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RESUMO
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Professora Adjunto EMAC – Escola de Música e Artes Cênicas - UFG
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ABSTRACT
This paper aims at presenting the process of staging the play “Hip Brecht Hop”
developed in the theses of doctorate in performing arts, with young actors and a popular
dancer from Salvador/Bahia. The actors brought Hip Hop for they identify the likelihood
of chorus of the didactical plays and the language used by hip hoppers in their music.
The methodological founding used was the applying of the didactical pays by Bertolt
Brecht and of his Epic theatre. The aim was to use these two resources in the process of
dramaturgic creation, sensitization of senses and the development of a theatrical play
which social intervention had in its core the idea of political emancipation and
aesthetics-discursive production. We will report on the application of the didactical pays
and their repercussion in the process of individual growth, artistic and of creating the
dramaturgic text. The praxis and the meaning of working with community theatre aim at
the expansion of the science-field of the young actors.The didactical play has the role of
a pretext that needs to be articulated in an efficient manner so that from that provocative
logic actors feel stimulated to frame everyday situations and apply them as embryos of a
new theatrical text. For that purpose we have applied the didactical play as a “learning
model” where everyday scenes of social afflictions were narrated and experienced.
Critical, political and social consciousness is brought about through this learning model
and it also allows the applying of theatrical body training as well as voice and acting
exercises.
Nas últimas décadas do século XIXa série de conflitos que ocorriam em diversas
partes do mundo, prenunciava a eclosão de uma grande guerra mundial. A Alemanha
ostentava uma oligarquia financeira compacta, resultado de uma concentração do
capital industrial aliado ao capital bancário, formando monopólios poderosos. Nesse
cenário, a classe operária passava por momentos difíceis e de uma forma bastante
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Não é, portanto de se estranhar, que toda a obra de Brecht virá marcada pela
luta contra o capitalismo e contra o imperialismo. Todo o tempo há uma profunda
reflexão sobre a situação do homem num mundo dividido em classes; e o estudo do
relacionamento entre os homens que vivem condicionados a uma divisão econômica-
política.
A característica mais importante da obra brecht é a visão que ele tinha do teatro
como um elemento que deve apresentar à sociedade os fatos cotidianos a fim de que o
espectador os julgassem, portanto, tudo serviria de depoimento e documentação. Tanto
o seu teatro épico quanto o didático são narrativos e descritivos, onde por meio de um
processo dialético Brecht apresentava duas funções: fazer as pessoas se divertirem e
pensarem.
Nenhum outro escritor foi tão representativo da sua época quanto Brecht. Uma
época tumultuosa de rebeldia e de protesto refletida extraordinariamente em suas
obras, que apontam sempre para os problemas fundamentais do mundo atual: a luta
pela emancipação social da humanidade.
A alienação do homem, para Brecht, não se manifesta como produto da intuição
artística. Brecht ocupa-se dela de maneira consciente e proposital. Mas não basta
compreendê-la e focalizá-la. O essencial não é a alienação em si, mas o esforço
histórico para a desalienação do homem.
Essa opção de Brecht por um teatro que apresenta características que formam
uma tríade — é narrativo, crítico e político. A construção de uma teoria de
representação teatral fundamentada no distanciamento do ator tem por objetivo deixar
claro o caráter social e mutável do que é mostrado, o que vai de encontro à
imutabilidade da natureza humana pregada pelo teatro dramático.
Sua obra tem compromissos firmados com a causa política sem deixar de
apresentar seu autor como um artista talentoso, criador e renovador de sua arte. Isso
marcou profundamente suas concepções na história da dramaturgia e do teatro
mundial.
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O termo original em alemão é Lehrstück. Ingrid Koudela(1991) nos diz que a tradução mais correta
desse termoseria ‘peça de aprendizagem’, “à medida que o termo ‘didático’ na acepção tradicional,
implica ‘doar’ conteúdos através de uma relação autoritária entre aquele que ‘detém’ o conhecimento e
aquele que é ‘ignorante’.
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Charles Augustus Lindbergh (1902 - 1974), americano, foi o primeiro a sobrevoar o Atlântico num vôo
solitário, entre Nova York e Paris, em 1927, gastando 33 horas e meia na travessia.
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o significado social do progresso técnico e científico assim como as bases para o seu
desenvolvimento.” (PEIXOTO, 1979, p.112).
Os jovens escolheram o fragmento da cena 2 – Terceiro Inquérito, em que
aparecem três clowns. A cena foi improvisada com trios e em seguida foi discutida a
temática da peça: manipulação x autonomia.
A terceira peça didática foi A decisão. A peça é um julgamento e provocou muita
polêmica na época em que foi apresentada por Brecht. Pelo seu caráter ideológico
partidário fazendo com que alguns autores como Hanna Arendt a relacionasse com “os
processos e expurgos iniciados na União Soviética após o VI Congresso do Partido
Comunista” (PEIXOTO, 1979, p.117).
Após a leitura e análise da peça, se discutiu sobre interesses individuais e
coletivos, mobilização social e participação política na comunidade. Depois dessa
discussão fiz um aquecimento físico a partir da criação de uma coreografia cujo tema
era “a comunidade e seus participantes numa ação social”. O próximo passo foi a leitura
da peça. Como os participantes já tinham discutido sobre interesses e mobilização
social, foi mais fácil a compreensão do texto e o reconhecimento do tema autonomia.
O fragmento escolhido para a dramatização foi A pequena e a grande injustiça.
Nesta cena quatro agitadores convencem um jovem a ficar na porta de uma fábrica,
cujos funcionários estavam em greve, distribuindo panfletos. Os panfletos traziam
mensagens de incentivo para alguns funcionários que se recusavam a fazer greve, a
agir de forma contrária. Um policial chega ao local e começa o enfrentamento entre ele,
os agitadores e o rapaz. O resultado disso é a morte do policial e de dois operários. Os
participantes dramatizaram a cena, procurando manter o texto e a situação do
fragmento o mais fiel possível. Em seguida formaram um único grupo esolicitei que
associassem as situações — tantos as que surgiram na discussão quanto àquela
relacionadaà A decisão — com outras situações do cotidiano, onde todos participassem
coletivamente e algumas dessas cenas foram improvisadas a partir das referências e da
memória dos participantes
A quarta leitura foi Aquele que diz sim e aquele que diz não, peça queteve sua
estréia em 1930. É uma ópera curta e foi representada por estudantes. A peça conta a
história de um professor que organiza uma excursão para buscar medicamentos que
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combatam a epidemia que assola uma pequena cidade. O grupo tem que realizar uma
difícil travessia pelas montanhas. Um menino órfão de pai e cuja mãe esta doente, pede
para ir com a excursão. A partir daí a peça apresenta dois momentos distintos. Um em
que o menino adoece durante a viagem e aceita ser sacrificado, cumprindo a tradição; e
o outro em que ele não aceita morrer e exige que os companheiros o levem de volta
para casa. Conforme Peixoto (1979, p.116) “o tema é moral, mas Brecht estava
interessado em provocar um debate mais amplo”.
A exceção e a regra, também utilizada na oficina, foi apresentada pela primeira
vez em 1947, dezessete anos após ter sido escrita. É a única peça didática de Brecht
que se destina ao teatro. Peixoto (1979, p.125) informa que é uma “moralidade em oito
quadros, com um prólogo e um epílogo em versos. [...] é uma peça sobre a luta de
classes e possui um esquema político que pode ser interpretado de forma mais ampla”.
Para a leitura deA exceção e a regra, procedemos como das outras vezes,
porém iniciamos a aula com a música de Zé Ramalho – Vida de gado. Os participantes
escutaram-na, refletindo sobre a letra. A músicafoi trabalhada individualmente para que
os participantes identificassem o tema central. Foi feita a seleção individual de uma
frase da música para um trabalho de interpretação.
Depois desse aquecimento foi feita a leitura da peça e dessa vez os participantes
leram dando intenção ao texto, com emoção. Houve um crescimento tanto na leitura
como na interpretação. Não foi preciso estimular o grupo para fazer associações com a
música trabalhada, uma vez que eles conseguiram espontaneamente identificar
opressão e oprimido como teor temático da música e da peça.
Os participantes receberam um fragmento do texto – A água partilhada —
formaram duplas para fazer a preparar a cena a ser apresentada posteriormente. A
cena foi o excerto escolhido o qual relata que a água acabara e o carregador
percebendo que o comerciante estava com sede, aproxima-se com o cantil na mão.
“Vendo-o aproximar-se o comerciante imagina estar sendo atacado com uma pedra e,
incapaz de supor um ato de bondade da parte de quem sempre tratou com extrema
violência, mata o cule com um tiro” (PEIXOTO, 1979, p.127). As duplas apresentaram a
cena e se estabeleceu uma discusão sobrea interpretação dos jovens e sobre
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Conclusão
Para concluir esse artigo resgato minha intenção de partir da teoria brechtiana
para quem o teatro tinha o objetivo de estimular o senso crítico, em busca de um teatro-
educativo numa perspectiva emancipatória e complexa.
Buscar este elo entre a arte e a sociedade, na tentativa de promover o
crescimento do ser humano, não é fruto da modernidade e nem da globalização. Platão
com seus escritos, por exemplo, nos remete a problemas sociais e trata-os com a
oralidade e a comunicação mesmo que trabalhando em bases imaginárias.
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