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Hematologia
Anemia falciforme
O indivíduo produz hemoglobina S, para isso ele precisa ter herdado um gene BS no
cromossomo 11. Síndrome falciforme é quem tem o gene BS e produz a hemoglobina S e
doença falciforme é a forma grave, o homozigoto recessivo. Ela garante proteção para formas
graves de malária, pois quando a malária parasita o eritrócito, o plasmodium não consegue
metabolizar essa hemoglobina S. Os sintomas se iniciam após os 6 meses de idade, pois o
problema está na beta hemoglobina.
Na hora que tem uma hemoglobina S, quando ela está desoxigenada ela tende a precipitar na
hemácia formando polímeros ( tactóides) causando lesão da membrana de hemácia e ficando
em forma de foice. Essa hemácia em forma de foice tem uma menor deformabilidade
( elasticidade) , pode causar oclusão vascular e lesão de tecidos.
A hemoglobina S produz uma valina, que quando tem O2 ela está solúvel no citoplasma da
hemácia, mas quando está desoxigenada a valina é hidrofóbica e diminui a solubilidade da Hb
na hemácia, logo a Hb precipita na hemácia.
Assim, um dos sintomas é a anemia hemolítica e também ocorrem crises vaso oclusivas.
A célula irreversivelmente falciforme é quando não consegue voltar ao formato normal. Ocorre
lesão de membrana tornando-a mais adesiva ao endotélio e na micro-circulação causa vaso-
oclusão e isquemia, que gera mais acidose, afoiçamento e vaso-oclusão. Em estágios mais
avançados os leucócitos podem ser chamados por meio da P-selectina.
Hbf: hemoglobina fetal a cima de 9% protege contra crises vaso-oclusivas graves. Interfere na
precipitação dos cristais de tactóide, mais que a HbA. Drogas que aumentam a síntese da HbF
são muito utilizadas.
Obs: o heterozigoto com gene B e Bs é assintomático, chamado traço-falciforme, pois terá uma
Hb A razoavelmente boa e a chance de desenvolver vaso-oclusão é pequena, pode ocorrer em
situações extremas de hipóxia.
Muitas vezes não existe um fator.
Crises de dores ósseas ou vaso-oclusivas. A síndrome das mãos e pés é muito comum e ocorre
dor nas falanges, edema e rubor. É autolimitada e muitas vezes é como a criança descobre a
anemia falciforme.
As hemácias falciformes são rígidas e quando vão passar nos sinusóides esplênicos ficam
retidas, sendo a causa de hemólise. Além disso, formam pequenas isquemias no baço de forma
que em torno de 5 ou 6 anos de vida as crianças sofrem perda da função esplênica
( hipoesplenismo ou autoesplenectomia). O baço sofre microfibroses e vai atrofiando, não
conseguindo ser palpado. Ocorre déficit imune principalmente para germes encapsulados,
pois elas perdem a opsonização. São mais susceptíveis a pneumococo, meningococo, hemófilo,
salmonela.
Febre no paciente com anemia falciforme é urgência, deve fazer antibiótico o mais rápido
possível que cubra os germes encapsulados, como a ceftriaxona.
Obs: o paciente deve estar com as vacinas em dia e fazer penicilina profilática até 5 anos.
O corpúsculo de Howell-Jolly é uma hemácia que saiu pro sangue com erro, com resto de DNA.
Ao passar pelo baço, o macrífago esplênico tira da circulação. Caso não tenha o baço, essas
hemácias vão sair na hematoscopia, isso significa que o individuo tem hipoesplenia ( funcional
ou anatômico).
A crise de sequestro esplênico ocorrem até 5 anos de idade e podem ocorrer em pacientes
com anemias hemolíticas e talassemias. Haverá uma queda súbita na hemoglobina de base de
2 pontos, aumento doloroso do baso e quadro de hipotensão, rebaixamento do nível de
consciência. O tratamento é transfusão, ao devolver a hemácia, o baço devolve o sangue para
corrente. O principal gatilho é infecção. Na fase aguda não se deve fazer esplenectomia. Essa é
utilizada para fins de profilaxia para outra crise de sequestro, porém só depois que que ela
estiver bem.
A crise aplástica é normalmente causada pelo Parvovírus B19, que infecta o eritroblasto, causa
parada na hematopoiese podendo haver queda súbita e anemia aguda. Vão ter reticulócitos
menor que 0,1%. O tratamento é por transfusão, o diagnóstico sorologia ( IgM) e pode pedir
PCR ou carga viral. Os sintomas que antecedem são de gripe.
A crise megaloblástica pode se dar por deficiência do folato quando não ocorre reposição. O
VCM estará a cima de 110 e os neutrófilos hipersegmentados. O tratamento é repor o ácido
fólico.
Pode haver doenças renais como papilite necrotizante, uma vez que a medula renal sofre
isquemia. Paciente sente febre, dor lombar, Giordano positivo, hematúria e se assemelha a
pielonefrite aguda. Em qualquer paciente com doença falciforme o sintomas mais comum é a
isostenúria ( dificuldade de concentrar urina, densidade baixa), a longo prazo é comum doença
renal crônica então o acompanhamento anual envolve a proteinúria de 24 horas. O priapismo
pode estar presente, se não forem bem tratados podem levar a fibrose, necrose e disfunção
erétril. É grave se durar mais de 4 horas com analgesia.
Obs: paciente falciforme não tolera muito bem volume, deve ter cuidado com soro.
Complicações neurológicas: os pacientes podem sofrer AVCi que normalmente ocorre por
trombose de grandes vasos. Deve-se prevenir o primeiro AVCi da infância. O risco de AVC
isquêmico vai até 20 anos de idade, depois aumenta o risco de AVCh ( hemorrágico). Pode
haver infarto silencioso e essas crianças devem ser manejadas para prevenir um próximo e
estão associados a déficit cognitivo.
Para evitar a isquemia primária, toda criança dos 2 aos 16 anos deve fazer anualmente o
doppler transcraniano que mostra a velocidade na artéria cerebral média e isso chama-se
profilaxia primária do AVC.
Obs: nunca teve AVC, fazer exame anual chama-se profilaxia primária.
Quando já tem um AVC, começa a profilaxia secundária. Não faz mais doopler, mas faz o
programa trasnfusional.
Essas situações são as únicas que o paciente falciforme faz transfusão contínua.
Nos casos de síndrome torácica aguda estão indicados atb, como macrolídios, fisioterapia
respiratória ativa, transfusão de concentrado de hemácia.
Hidroxiuréia na ausência de transplante. Ela aumenta a síntese da Hb fetal que protege contra
a precipitação e reduz a leucometria. Não é indicada na crise aguda.