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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

ELEUTÉRIO BASÍLIO NHAMPOSSA

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA DO TURISMO

Dondo
2023
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ELEUTÉRIO BASÍLIO NHAMPOSSA

ORIGEM E EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA DO TURISMO

Trabalho a apresentar ao Curso


de GADEC da Faculdade de
Ciências e Tecnologia na
Disciplina de Geografia do
Turismo com carácter avaliativo.
Docente: Margarida Gulane

Dondo

2023
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Índice
1 Introdução ................................................................................................................................... 3
1.1 Objectivo geral ........................................................................................................................ 3
1.1.1 Objectivos específicos ....................................................................................................... 3
1.2 Metodologias ........................................................................................................................... 3
2 Fundamentação Teórica .......................................................................................................... 4
3 Relação do Turismo com a Geografia ................................................................................... 5
3.1 Origem e Evolução da Geografia do Turismo ................................................................... 6
3.2 Periodização da Abordagem Geográfica do Turismo ...................................................... 7
3.2.1 Período Inicial ou Clássico ................................................................................................ 7
3.2.2 Período de Consolidação da Geografia do Turismo ..................................................... 8
3.2.3 Período da Pluralidade ................................................................................................... 10
3.2.4 Geografia Clássica ........................................................................................................... 11
3.2.5 Geografia Neopositivista.................................................................................................. 11
3.2.6 Nova Geografia (Geografia Radical/Critica) ................................................................. 11
3.2.7 Geografia Pós-modernista .............................................................................................. 11
4 Conclusão ................................................................................................................................. 12
5 Referências Bibliográficas...................................................................................................... 13
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1 Introdução

Com este presente trabalho pretende-se desenvolver, explicar e evidenciar através de


opiniões de vários autores os estudos sobre o turismo relacionados à Ciência Geográfica, que de
certa forma ganharam visibilidade a partir da década de 60 do século XX. Estes estudos mostram
que a atividade turística se configura a partir de um processo sócio-econômico que se manifesta no
espaço, objeto de estudo da Geografia. É portanto, indiscutível que o turismo tem uma dimensão
espacial, ou melhor, é um fenômeno espacial. Não é possível que as atividades inerentes a prática
turística se desenvolva sem que haja um espaço. Assim, como o espaço é o objeto de estudo da
ciência geográfica, torna-se relevante fazer análises da prática turística a partir da Geografia. Pode-
se afirmar que a ciência geográfica analisa, pesquisa, interpreta as ações que o homem impetra no
meio transformando-o e organizando o espaço conforme suas necessidades e desejos. Para
enquadrar o pensamento atual e futuro, em domínios nos quais o contributo da Geografia do
Turismo para a compreensão do mundo em que vivemos surja refletido com nitidez, importa
continuar a aprofundar os estudos que permitam conhecer e explicar em que medida o turismo
desempenhou um papel relevante na organização espacial de muitas áreas.

1.1 Objectivo geral

a) Refletir acerca da origem e evolução da actividade turística numa perspectiva geográfica.

1.1.1 Objectivos específicos

a) Compreender o turismo como importante fenômeno social no mundo contemporâneo e seu


papel na organização do espaço;
b) Destacar abordagens diversificados sobre a origem e evolução da geografia do turismo
c) Descrever os periodos da evolução da geografia do turismo.

1.2 Metodologias

Segundo GIL (2006) para a realização da pesquisa, é necessário o emprego de técnicas de


pesquisa. As técnicas são procedimentos que operacionalizam os métodos. Para todo método de
pesquisa, correspondem uma ou mais técnicas. Estas estão relacionadas com a coleta de dados, isto
é, a parte prática da pesquisa. Portanto, a técnica utilisada para a realização do presente trabalho de
pesquisa foi a de pesquisa bibliogrfica.
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2 Fundamentação Teórica

RUPPERT e MAIER (1969) defendem a “Geografia do Turismo” como sendo a ciência


que investiga as formas de organização e os processos com transcendência espacial desencadeada
por grupos humanos ao satisfazer a função vital de recreação, a Geografia do Turismo tem como
objeto o estudo dos espaços onde o Turismo se realiza, assim como aquelas áreas que
potencialmente podem desenvolver a atividade turística.
Segundo RODRIGUES (1996, p.86) é justamente a fusão ou relacao interdisciplinar que
faz com que a Geografi a do Turismo seja importante, pois trata de temas que envolvem o
imaginário, as práticas sociais, os padrões de consumo, as formas e as imagens, entre outros temas.
Ainda segundo este autor o espaço do turismo deve ser entendido, no seu universo complexo e
multifacetado, percorrendo os campos econômico, sociológico, antropológico, psicológico,
cultural, político, jurídico, entre outros.
Para BRITTON (1991) a Geografia do Turismo preocupa-se com a descrição dos fluxos
turísticos, estruturas espaciais e usos do solo, impactos sócio-econômico-culturais e ambientais da
atividade turística e as implicações geradas a partir da vertente do planejamento turístico.
MITCHELL; MURPHY (1991) mostram que a contribuição dos geógrafos para o estudo
do turismo se dá a partir de quatros aspectos básicos: a) considerações ambientais; b) considerações
regionais; c) considerações espaciais; e, d) considerações evolucionistas. Estes autores ainda
ressaltam que os estudos relacionados à Geografia do Turismo sintetizam uma multiplicidade de
fatores causais que ajudam à compreensão de uma complexa atividade global.
PEARCE (1988) indica que existem seis áreas que compõem os estudos relacionados à
Geografia do Turismo: a) os padrões espaciais de distribuição da oferta turística; b) os padrões
espaciais de distribuição espacial da demanda turística; c) a geografia dos centros de férias; d) os
movimentos e fluxos turísticos; e) o impacto do turismo; e, f) os modelos de desenvolvimento do
espaço turístico. É certo que a grande contribuição da Geografia é analisar esses aspectos citados
acima associados ao planejamento e desenvolvimento turístico.
SANTOS (1988, p.77) apesar de afirmar que a Geografia do Turismo é uma Geografia sem
espaço propõe entender o “espaço como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de
sistemas de ações”, expressando de maneira clara a dinâmica espacial e a importância do turismo,
uma vez que segundo o mesmo autor, “ o espaço é também e sempre, formado de fixos e de fluxos”.
Portanto, essa forma de entendimento do espaço, sem dúvida alguma, nos leva a uma análise da
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dinâmica espacial tão importante para compreender o fenômeno do turismo, uma vez que segundo
RODRIGUES (1996, p. 318), “fixos, porém não estáticos, são os centros emissores da demanda,
de onde partem os fluxos para os núcleos receptores, usando a linguagem técnica”. Assim, a
Geografia do Turismo vai ter sua sustentabilidade na espacialização desses fluxos e fixos, quando
a paisagem e o lugar, enquanto categorias de análise são incorporadas ao estudo na sua essência.
Os fluxos e os fixos se configuram como objetos e ações espacializadas geograficamente, tornando-
se assim, objetos fundamentais na Geografia do Turismo. A Geografia do Turismo é o estudo do
movimento (fluxo) e das transformações próprias desse movimento, ou seja, é a partir da
realimentação desses movimentos que o turismo é produzido, uma vez que o fluxo dá condição de
existência ao turismo.
Sobre o olhar científico, o processo de concretização do turismo subjuga-se a condição do
turista extrair os condicionantes da cultura dos lugares, interagindo-os de maneira a absorver ou
influenciarem parâmetros para inserção desses lugares e culturas no processo da economia mundial,
ou seja, na integração do local com o global e vice-versa. Esse entendimento coaduna com a
formação das redes de relações sociais e culturais que imprimem ao fenômeno do turismo nos
últimos anos, o caráter de atividade de consumo e produção global.

3 Relação do Turismo com a Geografia

Chega-se ao espaço turístico como o elemento-chave de vinculação entre Turismo e


Geografia devido às diversas manifestações do fenômeno no espaço geográfico. A relação do
turismo com a Geografia é determinado a partir dos deslocamentos realizados pelas pessoas ou
turistas do seu lugar de origem a lugares que reúnam as características básicas que satisfaçam os
seus desejos e realizações. A Geografia possibilita essa análise complexa, pois os elementos que
materializam essa satisfação se configuram no espaço: a oferta; a demanda; os serviços; os
transportes; a infra-estrutura; entre outros.
Desde as preocupações inaugurais, as transformações espaciais associadas ao Turismo
despertaram a atenção nos pesquisadores, sendo o espaço turístico, ao longo do tempo, eleito a
categoria-conceito pilar que desvela a relação homem-meio, ou pelo menos, torna-se o conceito
central nas discussões geográficas do Turismo. O caráter espacial do Turismo é defendido,
ressaltado e justificado, continuamente, pois segundo vários autores, são evidentes suas
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implicações como atividade econômica ou prática socioespacial, modificadora e organizadora do


espaço geográfico.
Segundo CORIOLANO (2007), o espaço geografico e o turismo são realidades
inseparáveis, sendo que o espaço geográfico é uma categoria fundamental na análise do turismo
que passa a ser identificado como lugar, paisagem e território turístico ou ambiente propício para
o turismo.

3.1 Origem e Evolução da Geografia do Turismo

Os estudos dos fenômenos turísticos são bastantes presentes dentro das Ciências Humanas
e Sociais. É certo que iremos nos reportar somente às contribuições da Ciência Geográfica, porém,
é de suma importância ressaltar o caráter multidisciplinar dos estudos realizados na área do turismo.
O estudo do turismo através da ciência geográfica iniciou-se no século XX, no continente europeu,
a partir de um trabalho realizado por Stradner sobre os impactos produzidos pelo fenômeno do
ócio1. Posteriormente, inúmeros estudos foram realizados na Espanha e Alemanha.
Porém, o estudo do turismo no âmbito da geografia acentua-se a partir da década de sessenta
do século passado, respondendo ao acelerado desenvolvimento, ligado à prosperidade econômica
que marcou o período pós-guerra nos países centrais do capitalismo. Na América Latina, o interesse
dos geógrafos pela temática Turismo ocorreu tardiamente, apenas na década de setenta, sobretudo
no México e Argentina. No Brasil, os estudos são mais recentes e estão atrelados ao crescimento
do turismo no país, a partir do final dos anos 70, quando a atividade passa a caracterizar-se como
a grande estratégia econômica do fim do século XX, a chamada indústria sem chaminés2.
A partir da década de 1980, a Geografia começou a discutir sobre o planejamento turístico,
devido à diversificação da atividade turística em território nacional e de sua relevância para o
desenvolvimento sócio-econômico e cultural de muitas cidades no mundo. Isso ocorreu em função
da melhoria da acessibilidade, uma vez que houve a ampliação dos sistemas de transporte e a
disseminação de novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), fazendo com que todas
as regiões do planeta se tornassem mais acessíveis ao homem.
Assim, há uma necessidade da relação entre a Geografia e o Turismo, uma vez que o espaço
configura-se como o principal campo de apropriação da atividade turística. O espaço, sendo uma

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Fenômeno do ócio: período de tempo livre, lazer ou ausência de actividades ocupacionais.
2 Indústria sem chaminés: foi uma expressão bastante utilizadas nos primeiros estudos sobre a prática
turística para destacar seu crescimento e desenvolvimento econômico.
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das categorias de análise mais importante do universo geográfico, concede ao turismo um


entendimento profundo das relações que envolvem a sociedade e o ambiente. Desta forma, o
turismo se beneficia da ciência geográfica devido à capacidade de análise espacial que a Geografia
imprime em seus estudos. Muitos estudiosos passaram a abordar a terminologia Geografia do
Turismo para as discussões que abordam a ciência geográfica no contexto das práticas turísticas.

3.2 Periodização da Abordagem Geográfica do Turismo

3.2.1 Período Inicial ou Clássico

O período denominado de inicial ou clássico da abordagem geográfica do Turismo, por


compreender uma longa fase de tempo, do início do século XIX até os anos de 1960, torna a tarefa
de encontrar o padrão um desafio, visto que não possui regras científicas tão determinadas e claras,
sendo possível apreender apenas alguns pressupostos teóricos. No geral, compõem-se por reflexões
destinadas ao desenvolvimento de uma ciência empírica-naturalista que se pautava na observação,
sistematização e descrição, com a utilização de técnicas variadas do que era obtido no trabalho de
campo; caracterizava-se também pela preocupação com a aparência, o visível na paisagem, e não
tinha como objetivo desenvolver nenhum tipo de teorização e/ou explicação da realidade.
Marca essa fase a compreensão do espaço como extensão objetiva que deveria ser
identificada, descrita em sua organização inicial, no qual se sobressaía a preocupação com as
primeiras modificações da paisagem causada pela necessidade de deslocamento espacial com fins
de lazer. No âmbito das transformações, a pauta econômica se destacava por ser a dimensão mais
aparente desse fenômeno, assim como as transformações ambientais, logo, o espaço turístico era
entendido como um espaço periférico que atende às demandas de descanso das cidades,
obedecendo a uma lógica de localização a partir dos centros emissores e a uma racionalidade
econômica para atender à demanda turística.
Havia uma dificuldade em definir o espaço turístico devido às incipientes manifestações do
Turismo no mundo e a elitização desta prática. Outro ponto a ser relembrado era que num primeiro
contexto, o turista era entendido como parte integrante da paisagem do Turismo e isso demandava
um conhecimento ainda indisponível acerca da relação pouco conhecida entre o Turismo e a
natureza. Contudo, esse entendimento integrado homem-meio foi revogado pela urgência do
objetivismo científico do positivismo, ocasionando a separação destes.
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3.2.2 Período de Consolidação da Geografia do Turismo

O período de consolidação da “Geografia do Turismo” divide-se em estudos neopositivas


e estudos críticos. No caso dos primeiros, as regras produzidas pelo trato científico se colocam
através do método dedutivo e os pressupostos teóricos traduzidos pelo entendimento dos
comportamentos e preferências humanas como homogêneos, pela crença na neutralidade do Estado
e no acesso generalizado à informação. O foco encontra-se na estrutura espacial traduzido por meio
da interação origem e destino, da intensidade e direção dos fluxos, na distribuição e localização do
fenômeno no espaço e de vários fenômenos correlatos, nas relações e organizações do espaço
turístico e nas variações espaciais do Turismo. Com a pegada científica no trato dessas questões,
inaugurou-se a criação de modelos explicativos, a determinação de padrões e unidades na
manifestação espacial do fenômeno, o estabelecimento de critérios e variáveis para a elaboração
de uma tipologia turística, entre outros MORAES (1999).

Assim, tomam-se como perguntas próprias a esse quadro de composição de estudos as que
indagam a respeito do quem (turista, num perfil socioeconômico e de comportamento da oferta)?
Do que é esse fenômeno (entendimento herdado do período anterior, atividade econômica/como se
configura os deslocamentos)? E onde se manifesta (a localização, quais os fluxos regionais, número
de chegadas e partidas, arranjos espaciais, qual a regra para sua distribuição)? Que desconsideram
o homem como parte inerente ao processo, sendo no máximo incluído como ser social (algo
também raro nesse tipo de pesquisa).
Quanto às infinitas possibilidades de classificação, tem-se LOZATO (1985) que propõe a
classificação do espaço turístico em função de uma estrutura produtiva diversa (espaços
polivalentes) ou de estrutura especializada na atividade turística (espaços especializados) que
podem ser espaços mais ou menos abertos, semi-integrados e integrados, dependendo da ausência
ou não de acesso e fluxo turístico, e se distribuem no espaço de forma mais ou menos polinucleares
(núcleos de concentração da oferta turística), mais ou menos multipolares (um ou vários polos de
atração de diferentes naturezas).
Para IVARS (2001), os estudos classificatórios servem para identificar os critérios
elencados individualmente pelo pesquisador como modo de informar quais são os elementos que
interferem na estrutura e funcionamento e explicam, em certa medida, a organização territorial dos
espaços turísticos e suas implicações globais e setoriais. São critérios, segundo ele, os abaixo
listados;
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1. Condições geográficas e estrutura pré-turística


a) Localização geográfica Tipo de “entorno turístico”: litoral, urbano, rural ou natural
b) Características do meio físico-ecológico
c) Acessibilidade
d) Estruturas territoriais pré-turísticas: -Variáveis territoriais: distribuição dos
assentamentos urbanos, usos do solo, funções urbanas; Variáveis sociodemográficas:
volume e estrutura da população, tendências regressivas e progressivas; Variáveis
econômicas: rentabilidade dos setores tradicionais, relações intersetoriais, ...
2. Processo de desenvolvimento turístico
a) Contexto econômico e sociopolítico das distintas fases do processo de desenvolvimento
b) Estratégias de intervenção de agentes públicos e privados: procedência da inversão,
titularidade das empresas turísticas, ...
c) Caráter espontâneo ou planejado
d) Determinação da fase atual de desenvolvimento de acordo com a teoria do ciclo de vida
da área turística
3. Modelo turístico resultante da associação recursos – estruturas produtivas –
demandas
a) Tipo de recursos turísticos atuais e potenciais
b) Volume, segmentação e distribuição temporal da demanda
c) Volume, tipologia, nível de especialização e distribuição territorial da oferta
4. Níveis de integração territorial, econômica e turística
a) Caráter fechado (enclavado) ou integrado do espaço turístico na estrutura territorial
b) Relações intersetoriais do Turismo com outras atividades econômicas
c) Procedência dos fluxos turísticos: internacionais, nacionais ou regionais
d) Grau de penetração das empresas turísticas exógenas
5. Marco institucional e sistema de atores
a) Distribuição das competências e organização administrativa do Turismo
b) Filosofia, planos e programas de atuação pública
c) Estratégias dos agentes operantes no espaço turístico
d) Iniciativas de colaboração e cooperação entre os atores
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6. Imagem
a) Atributos da imagem do espaço turístico
b) Imagem arquetípica, projetada e percebida
c) Consequências do desenvolvimento turístico
d) Efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais

3.2.3 Período da Pluralidade

Chegando ao período da pluralidade dos estudos da “Geografia do Turismo”, num


contexto de crise paradigmática das ciências em geral, verifica-se a consolidação de uma produção
bastante extensa e variada, sem comungar de regras iguais e/ou de preceitos específicos que possam
ser aplicados na formação dos conceitos do espaço.
Assim, obtêm-se produções que são resultados de uma pluralidade de condições e de
diversas orientações teórico-metodológicas que dificultam o estabelecimento de uma linha única
de pensamento que traduza o espaço turístico e a questão espacial em termos de uma base teórica,
dada a miríade de conhecimentos dispersos desse subcampo. De um modo geral, destaca-se a
continuidade do esforço de se perceber a importância do social na teoria espacial e o crescimento
da influência da corrente fenomenológica como método.
Quanto à evolução nos estudos do espaço turístico, surgem investigações que buscam
conjugar a concepção social-materialista com a perspectiva simbólico-subjetiva do fenômeno,
relativas à inserção da abordagem fenomenológica nos estudos do Turismo, que dão ênfase ao
ponto de vista dos turistas e à dimensão do espaço como múltiplo, vivido, fluído e campo de
experimentação. No contexto da diversidade e da necessidade de se repensar os pilares
epistemológicos e ontológicos, pode-se dizer que essa “Geografia do turismo” tenta rever seus
principais achados e pontos debatidos que contemplam o significado das práticas turísticas, as
relações socioculturais que interferem na produção ou reprodução dos lugares turísticos, a atual
dinâmica das cidades e a velocidade dos eventos que incidem no comportamento da sociedade e
no modo de fazer Turismo.
Por outra, como em outros ramos da Geografia, o estudo espacial das actividades turisticas
foi passado progrecivamente por um tratamento descritivo e outro explicativo, passa de uma fase
ideográfica, a outra que coloca em destaque a busca de leis gerais para estabelecer uma teoria do
espaço turístico, como pode-se observar nesta classificação de VERA et. al (1997):
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3.2.4 Geografia Clássica

Desde o naturalismo ou determinismo até possibilismo historicista francês e a tradição


corológica alemã, o objectivo de estudo se centra nas influências que os factores físicos e
antropogeográficos têm sobre o aparecimento e desnvolvimento do turismo.

3.2.5 Geografia Neopositivista

Busca as regularidades existentes e a destribuição dos fenómenos espaciais, sendo que o


turismo e a recreação foram campo de provas para o neopositivismo. Um exemplo foi a teoria dos
espaços centrais. O neopositivista começou a teorização apartir dos anos 1970 do ócio e do turismo
e sua produção económica e na organização do espaço.

3.2.6 Nova Geografia (Geografia Radical/Critica)

Geografia humanista, nova geografia regional etc. renega o pensamento positivista


(reducionista e formal) que vem considerar os comportamentos espaciais como expressao concreta
ds necessidades reais de determinados grupos humanos no campo do ócio. Mas a Geografia
Humanista na decada 80 não se destacou na sistematização teórica do espaço turístico. A nova
dinámica da sociedade pósindustrial afecta os novos comportamentos turísticos.

3.2.7 Geografia Pós-modernista

Influi no pensamento de planeamento e apreensao e estudo de fenomenos turístico, e acaba


por influênciar os fundamentos da geografia do turismo e sua perpectiva evolutiva.
Neste contexto RODRIGUES (1996) expõe um histórico no qual pode-se explorar 5 dos
principais trabalhos produzidos acerca da geografia do turismo listadaos abaixo:

TÍTULO DA OBRA AUTOR ANO CONTRIBUIÇÃO


Não consta J. Stradner 1905 Usou a expressão Geografia do Turismo
Variations de consommation de Françoise 1961 Estabeleceu uma hierarquia das regiões
farine et migration touristique d’été Cribier turísticas francesas, comparando as
en France estações baixa e alta
Some considerations of tourism W. Christaller 1963 Estudo pioneiro de geografia do turismo,
location in Europe fundamentado na sua clássica teoria dos
lugares centrais
La localization de l’industrie N. Yokeno 1968 Mostra a longa tradição da Geografia em
touristique: application de l’anlayse caracterizar e classificar os espaços
de Thünen-Weber turísticos estabelecendo-se tipologias e
modelos
Une modèle de l’espace touristique Jean-Marie 1977 Apresenta modelos teóricos de espaços
Miossec turísticos
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4 Conclusão

Os estudos sobre turismo incidem sobre diferentes subdomínios temáticos crescentemente


especializados. A relação do turismo com a Geografia é determinado a partir dos deslocamentos
realizados pelas pessoas ou turistas do seu lugar de origem a lugares que reúnam as características
básicas que satisfaçam os seus desejos e realizações. A Geografia possibilita essa análise complexa,
pois os elementos que materializam essa satisfação se configuram no espaço: a oferta; a demanda;
os serviços; os transportes; a infra-estrutura; entre outros. Porém, vale ressaltar a complexidade da
análise das relações sociais, assim como, dos processos de construção social dos espaços associadas
às expectativas, desejos e anseios das comunidades receptoras e turistas. Isso faz com que os
estudos de turismo a partir da ciência geográfica auxiliem no processo de planejamento e
desenvolvimento do turismo, levando-se em consideração a gestão do território.
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5 Referências Bibliográficas

BRITTON, S. Tourism, capital and place: towards a critical geography of tourism. Environment
and Planning. Society and Space, vol. 9, PP. 451478, 1991.
CORIOLANO, L. N.; ALMEIDA, H. M. de. O turismo no nordeste brasileiro: dos resorts aos
núcleos de economia solidária. Scripta Nova: revista electrónica de geografía y ciencias sociales,
[en línia], 2007, Vol. 11. https://raco.cat/index.php/ScriptaNova/article/view/7408.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
IVARS, J. A. La planificación turística de los espacios regionales em España. Junio de 2001.
Volumen I Tesidoctoral de la Universidad de Alicante. Instituto Universitario de Geografía.
Alicante. 2001.
LOZATO-GIOTART, J. Geografia del Turismo: dallo spazio visitato allo spazio consumato.
Milão: Franco Angeli, 2002.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: Hucitec, 1999.
MITCHELL, L.; MURPHY, P.E. Geography and Tourism. Annals of Tourism Research, 18, 1991.
P. 57-70.
PERACE, Douglas. Desarrollo Turístico. Su planificación y ubicación geográfica. México: Trillas,
1988.
RODRIGUES, A. (Org.) Turismo e Geografia: reflexões teóricas e enfoques regionais. São Paulo:
Hucitec, 1996.
RUPPERT, K. et MAIER, J. Geographie und Fremdenverkejr, Skizze eines
fremdenverkehrgeographischen Konzepts. In: Wissenschaftliche As- pekte des Fremdenverkehrs.
Hannover: Akademie fuer Raumforschung und Landesplannung, págs. 89-101, 1969
SANTOS, Milton. Metamorfose do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.
VERA, J.F (Coord.) et. al. (1997). Análises territorial del turismo. Barcelona: Ariel

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