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Em seu texto, a autora Maria da Glória Gohn fala sobre o caráter sociopólitico dos

movimentos sociais e sobre como as estruturações estão ligadas aos conflitos e


disputas; Assim sendo, quando falamos do Movimento Negro no Brasil, por exemplo,
estamos falando de um movimento social que se encaixa perfeitamente em sua
definição, principalmente ao analisarmos sua motivação no que concerne os conflitos
étnico-raciais de nossa formação social. Todavia, quando escolhemos falar sobre o
Movimento Negro no Brasil, é necessário estarmos ciente de seu apagamento ou
subexploração. Ao falamos da primeira fase do Movimento Negro, por exemplo, que
teve seu início ainda no período da Primeira República, pouco se fala sobre a
quantidade de associações negras que existiam na época, o que se encaixa,
substancialmente, novamente, no apagamento e subexploração corriqueiro da história
do povo negro no país, devido às suas raízes coloniais escravistas. De todo modo,
tomamos como nosso papel falar sobre a discussão antirracista, de identidade negra,
e de suas reivindicações, cravadas em nossa história desde, por exemplo, a
aboliação da escravatura e proclamação da República, tendo como sua consequência o
início da marginalização dessa população, política e socialmente falando. Uma vez
marginalizados, houve a mobilização racial negra de ex-escravos, resultando em
inúmeros grupos espalhados pelos estados do país.

Nossa intenção seria, portanto, contextualizar o início e o porquê da importância


do Movimento Negro no Brasil contemporâneo, utilizando seu surgimento como
ferramenta para o entendimento da questão racial. Assim como a autora dispõe no
texto, o golpe militar de 1964 foi responsável pelo arremate das mobilizações no
país, posto que as marcas da repressão e a cassação de direitos políticos, logo,
toda a movimentação pós-abolição foi submetida à ditadura. Contudo, após
pouquíssimos registros de movimentos da época, no final da década de 1970, com a
pressão pelo fim da ditadura militar e reestruturação dos movimentos sociais, houve
o destaque do Movimento Negro através do Movimento Negro Unificado Contra a
Discriminação Racial que, mais tarde, com a denominação de Movimento Negro
Unificado (MNU), tornaria-se modelo para as lutas antirracistas no Brasil. O MNU
tinha como principal objetivo o combat ao racismo e preconceito de cor, protestando
e denunciando contra a opressão e contestando acerca do mito da democracia racial.
Uma vez que se tornou uma entidade em nível nacional, sua articulação influenciou a
tomada da consciência racial e identidade negras, possibilitando o fortalecimento
da militância negra no país.

Assim como qualquer movimento social existente, o Movimento Negro esteve suscetível
a várias perspectivas e contornos desde sua reorganização. Em razão da
fundamentação da identidade negra, foi aderida a ligação da experiência diaspórica
posterior à escravidão, no sentido de sua ressignificação. Foi, então, que a
caracterização "afro" foi transformada em adjetivo às práticas identirárias,
referencial da identidade dos negros independentemente do lugar que a apartação da
diáspora negra tenha os levado.

A compreensão da história do Movimento Negro contemporâneo no Brasil viabiliza a


discussão sobre identidade e racismo, gerando, para além de suas lutas, a produção
de conhecimento, proporcionando o entendimento do povo negro brasileiro;
Entretanto, para sua compreensão, é de suma importância a retomada a organização
dessa população durante a escravidão e no período pós-abolição. Por isso, existe a
necessidade do estudo e reconhecimento, por exemplo, do coletivo do quilombos.
Usando, por exemplo, a autora tenha citado Zumbi dos Palmares, a Conjuração Baiana
(também conhecida como Conspiração dos Alfaiates), a Revolta dos Malés e a Revolta
das Chibatas, não houve o aprofundamento referente às mobilizações que se fazem
essenciais não somente para os negros, mas para toda a nação brasileira, a posto
que nossas raízes, que estarão sempre intrisicamente plantadas em nosso passado
colonial escravista, possuem o potencial constestátorio necessário para a re-
educação de nossa sociedade e servem como combustível para diversas discussões a
respeito das desigualdade e exclusão social que atinge a camada popular de nosso
país.

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