudanças em práticas ▶ complexidade visual,
educativas, doenças etc.; ▶ desordem e confusão,
▶externa à família = mudança de ▶ baixa supervisão,
professores, vizinhos; ▶ múltiplos cuidadores,
▶ mudança de locais,
▶ pressão de tempo,
▶ desconfiança generalizada em
instituições,
▶ alta carga de trabalho,
▶ emprego instável,
▶ níveis altos de medo,
▶ insegurança,
▶ perdas.
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1. Modelo contextual – Teoria do Caos
CAOS nos macro e exossistemas

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1. Modelo contextual –Teoria do Caos –
Influências ao desenvolvimento

▶ Ruído x processamento da informação;


▶ Falta de estrutura e imprevisibilidade provoca
dificuldades em:
▶Autorregulação
▶controle de emoções e comportamentos,

▶Regulação da atenção;
▶Senso de auto eficácia (Evans & Stecker, 2004; White,

1959).

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1. Modelo contextual –Teoria do Caos –
Desfechos Sócio emocionais adversos
(Cicchetti & Blender, 2006; Evans et al., 2007; Phillips, 2007).

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1. Modelo contextual –Teoria do Stress
Tóxico (Shonkoff, 2012)

Alterações na
arquitetura
cerebral

37

Níveis de cortisol em repouso em crianças de baixa e média renda


7 meses a 4 anos idade. Dados adaptados do Blair et al. (2011).
linha sólida = baixa renda; linha tracejada = renda média
1. Modelo contextual –Teoria do Stress
Tóxico (Shonkoff, 2012)

Níveis de cortisol em repouso em crianças de baixa e média renda 38


7 meses a 4 anos idade. Dados adaptados do Blair et al. (2011).

linha sólida = baixa renda; linha tracejada = renda média


1. Modelo contextual –Teoria do Stress
Tóxico (Shonkoff, 2012)

O indivíduo tem maior susceptibilidade para doenças físicas, problemas de


saúde mental, incluindo transtornos de ansiedade, depressão e abuso de
substâncias ilícitas;

(National Scentific Council on Developing Child, 2007) 39


2. Modelo de mudança pessoal

▶ Permite compreender a progressão


das competências desde a infância
até a idade adulta:
▪ De um funcionamento básico ao
complexo;
▪ Da vinculação aos cuidadores às
relações com os pares;
▪ Da diferenciação precoce da sua
identidade às identidades culturais da
adolescência e idade adulta.

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3. Modelo de Regulação
Perspectiva dinâmica sobre a relação entre a pessoa e o contexto
que permite compreender:

▶o desenvolvimento dos sistemas de regulação, desde a


regulação inicial dos fatores biológicos (temperatura, fome,
sono) à posterior regulação psicológica e social (atenção,
comportamento);

▶a evolução do comportamento interativo inicial e o


aparecimento de interações sociais posteriores cada vez mais
complexas;
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3. Modelo de Regulação

Other-Regulation

Self-Regulation

42
Development
3. Modelo de Regulação – Processos
regulatórios no Desenvolvimento
AUTORREGULAÇÃO = Habilidade de monitorar, modular a cognição, emoções
e comportamentos para atingir um objetivo e/ou adaptar-se às demandas,
cognitivas e sociais, de situações específicas;

3-4 anos
Fase neonatal 12-24 meses Regulação Atenção
Regulação Fisiológica Regulação Emocional e Comportamento

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Rothbart & Bates, 2006; Feldman, 2009; Sameroff, 2009; Klein, Grunau, Martinez & Linhares, 2009;
Klein, Gaspardo & Linhares, 2011; Linhares, Gaspardo & Klein, 2012; Linhares & Martins, 2015
3. Modelo de Regulação – Modelo
Transacional de Sameroff

▶ Aborda a criança, a família e os sistemas sociais como unidades


independentes, que estabelecem padrões complexos de interações e de
influências mútuas;

▶ Distingue-se das perspectivas interacionistas que, embora considerem as


influências da criança e do meio, o fazem separadamente, sem reconhecer a
sua interpenetração = TRANSAÇÃO;

44
3. Modelo de Regulação – Modelo
Transacional de Sameroff
À medida que o desenvolvimento ocorre, a criança vai evoluindo ao
longo de um continuum, que parte de um pólo inicial (regulação do
outro), para alcançar um pólo em que predomina a
autorregulação.

45
3. Modelo de Regulação – Modelo
Transacional de Sameroff
▶ Para Sameroff (1995) as estratégias de intervenção devem se focar nas
regulações desenvolvimentais = ponto central de interface entre a
criança, a família e os sistemas culturais:

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4. Modelo Representacional

REPRESENTAÇÃO

REALIDADE

Representação não é a realidade, mas a interpretação47da realidade


4. Modelo Representacional
Existe uma codificação cognitiva das experiências vivenciadas pelo
indivíduo na realidade atual (“aqui e agora”), a qual permanece no
pensamento e permite a construção progressiva do self e dos outros.

48
4. Modelo Representacional -
Temperamento e Problemas de comportamento

49
Teoria Unificada do Desenvolvimento –
Modelo transacional - sistema ecológico biopsicossocial
GEOPOLÍTICA
COMUNIDADE

FAMÍLIA
PAIS

Escola Pares

BIOLOGIA PSICOLOGIA
Saúde mental
Epigenética
Competências sociais
Neurofisiolog Comunicação
ia Cognição
Saúde fisica
Gênero 50
Teoria Unificada do Desenvolvimento
–Desenvolvimento é um processo de mudanças pessoais, contextuais e de
modelos de regulação sob uma perspectiva de ciclos de vida (Sameroff, 2010,
O GIA
p.18) IA OL AL
OG EC I
OL SO
C
EC CIAL
SO O
OUTRO

OGIA
L
SELF BIO

GIA
IC OLO
PS

51
1ª INFÂNCIA INFÂNCIA ADOLESCÊNCIA ADULTO
Referências
▶ Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais
e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
▶ Sameroff, A. J. (1995). General systems theories and developmental psychopathology. In D.
Cicchetti & D. J. Cohen (Eds.) Developmental psychopathology Vol. 1 Theory and methods.
(pp. 659-695). New York: John Wiley and Sons.
▶ Sameroff, A. J. (2010). A unified theory of development: a dialetic integration of nature
and nurture. Child Development, 81, 1, 6-22.
▶ Sameroff, A. J. (2009). The transactional model. In A. Sameroff (Ed.), The transactional
model of development: How children and contexts shape each other (p. 3-22). Washington:
American psychological Association.
▶ Sameroff, A. J.; Fiese, B. H. Transactional regulation: The development ecology of early
intervention. In: MEISELS, S. J.; SHONKOFF, J. P. (Eds.). Handbook of early childhood
intervention. Second edition. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 135-159.
▶ Tegethof, M. I. S. C. de (2007). Estudos sobre a intervenção precoce em Portugal: ideias
dos especialistas, dos profissionais e das famílias. Tese de Doutorado. Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação, Universidade do Porto. 860p.
▶ Sameroff AJ, Chandler MJ. Reproductive risk and the continuum of caretaking casualty. In
Horowitz FD, Hetherington EM, Scarr-Salapatek S, Siegel GM, editors. Review of child
52
development research.4. Chicago: University of Chicago Press; 1975. pp. 187–244.

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