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Construção e gestão de programas de animação

Podem ser identificadas várias fases na construção de programas de animação:


1. Levantamento de recursos ¬– Define-se a animação com base na área de
operação da companhia (cultural, desportiva, etc.), nas capacidades da equipa (tem
treino para a realização de certas atividades?) e no segmento de mercado (as suas
necessidades e expectativas). Com base nestes elementos identificam-se recursos que
possam ser incluídos no programa e avalia-se a sua potencial atratividade (em termos
de conservação, informação, capacidade de carga, horários), bem como a informação
disponibilizada ou a ser disponibilizada. São os recursos que constituem a matéria-
prima da viagem. O inventário divide-se em recursos naturais e culturais. O profissional
de turismo deve ter ficheiros com informação referente a todos os recursos que deve
atualizar regularmente. A inventariação de recursos passa, pois, pelo registo ordenado
do conjunto dos atrativos turísticos, equipamentos, serviços e infraestruturas
existentes em determinado território e em pleno funcionamento.
2. Contratação – Nesta fase passa-se à definição de recursos e fornecedores de
serviços (guias, transporte, alojamento, restaurantes, etc.), apresentando-se-lhes a
empresa e o destino, os objetivos, o segmento-alvo, etc. Avaliam-se in loco os recursos
e serviços (visitas de inspeção). Definem-se ainda as condições de contratação (a nível
de preços, encargos, prazos de pagamento, etc.)
3. Programação – Trata-se de organizar e integrar a oferta, definindo recursos e
fornecedores de serviços a integrar no programa (selecionando bens os colaboradores
com vista a assegurar a qualidade) e construindo o programa final (definindo o
percurso, o tempo de visita, o local de partida e chegada e as condições gerais).
4. Orçamentação – Feita em função de preços acordados com os fornecedores de
serviços, número de pessoas e política de comissões. Trata-se de definir o preço do
programa em função do segmento de mercado.
5. Promoção/comercialização – Refere-se à definição da identidade, marca e linha
de comunicação em função do posicionamento da empresa, bem como de formas de
comunicação dos produtos e de canais de distribuição.
6. Implementação/monitorização – Testa-se o produto e fazem-se acertos, em
função da avaliação da prestação dos fornecedores de serviços e da satisfação dos
clientes, bem como do feedback dos clientes. Procura-se ainda desenvolver formas de
fidelização.
A construção de rotas turísticas abrange uma série de passos:
1. Escolha da temática (com base nos recursos)
2. Levantamento de possíveis recursos a usar na rota
3. Escolha e definição de recursos a introduzir na rota
4. Avaliação dos recursos a integrar na rota
5. Definição/segmentação do produto com base nos recursos do destino e
público-alvo (subtemas, percursos dentro da mesma rota, flexibilidade, rigidez)
6. Definição dos objetivos da rota
7. Definição da duração, percurso, execução, tempo livre, etc.
8. Definição do público-alvo (pode ocorrer antes ou depois da definição do
produto)
O planeamento de rotas deve considerar as infraestruturas disponíveis e necessárias à
sua realização, bem como os recursos locais e regionais e o desenvolvimento
sustentável de produtos turísticos. É importante destacar o unique selling point da
rota, a sua proposta única, o elemento da rota que, pela sua unicidade, não pode ser
experienciado em qualquer outro local.

Legislação
A legislação relativa à animação turística apresenta várias lacunas; por exemplo, os
parques de aventura e desportos radicais dispõe de muita pouca regulação das suas
atividades. Ainda assim, a legislação de animação turística tem verificado significativos
progressos ao longo dos últimos anos. Antes de 2000 a empresa de animação turística
não existia em lei; a tipologia mais aproximada era a agência de viagens, que exigia um
capital mínimo de 100 000€. Sendo muito difícil o acesso a esta tipologia, muitos
operadores de animação turística atuavam à margem da lei.
Segundo a lei, a empresa de animação turística é uma pessoa singular ou coletiva que
desenvolve, com carácter comercial (i.e., com intuito de ter lucro), atividades de
animação turística. Estas podem ser de vários tipos:
• Atividades de turismo de ar livre/turismo de natureza e aventura – Decorrem
em espaços naturais, promovendo a interação e conhecimento da natureza e a fruição
do meio natural. Podem ou não ser feitas em instalações e espaços preparados para o
efeito. Implicam organização logística ou supervisão do prestador de serviços.
• Atividades de turismo cultural/touring cultural e paisagístico – Atividades
pedestres ou transportadas que envolvem património natural e cultural com mediação
do agente de animação turística, para partilha de conhecimento.
• Atividades de turismo de natureza – Ocorre apenas em áreas classificadas,
tendo que ser reconhecidas pelo ICNF. Este reconhecimento surge da prática de boas
condutas ambientais e, por vezes, do envolvimento em projetos de conservação da
natureza
• Atividades marítimo-turísticas – Desenvolve atividades baseadas na água:
passeios, aluguer de embarcações, pesca turística, etc.
Todas as empresas são obrigadas por lei a efetuar o seu registo através do portal do
Registo Nacional de Turismo. Estão isentas da realização do registo:

• Atividades próprias de serviços de conservação da natureza;


• Atividades em museus, palácios, monumentos nacionais e outras extensões
culturais;
• Campos de férias e similares (sujeitos a legislação específica);
• Organização de espetáculos, feiras, congressos e eventos de qualquer tipo.

O procedimento de implementação de uma empresa de animação turística passa por


vários passos: o projeto, o registo, a implantação, a homologação e a manutenção.
O acesso à atividade faz-se da seguinte forma:
1. Inscrição em operadores marítimo-turísticos (caso se trate de uma empresa
que se dedique a esse tipo de atividades);
2. Comunicação prévia (já com a empresa constituída e os seguros contratados)
na plataforma do RNAAT. As empresasde turismo de natureza devem submeter
juntamente com o processo uma lista de ativos da empresa, uma declaração de adesão
formal a um código de conduta e um projeto de conservação da natureza, este último
de carácter opcional;
3. Pagamento de taxas;
4. Comunicação do Turismo de Portugal a outras entidades (no caso de animação
de turismo de natureza, o ICNF). Poderá ser útil a consulta destas entidades com
antecedência, para não se correr o risco de a empresa ser chumbada nesta fase;
5. Início das atividades (passados 10 dias, se for uma empresa normal, ou 25 dias
se uma de turismo de natureza).
Isentas deste registo estão as associações sem fins lucrativos, que fazem atividades de
carácter esporádico só para os seus membros ou associados.
A contratação de seguros é obrigatória, servindo como uma garantia financeira. Estes
são de responsabilidade civil (caso haja incidentes da responsabilidade da empresa) e
de assistência no estrangeiro (para todos os clientes que são estrangeiros). Estão
isentas da contratação destes seguro atividades obrigadas a fazer seguros idênticos,
atividades relacionadas com visitas a museus, palácios, monumentos ou outros
semelhantes e empresas que subcontratem outras empresas.
As instalações e equipamentos devem estar devidamente licenciados junto das
entidades adequadas, bem como um seguro.
O uso de meios de transporte para os clientes por parte da empresa está limitado. No
passado, a lei ditava que as empresas de animação turística não podiam transportar
turistas, sendo isto uma atividade exclusiva das agências de viagem. Na atual lei, pode
ser efetuado transporte de turistas em veículos com até 9 lugares. Para números
superiores ou se registam como transporte público ou recorrem a empresas
licenciadas. O motorista tem que ter consigo informação sobre horários de atividade,
local de partida, local de chegada, duração, horários e descrição, bem como a
identificação da empresa.
A fiscalização destas empresas é feita sobretudo pela ASAE, estando as capitanias
encarregadas dos operadores marítimo turísticos e o ICNF das atividades de animação
turística que decorrem em áreas protegidas.

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