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A Marcha do Aprendiz

Ir∴ João Paulo Ferraz

À glória do Grande Arquiteto do Universo.

Neste trabalho será abordado um tema muito importante nas cerimônias


dos templos maçônicos, a Marcha do Aprendiz. Segundo a Wikipedia, a
definição de marcha é uma maneira organizada, uniforme e sustentada de
andar, geralmente associada a alguma forma de disciplina e foco no
comportamento. Existem diferentes tipos de marchas, deixe-me dar exemplos,
marchas militares, marchas atléticas, marchas cardiorrespiratórias, marchas
reais e religiosas. Para nós maçons, a marcha está associada aos ritos, graus
e conhecimentos dos trabalhadores.
Cada um dos três graus simbólicos tem sua marcha particular. A
marcha, acompanhada dos sinais especiais em cada degrau, é obrigatória
para todos os maçons que entram no templo quando os trabalhos são
abertos. O significado maçônico da marcha corresponde à técnica adotada
nos três graus simbólicos para o candidato a perfeição caminhar do ocidente
para o oriente, isto é, das trevas para a luz.
A marcha do aprendiz é composta de três passos iguais e retilíneos,
que começa com o pé esquerdo e apoiado pelo pé direito, formando um
esquadro que representa a faculdade do juízo e nossos esforços para realizar
o ideal ao qual nos propusemos.
Segundo Aldo Lavagnini, isto é feito de maneira que estejam realmente
encaminhados na direção do ideal e que a cada passo do pé esquerdo
(emoção, atividade e ação), deve corresponder um igual passo do pé direito
(passividade, inteligência, pensamento) em esquadro, ou seja, em acordo
perfeito com o primeiro (analogia neurofisiológica aos hemisférios cerebrais
do lobo esquerdo e direito).
O esquadro representa fundamentalmente a faculdade do juízo que
nos permite comprovar a retidão ou a sua falta, ou seja, a forma octogonal
das seis faces que tratamos de lapidar a pedra bruta, assim como a de suas
arestas e dos oito ângulos triedros nos quais elas se unem, como o objetivo
de fazer com que a pedra se torne retangular, como deve ser toda pedra
destinada a formar parte de um edifício. É por intermédio do esquadro que
nossos esforços para realizar o ideal ao qual nos propusemos podem ser
constantemente comprovados e retificados. Isto é feito de maneira que
estejam realmente encaminhados na direção do ideal e que a cada passo do
pé esquerdo (passividade, inteligência, pensamento), deve corresponder um
igual passo do pé direito (atividade, vontade, ação) em esquadro, ou seja,
em acordo perfeito com o primeiro.
Durante a marcha, na interpretação mística e esotérica da Maçonaria, o
aprendiz Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceite não deve levantar o pé do chão,
e sim arrastá-lo, pois está ligado a uma espécie de campo de força do
pensamento, gerado pelos irmãos reunidos em Loja, que chamamos de
Egrégora.
Segundo os místicos e esotéricos da arte da Maçonaria, este um campo
de força que parte do oriente, tem um polo na coluna da sabedoria, na pessoa
do venerável mestre e termina na pessoa do guarda do templo; sendo esta a
razão do guarda do templo nunca poder sair do seu posto, nem do templo, e a
porta do templo não pode ser tocada por outro irmão oficial qualquer enquanto a
loja estiver aberta.
O aprendiz Maçom está ligado às coisas da matéria, ele constrói o seu
ser material, ligado à Terra. É o que significa o esquadro sobre o compasso. O
aprendiz Maçom está ligado às coisas materiais e depois, ao galgar outros graus
ele passa a tirar os pés do chão.
Reportando-se ao zodíaco os seus três passos correspondem aos três
signos, áries (carneiro), touro e gêmeos. No primeiro passo correspondente ao
signo de áries que está sob a influência de marte e conota a ideia de "luta". Touro,
que inspira o segundo passo, exprime o trabalho perseverante e desinteressado.
Quanto gêmeos, que está sob a influência de mercúrio, é considerado signo da
fraternidade. Se nos referenciarmos aos elementos, áries é o signo do fogo, touro
o signo da terra e gêmeos o signo do ar, indicando o primeiro passo o ardor, o
segundo a concentração e o terceiro a inteligência.
Os três passos de sua marcha, os três anos do aprendiz e ainda
lembrando as três viagens da iniciação, são evidentemente o símbolo do tríplice
período que marcará as etapas do estudo e do progresso. Estes três períodos
referem-se particularmente às três artes fundamentais (a gramática, a lógica e a
retórica), cujo devemos estudar e concentrar os aprendizados, por ora, na
primeira, por ser dos Aprendizes.
Há também, evidente referência dos três passos do aprendiz ao
conhecimento dos três primeiros "números" ou princípios matemáticos do
universo: o número um, ou seja, a unidade do todo; o número dois, ou seja, a
dualidade da manifestação, e o número três, ou seja, o ternário da perfeição.
Este conhecimento filosófico dos três números é de verdadeira e fundamental
importância, enquanto compendia e sintetiza em si todo o conhecimento relativo
ao mistério supremo das coisas.
A Marcha do Aprendiz na Maçonaria está intimamente ligada às três
colunas do templo, que representam a sabedoria, a força e a beleza. A sabedoria
é simbolizada pela posição da cabeça, que deve estar ereta como se estivesse
em uma prateleira, enquanto a mão é colocada em esquadro na garganta. A
beleza é representada pela postura e pela marcha elegante, que devem ser
realizadas com energia e garbo. A força é simbolizada pela marcha enérgica e
orgulhosa, que demonstra força moral.
A interpretação minuciosa da formação dos ângulos retos do esquadro
pelos braços, pernas e pés, os três passos em marcha, o olhar direcionado ao
oriente, a postura ereta, firme precisa, e a consciência sensorial de espaço,
remetem ao aprendiz uma grande responsabilidade e respeito no seu
crescimento e desenvolvimento como maçom.
Considera-se também a importância oculta do número três nesta
ritualística e suas interpretações místicas, onde apesar de simples aos olhos do
neófito, a Marcha do Aprendiz promove uma enorme riqueza de detalhes ocultas
na sua execução e transmite a mensagem pura e direta da evolução do homem
e do espírito, onde cada passo dado com o sentimento de razão, junta-se o outro,
com a emoção, assim, razão e emoção estão sempre em equilíbrio ideal, justo e
perfeito.
Adicionalmente, a marcha do aprendiz representa as três etapas da vida:
o nascimento, a vida e a morte. Quando executada com precisão, ela é um
símbolo de sabedoria, integridade e determinação. Entretanto, se for realizada
de forma descuidada e desordenada, pode representar incompetência, hipocrisia
e hesitação.
Conclui-se que a Marcha do Aprendiz é uma das práticas maçônicas mais
importantes para o desenvolvimento do iniciado, uma vez que ela é repleta de
simbolismos e significados ocultos que remetem a uma visão profunda da
existência humana. Por meio dessa prática, o aprendiz é estimulado a cultivar
valores como a disciplina, a perseverança, a integridade e a sabedoria,
fundamentais para o seu crescimento como indivíduo e como maçom. Além
disso, a Marcha do Aprendiz é uma lembrança constante de que cada passo que
damos na vida deve ser dado com razão e emoção em equilíbrio, para que
possamos evoluir em direção a um estado ideal, justo e perfeito.
Bibliografia:

• A Marcha do Aprendiz. Freemason, 2023. Disponível em:


https://www.freemason.pt/a-marcha-do-aprendiz-macom/. Acesso
em: 07 de maio de 2023.
• A Marcha do Aprendiz. LojaMad, 2023. Disponível em:
https://lojamad.com.br/index.php/trabs-i/item/170-a-marcha-do-
aprendiz. Acesso em: 07 de maio de 2023.
• A Marcha do Aprendiz. ColunasdePiratininga, 2023. Disponível em:
https://colunasdepiratininga.org.br/a-marcha-do-aprendiz/. Acesso
em: 07 de maio de 2023.

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