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CENTRO UNIVERSITÁRIO

ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE DIREITO

ROGERIO ESTEVÃO FERRAZ

Reflexos da Reforma da Previdência de 2019, na estipulação do critério idade nas Aposentadorias Especiais concedidas pelo Regime

Geral de Previdência Social

Várzea Grande/ MT

Maio/2023
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ROGÉRIO ESTEVÃO FERRAZ

Reflexos da Reforma da Previdência de 2019, na estipulação do critério idade nas Aposentadorias Especiais concedidas pelo Regime

Geral de Previdência Social

Projeto de Pesquisa apresentado ao UNIVAG - Centro Universitário, como requisito parcial de avaliação da disciplina de Trabalho de Conclusão

de Curso I, sob a orientação da Prof.ª Ms. Tânia Mara Resende e orientação do Trabalho de Conclusão de Curso II pela Prof.ª Thais Brasil.

Várzea Grande/ MT

Maio/2023
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SUMÁRIO

1 TEMA .......................................................................................................... 4

1.1 Delimitação do Tema ............................................................................ 4

2 PROBLEMA ................................................................................................ 4

3 HIPÓTESES ................................................................................................ 4

4 OBJETIVOS 5

4.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 5

4.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 5

5 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 6

6 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 7

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................... 10

8 CRONOGRAMA .......................................................................................... 11

9 ORÇAMENTO ........................................................................................... 11

10 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 12

1. TEMA

Aposentadorias Especiais concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social.

1.1 Delimitação do Tema

Os prejuízos ou benefícios causados pela Reforma da Previdência de 2019, no que se refere à estipulação do critério idade nas Aposentadorias

Especiais concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social.


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2. PROBLEMA

A estipulação do critério idade como requisito para concessão das Aposentadorias Especiais pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS),

comprometem ou não os direitos fundamentais do trabalhador, ao obrigá-lo a submeter-se, por um período acima do permitido em normas

regulamentadoras, aos agentes nocivos, químicos e biológicos, ou associação destes?

3. HIPÓTESES

Acredita-se que seja possível na hipótese de que a submissão do trabalhador ao tempo superior de exposição aos limites de tolerância

impostos pelas normas regulamentadoras do Ministério do (BRASIL, 2019)Trabalho, podem neutralizar os elementos que visam mitigar a

debilidade da saúde do trabalhador exposto, impedindo-o de garantir o gozo dos frutos de sua eventual aposentadoria, haja vista que o natural

comprometimento de sua saúde pode acarretar seu óbito precoce.

Contudo, faz-se necessário também discutir as possibilidades de tal adoção, haja vista que, sob o ponto de vista do direito comparado,

países com alta taxa de deformação da pirâmide etária já adotam tal critério, como forma de buscar soluções para que o sistema previdenciário

possa ser sustentável no futuro próximo.

Como se vê, a necessidade de proteção dos direitos fundamentais do trabalhador, cujo vê ressonância na Declaração Universal dos

Direitos do Homem de 1948, refletidas pelos diversos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, bem como na Constituição Federal

Brasileira de 1988, esbarra na necessidade oportuna e conveniente de determinados governos, de buscar um equilíbrio do sistema previdenciário,

que sustente o pagamento de benefícios previdenciários às gerações futuras, cujo é questionado, haja vista que a referida reforma da previdência

ocorrida em 2019, através da Emenda Constitucional 103 de 2019, não só previu a estipulação do critério etário, mas também reajustou os

percentuais de contribuição previdenciária sob o mesmo pretexto, logo, podendo ter onerado excessivamente determinada categoria de

trabalhador, que pouco influencia na parcela de benefícios concedidos na espécie especial.

4. OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
O objetivo principal deste projeto, é identificar se o critério idade, estipulado para concessão das Aposentadorias Especiais pelo

Regime Geral de Previdência Social, definido pela Emenda Constitucional nº103/2019, encontra amparo no ordenamento jurídico brasileiro,

principalmente, se não fere nenhum princípio constitucional. Ao final, concluir se o nicho laboral que deve usufruir das suas alterações poderá se

beneficiar ou sofrer prejuízos dela decorrentes.

4.2 Objetivos Específicos

 Compreender o conceito de Aposentadoria Especial;

 Discutir os posicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência;

 Decidir, com base na pesquisa, qual a melhor solução ao problema apresentado nessa pesquisa.

5. JUSTIFICATIVA
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O tema proposto guarda a relevância adequada na medida em que se reveste da importância que o próprio ordenamento jurídico

resguardou ao assunto durante muito tempo, que ao meu ver, foi deixado de lado quando das alterações promovidas pela Emenda Constitucional

nº103/2019, que prejudicou o público alvo sobremaneira, de modo desigual, em comparação a outros nichos de segurados, que não guardam a

mesma exigência de segurança do trabalho.

Servidor público previdenciário há pelo menos 20 anos, observei a especificidade dada à categoria de segurados que buscavam tal

aposentadoria, cuja se reveste de um grande rol de normativos administrativos para sua garantia, visando reconhecer tal condição, sem, contudo,

prescindir da devida garantia de segurança que o arcabouço normativo buscou assegurar à sua saúde. Essa mesma segurança, que exige que o

referido labor, que exposto aos agentes nocivos químico, físico e biológico, ou associação destes, exigiu quantificar, afim de que não se autorize

submeter o trabalhador aos níveis acima do tolerável, que possa prejudicar sua saúde, além do normal, definiu prazos de limite de tolerância, afim

de guardar a razoabilidade e equidade que os princípios constitucionais pregam, principalmente o da dignidade da pessoa humana.

A especificidade desse rol normativo foi construída ao longo dos anos, demonstrando que a debilidade da saúde não estava ligada tão

somente à categoria profissional, mas aos agentes nocivos citados, cujos estão presentes nas mais variadas atividades profissionais, tanto que

sua previsão inicial, na LOPS – Lei nº3.087, de 1960, tinha a previsão de idade e tempo de contribuição, para a sua concessão, cuja, oito anos

depois, teve o critério idade suprimido pela Lei 5440-A, de 1668.

A categorização ocorreu até 1995, com o advento da lei 9.032, e, desde então, exigindo a comprovação da atividade especial sob

exposição aos agentes nocivos. Pois bem, tal exigência vigorou até 2019, com a Emenda Constitucional 103, ou seja, por longos 51 anos, de

1968 a 2019, a relevância da preservação da saúde foi mais importante que a categorização profissional, dado o prejuízo causado pelos agentes

nocivos à saúde do referido trabalhador, comprometendo-lhe a sobrevida.

Tal prejuízo acarretava o direito, não privilégio, de adiantar sua aposentadoria, cumprindo tão somente o tempo de atividade exigido

para o agente nocivo e o tempo de contribuição. No entanto, com o advento da Emenda Constitucional 103/2019, o critério idade foi restabelecido

para esses trabalhadores, acarretando uma submissão maior aos agentes nocivos, exigindo que se aposentasse quase que na mesma idade do

trabalhador comum.

O texto constitucional alterado impõe, já a partir da regra de transição que exige pontuação, uma idade mínima de 51 anos; e 55 anos

como idade mínima para os filiados a partir da referida emenda, bem como, comprometimentos no cálculo do salário de benefício

Ainda que o nicho desses segurados não alcance 1%(um por cento) dos trabalhadores em geral, sua repercussão na concessão de

aposentadorias por tempo de contribuição a nível nacional representa tão somente 5%(cinco por cento), supondo-se que não contribui para o

déficit previdenciário que justifique o comprometimento dessa faixa de trabalhador, conforme dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores

da Indústria, junto à ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade – nº3609, promovida contra as alterações da EC 103/2019.
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Logo, nota-se impar a necessidade de questionar as referidas alterações, estimulando a promoção de debates no sentido de

restabelecer o ordenamento jurídico, de acordo com os princípios constitucionais, em consonância com os demais tratados a respeito do assunto,

dos quais o Brasil é signatário.

6. REFERENCIAL TEÓRICO

A legislação define a Aposentadoria como uma espécie de aposentadoria programada, aqueles trabalhadores que foram submetidos

aos agentes noviços, químicos, físicos e biológicos, ou associação destes, prejudiciais à saúde, vedada a caracterização por categoria profissional

ou ocupação.

Conforme Castro e Lazzari (2021, p. 457), citando Maria Lúcia Luz Leiria, assim define a finalidade da aposentadoria especial:

A finalidade do benefício de aposentadoria especial é de amparar o trabalhador que laborou em condições nocivas e
perigosas à sua saúde, reduzindo o tempo de serviço/contribuição para fins de aposentadoria. Tem, pois, como
fundamento o trabalho desenvolvido em atividades ditas insalubres. Pela legislação de regência, a condição, o
pressuposto determinante do benefício está ligado à presença de agentes perigosos ou nocivos (químicos, físicos ou
biológicos) à saúde ou à integridade física do trabalhador, e não apenas àquelas atividades ou funções catalogadas em
regulamento.

Em seu livro Manual do Direito Previdenciário (2022), tece comentários acerca das alterações promovidas pela referida Emenda

Constitucional, no sentido de condená-las, conforme abaixo:

Entendemos que não se mostra condizente com a natureza dessa aposentadoria a exigência de idade mínima para a
inativação. Isso porque esse benefício se presta a proteger o trabalhador sujeito a condições de trabalho inadequadas e
sujeito a um limite máximo de tolerância com exposição nociva à saúde. No passado, já houve a fixação da idade
mínima de 50 anos para a concessão da aposentadoria especial, a qual constava do art. 31 da Lei n. 3.807/1960, o qual
foi revogado pela Lei n. 5.890/1973.

Claro tal entendimento, subsuma seu ponto de vista jurídico, na medida em que cita um exemplo clássico da espécie, um minerador de

superfície, cujo tem o menor tempo mínimo de exposição autorizado pela legislação, não por menos:

Basta imaginar um mineiro de subsolo em frente de escavação que começa a trabalhar com 21 anos de idade e, após
15 anos de atividade, cumpre o tempo necessário para a aposentadoria. Como estará com 36 anos de idade, terá que
aguardar até os 55 anos para se aposentar.

Os brilhantes professores Castro e Lazzari, concluíram tal entendimento, demonstrando a relatividade imposta pela normativa vigente

sobre o assunto, largamente explanada pelas resoluções normativas do Ministério do Trabalho, sobre a saúde do trabalhador, após a atuação da

norma então vigente:

Com mais alguns anos de trabalho, além dos 15 previstos como limite de tolerância, provavelmente estará inválido ou
irá a óbito, em virtude das doenças respiratórias ocupacionais, tais como asma, pneumoconiose e pneumonia de
hipersensibilidade.

O entendimento esposado é natural. A postura normativa acerca da referida aposentadoria guarda valor não só nos atos normativos

administrativos do Ministério do Trabalho, ao qual foi garantida, ainda com a Emenda Constitucional, o órgão responsável por determinar a lista de

elementos nocivos ao trabalhadores, bem como, caso haja, ocupações que tenham presentes tais agentes nocivos, mas também ao judiciário,

que já demonstrou entendimento nesse sentido, concluindo a natural diferença significativa do labor desses trabalhadores, como já demonstrou o

Eminente Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Fux, a saber:


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“A aposentadoria especial possui nítido caráter preventivo e impõem-se para “aqueles trabalhadores que laboram
expostos a agentes prejudiciais à saúde e a fortiori possuem em desgaste naturalmente maior, por que não se lhes
pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de contribuição que aqueles empregados que não se encontram expostos
a nenhum agente nocivo.”(ARE 664-335/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJE. 12. 02.2015).

É cediço que a exposição aos determinados agentes nocivos, causa um desgaste natural na vida do trabalhador, que lhe abrevia

sobremaneira a vida, senão não haveria de limitar temporalmente a atividade sob condições especiais em 15, 20 e 25 anos. Pensar que o

trabalhador poderia, ao término desses períodos, suportar atividade comum complementar ao período para se aposentar, ou mesmo, continuar na

mesma atividade para alcançar a idade mínima atual, é submetê-lo a uma crueldade institucionalizada, visto que naturalmente, não tem mais

condições de competir de igual para igual com outro trabalhador que não tenha se submetido a tais condições degradantes.

Assim como vicejam Ricardo, Sergio e Theodoro (2019), a proposta dessas aposentadorias sempre foi possuir via de mão dupla, com

o resgate social da dignidade da pessoa humana, através da aplicação dos princípios da Seguridade Social, no que toca a Universalidade e S

eletividade, retribuindo-os pela disposição de uma parcela de sua saúde:

(...) aposentadoria especial também determina o efeito compensatório ou indenizatório ao segurado a fim de
compensar, de certa forma, o exercício de atividades atípicas, porém imprescindíveis, com sua exposição permanente
ao risco, diferenciando-as das demais atividades ordinárias por traduzirem perigo de dano iminente à sua saúde e
integridades física e psíquica.
Embalados pela indignação diante do que a referida Emenda Constitucional 103/2019 impôs aquela classe de trabalhadores, a Confederação

Nacional dos Trabalhadores da Industria, CNTI, propôs a Ação Direta de Inconstitucionalidade 3609 em 2020, questionando o critério etário vigente para a

referida aposentadoria, ainda em tramite no Supremo Tribunal Federal.

Ainda que a EC103/2019 tenha estabelecido que lei complementar irá emitir normas gerais acerca do assunto, já tramita no Senado Federal o

Projeto de Lei nº245 de 2019, cujo teor não muda as regras já estabelecidas pela referida emenda constitucional, demonstrando que o legislativo deverá

continuar com o entendimento esposado na emenda, o que é temerário, haja vista que o tema não foi amplamente debatido com a categoria interessada, cuja,

mesmo sendo ínfima a representatividade, faz-se necessário o questionamento, visto que tal postura contraria vários princípios constitucionais, entre eles o

principais, da Dignidade da Pessoa Humana e da Vedação do Retrocesso Social.

7. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia exige o uso adequado de procedimentos e técnicas para o desenvolvimento da pesquisa, sendo relevante adotar

estratégias que deverão culminar com a realização proveitosa do trabalho. Logo, a relevância de se estabelecer o método adequado para

desenvolver a pesquisa é imperiosa.

Dada o tema em específico, faz-se necessária a busca na doutrina reinante, bem como, na jurisprudência antes e depois da edição da

referida Emenda Complementar nº103/2019, e nos desdobramentos jurídicos e doutrinários também após sua edição, de relevante interesse, afim

de buscar o norte adequado do pensamento jurídico do país após o referido diploma.

Cabe também a busca de dados estatísticos acerca do requerimento e da concessão dos benefícios de aposentadorias especiais

concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social, junto à autarquia responsável – INSS, afim de mensurar junto os dados das outras

consultas, subsidiar um resultado proveitoso.

8. CRONOGRAMA

Tempo 9º Semestre – 2023/1


Atividades Previstas Fev, Mar. Abr. Maio Jun.
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Escolha do Problema, Tema e Objetivos X

Levantamento bibliográfico X X

Convite ao/a Orientador/a


X

Construção do Referencial Teórico


X X X

Revisão do Projeto X

Entrega do Projeto de Pesquisa X

Apresentação do Projeto X X

Tempo 10º Semestre – 2023/2


Atividades Previstas Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

Ajustar o Referencial Teórico X X X X

Redação do Artigo X X X

Encontros com Orientador/a


X X X X

Redação Final, Revisão do texto e entrega da versão final


X
Artigo

Preparação para apresentação oral e Defesa do Trabalho


X X

9. ORÇAMENTO

Produto Quantidade Valor Unitário Valor Total

Livros 6 90,00 540,00

Resma de papel 2 29,90 59,80

Notebook 1 3.500,00 3.500,00

Tonner 2 33,90 67,80

Correção ortográfica 14 p. 15,00 210,00

TOTAL R$4.377,60
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10. Referências
BRASIL. 2019. Emenda Constitucional nº103, de 12 de novembro de 2019. Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de

transição e disposições transitórias, 13 nov. 2019. [Online] Diário Oficial da União, 13 de dezembro de 2019. [Citado em: 12 de mai de 2023.]

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm.

BRASIL. 2023. Projeto de Lei Complementar nº245, de 2019. Regulamenta o inciso II do § 1º do art. 201 da Constituição Federal, que dispõe

sobre a concessão de aposentadoria especial aos segurados do Regime Geral de Previdência Social, e dá outras providências. [Online] Diário

Oficial da União, 11 de maio de 2023. [Citado em: 2023 de maio de 12.] https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/139697.

Carlos Alberto Castro, João Batista Lazzari. 2022. Manual de Direito Previdenciário. Rio de Janeiro : Forense, 2022.

Goes, Hugo. 2022. Manual de Direito Previdenciário 13ª Edição. Rio de Janeiro : Forense, 2022.

Martins, Sergio Pinto. 2023. Direitos da Seguridade Social 41ª Edição. São Paulo : Saraiva, 2023.

Santos, Maria Ferreira dos. 2023. Direito Previdenciário 13ª Edição. São Paulo : Saraiva, 2023.

UNOESC. 2020. Reforma da Previdência:As Alterações na Aposentadoria Especial e a supressão da prerrogativa do enquadramento da atividade

especial em tempo comum. ANUÁRIO PESQUISA E EXTENSÃO UNOESC SÃO MIGUEL DO OESTE. [Online] 06 de junho de 2020. [Citado em:

12 de maio de 2023.] https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/24577.

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