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três últimas fases da perspetiva psicossocial de Erickson, nomeadamente a fase adulta que se subdivide em

duas fases e a fase idosa.


A primeira fase que apresentarei é a sexta fase conhecida como intimidade versus isolamento. Esta ocorre
após a adolescência e a crise de identidade, isto é, entre os 18 e 30 anos e, nesta fase, os jovens adultos
enfrentam o desafio de se relacionar emocionalmente com outras pessoas pois à medida que as pessoas
entram na idade adulta, estas relações emocionalmente íntimas desempenham um papel importantíssimo no
bem-estar emocional. Para Erikson, estas relações devem ter proximidade, honestidade e amor, acima tudo.
Assim, inclui relações amorosas tal como amizades próximas com outras pessoas.
Vários adultos conseguem formar estas relações, ganhar apoio e a tal intimidade, mas há quem não tenha
assim tanta sorte e experiencie rejeição ou outras respostas que o levem a se isolar. Dessa forma, poderá ser
prejudicial para a sua confiança e autoestima, evitando que o mesmo volte a tentar relacionar-se com outras
pessoas, dirigindo-o desta forma ao Isolamento. Este isolamento também pode acontecer caso a pessoa não
seja bem sucedida nas etapas de desenvolvimento anterior, e por isso, ao não ter um forte senso de
identidade que é fundamental para estabelecer relações íntimas e duradouras, acaba por se isolar.
Seguidamente, na sétima fase , Produção versus Estagnação, ocorre entre os 30 e os 65 anos, o indivíduo
em princípio está a construir a sua família, a sua carreira e procura contribuir para a sociedade. O mesmo só
sentirá estas necessidades caso tiver concluído todas os estádios anteriores com sucesso e sentir-se feliz
com o seu progresso. Porém, se o mesmo ainda agarrar-se a problemas do passado e continuar a revivê-los,
poderá tornar-se num pessimista, sentindo-se excluído e resultando na Estagnação.
Com o passar dos anos, a forma de viver esta fase alterou-se. Antigamente, era suposto casar-se e criar
filhos. Hoje em dia, com tantas oportunidades, as formas de contribuir para a sociedade também mudaram,
isto é, as ações feitas nesta fase como dar, receber, criar e contribuir, podem ser vividas não só na família,
mas em outras relações. Segundo Erikson, através destas ações o individuo não ficaria devastado e sem
rumo na vida. Desta forma, ao ser orgulhoso das suas realizações, ver os seus filhos a se tornarem adultos,
e desenvolver uma grande e forte proximidade nas suas relações, sentir-se-á confiante, feliz e preparado
para a sua próxima etapa de desenvolvimento.
Para exemplificar, dou-vos a conhecer o Marco, um homem nos seus 50 anos que trabalha na área de
medicina e que quer contribuir de maneira significativa para a sua sociedade. Logo, decide fazer
voluntariado, e avançar na sua carreira para poder ajudar os outros. Supomos que Marco não conseguiu
encontrar um senso de realização e propósito na sua vida ao fazer estes contributos. Por essa razão, sentiu-
se estagnado e desmotivado, o que o levou à depressão e a outros problemas emocionais. Agora vamos
supor que noutro universo paralelo, Marco conseguiu realmente encontrar um senso de propósito nas suas
ações e assim, sentir um sentimento de satisfação e realização pessoal, o que levou a um aumento da
autoestima e do bem-estar emocional de Marco.
Passando agora para a oitava e última fase da perspetiva psicossocial, Integridade vs Desespero, que
começa aproximadamente aos 65 anos e acaba na morte. Podemos afirmar que antigamente, os idosos eram
percecionados, como possuidores de grande sabedoria e pessoas consideradas e respeitadas por todos.
Infelizmente, com o aparecimento do capitalismo, esta visão mudou, pois, aos olhos do capitalismo quem
mais produz, mais contribui para a cultura e assim, os idosos passaram a ser desvalorizados pela sociedade
e para algumas famílias tornaram-se em fardos por ser difícil cuidar deles e ao mesmo tempo cuidar dos
seus filhos e trabalhar. Apesar de ser dito que já não contribuem muito para sociedade, continuam a ser
pessoas cheias de sabedoria e de experiência de vida que já nos deram muito. Mas mesmo assim cada vez
mais, o destino dos idosos é esquecidos numa instituição ou até num hospital. Contudo, há quem visite-os e
trate-os bem nesses estabelecimentos.
Nesta fase, os idosos experienciam uma crise de identidade, em que refletem se estão feliz com a vida que
tiveram ou se estão arrependidos com as coisas que fizeram ou que não fizeram. Assim, caso sentirem-se
contentes com o seu passado, sentirão a Integridade do ego, isto é, a aceitação do seu passado, sem
ficarem presos ao que “deveriam ter feito” ou ao que “poderiam ter sido”, que significa aceitar as nossas
próprias imperfeições e a dos outros. Porém, se sentirem-se frustrados com as suas experiências passadas,
sentirão Desespero.
Esta fase pode desencadear-se devido a acontecimentos da vida, como por exemplo, a reforma, a perda do
marido ou da mulher, de amigos ou o aparecimento de graves doenças e, de acordo com Erickson, quem
não tiver muitos arrependimentos, sentir-se completo e uma sensação de integridade nesta fase, terá
concluído a última fase do desenvolvimento e atingido a sabedoria, mesmo quando confrontado com a
morte.
Para exemplificar tudo o que acabei de dizer, falarei sobre Judite, uma mulher com 65 anos chamada Judite
que se reformou recentemente do seu trabalho como professora de escola. Quando a mesma começa a
refletir sobre a sua vida, sente-se satisfeita, porém com alguns arrependimentos. Não só teve uma longa
carreira de professora como também educou quatro filhos com quem tem um bom relação.
Por um lado, está orgulhosa dos seus anos a ensinar crianças e cuidar dos seus netos. Mas, por outro lado, a
sua filha mais nova não tem um emprego estável, estando sempre a mudar de trabalho e necessitando de
ajuda financeira de vez em quando. Assim, Judite questiona-se se podia ter feito alguma coisa para
direcionar a filha para um caminho melhor, sentindo-se também arrependida por nunca ter feito um curso
de pós-graduação.
Mas no final, Judite ao relembrar-se da sua vida, orgulha-se de algumas experiências como também se
arrepende, sendo isto o que maior parte das pessoas sente nesta fase. A forma como Judite resolverá a crise
determinará se ela conseguirá a integridade ou se ficará apenas com sentimentos de desespero.
No fim, a mesma acaba por sentir uma sensação geral de orgulho e realização na sua vida, tendo feito o que
queria, e conseguido criar uma família feliz. E sobre os pequenos arrependimentos que Judite sente, são
completamente normais e como Erikson afirma, são inevitáveis de se sentir. Logo, desde que Judite aceite-
os, não há problema.
Para além da reflexão que as pessoas fazem nesta idade, é necessário que se envolvam na sociedade pois, a
partir de estudos feitos sobre as histórias de vida sobre idosos, foi concluído que a integridade resulta não
só da reflexão sobre o passado, mas também de contínuos estímulos e desafios que tem de enfrentar. Como
por exemplo, através de atividade política, de programas de manutenção da boa forma, do trabalho criativo,
ou através de relacionamentos com os netos. Daí que, devemos certificarmos que os nossos avós ou pais
estejam num lugar que os proporcione tais condições.

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