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Introdução
No início da década de 1990, a Coca-Cola do Brasil iniciou um processo para redução de
custos que tornaria a empresa mais competitiva e lucrativa. Com o desenvolvimento das
embalagens plásticas (tipo PET) não retornáveis a administração da empresa visualizou uma
possibilidade para reduções dramáticas de custos. Até então, no Brasil, nenhuma indústria
produzia tais embalagens, pois a viabilidade econômica de uma fábrica produtora desse tipo
de embalagem só seria obtida se um grande consumidor industrial desse tipo de embalagem
estivesse disposto a usá-las.
A Coca-Cola identificou aí uma grande oportunidade. Os custos fixos com manutenção de
garrafas de vidro seriam reduzidos drasticamente. De fato, apenas fábricas, instalações e
equipamentos representavam uma conta maior de imobilizado que as garrafas de vidro. Além
disso, os custos logísticos seriam reduzidos de forma significativa também, uma vez que a
nova embalagem seria não-retornável, eliminando a necessidade de recolhê-las nos pontos de
vendas, trazer de volta às fabricas e higienizá-las.
Do mesmo modo, a Pet permitiria à empresa alterar embalagens com muita facilidade e se
adaptar rapidamente as mudanças nas preferências dos consumidores, algo que era muito
restringido pelas garrafas de vidro. A administração também viu na ocasião, a oportunidade
de aumentar as vendas da empresa, oferecendo uma embalagem de 2 litros, que era
praticamente inviável quando as garrafas eram apenas de vidro. Foi assim que a empresa
iniciou junto ao seu fornecedor um processo que viabilizou a construção de uma fábrica de
garrafas Pet no Brasil e que permitiu as reduções pretendidas em custos.
Porém, a embalagem PET teve um efeito colateral importante: o crescimento das tubaínas no
mercado. Com um custo mais baixo de produção - na mesma linha é possível fazer o sopro
da embalagem para que ela chegue ao formato definitivo e o envase - a resina PET
democratizou a distribuição de refrigerantes. Quando incentivou a embalagem PET a Coca-
Cola cometeu um erro estratégico fundamental, pois promoveu a entrada das tubaínas, que
concorrem com ela. Com a abertura de mercado, as pequenas importaram máquinas e
equipamentos, contrataram gente preparada para fazer o produto e começaram a vender para
as classes mais baixas, com foco regionalizado.
Tubaínas
Ao longo dos anos, a Coca-Cola tentou diferentes estratégias para derrubar o crescimento das
tubaínas. A tubaína era uma marca registrada pela empresa Ferráspari, localizada em
Jundiaí (São Paulo). O nome Tubaína era inicialmente uma marca de bala e depois passou a
ser a marca de um refrigerante. Nos anos 40 e 50, a Ferráspari permitiu que outros
fabricantes de refrigerantes usassem o termo tubaína precedendo a marca dos produtos,
acreditando que tal decisão iria ajudar a promover a sua própria marca. Por isso, tubaína
tornou-se uma designação comum para um número de pequenas marcas de refrigerantes,
vendidos principalmente no interior do estado de São Paulo. Mais tarde, o termo tubaína
tornou-se um nome geral para refrigerantes baratos.
As tubaínas tendem a ser muito doces, oferecidas em muitos sabores, como guaraná, tutti-
frutti, laranja, tangerina, uva e groselha, e em cores diferentes, como cor-de-rosa e amarelo.
Acredita-se que existam mais de 700 fabricantes de tubaínas no Brasil, apesar de apenas 20
serem membros da ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas
Não Alcoólicas). Em 2001, todas essas empresas juntas movimentaram cerca de R$ 3,5
bilhões e, atualmente, já conquistaram 32% deste mercado no Brasil. As empresas variam
desde fabricantes muito pequenos, que não possuem um negócio legalizado e nem pagam
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impostos, até empresas bastante estruturadas, com cobertura regional e receitas
consideráveis.
Em 2004, alguns fabricantes de tubaínas montaram fábricas modernas e adotaram as
tecnologias mais avançadas de engarrafamento. Até as grandes redes de varejo já se
renderam à tendência. Supermercados como o Sé, Wal-Mart e Makro vendem marcas
próprias de refrigerantes. A Refrigerantes Xereta, de Tietê, está há 32 anos no mercado e
decidiu lançar novos produtos para ganhar espaço entre as pequenas marcas, diversificando
a linha para sair da guerra de preço da embalagem Pet (dois litros de plástico). A empresa
lançou o Xereta em lata e o Xeretinha em embalagem de plástico de 250 ml, incluindo o
refrigerante licenciado da Xuxa. Com estas novidades, a Xereta já é a terceira marca mais
vendida em sua região, perdendo apenas para a Coca-Cola e o Guaraná Antarctica.
Fontes
Tubaínas mudam de cara e já controlam 32% do mercado. Revista Recall. Edição 49.
Disponível em: http://www.fonte.jor.br/
Coca-Cola’s Marketing Challenges in Brazil: The Tubaínas War. Thunderbird – The Garvin
School of International Management. Disponível em: http://www.thunderbird.edu/
Spal inaugura linha de vidro em Jundiaí. Valor on line. Disponível em:
www.valoronline.com.br
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