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Perícias de Valor e de Construção Civil

O Juiz é um técnico de área específica (direito), e não lhe pode ser exigido conhecer outras áreas especializadas,
como economia, medicina ou engenharia. Se as partes em demanda trazem ou solicitam a produção de provas que
exijam conhecimento técnico elevado, o Juiz precisa buscar o auxílio de experts. Como diz Tornaghi (p.450): “O
perito é a lente do juiz e o faz ver o que ele não via. O juiz olha uma parede rachada e não sabe se ela oferece
perigo. O perito analisa para o juiz a rachadura e o faz entender o que antes não entendia”.
Assim, as questões técnicas que surgem em um processo judicial devem ser resolvidas por um expert, que é um
especialista na matéria, atuando como auxiliar do juiz. No processo civil, são admitidas diversas espécies de
prova. A espécie de interesse aqui é a Perícia Judicial, que é um exame técnico realizado por profissional
habilitado legalmente, com a finalidade de esclarecer determinado fato, apurando suas causas e conseqüências, ou
de avaliar o valor ou o estado da coisa ou de seus frutos. Existem vários tipos de perícias na área da Engenharia e
da Arquitetura.
O profissional que deseja dedicar-se à realização de perícias deve ter, ao menos, noções de processo civil, para
que possa conhecer sua real função, e assim desempenhá-la melhor. Existem diversos atos do Perito no processo,
os quais são realizados através de petições, cada qual com uma função. O desenvolvimento do trabalho pericial
segue uma rotina razoavelmente definida, incluindo o diálogo com os assistentes técnicos, realização das
pesquisas, levantamentos e análises necessários e prosseguindo com a redação do laudo pericial e
acompanhamento das manifestações posteriores das partes. O trabalho pericial conclui-se apenas com o trânsito
em julgado da ação (mesmo após a sentença, as partes podem recorrer, e o Tribunal poderá, eventualmente, anular
alguns atos, que deverão ser refeitos).

Tipos de Perícias

Existem vários tipos de ações que necessitam do exame de um expert. São comuns as ações que envolvem direitos
de propriedade (reais), como nas questões de desapropriações, usucapiões, reivindicatórias, divisórias,
demarcatórias, renovatórias ou revisórias de locação. Na maioria destas, em geral o Perito precisa definir o valor
dos imóveis ou de seus frutos. Nas ações cautelares ou de nunciação de obra nova, os imóveis precisam ser
examinados fisicamente, investigando as condições em que se encontra antes e após determinada situação (obra
nova no terreno vizinho, por exemplo) ou apenas em um destes momentos. Nas questões decorrentes de
problemas de vizinhança ou danos às construções, interessa primordialmente os aspectos de construção civil.
Quanto às espécies, as Perícias podem ser divididas em:

Exame Judicial

É a inspeção técnica realizada em pessoas, animais ou coisas móveis. Por exemplo, o exame da saúde ou condição
de um animal deve ser procedida por um Agrônomo, enquanto que máquinas ou automóveis serão examinados
por Engenheiros Mecânicos. Na área da Engenharia Civil e da Arquitetura, dificilmente são encontradas perícias
deste tipo. Um caso, mais raro, seria o de análise de mobiliário ou instalações comerciais.

Vistoria Judicial

É a inspeção realizada em imóveis, verificando suas condições físicas, estado de conservação ou aproveitamento.
Descreve a situação geral do imóvel. É o tipo de perícia empregado nas questões de nunciação de obra, produção
antecipada de provas e questões de prejuízos causados por obras ou ações de terceiros que causem danos ao
imóvel.

Avaliação Judicial

São as perícias em que o objetivo principal é a avaliação dos valores de venda ou de direitos dos imóveis, sendo
empregada em uma variedade de situações, tais como: inventários, dissolução de sociedade, revisões ou
renovações de aluguel, cobrança de tributos, partilhas e desapropriações. Compreende a análise da situação física
e do mercado imobiliário. Neste sentido, toda avaliação tem uma etapa de vistoria, descrevendo detalhadamente o
imóvel em questão e uma análise do valor normal de mercado, obtido através dos processos técnicos descritos na
NBR 5.676.
Nomeação do Perito

Os Peritos são profissionais com o conhecimento necessário e a habilitação legal na área, mas nomeados pelo Juiz
de acordo com seu entendimento, respeitados os impedimentos legais. Sob os mesmos requisitos, as partes podem
indicar profissionais para funcionarem como Assistentes Técnicos. Há juízes que escolhem apenas um Perito de
cada área para todas as ações, nomeando sempre o mesmo profissional (este comportamento é de certo modo
perigoso, pois o Perito não é infalível: cria-se um excesso de confiança em seu trabalho, e os assistentes técnicos
das partes podem ser desconsiderados, mesmo que estejam certos).
Tornaghi (p.451) sustenta que o Juiz não pode dispensar o auxílio do Perito, mesmo que possua conhecimento na
área, pois a prova é feita também para as partes, que necessitam do exame técnico da realidade, afim de melhor
fundamentar seus pedidos. Se as partes não solicitam provas, o Juiz pode prescindir dela. Porém, se a requisitam,
precisa deferir.
A Lei nº 5.194, de 24/12/66, regulamenta o exercício da profissão para Engenheiros e Arquitetos, atribuindo a
competência exclusiva de avaliação de imóveis, máquinas e equipamentos a estes profissionais. A Resolução nº
218 do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) define as atribuições de cada
categoria profissional, enquanto que a Resolução nº 345 define as atribuições na perícias. Ainda devem ser
consideradas as normas, especialmente a NBR 5.676, Norma Brasileira de Avaliação de Imóveis Urbanos, que
apresenta os procedimentos e critérios a serem cumpridos nas avaliações de imóveis.

Impedimento e suspeição do Perito

Após a nomeação do Perito, ele é intimado para prestar compromisso, assumindo as responsabilidades legais
referentes ao exercício da função. Contudo, a lei prevê motivos para o impedimento da atividade de determinado
Perito. Basicamente o legislador está pressupondo que o trabalho técnico não seria imparcial nestes casos.
O Perito está impedido (não pode atuar) no processo:
o se ele mesmo for parte;
o se foi mandatário da parte ou se testemunhou;
o se alguma das partes ou de seus procuradores ou o Juiz for seu cônjuge, parente
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
o se for diretor ou administrador de pessoa jurídica que é parte na causa.

Além disto, é suspeito se:


o for amigo íntimo ou inimigo de uma das partes;
o uma das partes for credora ou devedora do Perito, de seu cônjuge ou de seus parentes em
linha reta ou colateral até o terceiro grau;
o for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador das partes;
o receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo, aconselhar as partes ou fornecer
recursos para as despesas do feito;
o for interessado no julgamento da causa;

O Perito pode, espontaneamente, declarar-se impedido ou suspeito, por estes motivos ou por motivo íntimo,
recusando a nomeação. Se isto não ocorrer e existir motivo, qualquer das partes poderá exigir a substituição, na
primeira oportunidade (é caso de preclusão) após ter conhecimento da condição para impedimento ou suspeição.
Dos assistentes técnicos, em geral, não se cogita da recusa, a não ser que exista um motivo forte. No âmbito do
novo CPC, os AT são assessores das partes, não prestando compromisso nem sendo necessário apresentar Laudo
(apenas Pareceres Técnicos)

Rotina de Realização das Perícias

Nomeado, o Perito pode escusar-se, por motivo legítimo, ou aceitar a incumbência. De qualquer forma, deve antes
analisar os autos com atenção para verificar do que trata a perícia a ser realizada. Neste momento, poderá alegar
desconhecimento da matéria ou impedimento legal (um engenheiro civil indicado para tarefa de engenheiro
mecânico, por exemplo). Aceitando, presta compromisso nos autos e pode solicitar honorários (o exame inicial
permitirá estimá-los). O Juiz marca a data de início e o prazo para realização da perícia. Na data marcada, o Perito
comparece ao Cartório e leva os autos em carga.
A função do Perito

O Perito deve trazer aos autos a informação técnica relevante e necessária ao deslinde da questão. Por vezes,
necessita extrapolar o que lhe foi determinado inicialmente. Ocorre que as partes e mesmo o Juiz podem
encomendar um exame por demais restrito. Por serem leigos, não sabem avaliar precisamente o que é importante
ou não. O Perito, como expert na área, deverá avaliar o real trabalho a ser executado. Porém, não deve tentar
ensinar ao Juiz ou às partes os detalhes da matéria, ou como analisar os fatos. Ele próprio deve realizar esta tarefa,
trazendo um Laudo Pericial completo, claro e conclusivo, se for possível. Deve respeitar o prazo fixado,
solicitando prorrogação, se não for suficiente. O Perito pode investigar, solicitar acesso ou cópia de documentos
públicos e privados, interrogar ou colher depoimentos ou pareceres de interesse para a solução da questão.
A função do Perito é de natureza pública. Ele presta um serviço público temporário. Tem autoridade pública por
delegação. É um auxiliar do Juiz. Atua em nome da Justiça. Por isso está sujeito, no que couber, às normas que
regulam a atividades dos funcionários públicos, e responde por crimes de responsabilidade.
Depois de prestado o compromisso e iniciado o trabalho, o perito não pode negar-se a emitir o laudo, ou a
responder qualquer um dos quesitos que lhe sejam apresentados. Se ele entender que determinado quesito é
impertinente, ou mal formulado, deve solicitar ao Juiz, por escrito, que decida se esse quesito precisa ser revisto
ou anulado.

A função dos Assistentes Técnicos

Cada parte tem o direito de indicar, em princípio, quantos assisrtentes técnicos desejar, sendo de sua
responsabilidade informá-los e instruí-los sobre o trabalho que estes deve fazer, bem como firmar contrato de
prestaçào de serviços com eles, estipulando, de comum acordo a remuneraçào devida.
As funções do assistente técnico assemelham-se mais às do advogado da parte do que às do Perito. Elas não tem o
caráter publico que as de este último adquirem. A assistente técnico é contratado para prestar um serviço de
assessoria. Na prática, seu trabalho pode ser idêntico ao do Perito, porém, seu valor jurídico é diferenciado, visto
que os assistentes não estão sujeito ao mesmo compromisso nem às mesmas responsabilidades, suspeições,
impedimentos e incompatiblidades do Perito.

Atos do Perito no Processo

As manifestações do Perito no decorrer do processo são genericamente denominadas de “petições”. As petições


mais comuns são as seguintes (indicando-se o núcleo do texto):

a) Adiantamento dos honorários

“Solicito o adiantamento da quantia de ___, para fazer frente às despesas necessárias à realização da perícia”.

b) Fixação dos honorários

“Solicito a fixação dos honorários em ___, tendo em vista o trabalho executado, e as despesas realizadas com
fotografias, cópias de documentos, gasolina e hospedagens, efetuadas durante a realização do trabalho pericial e
comprovadas em anexo”.

c) Depósito dos honorários

“Tendo em vista a fixação dos honorários, deferida a fls. ___, solicito o Preparo dos honorários”.

d) Alvará para recebimento dos honorários

“Tendo em vista o depósito de honorários referentes ao trabalho pericial, solicito a expedição do Alvará
correspondente, para levantamento da quantia”.

e) Prorrogação de prazos
“Solicito a prorrogação do prazo de execução da Perícia, em vista da necessidade de prosseguir na busca de dados
para a realização da avaliação do imóvel”.

f) Esclarecimentos sobre quesitos ou procedimentos

“Solicito esclarecimentos sobre o quesito ___, de fls. ___”.


“O exame necessário para responder aos quesitos formulados pelas partes, a fls. ___, envolve despesas extras de
___ para a realização de levantamento topográfico detalhado. Sendo realizado por medição expedita (à trena), o
valor correspondente seria de ___. Solicito que as partes definam qual a forma desejada. Por fim, solicito o
depósito da quantia correspondente”.

g) Pedido de certidões

O pedido de certidões em processos judiciais normais é assegurado a qualquer cidadão. Apenas alguns processos,
que correm em “segredo de justiça”, oferecem limitações. As certidões podem ser solicitadas por escrito ou
verbalmente. O Perito poderá solicitar, por exemplo, certidões comprovando que executou o trabalho, do valor
dos honorários definidos pelo Juiz, das conclusões da sentença ou das referências ao Laudo (ou à pessoa do
Perito) procedidas pelas partes ou pelo Juiz.
A Certidão que declara o valor dos honorários e o responsável pelo pagamento é um título extra-judicial, a ser
executado diretamente, através dos juizados especiais ou normais.

Laudo Pericial

O Laudo é o parecer técnico resultante do trabalho realizado pelo Perito, via de regra escrito. Deve ser redigido
pelo próprio Perito, mesmo quando existem Assistentes Técnicos. Os colegas devem receber a oportunidade de
examinar o texto e emitir suas opiniões. Esta tarefa deve ser realizada em conjunto, de preferência. O Perito ganha
tempo e reduz os debates infrutíferos, desta forma. A maioria dos trabalhos resolve-se dentro do campo técnico,
sem margem para opiniões pessoais.
Um laudo pericial é uma forma de prova, cuja produção exije conhecimentos técnicos e científicos, e que se
destina a estabelecer, na medida do possível, uma certeza a respeito de determinados fatos e de seus efeitos. O
Perito fala somente sobre os efeitos técnicos e científicos. O Juiz declara os efeitos jurídicos desses fatos referidos
pelo perito e das conclusões deste.O Perito esclarece os efeitos de fato. O Juiz fixa os efeitos de direito.
O Perito deve ter o cuidado de descrever e documentar, da forma mais objetiva possível, os fatos com base nos
quais pretende desenvolver sua argumentação e, afinal expor suas conclusões. A funçào do perito guarda muita
semelhança coma própria função do Juiz. O Perito examina fatos e emite um julgamento baseado em seu livre
convencimento, respeitado porém o princípio da racionalidade e da prevalência da argumentação técnica e
científica. O objetivo do trabalho pericial e afastar as dúvidas existentes sobre determinados fatos e sobre as suas
conseqüências práticas. O Perito não emite um julgamento ou parecer jurídico, mas seu trabalho deve levar em
consideração os efeitos jurídicos que a prova pericial se destina produzir.
O laudo pericial é uma peça do processo, que deverá ser interpretada e avaliada pelo Juiz ou Tribunal, como
qualquer outro instrumento deprova e de convencimento. É preciso que todos possam compreendê-lo. Seu texto
deve ser claro, preciso e inteligível. O bom profissional não escreve de forma que só outros experts o entendam. É
importante distribuir adequadamente o trabalho. Inicia apresentando as partes e a Perícia realizada. Prossegue
com o enunciado e o exame das questões principais. Responde aos quesitos formulados pelas partes. Conclui
ressaltando aspectos importantes. Em anexo devem ser lançados os dados empregados, os documentos
consultados, fotografias e outros elementos de interesse não relacionados no corpo do Laudo.
Após a entrega do Laudo, o Juiz intima as partes para tomarem conhecimento do mesno. Há um prazo para que se
manifestem. As partes podem concordar com o Laudo ou discordar, contestar, solicitar esclarecimentos, formular
quesitos adicionais ou mesmo impugnar o Laudo e pedir a realização de nova perícia.
A complementação de perícia busca responder ou resolver as dúvidas remanescentes. A resposta a quesitos
adicionais ou suplementares geralmente exige a carga dos autos e novo exame da causa, pelo intervalo de tempo
que decorre entre a entrega do Laudo e a intimação para a complementação.
O Perito pode ser convocado para prestar esclarecimentos em audiência, verbalmente. As partes devem indicar
com antecedência os quesitos a serem respondidos. Não o fazendo, na audiência, o Perito pode alegar a
complexidade da questão e solicitar prazo para respondê-los. Além disto, quando o trabalho adicional é
significativo, exigindo tempo, dedicação e despesas extras, o Perito pode solicitar os honorários correspondentes.
Honorários Periciais

Os honorários podem ser solicitados livremente pelo Perito, na quantia que este julgar conveniente, em função do
trabalho dedicado e das despesas realizadas para a produção do Laudo Pericial. Em geral, os pedidos devem ser
bem fundamentados. A remuneração do Perito, em princípio, deve guardar certa proporção com o valor de seu
trabalho, dificuldades encontradas, tempo despendido, complexidade, necessidade de utilizaão de instrumentos de
alto custo, despesas realizadas, etc. Se o Perito não especifica esses detalhes em seu pedido de fixação de
honorários, será difícil para o Juiz estabelecer uma remuneração justa. O Juiz poderá, entretanto, aceitar ou
reduzir o valor postulado.
Há algum tempo que não vêm tendo boa acolhida, por parte dos Juízes, pedidos diretamente vinculados ao valor
do objeto em análise, como percentuais dos valores total ou dos frutos dos imóveis a serem avaliados.
Atualmente, os pedidos são efetuados com base no tempo dispendido pelo profissional, cobrados por hora técnica.
Indica-se o tempo dedicado, calcula-se a hora técnica a cerca de 10% do CUB e acrescenta-se ao total as despesas
realizadas (cópias de documentos, fotografias, viagens, hospedagem, alimentação, etc.). Aceito o pedido, as partes
depositam o valor em conta especial nas agências existentes nos Foros ou nas de uso costumeiro pelo Cartório.
Cabe ao Juiz determinar qual a parte que deve custear a perícia, ou se deve ser custeada por ambas as partes, e em
que proporção. Em princípio, o ônus da perícia recai sobre a parte que a requereu. Porém, tratando-se de ações
declaratórias, o ônus deve ser divido entre as partes, normalmente à razão de 50% para cada uma delas. Feito ou
depósito ou preparo, o Perito pede ao Juiz a expedicão de um Alvará para levantamento da quantia. Se houve um
pedido de honorários iniciais (para despesas, por exemplo), o Perito repete o procedimento.
No método atual (novo CPC), os Assistentes Técnicos postulam honorários diretamente à parte ou ao seu
procurador.

Noções de Processo Civil

Muito tempo atrás, as disputas eram resolvidas diretamente entre as partes. A evolução da sociedade converteu
em tarefa do Estado a intermediação e resolução da contendas particulares. O Poder Judiciário tem a função de
ouvir as partes e declarar quais são os direitos de cada uma, dentro de um processo. É o caminho legal para a
composição das disputas. Os documentos apresentados e as provas produzidas, bem como os atos processuias,
também documentados, são reunidos, em um ou mais volumes, que formam os autos.
O Juiz dirige o processo, assegurando igualdade de condições às partes e buscando a economia processual. As
alegações feitas por uma e outra parte devem ser comprovadas. Cabe ao Juiz, por sua iniciativa ou por pedido da
parte, determinar a produção das provas necessárias à instrução do processo. Ele é responsável pela regularidade e
validade do processo, com instrumento de prova e de declaração ou reconhecimento de direitos e obrigações.
Todas as provas tem valor relativo, e o Juiz as aprecia livremente ao formar sua convicção. Para proferir sua
sentença, o Juiz precisa convencer-se e fundamentar sua decisão. As informações necessárias devem estar nos
autos. A expressão corrente no meio é que “o que não está nos autos não está no mundo”. O objetivo do processo
é obter a coisa julgada, que vem a ser uma decisão da qual não cabe mais recurso, e se constitui em título
executivo judicial.
As partes necessitam realizar atos probatórios para convencer o juiz de suas alegações. A parte pede a produção
das provas (testemunhas ou perícias) ou requer que sejam anexadas aos autos (juntada de documentos). Cada peça
nova produzida ou juntada por uma das partes deve ser exibida à outra, ouvindo-se sua opinião. Echandía ensina
que o contraditório é um direito semelhante ao direito de ação. Ninguém pode ser julgado sem ser ouvido,
contando com os meios necessários de defesa. Mesmo que não exista nenhuma razão para oposição, o demandado
tem o direito de obter uma sentença que resolva o litígio.
Por outro lado, o Juiz deve conduzir e policiar a luta pelo Direito que ocorre entre as partes. Deve fazer a seleção
das provas e dizer quais as necessárias à lide. A prova não é exclusivamente “para o Juiz”. Cada parte tem o
direito de conhecer e criticar as provas produzidas pela outra parte. O Juiz deve examinar com cuidado a exclusão
ou negativa de provas, para não ser excessivamente limitador.

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