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Soldagem a arco com eletrodo revestido

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Processos de Soldagem
Soldagem a Arco com Eletrodo Revestido

Este texto apresenta questões relativas ao Processo de Soldagem a Arco

com Eletrodo Revestido, envolvendo: equipamento de soldagem,

consumíveis, características e aplicações, preparação e limpeza das

juntas e descontinuidades induzidas pelo processo, além das condições

físicas, ambientais e de proteção individual para a soldagem.

Equipamento de Soldagem

O equipamento para soldagem a arco com eletrodo revestido (SMAW)

consiste de uma fonte de energia, cabos de ligação, um porta eletrodo e

grampo (conector de terra), como mostra o esquema da figura 1.

Figura 1: Esquema da montagem dos equipamentos para soldagem com


eletrodo revestido.

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Fonte de Energia

O suprimento de energia do processo de soldagem a arco com eletrodo

revestido pode ser tanto corrente alternada, com uso de

transformadores, como corrente contínua, com uso de geradores ou

retificadores (figura 2), sendo que neste último caso poderemos ter

conforme especificado a ligação em corrente contínua polaridade direta

(eletrodo ligado ao polo negativo) ou, corrente contínua polaridade

inversa (eletrodo ligado ao polo positivo).

Figura 2: Equipamento para soldagem com eletrodo revestido – fonte de


energia em correte contínua – retificador.

O tipo de corrente e a sua polaridade afetam a forma e as dimensões da

poça de fusão, a estabilidade do arco elétrico e o modo de transferência

do metal de adição, da seguinte forma:

Corrente contínua, polaridade direta (CC-), eletrodo ligado ao polo


negativo - Com essa configuração produz-se uma maior taxa de fusão
do eletrodo, associada a uma menor profundidade de penetração.

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Corrente contínua, polaridade inversa (CC+), eletrodo positivo e a peça

negativa - Com essa configuração, maiores penetrações e menores

taxas de fusão do eletrodo são obtidas.

Corrente alternada (CA), polaridade alternando a cada inversão da

corrente - Com este tipo de configuração, a geometria do cordão, a

penetração e a taxa de fusão serão intermediárias em relação àquelas

obtidas em CC+ e CC-.

Nota

Na corrente contínua – polaridade inversa (CC+) ocorre um movimento

de mesma direção e sentido oposto entre o metal que está sendo

transferido para a poça de fusão e o fluxo de elétrons que se dirige

para a extremidade do eletrodo. O choque em contra corrente provoca

substancial aquecimento das gotas de metal fundido em transferência

resultando num maior aquecimento destas e da própria poça de fusão.

Como consequência, em CC+ será obtida maior penetração.

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Cabos de Soldagem

Na soldagem a arco com eletrodo revestido são empregados dois cabos

com finalidades específicas. O cabo de solda, que interliga o porta-

eletrodo a um dos terminais da fonte de energia, e o cabo terra ou cabo

de retorno, que faz a ligação entre o metal de base através do grampo e

o outro terminal da fonte de energia.

Ambos os cabos fazem parte do circuito de soldagem e são formados

cada um por vários fios de cobre enrolados juntos e protegidos por um

revestimento isolante e flexível (normalmente borracha sintética), sendo

que a flexibilidade é fundamental para a manipulação durante a

soldagem.

Os cabos devem ser mantidos desenrolados, quando em operação, para

evitar a queda de tensão e o aumento de resistência por efeito Joule.

Porta Eletrodo

O porta-eletrodo é usado para prender mecanicamente o eletrodo

revestido enquanto conduz corrente através dele.

Grampo

O grampo, ou conector de terra, é usado para conectar o cabo terra à

peça a ser soldada.

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Consumíveis

O consumível, nesse processo, é o eletrodo revestido, formado por um

núcleo metálico, ou alma, e o revestimento (figura 3).

Figura 3: Eletrodo revestido

Com o eletrodo revestido é formado o arco elétrico e o fornecimento de

metal de adição para a solda, através da coluna do próprio arco.

Características e aplicações

O processo de soldagem com eletrodo revestido envolve variáveis que

devem ser corretamente entendidas e dominadas, para que resulte em

juntas soldadas com propriedades mecânicas exigidas e uma

produtividade adequada.

Esse processo pode ser usado numa grande variedade de configurações

de juntas e de combinações entre metal de base e metal de adição. Por

esse motivo, o conhecimento das especificações dos consumíveis de

soldagem, permite que se faça a correta seleção do eletrodo conforme o

material de base.

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Outro fator importante, que afeta a qualidade das soldas, refere-se à

especificação correta das variáveis de soldagem (corrente, voltagem,

velocidade de soldagem, técnica de deposição etc). O controle do aporte

de energia durante a operação de soldagem (“heat input”), por exemplo,

é particularmente fundamental para alguns materiais, tais como aços

temperados e revenidos, aços inoxidáveis e aços de baixa liga contendo

molibdênio e materiais para aplicações em baixas temperaturas (aços ao

níquel, ligas de níquel e etc.).

O controle inadequado da energia de soldagem pode causar trincas ou a

perda das propriedades primárias do metal de base, como a resistência

à corrosão em aços inoxidáveis ou mesmo a queda de capacidade de

absorção de energia ao impacto (ensaio Charpy).

O processo de soldagem com eletrodo revestido pode ser usado para

soldar em todas as posições e em todos os tipos de juntas. Ele é

aplicado na soldagem da maioria dos aços e de alguns metais não

ferrosos (Alumínio, Cobre, Níquel e suas ligas etc.), tanto para soldagem

de juntas, como para revestimentos através de deposições em camadas

(por exemplo, quando se quer obter determinadas propriedades

mecânicas ou o restabelecimento de dimensões); também permite

soldar o metal de base numa larga faixa de espessuras, variando de 2 a

200 mm, dependendo do aquecimento , dos requisitos de controle de

distorção e da técnica utilizada.

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A taxa de deposição deste processo é pequena comparada com os

outros processos de alimentação contínua (por ex: Arco Submerso, MIG

/ MAG, Arame Tubular). A mesma varia de 1 a 5 kg/h e dependendo do

eletrodo escolhido.

O sucesso do processo de soldagem com eletrodo revestido está

também ligado à habilidade e à técnica do soldador, já que toda a

soldagem é executada manualmente.

Há cinco itens que o soldador deve estar habilitado a controlar:

• O comprimento do arco, que varia entre 0,5 a 1,1 vezes o


diâmetro do eletrodo revestido;

• O ângulo de trabalho e de deslocamento do eletrodo;

• A velocidade de deslocamento do eletrodo;

• As técnicas de deposição de passes;

• A corrente elétrica.

Preparação e Limpeza das Juntas

As peças a serem soldadas, devem estar desmagnetizadas, isentas de

óleo, graxa, ferrugem, tinta, resíduos do exame por líquido penetrante,

areia e fuligem do pré-aquecimento a gás, numa faixa de no mínimo 20

mm de cada lado das bordas.

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Descontinuidades induzidas pelo processo

Descontinuidade é a interrupção das estruturas típicas de uma peça, no

que se refere à homogeneidade de características físicas, mecânicas ou

metalúrgicas. Não é necessariamente um defeito. A descontinuidade só

deve ser considerada defeito, quando, por sua natureza, dimensões ou

efeito acumulado, tornar a peça inaceitável, por não satisfazer os

requisitos mínimos da norma técnica aplicável.

A solda obtida com o processo de soldagem a arco com eletrodo

revestido pode apresentar quase todos os tipos de descontinuidades. A

seguir estão listadas algumas descontinuidades mais comuns e suas

causas mais prováveis.

Nota:

É importante ressaltar que o Inspetor de Soldagem, ao conhecer as

causas prováveis que originam as descontinuidades ou defeitos, poderá

também, como profissional que controla a qualidade, apresentar

sugestões preventivas e corretivas somando positivamente no trabalho

em equipe.

Porosidade

De um modo geral a porosidade é causada pelo emprego de técnicas

incorretas, como utilização de eletrodo úmido, utilização de metal de

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base sem limpeza adequada, comprimento do arco excessivo, ou ainda,

velocidade de soldagem excessiva.

Existem dois tipos de porosidade: a porosidade agrupada e a

porosidade vermiforme. A porosidade agrupada ocorre, às vezes, na

abertura e fechamento do arco, enquanto que a porosidade vermiforme

ocorre geralmente pelo uso de eletrodo úmido.

A técnica de soldagem com um pequeno passe à ré, logo após começar

a operação de soldagem, permite ao soldador refundir a área de início

do passe, liberando o gás deste e evitando assim este tipo de

descontinuidade.

Inclusões

As descontinuidades do tipo Inclusões são provocadas pela manipulação

inadequada do eletrodo e pela limpeza deficiente entre passes. Este é

um problema previsível, em caso de projeto inadequado, no que se

refere ao acesso à junta a ser soldada ou mesmo com pequenos ângulos

de bisel.

Falta de fusão

A falta de fusão resulta de uma técnica de soldagem inadequada:

soldagem rápida, corrente baixa demais, ou preparação inadequada da

junta ou do material.

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Falta de penetração

A falta de penetração resulta de uma técnica de soldagem inadequada:

soldagem rápida demais, preparação inadequada da junta e do material,

corrente baixa demais, ou eletrodo com diâmetro grande demais.

Concavidade e sobreposição

As descontinuidades do tipo concavidade e sobreposição são devidas a

erros do soldador.

Trinca interlamelar

A descontinuidade do tipo trinca interlamelar ocorre quando o metal de

base não suporta as tensões elevadas geradas pela contração da solda

na direção da espessura. Isto resulta no surgimento de trincas em forma

de degraus, situados em planos paralelos à direção de laminação. Este

tipo de descontinuidade não se caracteriza como sendo uma falha do

soldador.

Trincas na garganta e trincas na raiz

Quando começam a surgir trincas na garganta ou na raiz da solda, é

preciso realizar troca de materiais ou mudar a técnica de soldagem para

evitar o agravamento do problema.

Trincas na margem ou sob o cordão

As trincas na margem ou sob o cordão ocorrem a frio, ou seja, se

manifestam algum tempo após a execução da solda e, portanto, podem

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não ser detectadas por uma inspeção realizada imediatamente após a

operação de soldagem. Esse tipo de descontinuidade ocorre geralmente

enquanto há hidrogênio retido na solda. A presença do hidrogênio,

aliado a uma microestrutura frágil e a um nível elevado de tensões

residuais, contribui para o aparecimento desse tipo de descontinuidade.

Como exemplo de fontes de hidrogênio, podemos citar: elevada

umidade do ar, eletrodos úmidos e superfícies sujas.

Mordedura

A descontinuidade do tipo mordedura ocorre quando a corrente é muito

elevada, aquecendo a peça além dos seus limites.

Condições Físicas, Ambientais e de Proteção Individual para a Soldagem

A soldagem não deve ser executada na presença de chuva e vento, a não

ser que a junta a ser soldada esteja devidamente protegida.

O arco elétrico emite radiações visíveis e ultravioletas, além de

projeções e gases nocivos (fumos). Por isso, o soldador deve estar

devidamente protegido com equipamento de proteção individual (EPI)

completo, englobando: máscara de solda com filtros e lente de

proteção, avental, mangotes, polainas e luvas em raspa de couro, touca,

uniforme apropriado com mangas compridas e bota de couro com

solado de borracha antiderrapante. Além disso, as condições físicas e

ambientais, como iluminação e ventilação, são de grande importância.


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Você estudou neste texto que o processo de soldagem com eletrodo

revestido é capaz de realizar soldas em todas as posições e em todos os

tipos de juntas, sendo geralmente utilizado numa grande variedade de

configurações de juntas e de combinações entre metal de base e metal

de adição.

O sucesso desse processo de soldagem inclui uma série de fatores,

dentre os quais se destacam a habilidade e a técnica do soldador, já que

toda a soldagem é executada manualmente e o soldador é o responsável

pelo controle do processo.

Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às

questões de revisão sobre soldagem a arco com eletrodo revestido.

Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra aos tutores para

resolver suas dúvidas.

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Questões de Revisão

1- Cite e descreva sobre os equipamentos de soldagem e suas

finalidades no processo.

2- A mudança do tipo de corrente e polaridade afetam as características

da solda. Cite quais são os tipos de ligações e que resultados se pode

obter com cada um deles.

3- Disserte sobre as funções do revestimento do eletrodo.

4- Aponte as possíveis descontinuidades e suas causas resultantes do

processo de soldagem.

5- Tendo em vista as Condições Físicas, Ambientais e de Proteção

Individual para a Soldagem, que cuidados o profissional deve ter em

relação a sua proteção?

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