ste estudo analisa a visão de professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que
atuam na Sala de Recurso Multifuncional (SRM), acerca da aprendizagem para o
desenvolvimento de alunos com deficiência intelectual (DI), nas salas de aula comuns da Rede Municipal de Educação de Goiânia, Goiás. O interesse na área da educação especial surgiu em decorrência da minha atuação profissional, na função de apoio técnico-pedagógico, em Unidades Regionais de Educação (UREs) da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME), de 2002 a 2011. Diariamente, realizava trabalho nas escolas, fazendo orientações referentes às Propostas Político-Pedagógicas para o Ensino Fundamental e a Educação do Adolescente Jovem e Adulto (EAJA). Os alunos da educação especial eram atendidos em Centros de Atendimentos Educacionais Especializados (CAEE), em convênio com a SME. Com a implementação da Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI, 2008), os sujeitos da educação especial foram redirecionados para serem atendidos nas escolas, em salas de aula comuns. A difusão da perspectiva da educação inclusiva (UNESCO, 1994) pelo mundo teve como objetivo principal discutir e elaborar políticas públicas de educação que contemplassem a Educação Especial, inserida na educação para todos, com acesso às escolas regulares/comuns. A Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) posicionou- se favorável à inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas regulares com orientações inclusivas, apontando estas como “meios mais eficazes de combate a atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos […]” (idem, 1994). A PNEEPEI (2008) consistiu em uma das muitas ações políticas implantadas pelo Estado Brasileiro em resposta às responsabilidades assumidas frente aos organismos internacionais (OI), enquanto Estado- membro das conferências em defesa da educação inclusiva. Dentre esses documentos, podem ser citados: Declaração das Pessoas com Deficiência (ONU, 1975); Declaração Mundial sobre a Educação para Todos (UNESCO, 1990); Declaração de Salamanca e Linhas de Ação sobre Necessidades Educativas |Especiais (UNESCO, 1994); Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências (2006). Desse modo, a PNEEPEI (2008) inseriu uma nova 20 concepção de educação inclusiva, com a perspectiva de não mais permitir medidas discriminatórias no atendimento educacional aos sujeitos da educação especial, ratificando a garantia dos direitos humanos e igualdade de oportunidade para todos. A regulamentação dessa política provocou alterações significativas nos atendimentos, passando esses sujeitos a serem matriculados, preferencialmente, nas redes públicas e privadas de ensino. Essa perspectiva de inclusão escolar impactou a dinâmica do contexto educacional, uma vez que os sujeitos da educação especial, como alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, eram atendidos em escolas especializadas, por apresentarem peculiaridades específicas. Por outro lado, as escolas comuns atendiam aos alunos considerados “normais”. A referida política nacional previu a obrigatoriedade e a gratuidade da oferta do AEE por meio da SRM, em turno contrário ao momento de escolarização, realizado em salas de aula comuns. A função complementar e /ou suplementar não substitui a escolarização desse aluno, visto que foi regulamentado como parte integrante do processo educacional. Nesse contexto, os professores, para atuarem na SRM, deveriam ter formações específicas, de modo a prestarem atendimento adequado a esses alunos. Esses profissionais, conforme a PNEEPEI (2008), teriam de desempenhar outras atribuições, além do atendimento ao aluno, tais como: realizar orientações aos professores e coordenadores pedagógicos nas escolas comuns; participar de planejamentos nas escolas e, em alguns momentos, ministrar formações; executar o trabalho administrativo da SRM; elaborar materiais de suportes tanto para os alunos quanto para os professores; participar de reuniões na SME/UREs, dentre outras. Com a implementação da PNEEPEI (2008) na SME, no ano 2009, passou-se a organizar a SRM com recursos vindos do MEC. Essas salas foram sendo instaladas no decorrer dos anos, em algumas escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI), que se tornaram polos de atendimentos em uma determinada região. À medida que eu realizava os acompanhamentos às instituições, observava um pouco da dinâmica em uma e outra SRM. Nesse percurso, meu interesse pelo objeto foi sendo paulatinamente ampliado. Ao participar de uma formação sobre o AEE na SRM, por volta de 2013/2014, promovido pelo Centro de Formação Paulo Freire, da SME, 21 lembrei-me que, além do grupo receber a formação teórica, as professoras eram convidadas a apresentarem casos de alunos atendidos por elas, relatando, inclusive, como lidavam com os diferentes casos. Eram feitas discussões conjuntas para analisarem se haveria possibilidade de alternativas para a resoluções dos problemas. As discussões eram instigantes e intensas.