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UNOESC - UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS


COMPONENTE CURRICULAR: CONTABILIDADE EMPRESARIAL II
4º. PERÍODO – SEGUNDO SEMESTRE – 2023

Aula 04 -
Base teórica

FERREIRA , RICARDO J.. CONTABILIDADE AVANÇADA E INTERMEDIÁRIA. 2 ed. Rio


de Janeiro: ed. Ferreira. 2004 ( p. 2 -5/19).

CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANONIMA


O art. 80 da Lei n° 6.404/76 estabelece que a constituição da companhia, ou sociedade
anônima, depende do cumprimento dos seguintes requisitos:
1 - subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital
social fixado no estatuto;
2 - realização, como entrada, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas
em dinheiro;
3- depósito, no Banco do Brasil S.A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado.
pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.
A subscrição representa o compromisso assumido pelo acionista de realizar o capital.
Subscrever não significa realizar o capital, mas prometer contribuir para a sua formação. Muito
embora a realização do capital possa ser parcial, é exigida a subscrição de 100% das ações.
Como regra, a criação de uma sociedade anônima depende da subscrição de todas as
ações em que se divide o capital da sociedade em constituição por pelo menos duas pessoas,
físicas e/ou jurídicas. Entretanto, o art. 251 da Lei n° 6.404/76 determina que a
companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionista
sociedade brasileira. É a subsidiária integral, criada por uma pessoa jurídica brasileira
(organizada de conformidade com a lei brasileira e que tem no País a sede de sua
administração).
Observado o limite mínimo em dinheiro de 10% de entrada do preço de emissão das
ações subscritas, a realização do capital pode dar-se com contribuições em dinheiro ou
qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro (art. 7°). A Lei das Sociedades
por Ações admite, também, que a realização seja em créditos (contas a receber) em nome da
sociedade (art. 10).
Só podem ser incorporados ao patrimônio da sociedade, em realização do seu capital,
os bens não numerários que tenham sido objeto de avaliação (art. 8°). A avaliação deve ser
feita por 3 peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembleia geral dos
subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em
primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos,
do capital social, e em segunda convocação com qualquer número.
Os peritos ou a empresa avaliadora devem apresentar laudo fundamentado, com a
indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com
os documentos relativos aos bens avaliados. Os peritos devem estar presentes à assembleia
que apreciar o laudo, a fim de prestarem informações que lhes forem solicitadas.
Se o subscritor das ações aceitar o valor aprovado pela assembleia, os bens serão
incorporados ao patrimônio da companhia.
Se a assembleia não aprovar a avaliação ou o subscritor não aceitar a avaliação
aprovada, o projeto de constituição da companhia ficará sem efeito.
Os bens não podem ser incorporados ao patrimônio da companhia por valor superior ao
indicado pelo acionista subscritor.

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O depósito do valor realizado em dinheiro deve ser feito pelo fundador no prazo de 5
dias, a partir da data do recebimento das quantias, em nome dos subscritores e a favor da
sociedade em organização, que só poderá levantar as quantias depositadas após haver
adquirido personalidade jurídica.
Em 04.01.X1, foi efetuado o depósito bancário do valor realizado do capital:
D - Bancos Conta Vinculada
C-Caixa 100.000,00
O valor depositado só estará disponível após o cumprimento dos atos de constituição
da sociedade. Por isso, foi utilizada a conta Bancos Conta Vinculada, que não é de livre
movimentação. Caso a sociedade não seja constituída, no prazo de 6 meses da data do
depósito, o banco deverá restituir as quantias depositadas diretamente aos subscritores.
Em 07.01.X1, após arquivamento e publicação dos atos constitutivos, adquirindo a
sociedade personalidade jurídica, o banco liberou o depósito:
D - Bancos Conta Movimento
C - Bancos Conta Vinculada 100.000,00
Como foram cumpridas as formalidades legais, o valor passa a estar disponível em conta
corrente, em nome da companhia.

EXERCÍCIO SOCIAL

De acordo com o art. 175 da Lei das Sociedades por Ações, o exercício social terá a
duração de 1 ano, sendo a data do seu término fixada no estatuto. No caso das sociedades
por cotas de responsabilidade limitada, a data do término do exercício social é fixada no
contrato social.
A duração do exercício social não precisa coincidir com o ano civil (de janeiro a
dezembro), podendo iniciar-se em qualquer dia e mês do ano, desde que seja observado o
prazo de 12 meses de duração. Assim, podemos ter o seu início em 01 de agosto de um ano
civil e o término em 31 de julho do ano civil seguinte, observando-se para os exercícios sociais
seguintes igual duração. Se o início do exercício se der em 16 de dezembro, o término ocorrerá
em 15 de dezembro do ano civil seguinte. O dia de início do exercício social é coincidente com
o dia imediatamente seguinte ao do término.
Há duas exceções na Lei n° 6.404/76 à regra de duração de 1 ano do exercício social:
1- na constituição da companhia;
2 - nos casos de alteração do estatuto social.
Se a sociedade for constituída em outubro de um determinado ano e o estatuto
estabelecer que o término do exercício se dará no último dia de dezembro de cada ano, o
primeiro exercício poderá ter a duração de apenas 3 meses, de outubro a dezembro do
ano civil da constituição. Opcionalmente, por disposição transitória do estatuto, esse primeiro
exercício poderá terminar apenas em dezembro do ano civil seguinte, tendo a duração de 15
meses. Porém, os demais exercícios serão iniciados em janeiro e encerrados em dezembro
de cada ano.
Se o estatuto estabelecer que o encerramento do exercício se dará em 30 de setembro
de cada ano e houver alteração estatutária determinando que a data seja modificada para 31
de dezembro, o primeiro exercício após o da mudança poderá ter apenas 3 meses (de outubro
a dezembro do mesmo ano civil) ou durar 15 meses (de outubro do 1° ano após a mudança,
até dezembro do ano civil seguinte).
Exemplo: a companhia foi constituída em 02.01 .X1 e o estatuto fixava o encerramento
de cada exercício social em 30 de setembro. O 1° exercício teve duração de 9 meses, de 02
de janeiro a 30 de setembro de X1; o 2° exercício social teve a duração de 12 meses, de 01
de outubro de X1 a 30 de setembro de X2. Em 29.03.X3, o estatuto foi alterado, passando-se
a data de encerramento do exercício social para 31 de dezembro de cada ano civil. O último
exercício encerrado de acordo com as regras do antigo estatuto foi de 01.10.X2 a 30.09.X3.

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Em razão da alteração estatutária, o exercício social seguinte teve início em 01.10.X3 e
término em 31.12.X3, com a duração de apenas 3 meses.
Como a Lei n° 6.404/76 não especifica se os casos de duração do exercício diferente e
1 ano terão prazo superior ou inferior a 1 ano, entende-se que o prazo poderá ser maior ou
menor que 1 ano.

ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE
A administração da sociedade anônima compete ao conselho de administração e à diretoria,
ou somente à diretoria, conforme dispuser o estatuto.
A existência do conselho de administração é obrigatória nos seguintes casos:
1 - companhia aberta;
2 - companhia de capital autorizado;
3 - sociedade de economia mista.
Nos demais casos, pode existir apenas a diretoria.
Companhia aberta é aquela que tem suas ações e demais valores mobiliários admitidos
à negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de valores, mercado de balcão).
O capital autorizado é um limite previsto no estatuto da companhia para que haja
aumento de seu capital sem a necessidade de deliberação da assembleia de acionistas. Trata
se de uma autorização prévia do estatuto para futuros aumentos de capital.
A sociedade de economia mista é sempre sociedade anônima e tem sua criação
autorizada em lei. Nela, existe a participação de capital público e privado, estando o controle
e a gestão a cargo do Poder Público.
O conselho de administração é um órgão de deliberação colegiada, composto por no
mínimo 3 membros, eleitos pela assembleia geral de acionistas, cabendo-lhe, entre outras
funções, fixar a orientação geral dos negócios da sociedade.
À diretoria cabe, privativamente, a prática de atos de representação, sendo um órgão
executivo. É quem assina os atos dos quais a companhia participa.
Na sociedade por cotas de responsabilidade limitada, a administração cabe ao sócio ou
sócios indicados pelo contrato social como gerentes. Na hipótese de omissão do contrato a
respeito de quem gerência a sociedade, a administração cabe a qualquer um dos sócios,
indistintamente.

LIVROS ESPECIAIS
Alguns livros são obrigatórios apenas para determinadas pessoas ou atividades. São os
livros especiais ou específicos. Os bancos, por exemplo, possuem o livro de Registro de
Balancetes Diários e Balanços. Para os corretores de navios, existe o livro de Registro de
Despachos Marítimos. Os armazéns gerais devem escriturar o livro de Entradas e Saídas de
Mercadorias.
De acordo com o art. 100 da Lei n° 6.404/76, as sociedades anônimas estão obrigadas
à escrituração dos seguintes livros:
1 - Registro de Ações Nominativas;
2 - Transferência de Ações Nominativas;
3 - Registro de Partes Beneficiárias Nominativas;
4 - Transferências de Partes Beneficiárias Nominativas;
5 - Atas das Assembleias Gerais;
6 - Presença dos Acionistas;
7 - Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e Atas das Reuniões
de Diretoria;
8 - Atas e Pareceres do Conselho Fiscal.
Nas companhias abertas, os livros referidos nos números de 1 a 4 podem ser
substituídos por registros mecanizados ou eletrônicos, observadas as normas expedidas pela
Comissão de Valores Mobiliários.

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CARACTERÍSTICAS

a) É sempre uma sociedade comercial ou mercantil (atividade de fins lucrativos) ainda que
seu objetivo seja civil, em virtude da forma de que se reveste;
b) A sociedade é designada por denominação, acompanhada da expressão "companhia"
ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada à
utilização da primeira ao final. Poderá figurar na designação o nome do fundador,
acionista ou pessoa que por qualquer modo tenha concorrido para o êxito da empresa;
c) A companhia pode ter por objetivo participar de outras sociedades, ainda que tal
participação não seja prevista no estatuto. A participação é facultada como meio de
realizar o objeto social ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.

DESTINAÇÃO DOS RESULTADOS

Nas sociedades anônimas, a assembleia de acionistas pode ser ordinária ou


extraordinária. A ordinária é realizada anualmente, nos 4 primeiros meses seguintes ao
término do exercício social, e tem por objeto as seguintes matérias (art. 132);
1 - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações
financeiras;
2- deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de
dividendos;
3 - eleger os administradores e os membros do Conselho Fiscal, quando for o caso;
No art. 132, a Lei n° 6.404/76 estabelece, de forma taxativa, as matérias que são objeto
de assembleia geral ordinária. Quando a matéria a ser deliberada não estiver prevista na
listagem exaustiva do art. 132, anteriormente apresentada, a assembleia será extraordinária.
Os administradores devem comunicar, até 1 mês antes da data marcada para a realização da
assembleia geral ordinária, que se acham à disposição dos acionistas os seguintes
documentos:
1 - Relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos
do exercício findo;
2 - cópia das demonstrações contábeis;
3 - parecer dos auditores independentes, se houver;
4 - parecer do conselho fiscal, inclusive votos dissidentes, se houver; e
5 - demais documentos pertinentes a assuntos incluídos no ordem do dia.
De acordo com a Lei n° 6.404/76, art. 133, § 3°, com a redação dada pela Lei n°
10.303/2001, à exceção dos itens 4 e 5, esses documentos devem ser publicados até 5 dias,
pelo menos, antes da data marcada para a realização da assembleia geral ordinária.
Nas demonstrações contábeis, devem ser indicados o montante do dividendo por ação do
capital social e as demais destinações do lucro líquido do exercício. Todavia, quem decide
sobre o destino do lucro líquido do exercício é a assembleia geral ordinária. Como a
assembleia ocorre após a elaboração das demonstrações contábeis, elas devem registrar a
destinação dos lucros de acordo com a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto
de sua aprovação pela assembleia geral ordinária (art. 176, § 3°).

Se a assembleia aprovar as demonstrações contábeis com modificação no montante do lucro


líquido do exercício ou no valor das obrigações da companhia, os administradores
promoverão, dentro de 30 dias, a republicação das demonstrações, com as retificações
deliberadas pela assembleia. Se a destinação dos lucros proposta pelos órgãos de
administração não for aprovada, as modificações introduzidas devem constar da ata da
assembleia.
A ata da assembleia geral ordinária deve ser arquivada no registro do comércio e publicada.
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Nas sociedades anônimas temos duas formas de destinação dos resultados apurados:
1 – RESERVA DE LUCROS que são tratadas na Lei nº 6.404/76 no Capitulo XVI, seção II e
são assim constituídas:
a) Reserva Legal – O art. 193 da Lei nº. 6.404/76 estabelece: “Do lucro líquido do exercício,
5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer destinação, na constituição da
reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social”.
b) Reserva Estatutária – O Art., 194 estabelece: “O estatuto poderá criar reservas desde que,
para cada uma: indique, de modo preciso e completo, a finalidade; fixe critérios para
determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão destinados à sua constituição; e
estabeleça o limite máximo da reserva”.
c) Reserva para Contingências – O Art. 195 estabelece: “A assembleia geral poderá, por
proposta dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva
com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
julgada provável, cujo valor possa ser estimado”.

2– LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS


Exemplo:

ATIVO 52.663,80 PASSIVO 52.663,80


Circulante 22.663,80 Circulante 0,00
Exigível a Longo Prazo

PATRIMONIO LIQUIDO 52.663,80


CAPITAL SOCIAL 50.000,00
50.000 ações de valor nominal de 0,00
Ativo não Circulante $ 1,00 cada uma, subscritas e 0,00
Realizável a Longo Prazo integralizadas
Imobilizado 30.000,00 RESERVA DE LUCROS 532,76
Reserva Legal ( 5%) 133,19
Reserva Estatutária ( 10%) 266,38
Reserva para Contingências (5%) 133,19
LUCROS OU PREJ. ACUMULADOS 2.131,04
Lucros no exercício 2.131,04

Apuração do Lucro por ação: Lucro apurado


------------------ = lucro por ação
nº de ações

2.131,04
------------------ = $ 0,0426
50.000

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Tributação com Base no Lucro Real

(OLIVERIA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária. São Paulo:Saraiva,2005. pg. 95-96).
De acordo com a legislação em vigor, Lucro Real é conceituado como sendo o resultado
contábil líquido do trimestre antes do IRPJ e da CSLL, transcrito em livro próprio —
denominado Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) — e ajustado
pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do
imposto de renda. Desses ajustes chamados de extra-contábeis obtém-se o Lucro Real,
considerado como base para o cálculo de IRPJ do período de apuração. Em seu
artigo 246, o Regulamento do Imposto de Renda define as pessoas jurídicas obrigadas à
apuração do IRPJ com base no lucro real:
a) cujo faturamento (receita total), no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de
R$ 78.000.000,00 ou ao limite proporcional de R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo
número de meses de atividade no ano, quando inferior a 12 meses;
b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento,
caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades
de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades
de previdência privada aberta;
c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam benefícios fiscais relativos à
isenção ou redução do imposto;
d) que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime
de estimativa;
e) que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração
de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); e
f) que explorem atividades de compra e venda, loteamento, incorporação e construção
de imóveis, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja
registro de custo orçado (IN SRF n° 25/1999).

Por esse regime de tributação, embora seja determinado com base no resultado contábil
do exercício auferido pelas pessoas jurídicas, observa-se que esse não é o mesmo que será
tributado pelo IRPJ Entretanto, nota-se de imediato a importância das demonstrações
contábeis, pois é com base nelas que o encargo tributário da pessoa jurídica é determinado.
Pode-se afirmar, então, que a escrituração contábil exerce um caráter universal, isto é,
desconsiderando quaisquer indagações sobre as origens ou consequências comerciais ou
fiscais, todos os fatos devem, obrigatoriamente, ser registrados contabilmente. Além disso, a
legislação tributária estrutura-se 'pautada em inúmeros conceitos do Direito Comercial, tais
como: balanço patrimonial, patrimônio líquido, reservas, incorporação, cisão, dividendo etc.
Muitos desses institutos ingressam no mundo jurídico apoiados em conceitos e princípios que
pertencem à contabilidade. O direito vai buscar na Contabilidade critérios e procedimentos
técnicos e transforma-os em atos jurídicos.
Como o leitor pode observar, ao mesmo tempo que se empresta da legislação comercial
e da Contabilidade o conceito de lucro líquido em todos os seus contornos, o legislador fiscal
determina algumas diretrizes para evitar que certos desvios de procedimentos contábeis —
sejam eles voluntários ou não — reduzam ou alterem o montante do imposto a ser recolhido.
Ao tomar por base as demonstrações contábeis da pessoa jurídica, a legislação fiscal
determina que algumas despesas consideradas como indedutíveis (multas por infrações
fiscais,etc.). sejam adicionadas ao resultado líquido. . O Art. 249 do RIR/2004 determina quais
valores deverão ser adicionados ao lucro líquido do exercício.
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A legislação admite ainda que, se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal em
períodos de apuração anteriores, esse será compensável com lucros futuros. Tal
compensação não poderá reduzir o Lucro Real em mais de 30,0% (trinta pôr cento) do valor
que teria caso a compensação não fosse realizada.
Pode-se ilustrar o anteriormente exposto como se segue:

1. Resultado do trimestre antes do IRPJ 36.000,00


2. ( + ) Adições
2.1. Multas por infrações fiscais 3.500,00
2.2. Provisões Indedutíveis 2.000,00
2.3. CSLL 4.000,00

3. ( - ) Exclusões
3.1. Depreciação Acelerada (15.000,00)

4. (=) Lucro Real antes da Compensação de Prejuízos 30.500,00

5.(-) Compensação de prejuízos (30,0%) (9.150,00)

6.(=) Lucro Real 21.350,00


Lucro Real do 1° trimestre 21.350,00
(x) Alíquota 15,0%
(=) Imposto de Renda devido no 1° trimestre 3.202,50

ESTATUTO OMISSO SOBRE O CÁLCULO DOS DIVIDENDOS


(FERREIRA, J. Ricardo. Contabilidade Avançada e intermediária. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Ferreira, 2004.)

De acordo com a Lei n° 6.404/76, art. 202, § 2°, com a redação dada pela Lei nº.
10.303/2001, quando o estatuto for omisso e a assembléia geral deliberar alterá-lo para
introduzir a sua forma de cálculo, o dividendo não pode ser fixado em percentual inferior a
25% do lucro líquido ajustado nos termos do art. 202, l.
Na constituição da sociedade, o estatuto pode fixar o dividendo em percentual inferior a 25%,
desde que não conte com a oposição dos acionistas não controladores, que seriam os
principais prejudicados. Entretanto, se, no momento da constituição da companhia estatuto
for omisso quanto à forma de cálculo do dividendo, prevalecerá o dividendo mínimo de 50%
do lucro líquido do exercício ajustado, enquanto o estatuto não for alterado,
Nesse caso, havendo assembléia geral extraordinária para fazer constar do estatuto, até
então omisso, o critério para cálculo do dividendo mínimo obrigatório, ele não poderá ser em
percentual inferior a 25%, considerando os ajustes previstos no art. 202, I, da Lei 6404/76,
com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001.

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4. APURAÇÃO TRIMESTRAL
As pessoas jurídicas sujeitas à tributação com base no lucro real poderão apurar o imposto
de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido com base de apuração trimestral.
A base de cálculo do IRPJ e da CSLL será o resultado (lucro ou prejuízo) que seja apurado
trimestralmente, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro
de cada ano-calendário, antes da provisão para o pagamento do imposto de renda e CSLL,
ajustado no Lalur pelas adições, exclusões e compensações previstas nos artigos
62 a 64 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
4.1. Tributação
A alíquota do IRPJ que incidirá sobre a base de cálculo é de 15% (Instrução Normativa RFB
n° 1.700/2017, artigo 29).
Entretanto, a parcela que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo
número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de
imposto de renda à alíquota de 10%.
A alíquota da CSLL varia entre 9% a 20%, conforme a atividade exercida conforme o artigo
30 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
4.2. Prazo de recolhimento
O prazo para recolhimento trimestral será (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 55):
a) para pagamento em quota única até o último dia útil do mês subsequente ao do
encerramento do período de apuração (períodos de apuração encerrados em 31 de março,
30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro);
b) à opção da pessoa jurídica, o imposto devido pode ser pago em até três quotas mensais,
iguais e sucessivas, vencíveis até o último dia útil dos três meses subsequentes ao do
encerramento do período de apuração a que corresponder.
Contudo, as quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa do Sistema
Especial de Liquidação e Custódia para títulos federais (Selic), acumulada mensalmente a
partir do 1° dia do 2° mês subsequente ao do encerramento do período de apuração até o
último dia do mês anterior ao de pagamento; e, no mês do pagamento, os juros serão de 1%
sobre o valor a ser pago, sendo que a primeira quota quando paga até o vencimento não
sofrerá acréscimos.
Destaca-se que nenhuma quota poderá ser inferior a R$ 1.000,00, e o imposto de valor inferior
a R$ 2.000,00 deverá ser pago em quota única, até o último dia útil do mês subsequente ao
do encerramento do período de apuração (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo
55, § 2°).
Salientando, que a 1ª quota ou a quota única, quando paga até o vencimento não sofrerá
acréscimos.
5. APURAÇÃO ANUAL (ESTIMATIVA MENSAL)
Opcionalmente, a pessoa jurídica poderá pagar o imposto de renda mensalmente,
determinado sobre base de cálculo estimada.
A base de cálculo do IRPJ e da CSLL será o resultado (lucro ou prejuízo) que será apurado
anualmente em 31 de dezembro, ajustado no Lalur pelas adições, exclusões e compensações
previstas nos artigos 62 a 64 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
5.1. Tributação
O percentual a ser aplicado para o IRPJ será conforme a regra do lucro presumido, ou seja,
de acordo com a atividade exercida pela pessoa jurídica, conforme o artigo 33 da Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017.
A alíquota do IRPJ será de 15%.
A parcela que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de
meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto de
renda à alíquota de 10% por cento.
Já para a CSLL, o percentual de presunção a ser aplicada será de 12% ou 32%, conforme a
atividade exercida, segundo o artigo 34 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
A alíquota da CSLL varia entre 9% a 20%, conforme a atividade exercida conforme o art.
30 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.
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5.2. Prazo de recolhimento
O prazo para recolhimento mensal será (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 55):
a) de janeiro a dezembro de cada ano-calendário (com base na estimativa), que deverá ser
pago até o último dia útil do mês subsequente àquele a que se referir;
b) o saldo do imposto apurado em 31 de dezembro do ano calendário, obtido do confronto
entre o valor do imposto devido com base no lucro real anual e das estimativas pagas no
decorrer do período:
Se positivos, serão pagos em quota única, até o último dia útil do mês de março do ano
subsequente, os saldos do IRPJ e da CSLL a pagar de que trata o item a do caput serão
acrescidos de juros calculados à taxa referencial do Selic, para títulos federais, acumulada
mensalmente, calculados a partir de 1° de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do
pagamento e de 1% no mês do pagamento.
5.3. Balancete de redução/suspensão
Conforme menciona o artigo 47 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, a pessoa jurídica
poderá suspender o pagamento do imposto ou reduzir o valor do imposto, sobre o montante
correspondente à diferença positiva entre o imposto devido no período em curso, e a soma do
imposto sobre a renda pago, correspondente aos meses do mesmo ano-calendário, anteriores
àquele a que se refere o balanço ou balancete levantado.
A diferença do IRPJ ou da CSLL pago a maior, correspondente ao no período abrangido pelo
balanço de suspensão, não poderá ser utilizada para reduzir o montante do IRPJ ou da CSLL
devido em meses subsequentes do mesmo ano-calendário, calculado com base na receita
(Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 47, § 2°).
Toda vez que a pessoa jurídica pretenda suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ ou da
CSLL em qualquer outro mês do mesmo ano-calendário deverá levantar novo balanço ou
balancete.
Salienta-se que, os valores dos benefícios fiscais deduzidos do IRPJ e da CSLL devidos com
base em balanço ou balancete de suspensão ou redução não serão considerados imposto ou
contribuição pagos por estimativa (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 47, § 4°).
O período de apuração para a pessoa jurídica levantar balanço de suspensão ou redução,
será compreendido entre 1° de janeiro ou o dia de início de atividade e o último dia do mês a
que se referir o balanço ou balancete (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 49).
As alíquotas não são alteradas, sendo as mesmas já informadas no item 5.1.
O valor apurado por meio de balanço ou balancete de redução será recolhido no prazo
estipulado para o recolhimento da estimativa mensal (até o último dia útil do mês subsequente
ao de competência).
6. OPÇÃO
A opção pelo pagamento trimestral ou pelo pagamento por estimativa do IRPJ e da CSLL,
será irretratável para todo o ano-calendário, ou seja, não poderá ser alterado durante ao ano
da opção (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 54).
O pagamento por estimativa é manifestado mediante pagamento do IRPJ correspondente ao
mês de janeiro do ano-calendário, ainda que intempestivo, ou com o levantamento do
respectivo balanço ou balancete de suspensão. No caso de início de atividade, a manifestação
será conforme o primeiro mês de atividade da pessoa jurídica (Instrução Normativa RFB n°
1.700/2017, artigo 54, §§ 1° e 2°)
7. OBRIGAÇÃO AO LUCRO REAL NO DECORRER DO ANO-CALENDÁRIO
Com base no exposto do artigo 2° do Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 5/2001, a pessoa
jurídica que houver pago o imposto com base no lucro presumido ou optado pelo regime
tributário Simples Nacional e que, em relação ao mesmo ano calendário, incorrer em situação
de obrigatoriedade de apuração pelo lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos
de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ e CSLL sob o regime de apuração do
lucro real trimestral, a partir inclusive, do trimestre da ocorrência do fato.

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8. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Primeiramente esclarecemos que cada obrigação acessória tem normativa própria e para
todas elas já dispomos de informações que podem ser verificadas em nossa página de duas
formas:
- Ferramenta Obrigações Acessórias - permite obter informações vinculadas à
obrigatoriedade, prazo, penalidades, etc.
- Ferramenta de Regimes Tributários > aba de Obrigações acessórias - traz uma relação, em
âmbito federal, das obrigações acessórias vinculada a algumas particularidades da atividade.
Relembramos que cabe ao responsável analisar as atividades executadas pela empresa para
concluir quais as obrigações acessórias aplicáveis em cada caso. Vale esclarecer que tem por
base o estudo sobre as obrigações acessórias estabelecidas pela RFB que são
acompanhadas pela área federal.
De acordo com a legislação tributária federal segue abaixo as obrigações acessórias
aplicáveis ao regime tributário Lucro Real e alguns casos em decorrência da atividade
explorada:
DECLARAÇÕES CONDIÇÃO BASE LEGAL
Instrução Normativa RFB N°
Declaração do Imposto sobre a Renda
Obrigada 1.836/2018, art. 2° Inciso
Retido na Fonte (DIRF)*
I, alínea “a”
Escrituração Fiscal Digital de Retenções e Instrução Normativa RFB n°
Obrigada
Outras Informações Fiscais (EFD-Reinf) 1.701/2017, art. 2°
Declaração de Débitos e Créditos Instrução Normativa RFB n°
Obrigada
Tributários Federais (DCTF) 1.599/2015, art. 2°
Instrução Normativa RFB n°
Escrituração Contábil Digital (ECD) Obrigada
1.774/2017, art. 3°
Instrução Normativa RFB n°
Escrituração Contábil Fiscal (ECF) Obrigada
1.422/2013, art. 1°
Escrituração Fiscal Digital das
Instrução Normativa RFB n°
Contribuições incidentes sobre a Receita Obrigada
1.252/2012, art. 4°
(EFD-Contribuições)
DME (Declaração de Operações Liquidas Instrução Normativa RFB n°
Obrigada
com Moeda em Espécie) 1.761/2017, art. 4°
DMED (Declaração de Serviços Médicos e Instrução Normativa RFB n°
Obrigada
de Saúde) 985/2009, art. 2°
DIMOB (Declaração de Informações sobre Instrução Normativa RFB n°
Obrigada
Atividades Imobiliárias) 1.115/2010, art. 1°
*A base legal informada está vinculada ao ano-calendário de 2018 e a situações especiais
ocorridas em 2019 (Dirf 2019), caso continue a obrigação para o ano subsequente, a RFB fará
publicação de instrução normativa para o referido ano-calendário.

9. FORMAS DE TRIBUTAÇÃO
Em outros casos, quando a entidade (PJ) não estiver na obrigatoriedade ao regime tributário
do Lucro Real, conforme exposto nessa matéria, a mesma poderá por opção, quando não
impedidas, ser tributadas por uma das seguintes formas:
a) Simples Nacional;
b) Lucro Arbitrado;
c) Lucro Presumido;
d) Lucro Real (Anual ou Trimestral)

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CREDITO DE ICMS SOBRE IMOBILIZADO

Roteiro

1. Introdução
O presente trabalho tem por objetivo apresentar os princípios legais que fundamentam os
lançamentos contábeis referentes aos créditos de ICMS sobre o imobilizado, apresentando
também a forma de contabilização destas operações.
2. Conceitos e Princípios Contábeis
Para que a contabilidade possa atender a sua função de demonstrar a posição patrimonial
da empresa, a partir de seus registros, se faz necessário que ela atenda aos princípios
que norteiam a forma de registro dos fatos contábeis. No que se refere aos lançamentos
dos bens do ativo não circulante e para o registro dos créditos de ICMS sobre o
imobilizado, destacam-se os seguintes princípios:
a) Relevância: o CPC PME em seu Item 2.5 determina que os dados fornecidos nas
demonstrações contábeis devem ser relevantes para poder fundamentar a decisão dos
usuários. Os dados informados das demonstrações contábeis possuem a qualidade da
relevância quando as informações nele contidas influenciam as decisões econômicas dos
usuários, possibilitando a avaliação dos acontecimentos passados, presentes e futuros,
permitindo então a confirmação ou a correção das avaliações anteriores;
b) Confiabilidade: o CPC PME no seu Item 2.7 determina que os dados fornecidos nas
demonstrações contábeis devem ser confiáveis.
Os dados somente são confiáveis quando representam de forma adequada todas as
informações que pretende representar ou seria razoável de se acreditar que
representasse, ou ainda, a informação deve estar totalmente livre de tendências ou desvio
substancial;
c) Integralidade: conforme determina o CPC PME Item 2.10, para possuir a confiança
necessária, os dados apresentados nas das demonstrações contábeis devem ser
completos, respeitando os limites da materialidade e custo. Pois ao ocorrer uma omissão
a informação resultante poderá se tornar falsa ou ainda ser enganosa ao ponto de não
possuir a confiança e a eficiência necessária em relação a sua relevância;
d) Imobilizado: a empresa ao adquirir uma mercadoria ou produto com a intenção de utilizar
na atividade da empresa, seja na área operacional ou na área administrativa, a empresa
deverá verificar a determinação do Decreto n° 9.580/2018 (RIR/2018), artigo 313 onde
está determinado que o custo de aquisição de bens do ativo não circulante imobilizado e
intangível não poderá ser deduzido como despesa operacional, exceto quando o bem
adquirido tiver valor unitário inferior a R$ 1.200,00 ou se o prazo de vida útil deste bem for
inferior a um ano.
3. Legislação no ICMS
O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), conforme está previsto
no artigo 155 da Constituição Federal de 1988, compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação,
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.
3.1. Não Cumulatividade
O ICMS é um tributo não cumulativo, conforme previsto na Lei Complementar n°
87/96, artigo 19, compensando-se o que for devido referente cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou
por outro Estado.

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Por determinação do artigo 20 da Lei Complementar n° 87/96, para a compensação do
tributo apurado é permitido que sujeito passivo possa creditar-se dos impostos que foram
cobrados em todas as operações de entrada de mercadoria no estabelecimento, mesmo
as entradas simbólicas, inclusive quando destinadas ao uso ou consumo ou ainda ao ativo
permanente.
É possível também o crédito referente ao recebimento dos serviços de transporte
interestadual e intermunicipal ou dos serviços de comunicação.
3.2. Créditos de Aquisição de Imobilizado
Os créditos referentes a entrada de mercadorias no estabelecimento, quando destinadas
ao ativo permanente, obedecerão às seguintes determinações:
a) a apropriação do crédito será efetuada à razão de um quarenta e oito avos por mês.
A primeira fração deve ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada do produto ou
mercadoria, no estabelecimento;
b) para cada período de apuração do tributo, está vedado o aproveitamento de crédito do
ICMS apurado nas entradas, referente a parte das operações de saídas ou prestações
isentas ou não tributadas. Devendo ser apurada a proporção entre as saídas ou prestações
isentas ou não tributadas, sobre o total das operações de saídas ou prestações efetuadas
no mesmo período de apuração;
c) para aplicação do crédito, respeitando a proporção das saídas tributadas, o valor do
crédito a ser apropriado será calculado aplicando-se o valor total do respectivo crédito a
proporção de 1/48 avos e em seguida a aplicação da proporção da relação entre o valor
das operações de saídas e prestações tributadas, em relação ao total das operações de
saídas e prestações do período. Para o cálculo da proporção das saídas tributada, são
consideradas como tributadas, as saídas e prestações com destino ao exterior ou as
saídas de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos;
d) o quociente de 1/48 avos será proporcionalmente aumentado ou diminuído, pro rata die,
nas situações em que o período de apuração seja superior ou inferior a um mês;
e) quando ocorrer a alienação dos bens do ativo permanente, sem que tenha decorrido o
prazo de quarenta e oito meses a contar da data de sua aquisição, é vedada a continuação
do creditamento do imposto, a partir da data da alienação, em relação ao valor ainda não
apropriado;
f) os créditos a apropriar deverão ser lançados em controle separado, além do lançamento
em conjunto com os demais créditos, para efeito da compensação determinada neste
artigo e no artigo 19 da Lei Complementar n° 87/96, em livro próprio ou de outra forma
determinado pela legislação (CIAP);
g) ao final do quadragésimo oitavo mês, com início na data da entrada do bem no
estabelecimento, existindo saldo remanescente de crédito ele deverá ser cancelado.
4. Contabilização
Para a contabilização, como exemplo, consideremos que uma empresa tributada pelo
Lucro Presumido, no mês de dezembro efetuou a aquisição de uma máquina para o setor
produtivo da empresa, a prazo, pelo valor de R$ 800.000,00, considerando que a alíquota
do ICMS desta operação seja de 12%.
Neste caso então considerando a tributação da empresa, então a empresa é tributada no
regime cumulativo para o PIS e para a COFINS, conforme determina a Lei n° 10.833/2003,
no artigo 10, inciso II, neste caso não é possível o crédito do PIS e da COFINS sobre esta
nota fiscal.
Valor da nota fiscal R$ 800.000,00
Valor do ICMS R$ 96.000,00 (R$ 800.000,00 x 12%)
Valor do imobilizado R$ 704.000,00

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4.1. Registro da Nota de Compra
A empresa tributada pelo Lucro Presumido somente poderá tomar crédito do ICMS.
Contabilização em 31.12.20x0:
D - Máquinas e Equipamentos (Ativo Não Circulante) R$ 704.000,00
D - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Circulante) R$ 24.000,00
D - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Não Circulante) R$ 72.000,00
C - Fornecedor (Passivo Circulante) R$ 800.000,00
Para o lançamento no Circulante a empresa deverá considerar a contagem de meses até
dezembro do ano-calendário seguinte. (Lei n° 6.404/76, artigo 180)
4.2. Registro do Crédito Mensal
O crédito do ICMS sobre o imobilizado é aproveitado em 48 parcelas sendo a primeira no
mês de registro da nota fiscal.
Entretanto, é vedado o aproveitamento do crédito sobre a proporção das receitas isentas
ou não tributadas.
A forma de calcular o valor a ser apropriado, está descrita na Lei Complementar n°
87/96, artigo 20, § 5°, inciso III.
4.2.1. Receita Mensal Totalmente Tributada
Considerando o faturamento mensal de R$ 50.000,00 totalmente tributado pelo ICMS,
então a apuração do valor a apropriar é: R$ 96.000,00 / 48 = R$ 2.000,00
Contabilização:
D - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 2.000,00
C - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Circulante) R$ 2.000,00
(Lei Complementar n° 87/96, artigo 20, § 5°, incisos I a III)
4.2.2. Receita Mensal Parcialmente Tributada
Considerando o faturamento mensal de R$ 50.000,00, sendo somente o valor de R$
30.000,00 tributado pelo ICMS, então na apuração do valor a apropriar inicialmente
calcula-se o 1/48 avos, em seguida a proporção da receita tributada, para calcular o valor
do crédito conforme esta proporção.
O valor não aproveitado da parcela de 1/48 avos deverá ser lançado na despesa: R$
96.000,00 / 48 = R$ 2.000,00 R$ 30.000,00 / R$ 50.000,00 = 0,60 R$ 2.000,00 x 0,60 =
R$ 1.200,00
Contabilização:
D - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) R$ 1.200,00
D - Despesa Com ICMS Sobre Imobilizado (Conta de Resultado) R$ 800,00
C - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Circulante) R$ 2.000,00
(RIR/2018, artigo 352, § 4°)
4.2.3. Venda antes de 48 Meses da Compra
Quando a empresa efetua a venda do imobilizado antes de decorrido o prazo de quarenta
e oito meses contados a partir da data de sua aquisição, o aproveitamento do crédito do
ICMS de sua aquisição deverá ser interrompido a partir da data venda, não sendo admitido
o aproveitamento do saldo ainda disponível no Ativo Circulante (Lei Complementar n°
87/96, artigo 20, § 5°, inciso V).
O saldo do ICMS referente à compra deste imobilizado poderá deduzido como despesa
operacional, conforme previsto no RIR/2018, artigo 352, § 4°.
Contabilização da operação:
D - Bancos (Ativo Circulante), pelo valor da venda do imobilizado
C - Receita de venda de imobilizado (Conta de Resultado), pelo valor da venda do
imobilizado
D - Custo com baixa de imobilizado (Conta de Resultado), pelo valor do bem
C - Imobilizado (Ativo não Circulante), pelo valor do bem
D - Depreciação Acumulada (Ativo não Circulante), pelo valor referente ao bem baixado
C - Custo Com Baixa de Imobilizado (Conta de Resultado), pelo valor referente ao bem
baixado

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D - Despesa Com ICMS Imobilizado (Conta de Resultado), valor do saldo do bem baixado
C - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Circulante), valor do saldo do bem baixado
(RIR/2018, artigo 352, § 4°)
4.2.4. Baixa do Saldo após 48 Meses
Após o período de quarenta e oito meses a contar da data de entrada do bem, quando se
encerra o período possível do credito do ICMS do imobilizado, a empresa deverá verificar
se existe saldo residual de ICMS a recuperar sobre este bem e em caso positivo o valor
deve ser cancelado nos registros previstos pela legislação do ICMS e na contabilidade
este saldo poderá ser deduzido como despesa operacional.
Contabilização:
D - Despesa Com ICMS Imobilizado (Conta de Resultado), valor do saldo
C - ICMS a Recuperar Sobre Imobilizado (Ativo Circulante), valor do saldo
(RIR/2018, artigo 352, § 4°)
4.2.5. Ajuste Proporcional
Para o aproveitamento de crédito, quando o período for superior ou inferior a um mês,
então o quociente de um quarenta e oito avos serão proporcionalmente aumentados ou
diminuídos, pro rata die, para o cálculo do crédito do ICMS sobre o imobilizado a ser
aproveitado no período. (Lei Complementar n° 87/96, artigo 20, § 5°, inciso IV)

EXERCÍCIO 01 - SOCIEDADES ANONIMAS - LUCRO REAL

Um grupo de 10 (dez) acionistas, reunidos em assembleia geral, resolve constituir uma


Sociedade Anônima com a denominação QUARTO PERIODO S.A., tendo como objeto
social o Comércio de Eletroeletrônicos.
1) O Capital investido inicial será de $ 100.000,00 divididos em 100.000 ações no valor
nominal de $ 1,00, a ser integralizados, em partes iguais pelos acionistas, em
04.01.20x2 em depósito bancário no Banco do Brasil S.A.
2) No período a sociedade realizou as seguintes operações:
3) 2) Aquisição de Móveis e utensílio no valor R$ 10.000,00, ICMS 17% pagos através
de cheque;
4) 3) Aquisição de Mercadorias para revenda, 100 televisores que totalizaram R$
50.000,00, ICMS 12% pagos c/ cheque;
5) 4) No final do mês teve a apropriação das seguintes despesas: Aluguel de Pessoa
Jurídica R$ 1.000,00 cfe. contrato vencível em 10/02/20x2; Telefone cfe fatura R$
835,00 vencível em 25/02/2022; Energia Elétrica R$ 332,00 vencível em 08/02/2022;
Contador Pessoa física R$ 1.000,00 calcula 20% INSS Patronal sobre honorário do
contador
6) 5) Pago alvará R$ 300,00 e despesas propaganda R$ 1.200,00 através NF (IRRF
1,5%), C/CHEQUE.
7) Venda a vista de 82 televisores pelo valor unitário de $ 1.885,00 cada, com ICMS de
17%; PIS 1,65% e cofins 7,60%
8) Apropriação das despesas de salário no valor de $ 3.500,00 e pró-labore no valor de
R$ 1.000,00 c/ encargos e provisões.

PEDE-SE:
a) Efetuar a apropriação do ICMS s/ o imobilizado, depreciação;
b) Efetuar a apuração do custo unitário da mercadoria, em controle de estoque, sabendo-se
que a sociedade é tributada pelo LUCRO REAL, com Pis de 1,65% e COFINS de 7.6%;
Imposto de Renda alíquota 15% e CSLL 9%.

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c) Retenção de Inss de 11% pagamento a Pessoa Física e apropriação PIS/COFINS da
despesa com aluguel; Apropriação das despesas c/ alvará e retenção e IRRF 1,5% s/
despesas propaganda.
d) Apuração dos impostos s/ a venda;
e) E considerar para fins didáticos os encargos de 20% patronal, 5,8% de terceiros, SAT 1%
Fgts de 8 %; Considerar desconto de INSS dos empregados em 8% e demais em 11%.
f) Apurar o Custo da Mercadoria vendida.
g) Levantar balanço DRE e DMPL

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