Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Bebe Inesperado Do Cowboy (Li - Aline Padua
O Bebe Inesperado Do Cowboy (Li - Aline Padua
SINOPSE
PRÓLOGO
PARTE I
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
PARTE II
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX
CONTATOS DA AUTORA
NOTA
Se você é nova por aqui, fico feliz de lhe contar, que todos os
álbuns da Taylor Swift me marcaram em momentos diferentes da vida, e
desde maio, tenho lançado livros clichês baseados em álbuns dela. Já
passamos por RED em “O melhor amigo do meu irmão: A REJEIÇÃO”,
por Speak Now e 1989 em “O irmão da minha melhor amiga: A
REDENÇÃO”, por Reputation e Lover em “UMA GRAVIDEZ
INESPERADA”, e por Back to December em “CEO INESPERADO –
meu ex melhor amigo”.
Talvez não faça sentido para você, cara leitora, porém, saiba que é
construído com a melhor parte do meu coração.
Boa leitura,
Aline Pádua
PLAYLIST
Tão frustrante
ABIGAIL
estação.
reconhecimento.
— Não tenho uma sombra com o nome de Bruno Torres, não que
eu saiba. — soltei, e ouvi sua risadinha nas minhas costas.
espécime.
Estando bem próxima, notei que ela estava corada, e não conseguia
disfarçar o quanto a presença daquele homem a afetou.
sensação antiga, que sempre tive a frente dele: de não conseguir ser
indiferente por muito tempo. Ele parecia saber como me atingir, e mesmo
após tanto tempo, ainda o fazia.
meio, sem sequer olhar pelo ombro. Ouvi sua gargalhada alta, e puxei a
mão de volta, enquanto caminhava em direção à minha casa.
Meses depois...
ABIGAIL
— Eu não quero nem saber, Nero. — falei para meu melhor amigo,
que se jogou na cadeira do outro lado, como se realmente considerando a
ideia. — Não vamos fingir ser um casal apenas porque sua mãe...
abertamente.
— Vá trabalhar, mulher!
Sua voz saiu um pouco tremida e sabia que ele corria de pessoas
Ele sempre foi um tipo grande, mas nos últimos tempos, quando o
reencontrei, ele parecia de fato um trator. Que diabos de pensamentos
eram aqueles? Uma calça jeans apertada, que delineava suas pernas, e um
par de botas que combinava perfeitamente com seu visual. A realidade era
conseguir me deixar enérgica e com ainda mais raiva. Porém, eu não podia
dizer que Bruno perdia naquilo, porque ele sabia exatamente em qual calo
pisar para me ter com raiva.
— Ela me pediu para passar aqui e dizer que Mabi e ela talvez não
venham hoje porque o carro quebrou no meio da estrada, e meus irmãos
devem estar arrancando os cabelos nesse momento, além de que os
celulares ficaram sem bateria, e só tinham o de Inácio disponível, ele não
tinha o seu número e...
peito, o qual ele indicava com o dedo. — Algo interessante mais abaixo,
Abigail?
Ele mantinha aquele sorrisinho de “eu sei que sou gostoso” e nem
me dei o trabalho de negar. Ele sabia que o era. Eu não era cega, e muito
menos, seria mentirosa por causa dele.
— Vai se foder com a tal Reis, nerd! — gritei para a porta de meu
amigo, que poderia visualizar perfeitamente em minha mente, e feito o
sinal da cruz.
ABIGAIL
— Sabe que ela traria Prim aqui para você olhar... — apontei-lhe o
dedo, e ele abriu um largo sorriso. Sabia que meu melhor amigo era
completamente apaixonado pela afilhada, e não se negaria em me ajudar.
Na realidade, ele fora meu alicerce nos últimos meses, junto a ela. — Acho
que às vezes ela usa a desculpa de ter que sair dez minutos antes, apenas
porque o detestava.
Ri sozinha, e que ele nunca soubesse, mas a minha raiva sobre ele,
me ajudou a esquecer grande parte dos reais problemas.
Odiá-lo era como dar murro em ponta de faca, mas nunca de fato se
machucar. Então, até certo ponto, era saudável.
sabia, ela era apaixonada por reggae. Cantei baixinho, enquanto abria a
porta, e com um sorriso no rosto para encontrar a razão de eu ainda
conseguir ter tal expressão.
O som não estava tão alto, mas parecia que nenhum dos dois notou
minha presença, quando ele parou um segundo, durante outra parte da
música, e Prim mudou sua expressão e pareceu querer chorar. Tentei ir até
Não pensei em mais nada, quando Prim começou a chorar, e fui até
eles, puxando-a de seu colo, e trazendo-a para o meu. Ela pareceu
reconhecer meu toque e se acalmou em poucos segundos, enquanto tocava
seus cabelos.
— É...
para ser franco, te provocar, entrar numa briga... enfim, esfriar a cabeça. —
a segunda “primeira vez” daquele dia. O mais novo dos Torres não estava
passando detalhe a detalhe do que realmente o fizera aparecer ali. — E
quando bati na porta, Brenda praticamente passou como um furacão, disse
Graças a Deus e me deu uma mamadeira. Disse que eu era confiável e
poderia te ligar qualquer coisa...
— Eu vou matar Brenda. — minha voz mal saiu, e ele arregalou os
olhos.
cara?
Como meu oposto, ele sorriu largamente, e voltou para perto, com
um olhar de menino, que nunca pareceu ter perdido.
BRUNO
Tinha que admitir que não fora a minha ideia mais inteligente. Na
realidade, eu não era tão perspicaz assim. Contudo, fora a melhor pior
ideia que tivera nos últimos tempos.
Abigail dormindo, e depois que ela acordou, dançar para ela e tentar
mantê-la entretida, me recordava de como as coisas eram quando minha
sobrinha ainda era tão pequena. Um tempo em que meu pai não estava
lutando bravamente pela vida.
cidade vizinha de onde meus pais e família estavam. Precisava voltar para
o lugar que fora minha casa desde os dezoito e não me permitir desabar a
frente deles.
Não tinha certeza se ela sabia o que minha família passava, já que
as cidades eram pequenas demais para fofocas, e como bom fofoqueiro,
sabia que as informações voavam muito rápido. Mesmo assim, sabia que
ela poderia ter alguma noção, mas não me daria uma colher de chá por
aquilo.
Ela me enfrentaria.
Ela me xingaria.
Ela me responderia.
Ela era a única pessoa que pensei no instante em que desejei apenas
ser eu de novo, sem qualquer dor ou medo. E de alguma forma, a filha que
eu nem sabia que ela tinha, o fizera também.
A vida não parecia ter mudado por completo apenas para mim, mas
não poderia dizer que estava surpreso por ela ser mãe. Abigail era a pessoa
mais responsável que eu conhecia, superando até mesmo meu irmão mais
velho. E Inácio era como uma mula empacada, de pensar mil vezes antes
de fazer algo, enquanto considerava todos os fatores.
nos dedos de uma mão, de quando ela o fizera em relação a alguém que
não fosse seu melhor amigo.
ABIGAIL
Não sabia dizer porquê, mas algo dentro de mim se revirou. Olhar
para ela, perto de alguém diferente de eu, Nero e Brenda, era algo que não
estava acostumada. Mas ainda assim, o estranho era não me incomodar.
minhas forças – uma promessa nada irreal e nada dramática para uma
adolescente de quinze anos – não me incomodava.
atrás...
como imãs. Acho que os casos mal resolvidos não dão descanso... Talvez
devesse falar com ele.
— Eu juro, que se você insistir nisso, eu vou ligar para a Reis mor,
e convidá-la para sair com você! — ameacei-o, e seu olhar se tornou de
E por mais que quisesse apenas esquecer tudo aquilo, sabia que era
já tiveram todo tipo de briga durante esses anos, e quando você voltou,
mesmo que fosse apenas a sombra do que um dia foi, quando o
reencontrou, a Abi que eu conheço estava de volta...
Assenti, e ele beijou minha testa, antes de ir até o berço móvel que
— Nero... — falei, assim que ele abriu a porta, e se virou para mim.
— Sei que me ama, mas... Não vou foder com o Torres mirim.
Quando tudo era inverno, ela veio e encheu minha vida de cor...
minha própria primavera.
CAPÍTULO IV
Em sua alma
BRUNO
— Abigail não vai pular daí direto para sua garganta. — Olívia
provocou, notando o meu dedo exatamente sobre o rosto dela fechado na
foto de formatura, na garota de dezessete, que já tinha algumas tatuagens
pronunciadas em seus braços.
Aquela culpa que eu carregava, por ter ajudado meu irmão a foder
com tudo em sua vida amorosa. Dois jovens burros e inconsequentes, e eu
fiz o meu pior para não ajudar.
Ela era como uma irmã mais velha para mim, e o simples
pensamento de que acreditei ser apaixonado por ela, e ainda fodi com tudo,
me enjoava. Nunca fora sobre aquilo. E eu só fui cego e imaturo demais
para perceber.
capricho e cegueira, que durara alguns anos, tinha que admitir, era que não
sentia nada além de felicidade por eles, quando ouvia sobre sua vida
juntos. E ainda mais, os via juntos no nosso dia a dia.
encostou no tampo da mesa, ao meu lado. — Mas eu posso dizer que seja o
que for, nosso pai está em paz.
— Ná...
ela faz parte do amor no qual fomos criados. Nós temos tanto, irmão. E
nós o temos ainda, então...
melhor ainda, a minha cunhada e mulher da vida de Inácio. Ela tinha uma
das mãos na barriga já pronunciada e mordia o lábio com força.
abraçando. Sorri para ela, e encarei meu irmão sobre o ombro, o qual
parecia encantado com a cena.
Era um fato que Maria Beatriz se tornara uma parte de nós, e para
mim, ela se tornara uma irmã. E por ela, sairia no meio da noite, andaria
alguns minutos de carro e buscaria a bendita manga.
Ela merecia por fazer o homem ao meu lado, que sempre foi o
apoio de todos nós, entender que ele merecia alguém para apoiá-lo
também.
“Eu não gosto que qualquer um morreria para sentir seu toque
ABIGAIL
tinha parado de checar a respiração dela a cada cinco minutos. Estava, aos
poucos, aprendendo a ser mãe, mas a preocupação permanecia ali.
Dei um leve aceno para Julie, que sempre vinha no mesmo horário
naquela pequena padaria, que era basicamente a única fora a do centro, de
toda a pequena cidade.
celular.
pele.
sonhando com ele. Após toda aquela conversa maluca com Nero, o qual
culpava por tal feito. Mas ali estava o diabo, pronto para me tentar.
— Pensei que talvez você fosse levar a arco-íris, e sei que bebês
dormem cedo, então... — arregalei os olhos, sem conseguir disfarçar a
surpresa. Quem era aquele homem à minha frente? — Não precisa me
olhar como se eu fosse um extraterrestre.
Notei que ele não usava o chapéu preto naquela manhã, e parecia
menos cowboy do que geralmente caminhava pela cidade. Uma coisa que
eu sempre me perguntei: quem Bruno era?
Ele parecia uma versão mais nova de Inácio, às vezes. Ele parecia
uma versão mais nova de Júlio, em outras. Até mesmo, parecia uma versão
masculina de Olívia, de vez em quando.
— Abigail...
Vamos continuar assim, e tenho certeza, que nos raros momentos em que
nos esbarramos, vai se lembrar de quem é.
Era claro que existia algo que quebrara Bruno, e o reconhecia. Mas
não era porque ambos estávamos quebrados, que poderíamos ou
deveríamos nos remontar.
Eu o detestava, certo?
Meus lábios foram para os dele, e senti toda minha pele queimar,
como se fosse possível viver exatamente o que lia nos livros de romance.
Sua mão veio para o meu rosto, fazendo leves círculos na bochecha,
enquanto a língua invadiu minha boca, mostrando-me que um beijo
poderia ser muito mais.
— Mas o que...
um segundo?
— O que?
Segundo elas, seriam as tatuagens que fariam, assim que lhe fossem
permitido. O que levaria muitos meses ainda, mas quem era eu para
contrariar duas mulheres grávidas? Eu fui uma cabeça de pedra, mais do
que o normal, quando estava naquela condição. Nero pagou todos os seus
pecados e os que nem tinha cometido, durante os nove meses ao meu lado.
Não poderia deixar que aquele assunto saísse dali, e muito menos
que a cunhada do dito cujo Bruno, pudesse lhe contar que ele era um
assunto entre eu e meu melhor amigo.
— E eu já sei o que vou tatuar, quer dizer, assim que for liberada
para isso...
— A cada dia, parece que eu sei menos, mas... Ela está lá, como se
Mabi soltou, como se tão animada com a notícia, que não pudesse
se conter, e agradeci internamente por elas serem tão boas falando, porque
não era o meu forte.
agora?
— Eu nunca vou entender por que ele cora quando eu digo oi. —
— Ele é adorável.
ABIGAIL
Eu estava exausta.
Para que não pense que estou tentando te seduzir, como deve ter
parecido mais cedo... estou mandando um e-mail, e não uma carta. Estou
agora, determinado em mudar a sua visão sobre mim. Sei que me odeia de
graça (é de graça, certo?), e sempre foi tão bom te provocar, que nunca
tentei mudar essa péssima primeira impressão. Mas aqui estamos, anos
depois... Somos adultos, Abigail. Então... Como bom adulto, quero te pedir
a chance de me candidatar a babá da arco-íris, caso precise. Qualquer hora,
é só chamar.
OBS: no anexo tem um vídeo meu com a Dani ainda bebê, para
mostrar o quanto sou ótimo.
Atenciosamente,
Estava?
seco. No dia anterior, assim que abri a porta, dei de cara com Bruno.
Aquilo não ia acontecer de novo, mas me apavorou a possibilidade.
merda!
parecia realmente séria sobre. — Prim foi um anjo, como sempre. Melhor
emprego do universo, sério!
— Não sei o que vou fazer quando você voltar para a faculdade. —
comentei, e ela se levantou, guardando o celular no bolso, como se nem ela
soubesse.
— Será que posso ser babá da Prim até ela fazer dezoito? —
indagou e eu não entendi de fato se brincava. — Se eu odiar ainda mais a
— Tudo bem.
animada em contar tudo sobre a gravidez dela para mim, o que eu não
entendi, mas não julguei. Mesmo ela sendo um pouco invasiva, não me
sentia nervosa sobre. Acabei respondendo-a, feliz ao notar o ultrassom 3d
que ela fizera naquele dia mais tarde.
O tinha feito quando ele passou a me enviar mensagens de bom dia, todos
os dias, do tipo que as pessoas mandam em grupos aleatórios, a partir do
momento em que soube que eu estava de volta à cidade. Foram quase dois
meses de mensagens assim, até que o bloqueei, e ele apareceu no estúdio
no dia seguinte para cobrar explicações, as quais terminaram comigo
apenas o encarando e ele sabendo que estava sendo insuportável.
meu.
e era ainda mais maluco, porquê de repente, eu estava falando sobre Bruno
Torres para a pessoa mais importante de toda minha história, contudo, não
me pareceu errado.
pudesse, a protegeria do mundo todo, para que nunca ela tivesse que ter
seu coração e mente quebrados por qualquer um que seja. Notei que ela
utilizava novamente uma das roupas com unicórnio que comprei durante a
gestação, em um surto consumista que tive, e me apaixonei por roupas com
todas as cores do arco-íris.
Seria por isso que Bruno a chamou de tal forma? Por ver as cores
em suas roupas?
E ali estava ele novamente. Depois anos sem nos vermos, e antes
disso, quando me via apenas ignorando ou batendo de frente com aquele
homem, ele parecia ter voltado com uma força assustadora aos meus
pensamentos recorrentes.
A questão era que detestá-lo era tão fácil quanto respirar, e sempre
pude lhe confiar tal sentimento. Assim como, ele parecia fazer o mesmo
para comigo. Suas provocações, aproximações e palavras sem nexo.
Porém, sua atitude não condizia com o que voltamos a ter no segundo em
que pisei o reencontrei na velha cidade.
Meu celular vibrou no sofá, e notei que não era uma mensagem no
WhatsApp, mas sim, outro e-mail. E eu agora conhecia o remetente. Sem
conseguir me segurar, acabei clicando no mesmo, e comecei a ler, com o
você.
Espero que você queira me responder, nem que seja para exigir
explicações que eu não tenho, ou, terei que tomar medidas drásticas e bater
na porta da sua casa amanhã.
Atenciosamente,
Então, apenas deixei aquilo de lado, sem querer dar uma resposta
imediata. O faria antes de dormir, e até lá, descobriria o que dizer, algo que
pudesse ser certeiro e o fizesse parar com qualquer joguinho que tivesse
começado.
Não sabia o que estava fazendo, mas de repente, resolvi voltar para
o exato local em que ele me deixou, e admitir aquilo para minha filha, fazia
sentido – um dia, me apaixonei por Bruno Torres.
Desmoronando e se desfazendo
BRUNO
Minha mente vagou, e engoli em seco. Faziam muitos anos que não
parava para tentar entender o que aconteceu entre nós e porque ambos
fingimos que nunca o tivemos. O sentimento veio ainda mais forte, quando
a revi na floricultura da cidade que um dia compartilhamos.
Nunca fui tão certo de quem eu era, e ser protegido por todos
pareceu ter grande influência sobre mim. Não poderia mentir e dizer que
conquistei o que tinha, pois na realidade, Fabrício e Heloísa Torres
deixaram a vida ganha para as várias gerações que viriam a partir de seus
filhos. O meu jeito de mostrar-lhes que valeu a pena, era cuidar daquela
terra que eles reservaram para mim. Quatro pedaços de terra para quatro
filhos.
Nossos pais nos deram ferramentas para facilitar, mas ainda assim,
sempre deixaram claro e livre de que deveria ser a nossa escolha e o nosso
caminho. Inácio permaneceu na fazenda em que crescemos, na cidade
vizinha. Júlio era um CEO da tecnologia e se dividia entre a capital e
agora, o seu próprio lugar que ficava ao lado da fazenda do nosso mais
velho. Olívia se tornou advogada e mesmo que amasse o centro urbano,
sempre fugia pra a fazenda ao lado da minha, que era o seu lugar, e no
qual, ela decidiu que passaria a criar a filha.
estúdio, por volta das 06h30. Talvez, tivesse sorte e a encontrasse ainda em
casa, caso saísse naquele exato segundo.
padaria ainda. Não queria fazer-lhe outro convite naquele lugar, e repetir a
negativa. Algo me dizia que talvez a mudança nos ares, a permitisse pensar
em um sim. O era uma péssima estratégia, e talvez, nem pudesse ser
chamada de uma. Dei cinco batidas leves na porta, recordando que ela
tinha uma criança pequena em casa e que..
Linda mente?
Esperei que ela continuasse, e ela fez um sinal com as mãos, como
se fosse óbvio.
ABIGAIL
deixar parte de minhas tatuagens nas coxas a mostra, uma jaqueta preta
sobre o mesmo, para contrastar, e o meu coturno preto favorito. Por que
usar as roupas que eu mais adorava para um encontro com Bruno Torres?
— Não. — falei para mim mesma, e era uma mania que tinha,
como se colocando as coisas em voz alta, elas pudessem se resolver. —
Não é um encontro!
para minha filha e tirei uma foto da mesma, o que era algo comum. Não
me recordava de um dia em que não tivesse uma foto nova de Prim na
minha galeria.
Ele tocou o chapéu preto na cabeça, e foquei em seus olhos, para não me
perder inspecionando seu corpo.
— Bom dia, Torres. — falei, e notei que Prim não tirava os olhos
do chapéu dele, e erguia os bracinhos em sua direção. — Depois, pequena.
— Sabe que a gente não tem mais quinze, mas sim quase vinte e
cinco, certo?
Só pense que enquanto você esteve chateada e decepcionada por causa dos
mentirosos
mentiroso. — soltei, e ele riu baixinho, após fazer um leve aceno para o
carro que passava a nossa frente. Ele realmente conhecia todo mundo?
Então, venha sentir essa magia que eu sinto desde que te conheci
BRUNO
estava encostada contra uma grande árvore que ficava a frente do lago. —
As outras pessoas sempre parecem ter medo de mim, apenas porque meu
rosto é sério, mas você... Você nunca pareceu intimidado.
— Talvez eu não seja esperto, como você diz. — soltei, e ela negou
com a cabeça, como se tivesse certeza que era outra coisa. — Esqueceu
que eu sou irmão caçula de Inácio? O cara que sequer tem alguma reação à
frente de pessoas que ele conhece?
sério! Pode não parecer, e ele não é o irmão de gritar “eu te amo” aos
quatro ventos, mas ele... — sorri ao me lembrar da última conversa que
tivemos. — A gente sabe exatamente a forma como ele demonstra esse
amor.
Oh merda!
— Não é algo tão raro assim. — deu de ombros, mas seu olhar
fugiu do meu, como se ela soubesse que o era. — Eu rio a cada cindo
segundos com Nero, então...
Quer algo mais profundo sobre minha teoria de que foi apaixonado
por Abigail?
estava com o sorriso espalhado pelo rosto. Por que eu queria tocar aquele
ponto específico? Talvez porque quer tocar cada parte dela. Merda!
— Por que não pode repetir o que disse, só para mim? — insisti,
Ela então apenas me deu as costas e iria sair, mas dei um passo à
frente, alcançando-a e segurando seu braço. Abigail se virou, e sem que
eu precisasse puxá-la, ela veio para mais perto, quase tocando sua boca
na minha.
Não pensei mais em nada, não quando os olhos negros como uma
noite sem estrelas encontraram os meus. Apenas olhei-a por um último
segundo, como se pedindo permissão, e quando ela fechou os olhos, tomei
aquela boca como minha.
ABIGAIL
Era uma paixonite adolescente, pelo menos, era o que minha irmã
mais velha afirmou, quando eu lhe confessei tudo. Ela disse que aquilo
passava, e que era o exemplo de que era um sentimento com data de
validade. Então, para que deixar acontecer, certo?
Seja esperta, maninha! Não se deixe acreditar que uma paixonite
adolescente é para sempre!
Vi-me apenas afastando dele, e saí correndo dali, sem sequer olhar
para trás, nem quando ele chamou meu nome. Merda! Eu tinha feito tudo
errado. Corri por dois quarteirões, até estar longe o suficiente para poder
parar, e felizmente, Bruno não me perseguiu.
— Ele apostou com a gente que tiraria o seu bv, hoje mais cedo,
depois daquela declaração tosca. — Felipe soltou, e Tamires parecia mais
interessada em rir da cena.
como quem perguntava: o que Nero tem a ver com isso? — A gente foi
visto pela Tamires e o Felipe, eles me viram correr para longe e me
seguiram, até que eu parasse... eles me disseram que era uma aposta, e
como boa garota de quinze anos, que assistia muito filme na sessão da
tarde, eu acreditei, e jurei te odiar de verdade a partir daí. Diga-me se
estou errada?
— O que? — a voz de Bruno praticamente não saiu. — Eu nem
sabia que alguém viu o nosso beijo...
— Bom, demorei alguns anos para aceitar que essa teoria que
surgiu primeiro de Nero, que te achava um playboy chato, mas não
— Não vai querer que eu faça isso ter sentido, vá por mim. —
soltou, e notei-o engolir em seco, enquanto movia a cabeça para mais perto
da minha, quase tão perto, que já sentia sua respiração.
— Não tenho ideia, mas uma coisa é certa, não estamos apenas nos
divertindo.
comentou que cozinhou para você, uma mulher e uma bebê linda... Pensei
que você tinha um filho perdido no mundo e aí vim correndo.
— Por que não coloca ela para dormir, eu fico de babá apenas
olhando-a no berço que temos no velho quarto de Dani aqui, e... Bruno te
leva para cavalgar. — ofereceu, e eu fiquei em choque, sem saber o que
responder. Eu poderia fazer aquilo? Eu poderia confiar nela?
— Não precisa deixar que ela fique de babá. Olívia... Olívia pode
ser bem persuasiva. — Bruno sussurrou, e notei que ele estava se sentindo
culpado por aquilo, apenas pelo seu olhar. — Sério, Abigail! Se quiser,
posso expulsá-la agora.
Ele não tinha como saber exatamente o que eu queria dizer, mas
Sem medo"[14]
ABIGAIL
— Pensei que tinha me usado para trair Nero. — fez uma leve
careta, e acabei da mesma maneira. Dito em voz alta, toda aquela história
era digna de um clichê amoroso adolescente. Péssimo, por sinal. — Nossa
história é horrível, vamos ser honestos.
Pensei que fazia tempo que não me sentia de tal forma. Mas a
realidade era que aquilo que vivi, não poderia nem ser considerado paixão.
O que tive com Bruno antes, e agora, no depois tumultuoso e confuso, era
diferente.
— Não quero ser apenas seu amigo. — engoliu em seco, sua mão
vindo até minha bochecha, e fechei os olhos diante do toque que se
alastrou por toda parte, deixando-me à mercê. — Pensei que sim, mas isso
aqui... — sua testa encostou na minha. — Isso que existe entre nós, está
Um leve gemido saiu de sua garganta, assim que puxei seu lábio
inferior com os dentes, e nos afastamos pela falta de ar. Seu olhar estava
selvagem, assim como o seu cabelo, que eu despenteara por inteiro, mas
que parecia ainda mais sexy. A boca já inchada, e eu tinha certeza de que
não estava diferente.
— Se eu pensei, que anos atrás foi bom... — falou, e seu nariz veio
para meu pescoço, inspirando profundamente. — O que estamos fazendo,
Abigail?
Tão certo. Tão bonito. Tão meu... Suspirei fundo, acreditando que
era apenas uma invenção de minha mente de quinze, que realizava o que
fosse de sonho infantil em estar com ele, na realidade.
— Posso te dizer muitas coisas que essa boca é, mas isso não.
— Por que não a prova de novo, para ter certeza se sabe tanto
assim? — desafiou-me, e encostei nossos narizes. A intensidade que me
consumia, refletida no olhar dele.
Esperei e aguentei
BRUNO
corpo. — O que?
Notei todo o seu corpo se arrepiar, enquanto ela usava uma camisa
enorme minha, e uma calça de moletom que tivemos que praticamente
amarrar contra o seu corpo, após todo o incidente com a chuva. Um ótimo
incidente.
Mesmo que não pudesse tocá-la de tal maneira antes, quando seu
olhar negro recaía no meu, sabia que estava perdido. Talvez, sempre
soube. Só não estava pronto para admitir, mas no agora, eu estava prestes a
gritar no meio da rua.
Era normal sentir tudo aquilo após o segundo beijo com a pessoa
que você mais brigou na vida?
pescoço, e trazendo meu rosto para o seu. — Vai implorar por outro beijo?
— provocou, e minha outra mão desceu para sua cintura, puxando-a para
mim.
— Vou é tão...
semblante. — O que?
— Eu tenho certeza.
Puxei-a para mais perto, com nossos corpos sem qualquer espaço
um do outro, e ela conseguia sentir o quão difícil eu era por ela. Um difícil
que estaria disponível a qualquer momento para lhe mostrar qualquer tipo
de prazer.
adorasse me ver enfeitiçado por ela. Era algo bom, certo? Ela gostar da
forma que eu reagia para com ela?
figura alta e tatuada a sua frente, todo meu foco se transformou. A forma
como ela sorria para Nero, desencadeou um nó dentro de meu estômago e
estava para fazer o mesmo com minha garganta.
ABIGAIL
— Vou fingir que não está me expulsando já que o nosso dia foi
perfeito. — sussurrou próximo a minha orelha, como se fosse um segredo
apenas nosso. Quando seu rosto pairou sobre o meu, a um fio de cabelo de
distância, não resisti em encostar nossos lábios, em uma clara promessa de
mais. — Boa noite, Abigail.
bochechas com força. O que ele odiava, e eu estava mais do que disposta
sua expressão mudar, e seu olhar brilhando. — Estou tão feliz por isso,
Abi.
— Nero...
Levei meus braços até seu pescoço, e seu corpo grande passou ao
redor do meu.
Era apenas sobre eu, me permitindo sair com minha filha, e ela
conhecendo pessoas. Era apenas sobre eu, me permitindo sentir algo que
um dia me atormentou, e que voltava com força. Era apenas sobre eu,
conseguindo acreditar de novo, que podia sentir.
ABIGAIL
“Querida (adorável) Abigail,
O que eu disse nos outros e-mails não poderia ser menos verdade –
não me lembro de uma vez que não te desejasse, e então, peço desculpas
por isso. Portanto, esse é um e-mail de reparação. Preciso que saiba que
tudo o que ficou na minha mente antes de dormir, foi o gosto dos seus
lábios, e em como o seu corpo se encontra em cada limite do meu. Tão boa
para tocar. Contudo, a imagem que ficou em minha mente, e adormeci, foi
do seu sorriso tão aberto, que mostrava a covinha em sua bochecha
esquerda. Preciso dizer que me sinto honrado de vê-la.
Atenciosamente,
aquilo, então, o melhor era apenas deixar acontecer. Eu sentia que sim, e
depois de tudo, confiava cegamente nos meus instintos. Eles nunca
estiveram errados, afinal.
Poderia apenas ser eu, como sempre fui, com ele. Nunca me
pareceu que Bruno buscava algo mais do que eu lhe dava, e me sentia
segura a respeito daquilo. O dia passou voando, cheio de trabalho e com
áudios aleatórios no WhatsApp, fora alguns prints e links com fofocas que
ele enviara. Acabei rindo sozinha quando li aquilo e lhe mandei várias
figurinhas zombeteira.
Antes que ele pudesse protestar, desfiz a ligação e fiquei parada por
alguns segundos, encarando o celular. Por que viver aquilo, pouco a
pouco, parecia tão bom? Era como se a gente estivesse vivendo o que
perdemos durante a adolescência, mesmo que não se pudesse perder, algo
que nunca se teve.
Suspirei fundo e fechei os olhos, sabendo que meu sono era tão
leve, que qualquer vento forte me acordava, e com toda certeza, se ele
BRUNO
“Aí que mora o perigo, aí que eu caio lindo
Tentei dizer algo, mas não sabia como o fazer. Como eu poderia
apenas dizer: eu fui cego e só agora... só agora notei que sempre foi você.
Que era ela que eu queria desesperada e pacientemente. Que era ela que
me tirava a paz e a reencontrava. Que era ela...
Seu olhar analisador ainda estava no meu, e soube que ela poderia
quebrar meu coração, e não era o risco que me assustava, mas sim, assustá-
la por sentir demais.
mulher que de alguma forma estúpida consegui deixar escapar entre meus
dedos. Com a mulher que eu agora, estava mais do que obstinado em tentar
me mostrar. Com a mulher, pela qual, eu lutaria.
ABIGAIL
Um mais que duvidei que de fato existia. Mas estava ali, comigo.
— Bruno...
Seu nome saiu como uma oração de meus lábios e senti meu
coração pulsar freneticamente. O que ele queria dizer com aquilo?
— Eu não quero perder o que enxergo bem aqui. — seu tom sério e
intenso era diferente de tudo que um dia recebi. — Seja o que for isso que
temos, saiba que... você me tem aqui. — tocou minha mão novamente.
— Não precisa dizer nada. — seu tom era mais leve, beijando-me
levemente, como se para confirmar. — Pode me beijar a vontade, no
entanto.
— Então vou ter que fazer valer a pena o único que me resta...
Antes que eu pudesse rebater, sua boca veio para minha, mas
diferente de antes, ele me devorou. Sua língua exigiu, e em poucos
segundos, vi-me suspirando no beijo, e me voltando à frente de seu corpo,
deixando uma perna de cada lado de seu colo, fazendo-me sentir o quanto
ele precisava daquilo.
Sua mão subiu para o meu cabelo, puxando-o para trás, enquanto
sua boca desviava da minha e descia por meu pescoço, como se lambendo
os traços das tatuagens que tinha bem ali, e antes que eu pudesse reclamar,
sua boca voltou para a minha, exigente e decidida, fazendo-me querer me
agarrar a ele e nunca mais soltar.
— Por que não dorme aqui? — perguntei, sem saber de onde tirara
— Não é só sexo, Abigail. — sua voz soou baixa, assim que nos
separou, e encostou minha testa na dele. — Por mais que possa sentir o
quão difícil eu estou por você... — e eu podia senti-lo todo sob mim,
principalmente naquele instante, e minha imaginação me levava a
imaginar, o quanto poderia ser bom. Se um beijo era devastador, como
seria o sexo? — Não é sobre isso... Não para mim.
meus olhos nos dele. — E estou honrado por me considerar digno da sua
confiança.
conseguisse me ler, e saber que dormir na mesma cama era um passo que
eu não estava nem perto de poder lhe dar.
Nos testando
Poderia levá-lo
Dias depois...
ABIGAIL
Sentei-me no lugar de sempre, na mesma padaria, com o Kindle em
mãos e um café no copo. Os dias passaram voando e eu me sentia presa a
história que Mabi escrevera. Sentia-me vivendo um romance digno de
livros, e não conseguir colocar a cabeça de fato no lugar. Suspirei fundo,
lembrando que veria Bruno naquela noite, e ele dormiria em casa.
Não era uma virgem, mas não era apenas sobre fazer sexo com um
cara qualquer. Era desejar e querer um homem que dormia no quarto ao
lado do meu alguns dias da semana. Era desejar e querer um homem que
minha rotina, o que me deixava desesperada pelo pavor de não ter ideia do
que estava fazendo.
sem avisar, ou quando marcávamos algo. Ainda era algo apenas nosso, o
que Nero e sua família sabiam, ninguém mais. E funcionava tão bem...
Sabia que poderia explicar e dizer que ele não precisava ser algo
para com Prim, mas de fato, nunca precisei o fazer. Bruno nunca pareceu
pensar sobre o fato de eu ter uma filha, sendo um inconveniente ou um
problema. Pelo oposto, ele parecia encantado com ela, por todo o tempo.
E se ele queria estar comigo, seja o que for, ele sabia que ela era
uma parte grande, inegociável e feliz minha. Se fosse um problema para
ele, ele então se tornaria meu problema e já estaria bem longe.
— Olha só...
que a figura feminina de Tamires surgiu ao meu lado, e tive que respirar
fundo. Por que eu tinha que vê-los justamente de manhã? Era o melhor
momento do dia para tirar o pior de mim.
— Há boatos de que ainda tem uma filha, e pelo jeito, nem dele é...
— Tamires começou e eu paralisei por um segundo. — Não sei como
esconde tão bem as coisas, Abigail.
Não era mais a garota que apenas se calava e os ignorava. Não quando
tocava em algo relacionado a Prim. Não sobre ela. — E não tem o direito
de falar sobre Bruno. — dei um passo na direção deles. Se tinha alguém
que podia provocá-lo, apenas porque era o nosso jogo, era eu. Ninguém
— Sua...
Lembre-se de respirar!
— O que parece ou não, é da conta de vocês? — Inácio rebateu, e
poderia jurar que era o momento que mais o vi falar. Não que fossemos
próximos, mas Inácio era conhecido por ser apenas calado e sério, nada
mais. — E Abigail?
ilustração que seria sua tatuagem. Levantei-me, como boa curiosa, e antes
que abrisse a porta, alguém o fez.
ao redor, apenas por estar nos seus braços. — Vim me autoconvidar para o
almoço.
Olhei-o com atenção e sabia que tinha mais. Não era pura
coincidência, ele sair do trabalho para almoçar ali comigo, justamente no
dia em que seu irmão mais velho encontrou a cena patética da padaria.
preocupação.
— Não? — sua voz quase não saiu e ele pareceu mais do que
surpreso. — Quer dizer, sério?
— O que deixa ainda mais claro que não me importo que saibam
sobre nós. — dei de ombros. — Mas e você?
fato atrás dele, então quando ele se afastou levemente, notei Brenda, com
Prim em seu colo, e uma mochila nas costas.
— Tal mãe, tal filha... — Nero provocou, mas sorria da cena, como
se aprovasse tudo aquilo.
um leve resmungo inteligível, mas que foi o suficiente para ele me encarar,
como se certo de que ela concordou.
— Sim, senhora.
ABIGAIL
— Eu sei que minha voz é horrível, mas amo que você a adora,
arco-íris.
Ouvi-o falar para Prim, que já estava adormecida em seu colo,
enquanto eu bebia água, escorada no balcão da cozinha, olhando-os
Como ele?
Antes que pudesse pensar mais, ele me puxou para si, fazendo-me
enrolar no seu corpo, enquanto outra música começava.
Soube ali, que ele queria dizer cada palavra da canção. E eu não
tinha dúvida, mais nenhuma – eu estava apaixonada por Bruno Torres.
E por ele, valeria a pena.
Levei minha boca para a sua, e ele me puxou para si, aceitando o
beijo, que era lento, mas não menos devastador. Contudo, em poucos
segundos, tornara-me uma bagunça, presa no seu colo, e com minhas mãos
buscando desfazer os botões de sua camisa.
Foi minha vez de fechar os olhos, quando ele me puxou para si pelo
— Já o tem.
Notei seu olhar mudar, e uma das mãos desceu para sua calça,
descendo-a junto com a cueca, fazendo olhá-lo de imediato. Porém, sua
mão veio para o meu pescoço, prendendo-me em seus olhos.
Não sabia como ele conseguira fazer tudo aquilo com apenas uma
mão, mas não iria reclamar. Em segundos, ele estava nu sobre mim, e sabia
que o fazia, pelo barulho de roupas caindo no chão, e a camisinha entre
meus seios.
de minha cabeça.
— Por que não testa? — desafiei-o, e ele desceu a outra mão até
minhas coxas, fazendo-me arfar. Quando dois dedos me tomaram de uma
vez, me surpreendi, mas eles deslizaram tão facilmente que eu desejei
ainda mais.
— Sim. — era tudo o que saía de minha boca, e ele então fez o
movimento para frente, tomando com cuidado cada parte de mim,
enquanto meu corpo se arqueou, e eu mal conseguia respirar quando
nossos quadris se encontraram.
— É agora que você admite que está apaixonado por mim. — falei,
tentando relaxá-lo, enquanto me encarava com devoção.
Não pude evitar arregalar os olhos, mesmo que sabendo que ele
fora sincero quando a cantou. Era ainda mais real, quando ele admitia tão
abertamente. Bem ali, onde entregamos absolutamente tudo. Tentei lhe
dizer, mas as palavras se enrolaram dentro de mim. Ainda tinha medo de
dizer e estragar tudo, como antes. Mas... eu queria, queria muito o fazer.
BRUNO
Não importava qual deles era – Inácio, Júlio ou Olívia – era apenas com
eles, que realmente conseguia entender o real significado de confiar em
alguém.
sempre encontrei na melhor amiga do meu irmão foi uma irmã também.
Burro!
bonito assim.
— Ela não tem apenas um... — Júlio continuou e ela o olhou, como
se sentindo esperta e corajosa novamente.
Ela foi para ele, com um sorriso, e toquei seus cabelos, enquanto
Júlio segurava sua mão. Olhei de relance para minha irmã, que como
sempre, reprimia suas emoções, não permitindo que qualquer lágrima
descesse, mesmo com os olhos cheios.
Fui com passos cautelosos até a mulher que de repente, tornou todo
o lugar completo, e sorri. Estranhei o fato de que ela me entregara o
mesmo sorriso, mas que não chegava a seus olhos e muito menos, parecia
verdadeiro. Seria o nervosismo de estar ali? Seria o nervosismo de estar
com Prim e tantas pessoas ao redor?
— Um bebê!
a ponto de explodir.
ABIGAIL
dali, por alguns segundos, reencontrar minha mente e voltar. Não pensar
em Samuel. Não pensar em Fernanda. — Com licença. — pedi, e em
poucos segundos, atravessei em direção a porta da frente da casa.
— Abigail...
— Foi por ela que bateu na minha porta? — a pergunta saiu de uma
vez, enquanto abraçava o próprio corpo. — Foi porque... Porque viu a
felicidade dos seus irmãos e quis replicar com a primeira pessoa que lhe
minhas mãos, lembrei-me do receio e medo em seu rosto, como se... Ele
estava pensando nela? Era aquilo. Ele desejava estar com ela, e não
comigo. Eu era... Era só o caminho para um fim, como eles fizeram.
Ele não falou nada, e de repente, o silêncio era alto demais, e meu
corpo todo tão fraco, que me vi a ponto de o ar faltar, e do meu corpo
querer ceder. Seus braços foram mais rápidos e pararam ao meu redor, mas
quando o olhei, mesmo sentindo-me acolhida, encontrei olhos verdes, que
não eram seus. E de repente, eu só queria gritar, e correr dali, mas não
consegui. Petrificada no tempo, presa aos meus demônios e optando por
fugir.
eu soube que não era Samuel a minha frente. Não. Não era a mesma
história, mas mesmo assim, eu estava para condená-la.
Queria dizer que ia controlar aquilo e poder ser apenas dele. Queria
dizer que esperei a vida toda por aquele amor, e que morria a cada segundo
longe do seu toque. Queria dizer que de tudo o que mais odiei na vida, ele
nunca chegou nem perto de tal sentimento. Queria dizer que ia ficar e lutar.
Porém, me calei.
BRUNO
por vê-la querendo partir, me massacraria. Mas o meu coração era dela,
para o que quisesse. Contudo, sentia que aquilo era muito maior do que a
minha dor. Muito maior do que eu imaginava.
— Bruno?
abrindo sobre o medo de perder meu pai para a doença que o atingia.
Contudo, nunca pensei que fosse algo que a deixaria tão devastada, como
se perdida de si.
— O carro está ali na frente. — ele falou para Abigail, que parecia
— Ela tem tudo o que quiser. — falei, e ele assentiu, tocando meu
ombro, antes de fazer o mesmo caminho que Abigail, com Prim ainda
chorando no colo do padrinho.
Notei que ela queria ir até a filha, mas sequer parecia conseguir
tocá-la. Meu coração se afundou mais, porque queria poder fazer algo,
queria poder... Poder tirar toda aquela dor que irradiava a partir dela. E por
um segundo, quando seu olhar voltou para trás, direto para mim, eu
entendi como uma promessa: espere por mim.
E ela mal sabia, que eu esperaria, a vida toda. E outras mais.
veludo sobre o balcão, e a abri, encarando a pedra da cor dos seus olhos, e
que me relembrava do quanto ela era única.
Deixei para lá, e olhei novamente para o meu celular, notando que
Nero me respondera, dizendo que ela estava deitada e bem, na medida do
possível. Sabia que ele não poderia fazer mais do que me informar aquilo,
mas me cortava por dentro, não ter ideia de qual tormento a atingia e
conseguiu derrubá-la daquela forma.
Fui direto para o banho, com o celular deixado na pia, caso tocasse
e fosse ela. Ou fosse Nero, dizendo que ela precisava de algo. Deixei os
punhos contra a parede, segurando-me para não desabar.
Eu faria qualquer coisa que pudesse, para tirar aquela dor dela.
Fechei os olhos, enquanto a água quente escorria por meu corpo, e tentei
focar apenas no olhar dela, antes daquele momento.
amor com Abigail não era falado. Não... Ele era sentido. Ele era
demonstrado. E eu o sentia, pulsando em mim, a cada respiração. E por
aquilo, pela certeza do sentimento que compartilhávamos, não consegui
evitar que as lágrimas descessem.
E se eu a tivesse quebrado?
E se eu nunca mais pudesse estar ao seu redor?
BRUNO
— Bruno.
Sua voz me chamando me fez sorrir e senti seu toque sobre minha
bochecha, e aquele, era disparado o meu sonho mais desejado dos últimos
coque. Os olhos estava inchados, o que indicava que ela chorou e muito.
Suspirei fundo e tive que usar todo meu autocontrole para não ir até ela, e
trazê-la para meus braços.
Assim que me virei para subir as escadas, quase correndo, para que
não desse tempo de ela fugir, senti sua mão em meu braço.
ignorei os sinais. — notei a forma como sua fala saiu quebrada. —Ignorei
os olhares de desejo que eles trocavam durante as refeições e os sussurros
pelos corredores... Ignorei que ele mal me tocava, enquanto parecia sempre
perto demais dela... Ignorei o anel de noivado no dedo dela, que eu achei
que ele tinha comprado para mim, quando o vi em seu paletó... Estava tão
focada em terminar o meu curso de ilustração, enquanto fazia um curso de
tatuagem, encontrando minha vocação que... Eu ignorei que eles chegavam
bêbados de festas juntos. Quando eu o indagava, ele dizia: você gostaria
que eu odiasse sua irmã? Eu sou legal com ela, por conta de você. Ou
quando eu a indagava, e ela dizia: ele é bonito demais para não gostar. —
sua risada soou fria novamente. — Quando dei por mim, mais de três anos
tinham se passado... e eu ainda sorria para eles, como se fossem o meu
mundo... Bom, eles eram. Eram a ponto de que eu não querer enxergar,
porque não podia perdê-los. — ela se encostou contra o sofá, como se a
ponto de cair. — Tudo mudou na noite em que acordei e era a polícia...
Eles bateram de frente com um caminhão, após mais uma noite de festa,
que eu nem sabia que foram. No meio da dor e do desespero da perda, eu
finalmente, enxerguei tudo, porque minha mãe... minha própria mãe sabia,
que ele tinha a pedido em casamento, a cerca de uma semana, e estavam
apenas esperando o momento certo para me contar. E foi aí que eu mexi
a algum médico, mas eu só... só queria me entregar ao que fosse. Mas algo
em minha mente me dizia para comprar um remédio qualquer e fazer algo
parar no estômago naquele dia. Foi quando eu notei as prateleiras com
absorventes, e então... Em um desespero, eu pedi para fazer o teste de
gravidez ali mesmo, no banheiro da farmácia. E quando eu vi as duas
listrinhas... Eu me senti viva de novo. Eu quis estar viva de novo. —
olhou-me com as lágrimas rolando pela face. — Não me importou mais
nada, a não ser, que eu tinha esperança. Que eu não precisava mais sentir o
— Às vezes não preciso de nada para que uma crise venha, mesmo
eu tendo acompanhamento semanal com minha terapeuta, que aliás,
conversei assim que cheguei em casa. — sorriu fracamente. — Mas eu
ouvi Olívia dizendo sobre você ter se apaixonado por Babi...
compará-los. Fugi porque eu não podia olhar para você e ver eles... Fugi
porque eu estou quebrada, Bruno. Estou nessa jornada de cura há anos, e
há dias bons e ruins, mas não queria te arrastar para o pior deles.
meu pescoço. — Fui até lá, quase que me espelhando em você, porque eu
me senti exatamente o mesmo Bruno de antes, quando nos reencontramos.
E eu só queria sentir isso de novo... e eu senti. E sinto que sou a melhor
versão de mim mesmo com você. Nunca fui como meus irmãos, que sabem
exatamente o seu lugar no mundo e quem são. Mas com você, seu sempre
sei. Porque também é um lar para mim... você e Prim, são o meu lar,
Abigail. E eu as amo, com todo meu coração.
beijo, anos atrás, perdido em como ela era quente e tentadora, eu me senti
em paz. Nada mais existia. Nada além de nós. E principalmente, nada além
daquele amor.
CAPÍTULO XX
E começo a lembrar.”[27]
ABIGAIL
Ali estávamos.
sentida.
minha presença. — a voz de Heloísa chegou até nós, e ela parou ao lado do
marido, que lhe destinou um olhar que significava mais do que mil
palavras. Mais do que palavras descreviam. O mais que eu conheci com
Bruno. — Complementando, o que espero que seja o agradecimento do
meu marido por fazer o nosso menino voltar a vida... — ela então segurou
minha mão livre, olhando-me profundamente — Obrigada por trazer mais
luz a nossa família, ou melhor, o nosso próprio arco-íris. — outra lágrima
desceu, e meu coração se expandiu. Então era aquilo, eles aceitavam Prim
como sua neta, e... ela agora tinha avós para quem chamar. — Bem-vinda,
querida.
— Vai ter que ser detestável então. — revidei, e ele sorriu, como se
obstinado pelo desafio.
— Abigail...
Eu vi isso recomeçar"[28]
mesmo. Portanto, nesse instante, em que tenho certeza que está tremendo,
e com as lágrimas nublando sua visão, estou lendo o e-mail que te mandei
mais cedo (assim que seu celular foi confiscado). Demorou, mas o seu
momento de me vencer e ter uma resposta assim, chegou. Seria mentira
dizer que não o guardei para um momento especial, e convenhamos, não
somos bons em mentir um para o outro. Na realidade, não éramos nada
bons nem mesmo em dizer olá.
Dos mocinhos que eu fui apaixonada, para o homem que deve ter
saltado de uma dessas páginas, na mistura perfeita para tirar cada parte
do meu ser do eixo. E você sequer sabia que eu estava em partes... Mas
mesmo quando soube, não pareceu fazer diferença. Você disse que amaria
cada uma delas, enquanto eu as juntava, e tentava ser inteira novamente.
Você não só amou... Não, você as admirou. Você me vê, todos os dias,
Com amor,
teve razão, não existia homem mais brega do que Bruno Torres. Ela então
se virou para todos, na sala de estar da sua casa, que ficava na fazenda,
onde ela crescera, e se apaixonava a cada dia mais, pela vida no campo.
após apagar as velas, diante do bolo enorme que ele exagerou, como
sempre. — Vamos, arco-íris!
Uma mãe que dava um nome com significado. Um pai que sempre
a chamou de arco-íris. Uma filha que escolheu um envelope com as sete
— O que é isso?
e a olhou como se perdido, mas a sua curiosidade foi maior, então, ele o
abriu. No segundo em que seus olhos recaíram nas palavras ali escritas, seu
coração errou as batidas. Primavera já tinha o seu nome no registro há
anos, porque ele a escolhera, e porque Abigail lhe concedeu a honra de
compartilharem aquela família. Mas naquele instante, sua filha, a explosão
de cores em sua vida, o escolheu. E naquele pedido de adoção extraoficial,
que ela imprimiu na internet, e não valia legalmente, mas que significou
tudo para ele.
— Ele não vai parar de chorar por mais uma semana. — Abigail
Ela tinha a sorte de ser o inesperado mais bonito das pessoas mais
amáveis que já conheceu.
FIM
E chegamos ao fim do nosso terceiro Reis, e espero que de alguma
3/4 dos irmãos Torres. Isso mesmo! Agora falta apenas Olívia, e
como posso dizer que ela traz consigo, mais do que a finalização dos
Torres, mas também, o início dos irmãos Reis. Quem aí lembra desse
sobrenome?
Com amor,
Aline
O melhor amigo do meu irmão (A REJEIÇÃO)
clique aqui
Sinopse: Gabriela Moraes era apaixonada pelo melhor amigo do irmão mais
velho desde os quinze anos. Antônio era mais do que o seu sonho de consumo, ele
também era a pessoa com quem ela sempre pode contar. O que ela não imaginava, era
que no seu aniversário de dezoito anos, ela seria rejeitada da forma mais fria por ele.
Ela queria não sentir nada, e não sabia o que ele fazia ali. Porém, sabia que,
clique aqui
Sinopse: Ane Sousa nunca quis se apaixonar por ninguém, muito menos, pelo
irmão mais velho da sua melhor amiga. Fábio Moraes era um amigo, no fim, mesmo que
a cada sorriso ela se visse sorrindo também. Era inevitável desejá-lo. Quando aqueles
lábios se tornam seus, por alguns segundos, Ane pensa que talvez estivesse errada.
Porém, a forma como ele reage, lhe mostra, que o certo, sempre foi correr do
sentimento.
SINOPSE
lado das antigas terras de sua família, tornou-se um homem bruto e fechado, que quando
aparece na sua frente, ela já sabe que só pode ser problema ou alguma proposta
indecorosa. Maldito peão velho!
INESPERADA.
CEO INESPERADO – meu ex melhor amigo
SINOPSE
Se nem tudo que reluz é ouro, Júlio é apenas a melhor imitação de pedra
preciosa que Babi colocou os olhos.
adolescentes. Bárbara Ferraz jurou a si mesma que nunca mais o deixaria ficar
perto. Maldito CEO engomadinho!
Júlio Torres sabe que deixou uma parte de si para trás. Sua ex melhor amiga o
odeia e ele, muitas vezes, teve o mesmo sentimento por si. Maldita sombra!
Júlio sabe que não pode mais ignorar, porque ele não quer apenas a sua melhor
amiga de volta, ele a quer como sua.
Babi foge dele como o diabo foge da cruz. Entretanto, como fugir se depois do
reencontro e finalmente os pratos limpos, ela se descobre grávida do seu ex melhor
amigo?
CONTATOS DA AUTORA
Instagram: @alineapadua
Wattpad: @AlinePadua
Tiktok: @autoralinepadua
[3] Trecho da canção intitulada ‘tis the damn season da artista norte-americana
[5] Trecho da canção intitulada right where you left me da artista norte-americana
Taylor Swift – álbum: evermore, data de lançamento: 2020.
[7] Trecho da canção intitulada gold rush da artista norte-americana Taylor Swift
[9] Trecho da canção intitulada The Way I Loved You da artista norte-americana
Taylor Swift – álbum: Fearless, data de lançamento: 2008.
[10] Trecho da canção intitulada long story short da artista norte-americana
Taylor Swift – álbum: evermore, data de lançamento: 2020.
[20] Trecho da canção intitulada Dancing With Our Hands Tied da artista
brasileira Taylor Swift – álbum: Reputation, data de lançamento: 2018.
[21] Trecho da canção intitulada You Are In Love. da artista norte-americana
Taylor Swift – álbum: 1989, data de lançamento: 2014.
[22] Trecho da canção intitulada Tudo que você quiser do artista brasileiro Luan
Santana – álbum: O Nosso Tempo É Hoje, data de lançamento: 2013.