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ÀG.·.D.·.G.·.A.·.D.·.U.·.

Ven.·.MIIr 1 e 2 VVig.·.MM.·.IIr.·.OOf.·.Demais IIr.·.


Augusta e Responsável Loja simbólicos Cavaleiros Noaquitos
nº853.
Trabalho do Grau de Aprendiz ss
A Marcha do Aprendiz
Durante a marcha, na interpretação mística e esotérica da Maçonaria,
o aprendiz Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceite não deve levantar
o pé do chão, e sim arrastá-lo. Dentro da liturgia maçônica a marcha
tem sentido esotérico, ligado a uma espécie de campo de força do
pensamento, gerado pelos irmãos reunidos em Loja; chamam-no
Egrégora.

Dizem os místicos e esotéricos da arte da Maçonaria, ser este um
campo de força que parte do oriente, tem um polo na coluna da
sabedoria, na pessoa do venerável mestre e termina na pessoa do
guarda do templo; sendo esta a razão do guarda do templo nunca
poder sair do seu posto, nem do templo, e a porta do templo não pode
ser tocada por outro irmão oficial qualquer enquanto a loja estiver
aberta.
O aprendiz Maçom está ligado às coisas da matéria, ele constrói o seu
ser material, ligado à Terra. É o que significa o esquadro sobre o
compasso. O aprendiz Maçom está ligado às coisas materiais e
depois, ao galgar outros graus ele passa a tirar os pés do chão.
Alguns irmãos brincam com a marcha do aprendiz Maçom, chamando-
a de a marcha do “manquinho”, exatamente devido esta caraterística
do pé esquerdo ser arrastado para frente e depois o calcanhar direito
bate em esquadro no calcanhar esquerdo.
Em nenhum momento, nenhuma das palmas dos pés, tanto direito
como esquerdo descolam do chão. Há quem queira explicar este
arrastar de pés como ligados ao fato do aprendiz Maçom ainda não
estar simbolicamente acostumado com toda a luz, então vai tateando.
De tudo o que se lê a respeito, o arrastar de pés está ligado
unicamente ao fato do aprendiz Maçom estar ligado ao chão, à Terra,
um dos quatro elementos, porque ainda não galgou a escada em
direção da sua espiritualização. Isto é simbólico, mas pretende passar
sensibilidade com os assuntos da espiritualidade.
Pessoas como eu poderão dizer, num primeiro instante, que é tolice,
mas sabemos que a ritualística maçônica carrega em si mensagens
nos seus símbolos de que talvez um dia o iniciado vá descobrir o
significado. Daí, se mudar o símbolo, muda-se a mensagem, então é
importante executar a ritualística com rigor, senão ela realmente não
passa de atitude fingida e não de um símbolo esotérico. E sabemos
que estamos na Maçonaria para nos influenciarmos mutuamente. As
quatro linhas de pensamento básicas da Maçonaria devem se fundir
numa só para preparar o homem na sua caminhada pela sociedade,
onde fará a sua obra.
Um exemplo: sabe-se que a espada do guarda do templo é uma arma
branca (que não corta nada fisicamente), mas além de ser símbolo da
honra e do poder, ela é o que espanta as más influências do mundo
externo à Egrégora; e se a espada fosse substituída por um fuzil AR-
15? Este último também é uma arma de ataque, porém, que
mensagem esta poderá transmitir? Será que a mensagem é a mesma
da espada? A metralhadora transmite a mensagem de ser arma de
honra? Ou de destruição em massa? É razão para preservarmos os
símbolos exatamente como foram idealizados pelos primeiros maçons
com o risco da mensagem original se perder. O mesmo se dá com o
movimento arrastado dos pés durante a marcha do aprendiz. Será
esta uma daquelas invenções que poluem a Maçonaria Simbólica, dita
por Albert Pike?
Ainda não é possível afirmar, ademais, na Maçonaria tudo parece ter
uma razão de ser até prova em contrário; é assim que funciona. A
marcha do aprendiz Maçom tem relações com as três colunas do
templo: sabedoria, força e beleza. Sabedoria porque se destaca a
cabeça como se estivesse numa prateleira quando se coloca a mão
em esquadro na garganta; Beleza porque a postura e a marcha devem
ser feitos com garbo, energia, elegância; Força porque devem ser
feitos de forma enérgica, orgulhosa e denotando força moral.
Além disso, o posicionamento da marcha do aprendiz é emblema de
três passagens: nascimento, vida e morte. Quando bem feito
representa discernimento, retidão e decisão. Quando a marcha é torta
e frouxa representa: Inépcia, farsa, vacilação.
Os três esquadros formados pela mão, braço e pés significam: podem
me degolar que não conto os segredos; o braço e antebraço em
esquadria significam força à disposição da Ordem; a esquadria dos
pés significa que o caminho do Maçom deve sempre ser pautado pela
retidão do ângulo reto. São três os esquadros porque três é a idade do
aprendiz Maçom.
Acima de qualquer especulação ou consideração, é importante
lembrar que existem duas maneiras de efetuar qualquer tarefa: fazer
bem feito ou mal feito: implica que, tanto para fazer bem feito, como
para fazer mal feito leva-se quase o mesmo tempo e gasta-se quase o
mesmo recurso; então faça bem feito! Ademais, como estudante da
arte real é importante fazer tudo bem feito, para escalar a Escada de
Jacó com galhardia e progredir espiritualmente para Honra e à Glória
do Grande Arquiteto do Universo.
Tenho lido V.·. M.·.
Ir .·. A.·. M.·. Joaquim Rodrigues Junior.
Santos, 28 de agosto de 2023 da E .·.V.·.

Irm.·. Charles Evaldo Boller,


Eng. Eletr. e Maçom
Loja Apóstolo da Caridade n° 21 – Gr loj do Pr
charleseb@terra.com.br
Marcadores: Filosofia, Maçonaria, Sociologia

Bibliografia:

 CASTELLANI, José, Consultório Maçónico XI, ISBN


978-85-7252-286-1, primeira edição, Editora Maçônica
a Trolha Ltda., 176 páginas, Londrina, 2011;
 PIKE, Albert, Morals and Dogma, of the Ancient and
Accepted Scottish Rite of Freemasonry, primeira
edição, Supreme Council of the Thirty Third Degree for
the Southern Jurisdition of the United States, 574
páginas, Charleston, 1871.

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