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Eliana Badiale-Furlong
FURG
10.37885/210705400
RESUMO
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
INTRODUÇÃO
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
PRODUÇÃO DE TOMATES
A disseminação e seleção dos tomates ocorreram era pré-colombiana, onde era culti-
vado nos tabuleiros andinos pelos nativos. Os Maias, habitantes da América central foram
responsáveis pela disseminação até os povos Astecas que chamavam a hortaliça de “to-
mati”. A utilização de híbridos de cruzamentos convencionais e a partir de técnicas gené-
tica-molecular está consolidada para atender todos os mercados, principalmente de dois
grandes grupos da cadeia produtiva deste fruto, tomates para a indústria e tomates de mesa
(EMBRAPA, 2018).
O fruto tomate é produzido em todo o mundo, com tecnologias cada vez mais eficien-
tes em termos de produtividade e vida útil para consumo e comercialização (LANA et al.,
2006). A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) registrou
produção de tomate no ano de 2016 em 175 países, inclusive em regiões de em altas latitudes
como Canadá e Rússia. O maior produtor mundial foi a China com uma área cultivada de
mais de um milhão de hectares e uma produção anual de mais de 56 milhões de toneladas.
Enquanto no Brasil, a produção de tomate foi estimada em 4,0 milhões de toneladas em
2021, segundo o IBGE com um crescimento de 2,0% em relação ao ano de 2020.
De acordo com dados da FAO (2016), o Brasil ocupava a 9ª posição na produção de
tomate em nível mundial (2,5%), liderado pela China, Índia e Estados Unidos, que ocupam
as primeiras posições. A área de plantio no Brasil, segundo dados do IBGE no ano de 2021
foi de 55,4 hectares com uma produção média de 70.840 kg/hectare. O estado de Goiás,
destaca-se pelo cultivo do tomate rasteiro que é destinado às produções de atomatados
(molhos e extratos), com média de 92.394 kg/hectare, responsável por 28,9% da produção,
e em seguida está o estado de São Paulo responsável por 25,6% da produção. Os principais
estados produtores de tomate para consumo in natura, São Paulo, Minas Gerais, Goiás,
Bahia, Paraná e Santa Catarina (IBGE, 2021).
De acordo com a EMBRAPA (2018) as cultivares de tomate destinadas ao consumo in
natura podem ser divididas em três grandes grupos:
• Cereja: são frutos pequenos, com pencas de 12 a 18 cachos, com formato uni-
forme e coloração vermelha a amarela, com elevados teores de sólidos solúveis.
Utilizados na ornamentação de pratos e como entradas para refeição, justificando
sua grande demanda pelos consumidores o que resulta em preços compensadores
para o produtor.
• Italiano: apresenta frutos compridos (7 – 10 cm), em alguns casos pontiagudos e
oblongos, com polpa espessa com coloração intensa, firmes e saboroso. Eles são
utilizados principalmente para molhos, podendo ainda fazer parte de saladas. Em-
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
bora se tenha observado aumento frequente na demanda, muitos consumidores
ainda não o conhecem
• Longa vida: são frutos provenientes de sementes híbridas que favorecem o prolon-
gamento da vida útil do fruto. As principais estratégias para isto são reduzir a velo-
cidade de degradação das paredes celulares do pericarpo, na síntese do etileno,
pigmentos e alteração da respiração do fruto introduzidas por técnicas moleculares.
A sua introdução no mercado brasileiro, ocorreu em 1988 para consumo in natura
(VECCHIA, 2000).
QUALIDADE DE TOMATES
Tabela 2. Limites máximos de tolerâncias de defeitos por categoria, expressos em percentual de unidades (tomates) na
amostra.
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
MATURAÇÃO DE TOMATES
O tomate é um fruto que possui em sua composição de 93% a 95% de água, apresen-
tando como componentes no restante os compostos inorgânicos, ácidos orgânicos, açucares,
sólidos solúveis e outros compostos conforme Tabela 3.
O tomate é um fruto considerado como boa fonte de compostos bioativos, cujos efei-
tos estão relacionados à atividade antioxidante de carotenóides (licopeno e β caroteno),
compostos fenólicos (ácidos fenólicos e flavonóides) e ácido ascórbico (COYAGO-CRUZ
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
et al., 2019) associados às propriedades anticarcinogênicas, antimicrobianas, antimuta-
gênicas e antiinflamatórias (GARCÍA-HERNÁNDEZ et al., 2018; NAVARRO-GONZÁLEZ
et al., 2018). Um estudo realizado por Rodrigues et al. (2021), apresenta um levantamento
do conteúdo de compostos bioativos em diferentes variedades de tomate consumidas no
Brasil (Tabela 4), destacando o tomate Cereja como a melhor fonte de licopeno e o Italiano
e Longa Vida de ácido ascórbico.
PRODUTOS ATOMADOS
• Suco de tomate: “suco ou sumo é a bebida não fermentada, não concentrada, des-
tinada ao consumo, obtida da fruta madura e sã, ou parte do vegetal de origem, por
processamento tecnológico adequado, submetida a tratamento que assegure a sua
apresentação e conservação até o momento do consumo”. O suco de tomate deve
obedecer às características e composição de sólidos solúveis de 5 °Brix a 20 °C,
pH 4,3 e acidez total expressa em ácido cítrico (0,4g/100g) (decreto MAPA n° 6.871
de 4 de junho de 2009, art. 18),
• Molho de tomate: definido “como um condimento feito à base de tomate elaborado
principalmente a partir da extração da polpa e, às vezes, acrescido de presunto,
cebola, manjericão, sal, óleo, alho e vários outros condimentos para conferir sabor”.
(ANVISA, RDC nº 276 de 22 de setembro de 2005)
• Extrato de tomate: “é o produto resultante da concentração da polpa de frutos ma-
duros e sãos por processo tecnológico adequado” (Resolução 12/78 da Comissão
Nacional de Normas e Padrões de Alimentos) A mesma Resolução classifica os
diversos extratos em purê de tomate e a RDC da ANIVSA n° 272 de 22 de setembro
de 2005 estabelece que “o extrato de tomate deve conter no mínimo 6% de sólidos
solúveis naturais provenientes da polpa do tomate, podendo ser adicionado de sal
e ou açúcar”.
• “Catchup”: “o produto elaborado a partir da polpa de frutos maduros do tomatei-
ro (Lycopersicum esculentum L.), podendo ser adicionado de outros ingredientes
desde que estes não descaracterizem o produto” (RDC da ANVISA nº 276 de 22 de
setembro de 2005). O “catchup” é um molho condimentado normalmente utilizado
como acompanhamento ou complemento para outros alimentos ou como ingre-
diente em preparações culinárias, por conferir sabor e/ou realçar o sabor de outros
alimentos.
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Agricultura e Agroindústria no contexto do desenvolvimento rural sustentável
que homogeneização e esterilização de tomates durante a produção de suco resultavam em
perdas significativas em α- tocoferol em bases seca.
Takeoka et al. (2001) encontraram aumento na atividade antioxidante em três amos-
tras de suco de tomate após ser escaldado a quente com sementes e peles, bem como
na pasta. Os autores atribuíram o aumento da atividade antioxidante à produção de novos
antioxidantes durante o processamento. Outra possibilidade é a migração de compostos
antioxidantes das sementes que migraram para a porção solúvel da fruta durante o trata-
mento. Dewanto et al. (2002) encontraram resultados semelhantes em amostras de tomate
em pasta, pasta de tomate cozida a 88 °C durante 2 minutos, pasta de tomate cozida a 88
°C durante 15 minutos e pasta de tomate cozida a 88 °C durante 30 minutos. Nestes trata-
mentos o teor de licopeno e a atividade antioxidante total aumentaram significativamente com
o processamento térmico. Os autores atribuíram a liberação dos compostos antioxidantes
para a matriz com o processamento térmico.
A avaliação do impacto do tratamento térmico sobre o conteúdo de vitamina C e de
compostos fenólicos, conduzida por Gahler et al. (2003), em diferentes produtos à base de
tomate variando temperaturas e tempo de processamento. O conteúdo de vitamina C diminuiu
com aumento da temperatura e tempos de processamento de forma contínua. Ao contrário
o conteúdo de compostos fenólicos totais que aumentaram significativamente com o aque-
cimento como nos estudos dos outros autores.
Sabe-se que a temperatura afeta diretamente a composição do produto final, além
disso as baixas temperaturas são utilizadas para o controle do amadurecimento e aumento
da vida de prateleira de hortaliças. O efeito da temperatura na hortaliça mais marcante é o
escurecimento da casca do fruto comprometendo a qualidade, fazendo com que a exposição
ao frio seja muitas vezes indispensável para o desenvolvimento de atributos de qualidade
de produtos à base de tomate (PURGATTO et al., 2018).
Além dos processos térmicos realizados para obtenção e conservação dos produtos
há os processos de corte, homogeneização, descascamento entre outros as evidências
sugerem que eles podem promover a perda de compostos antioxidantes solubilizados na
água livre liberada com o tratamento mecânico. Lana et al. (2005) investigaram a capacida-
de antioxidante de tomates minimamente processados constando que os tecidos sofreram
estresse oxidativo, causado pelos danos à membrana celular com consequente alteração
na composição e do conteúdo de compostos antioxidantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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